196. O PODER DA MÚSICA NO UNIVERSO (2023).
OSNY MATTANÓ JÚNIOR
O PODER DA MÚSICA
NO
UNIVERSO
(ADAPTAÇÃO DO LIVRO O PODER DO MITO)
OSNY MATTANÓ JÚNIOR
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SUMARIO
INTRODUÇÃO DE BILL MOYERS
INTRODUÇÃO DE OSNY MATTANÓ JÚNIOR
MITO E O MUNDO MODERNO
JORNADA INTERIOR
OS PRIMEIROS CONTADORES DE HISTÔRIAS
SACRIFÍCIO E BEM AVENTURANÇA
A SAGA DO HERÓI
A DÁDIVA DA DEUSA
HISTÓRIAS DE AMOR E MATRIMÔNIO
MÁSCARAS DA ETERNIDADE
O PODER DO MITO
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INTRODUÇÃO DE BILL MOYERS
Durante semanas após a morte de Joseph Campbell, eu me lembrava dele, para onde quer que me voltasse.
Saindo do metrô na Times Square, e sentindo a energia da multidão opressora, sorri para mim mesmo, relembrando a imagem que certa vez ocorrera a Campbell, no mesmo lugar: “A última encarnação de Édipo, esse continuado romance entre a Bela e a Fera, está postada, agora mesmo, na esquina da Rua 42 com a Quinta Avenida, aguardando o verde do semáforo”.
Numa pré-estréia do último filme de John Huston, The Dead, baseado numa história de James Joyce, pensei novamente em Campbell. Um de seus trabalhos mais importantes é uma chave interpretativa de Finnegans Wake. O que Joyce chamava “o grave e constante” no sofrimento humano, Campbell sabia que era o tema principal da mitologia clássica. “A causa secreta de todo sofrimento”, dizia, “é a própria mortalidade, condição primordial da vida. Quando se trata de afirmar a vida, a mortalidade não pode ser negada.”
Certa vez, quando conversávamos sobre o tema do sofrimento, ele mencionou, um após outro, Joyce e Igjugarjuk. “Quem é Igjugarjuk?”, perguntei, mal conseguindo imitar a pronúncia. “Oh”, respondeu Campbell, “era o xamã de uma tribo esquimó caribou, no norte do Canadá, que contou a visitantes europeus que a única verdadeira sabedoria 'vive longe da espécie humana, lá fora, na grande vastidão, e só pode ser atingida através do sofrimento. Só a privação e o sofrimento abrem o entendimento para tudo o mais que se esconde'.”
“Certamente”, eu disse, “Igjugarjuk: ”
Joseph relevou minha ignorância. Tínhamos interrompido a caminhada. Seus olhos se iluminaram e ele disse: “Você é capaz de imaginar uma longa noite ao redor da lareira, com Joyce e Igjugarjuk? Rapaz, como eu gostaria de presenciar isso!”
Campbell morreu pouco antes do vigésimo quarto aniversário do assassínio de John F. Kennedy, tragédia que ele havia analisado em termos mitológicos, durante nosso primeiro encontro, anos antes. Agora, quando aquela melancólica recordação ressurgiu, sentei-me para conversar com meus filhos, já crescidos, sobre as reflexões de Campbell. Ele havia descrito o solene funeral com honras de Estado como “uma ilustração da elevada função do ritual, para a sociedade”, evocando temas mitológicos enraizados na necessidade humana. “Isto foi um evento ritualizado, da maior necessidade social ”, Campbell escrevera. A morte pública de um presidente, “que representa toda a nossa sociedade, o organismo social, vivo, de que nós próprios somos os membros, eliminado num momento de vida exuberante, exigia um rito compensatório para restabelecer o senso de solidariedade. Ali estava uma enorme nação, transformada em comunidade unânime, durante aqueles quatro dias, todos nós participando da mesma maneira, simultaneamente, de um evento simbólico singular ”. Ele afirmou que foi “o primeiro e único evento dessa espécie, em tempos de paz, que me deu a sensação de ser membro de toda essa comunidade nacional, engajado como uma unidade no cumprimento de um rito profundamente significativo ”.
Lembrei-me dessa descrição também quando um de meus colegas foi interrogado por uma amiga sobre nosso trabalho com Campbell: “Por que vocês precisam de mitologia?” Ela defendia a opinião corrente, moderna, de que “todos esses deuses gregos e quejandos” são irrelevantes para a condição humana, hoje. O que ela não sabia – o que muitos não sabem – é que os vestígios desses “quejandos” se alinham ao longo dos muros de nosso sistema interior de crenças, como cacos de cerâmica partida num sítio arqueológico. Mas uma vez que somos seres orgânicos, há energia em todos esses “quejandos”. Os rituais o evocam. Considere-se a posição dos juízes em nossa sociedade, que Campbell encarava em termos mitológicos, não sociológicos. Se essa posição representasse apenas um papel, o juiz poderia vestir, na corte, um terno cinza, em vez da negra toga magisterial. Para que a lei possa manter a autoridade além da mera coerção, o poder do juiz precisa ser ritualizado, mitologizado. O mesmo acontece a muitos aspectos da vida contemporânea, dizia Campbell, da religião e da guerra ao amor e à morte.
A caminho do trabalho, certa manhã, após a morte de Campbell, parei diante da vitrine de uma locadora de vídeo na vizinhança, que, através de um monitor, mostrava cenas do filme de George Lucas, Star Wars. Detive-me ali, relembrando a ocasião em que Campbell e eu tínhamos visto o filme, juntos, no Rancho Skywalker, de Lucas, na Califórnia. Lucas e Campbell se tornaram bons amigos, depois que o cineasta, reconhecendo sua dívida para com o trabalho de Campbell, convidou o pesquisador para assistir à trilogia Star Wars. Campbell se regozijou com os antigos temas e motivos da mitologia a se desdobrarem na ampla tela, em poderosas imagens contemporâneas. Nessa visita em particular, tendo exultado mais uma vez com os perigos e proezas de Luke Skywalker, Joseph inflou-se de animação enquanto falava de como Lucas “imprimiu a mais nova e mais poderosa rotação ” à história clássica do herói.
“E o que vem a ser isso?”, perguntei.
“É o que Goethe disse no Fausto, mas que Lucas expressou em linguagem moderna – a mensagem de que a tecnologia não vai nos salvar. Nossos computadores, nossas ferramentas, nossas máquinas não são suficientes. Temos que confiar em nossa intuição, em nosso verdadeiro ser.”
“Isso não é uma afronta à razão?”, eu disse. “E não estamos já, por assim dizer, batendo em rápida retirada da razão?”
“Não é disso que trata a jornada do herói. Não é para negar a razão. Ao contrário, pela superação das paixões tenebrosas, o herói simboliza nossa capacidade de controlar o selvagem irracional dentro de nós.” Em outras oportunidades, Campbell tinha lamentado nosso fracasso “em admitir, dentro de nós, o enfebrecimento carnal, lúbrico”, endêmico à natureza humana. Agora ele estava descrevendo a jornada do herói, não como um ato de coragem, mas como uma vida vivida em termos de autodescoberta, “e Luke Skywalker
nunca foi mais racional do que quando encontrou, dentro de si mesmo, as reservas de caráter necessárias para enfrentar seu destino ”.
Para Campbell, ironicamente, o fim da jornada do herói não é o engrandecimento do herói. “Não se trata”, ele o afirmou em uma das suas conferências, “de identificar quem quer que seja com qualquer das figuras ou poderes experimentados. O iogue hindu, lutando por se libertar, identifica-se com a Luz e jamais retorna. Mas ninguém que abraçasse o propósito de servir aos outros se permitiria tal evasão. O objetivo último da busca não será nem evasão nem êxtase, para si mesmo, mas a conquista da sabedoria e do poder para servir aos outros.” Uma das muitas distinções entre a celebridade e o herói, ele dizia, é que um vive apenas para si, enquanto o outro age para redimir a sociedade.
Joseph Campbell afirmou a vida como aventura. “Para o inferno com isso”, ele exclamou, quando seu supervisor acadêmico tentou enquadrá-lo no estreito currículo universitário. Ele desistiu de trabalhar no seu projeto de doutoramento e preferiu recolher-se ao campo, para ler. E prosseguiu a vida toda a ler livros sobre quase tudo: antropologia, biologia, filosofia, arte, história, religião. E continuou a lembrar aos outros que um caminho seguro para atingir o mundo se descortina ao longo das páginas impressas. Poucos dias depois de sua morte, recebi carta de uma de suas antigas alunas, que atualmente colabora na editoria de uma grande revista. Tendo sabido da série em que eu estivera trabalhando com Campbell, ela escreveu para testemunhar como “a energia ciclônica [desse homem] se expandiu através de todas as possibilidades intelectuais” dos estudantes que assistiam, “de respiração suspensa, às suas aulas ”, no Sarah Lawrence College. “Enquanto ouvíamos enfeitiçados”, escreveu ela, “aturdia-nos o peso das leituras obrigatórias, semanais, exigidas por ele. Por fim, uma de nós se levantou e enfrentou-o (em puro estilo Sarah Lawrence), dizendo: 'Eu estou fazendo três outros cursos, sabe? Todos exigem leituras, sabe? Como é que o senhor espera que eu me desincumba de tudo isso em uma semana?' Campbell apenas sorriu e disse: 'Ficaria espantado se tentasse. Você tem o resto da vida para fazer essas leituras'.”
Ela concluiu: “E eu ainda não terminei – é o inesgotável exemplo de sua vida e sua obra”.
Qualquer um poderia avaliar o peso desse impacto na homenagem prestada em sua memória, no Museu de História Natural de Nova Iorque. Levado até lá, em criança, ele se deixara fascinar pelos postes totêmicos e pelas máscaras. Quem os fez?, ele se perguntou. Os que os fizeram, o que tinham em mente? E começou a ler tudo o que pôde sobre os índios, seus mitos e lendas. Aos dez anos, já estava empenhado na atividade que faria dele um dos principais investigadores de mitologia, em todo o mundo, e um dos mais estimulantes professores do nosso tempo. Dizia-se que “ele podia dar vida aos ossos do folclore e da antropologia”. Na homenagem em sua memória, no museu onde três quartos de século antes sua imaginação fora estimulada pela primeira vez, as pessoas se reuniram para lhe render tributo. Houve uma performance, por Mickey Hart, o baterista dos Grateful Dead, grupo de rock com quem Campbell partilhou verdadeiro fascínio pela percussão. Robert Bly tocou saltério e leu poesia dedicada a Campbell. Antigos alunos falaram, assim como amigos que ele fizera, depois que , aposentado, se mudara com a esposa, a bailarina Jean Erdman, para o Havaí. As grandes editoras de Nova Iorque se fizeram representar. Assim também escritores e pesquisadores, jovens e velhos, que tinham encontrado em Joseph Campbell o seu desbravador de caminho.
E jornalistas. Eu tinha sido atraído até ele numa época em que, por minha conta, estava tentando trazer à televisão as mentes vivas do nosso tempo. Tínhamos gravado dois programas no museu, e sua aparição na tela fora tão pujante que mais de quatorze mil pessoas escreveram solicitando cópias de suas declarações. Jurei então que iria no seu encalço outra vez, para uma exploração mais sistemática e abrangente de suas idéias. Ele escreveu ou organizou cerca de vinte livros, mas foi como professor que me aproximei dele, um professor riquíssimo em conhecimento do mundo e em linguagem imaginativa, e queria que os demais se aproximassem dele também como tal. Assim, o desejo de partilhar os tesouros desse homem inspirou minha série para a PBS e este livro.
Um jornalista, é o que se diz, goza do privilégio de se educar em público; somos os felizardos a quem se permite gastar o tempo num contínuo curso de educação para adultos. Ninguém me ensinou mais que Campbell, e quando eu lhe disse que ele deveria assumir a responsabilidade pelo que adviesse de me haver adotado como aluno, ele riu e citou a velha sabedoria romana: “Os fados guiam àquele que assim o deseje; aquele que não o deseja, eles arrastam”.
Ele ensinou, como o fazem os grandes professores, pelo exemplo. Não era seu hábito tentar convencer ninguém do que fosse (exceto uma vez, quando persuadiu Jean a se casar com ele). Pregadores se equivocam, ele me disse, quando tentam “persuadir pessoas à fé; fariam melhor se revelassem a radiância de sua própria descoberta”. E que alegria ele revelou com aprender a viver! Matthew Arnold acreditava que a quintessência do espírito crítico consiste em “conhecer o melhor do que é conhecido e ensinado no mundo, e, por seu lado, ao tornar isso conhecido, criar uma corrente de idéias verdadeiras e estimulantes”. Assim fez Campbell. Era impossível escutá-lo – ouvi-lo de verdade – sem experimentar, na própria consciência, um emocionante frescor de vida, o crescimento da própria imaginação.
Ele concordava em que a “idéia-guia” do seu trabalho era procurar “o caráter comum dos temas nos mitos do mundo, visando à constante exigência, na psique humana, de uma centralização em termos de princípios profundos”.
“Você se refere à busca do sentido da vida?”, perguntei. “Não, não, não ”, ele disse. “À experiência de estar vivo.”
Eu tinha dito que a mitologia é um mapa interior da experiência, traçado por alguém que empreendeu a viagem. Creio que ele não endossaria a prosaica definição do jornalista. Para ele, mitologia era “a canção do universo”, “a música das esferas ” – música que nós dançamos mesmo quando não somos capazes de reconhecer a melodia. Ouvimos seus refrões, “quer quando escutamos, com altivo enfado, a ladainha ritual de algum curandeiro do Congo, quer quando lemos, com refinado enlevo, traduções de poemas de Lao Tsé, ou rompemos a casca de um argumento de S. Tomás de Aquino, ou apreendemos, num relance, o sentido radiante ou bizarro de uma lenda esquimó”.
Ele imaginou que esse imenso e cacofônico coral começou quando nossos primeiros ancestrais contaram histórias uns aos outros, a respeito dos animais, que eles matavam para comer, e a respeito do mundo sobrenatural, para onde os animais pareciam ir quando morriam. “Lá fora, em alguma parte”, para além do plano visível da existência, estava o “senhor dos animais”, que exercia sobre os seres humanos o poder de vida ou morte: se ele deixasse de mandar de volta as feras, para serem novamente sacrificadas, os caçadores e sua prole morreriam de inanição. Por isso as sociedades primitivas aprenderam que “a essência da vida subsiste graças ao matar e comer; esse é o grande mistério que os mitos têm que enfrentar ”. A caça tornou-se um ritual de sacrifício, e os caçadores encenavam atos de expiação diante dos espíritos dos animais que partiam, esperando coagi -los a retornar, para serem sacrificados de novo. As feras eram vistas como enviados do outro mundo, e Campbell admitiu “um mágico, maravilhoso acordo ” gestando -se entre o caçador e a caça, como se eles estivessem aprisionados num círculo “místico, atemporal ”, de morte, sepultamento e ressurreição. Sua arte pinturas nas paredes das cavernas – e sua literatura oral deram forma ao impulso que passou a se chamar religião.
Quando esses indivíduos primitivos passaram da caça ao plantio, as histórias que contavam para explicar os mistérios da vida mudaram, também. Então, a semente se tornou o símbolo mágico do ciclo infinito. A planta morria, era enterrada e sua semente renascia. Campbell mostrou-se fascinado pelo fato de esse símbolo ter sido incorporado pelas grandes religiões do mundo, como a revelação da verdade eterna a vida provém da morte, ou, como ele dizia: “A bem-aventurança provém do sacrifício”.
“Jesus tinha o olho ”, ele dizia. “Que magnificente realidade ele viu no grão de mostarda!” Ele citaria as palavras de Jesus, do Evangelho de São João: “Em verdade, em verdade vos digo, a menos que caia na terra e morra, o grão de trigo ficará inerte e abandonado; mas, se morrer, dará muitos frutos”. E logo em seguida citaria o Alcorão: “Você pensa que entrará no Jardim da Bem-Aventurança sem as provações que afligiram àqueles que entraram antes de você?” Ele vagou por toda essa vasta literatura do espírito, inclusive traduzindo escrituras hindus, do sânscrito, e continuou a coligir histórias mais recentes, que adicionou à sabedoria dos antigos. Uma história particularmente apreciada por ele falava de uma mulher aflita que se dirigiu ao santo e sábio hindu Ramakrishna, dizendo: “Ó, Mestre, não sei se amo a Deus ”. E ele perguntou: “Não há nada, então, que você ame?” Ela aí respondeu: “Meu pequeno sobrinho ”. E ele lhe disse: “Eis aí seu amor e dedicação a Deus, no seu amor e dedicação a essa criança”.
“E aí está”, disse Campbell, “a suprema mensagem da religião: ' Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes'[Mateus 25,40].”
Homem espiritual, ele encontrou na literatura da fé os princípios comuns ao espírito humano. Mas esses princípios têm de ser libertados dos liames tribais, caso contrário as religiões do mundo continuarão a ser como no Oriente Médio e na Irlanda do Norte, hoje – uma fonte de desdém e agressão. As imagens de Deus são muitas, ele dizia, chamando-as “máscaras da eternidade”, que ao mesmo tempo escondem e revelam “a Face da Glória”. Ele desejou saber o que significa o fato de Deus assumir tão diferentes máscaras em diferentes culturas, apesar de histórias semelhantes serem encontradas em tradições divergentes – histórias da criação, nascimentos virginais, encarnações, morte e ressurreição, segundos retornos, dias do julgamento. Ele apreciava a perspicácia das escrituras hindus: “A verdade é uma; os sábios a chamam por diferentes nomes”. Todos os nossos nomes e imagens de Deus são máscaras, ele dizia, referindo-se à suprema realidade que, por definição, transcende a linguagem e a arte. Um mito é uma máscara de Deus, também – uma metáfora daquilo que repousa por trás do mundo visível. Não obstante as divergências, ele dizia, as religiões todas estão de acordo em solicitar de nós o mais profundo empenho no próprio ato de viver, em si mesmo. O pecado imperdoável, no livro de Campbell, é o pecado da inadvertência, de não estar alerta, de não estar inteiramente desperto.
Nunca encontrei alguém que soubesse contar melhor uma história. Escutando-o falar de sociedades primitivas, fui transportado às largas planuras sob a imensa cúpula do céu aberto, ou à espessa floresta, sob o pálio das árvores, e comecei a entender como as vozes dos deuses falavam através do vento e do trovão, e como o espírito de Deus flutuava em todo riacho da montanha, e toda a terra florescia como um lugar sagrado – o reino da imaginação mítica. E perguntei: Agora que nós, modernos, limpamos a terra de todo mistério – agora que fizemos, segundo a descrição de Saul Bellow, “uma faxina na crença” –, qual será o alimento de nossa imaginação? Hollywood e os enlatados para TV?
Campbell não era pessimista. Ele acreditava que existe um “nível de sabedoria, para além dos conflitos entre ilusão e verdade, através do qual as vidas podem voltar a ser irmanadas”. Encontrar esse nível é a “questão primordial desta época”. Nos seus últimos anos, ele buscava uma nova síntese entre ciência e espírito. “A mudança de uma visão geocêntrica para uma visão heliocêntrica do mundo ”, escreveu ele, depois que os astronautas chegaram à Lua, “parece ter removido o homem do centro e o centro parece tão importante. Espiritualmente, porém, o centro está onde está o olhar. Poste-se numa elevação e contemple o horizonte. Poste-se na Lua e contemple a Terra inteira se erguendo – ainda que através da televisão, na sua sala de visita.” O resultado é uma insuspeitada expansão do horizonte, que poderia servir, em nossa época, como as antigas mitologias serviram, no passado, para abrir as portas da percepção “para o prodígio, ao mesmo tempo terrível e fascinante, de nós mesmos e do universo”. Para ele, não foi a ciência que diminuiu os seres humanos ou nos divorciou da divindade. Ao contrário, as novas descobertas da ciência “nos reúnem aos antigos”, por nos tornarem capazes de reconhecer, no todo do universo, “um reflexo ampliado de nossa própria e mais íntima natureza; assim, somos de fato seus ouvidos, seus olhos, seu pensamento e sua fala – ou, em termos teológicos, os ouvidos de Deus, os olhos de Deus, o pensamento de Deus, a Palavra de Deus ”. A última vez que o vi, perguntei-lhe se ele ainda acreditava – como tinha escrito uma vez – “que estamos participando, neste momento, de um dos grandes saltos do espírito humano para o conhecimento, não só da natureza exterior, mas também do nosso próprio e profundo mistério interior”.
Ele pensou um pouco e respondeu: “O maior salto que já houve ”.
Quando soube de sua morte, demorei-me um pouco folheando o exemplar de The Hero with a Thousand Faces que ele havia me oferecido. E pensei no tempo em que fizera minha descoberta do mundo do herói mítico. Vagueava pela pequena biblioteca pública da cidade onde cresci e, procurando ao acaso nas estantes, apanhei um livro que descortinou maravilhas para mim: Prometeu roubando o fogo dos deuses em benefício da raça humana; Jasão enfrentando o dragão para conquistar o Velocino de Ouro; os cavaleiros da Távola Redonda procurando o Santo Graal. Mas enquanto não cruzei com Joseph Campbell não fui capaz de compreender que os westerns a que eu assistia nas matinês de sábado tomavam muito de empréstimo, livremente, a esses contos antigos. E que as histórias aprendidas na escola dominical correspondiam àquelas de outras culturas, que reconheciam a suprema aventura da alma, o esforço dos mortais para apreender a realidade de Deus. Ele me ajudou a ver as conexões, a compreender como as peças se juntam, e não apenas a temer menos, mas a dar as boas vindas ao que ele descreveu corno “um portentoso futuro multicultural ”.
Ele foi criticado, é certo, por lidar com interpretações psicológicas do mito, por parecer confinar o papel contemporâneo do mito a uma função ou ideológica ou terapêutica. Não tenho competência para intervir nesse debate e deixo a outros a tarefa de fazê-lo. Ele nunca pareceu aborrecido pela controvérsia. Apenas continuou a ensinar, abrindo aos outros novos caminhos de visão.
Acima de tudo, foi da vida autêntica que ele viveu que nos instrui. Quando dizia que os mitos são chaves para a nossa mais profunda força espiritual, a força capaz de nos levar ao maravilhamento, à iluminação e até ao êxtase, ele se expressava como alguém que tinha estado nos lugares que convidava os outros a visitar.
O que me atraiu nele?
Sabedoria, sem dúvida; ele era extremamente sábio.
E aprendizagem; ele de fato “conhecia o vasto escopo de nosso passado panorâmico, como poucos homens jamais conheceram ”.
Mas havia mais.
Uma história é a maneira de contá-la. Ele era um homem de mil histórias. Eis uma de suas favoritas. No Japão, durante um congresso internacional sobre religião, Campbell entreouviu outro delegado norte-americano, um filósofo social de Nova Iorque, dizendo a um monge xintoísta: “Assistimos já a um bom número de suas cerimônias e vimos alguns dos seus santuários. Mas não chego a perceber a sua ideologia. Não chego a perceber a sua teologia”. O japonês fez uma pausa, mergulhando em profundo pensamento, e então balançou lentamente a cabeça. “Penso que não temos ideologia”, disse. “Não temos teologia. Nós dançamos.”
E assim fez Joseph Campbell – sob a música das esferas.
Bill Moyers
O PODER DO UNIVERSO
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Como a mortalidade jamais pode ser evitada, deslumbramos um novo alvorecer do Sol, em meio a eventos extraterrestres ou alienígenas, onde a cultura que se sobressai aos olhos parece ser das estrelas, dos planetas, do Universo, onde ele mesmo é a casa e o caminho dos alienígenas, o objeto de seu amor, mesmo que um amor diferente do nosso, que privilegie não necessariamente a comunhão, mas o exercício da força, ou seja, a segurança e o patrimônio alienígenas, suas incolumidades e suas vidas, comunidades e relações, suas instituições, poderes e indivíduos, inclusive suas tecnologias e biocapacidades, ou seja, capacidades cerebrais, que podem vir a ser as responsáveis pelos seus progressos científicos e alienígenas, comportamentais, como por exemplo, a abdução, que sugiro pode vir a ser fruto da capacidade cerebral e da sua potência associada às tecnologias com o objetivo de superarem suas adversidades orgânicas, comportamentais, ambientais, do universo e sociais. Dentro das biocapacidades também incluo a música e a musicalidade que sugere habilidades orgânicas, comportamentais, ambientais, inconscientes, melódicas, do universo e sociais.
Podemos considerar a linguagem dos alienígenas como evento delirante, pois pensamento desejado sem palavras é evento delirante quando é evocado e emitido através de assobios, são pois delírios os pensamentos através da telepatia quando são desejados, a sensibilidade, o toque e o som do assobio quem determinam o grande avanço dos alienígenas em relação ao nosso mundo, pois criaram relações controladas através de delírios, de pensamentos desejados e com melodias, sem palavras e com um imaginário onde existem imagens e representações sociais de objetos, e outro simbólico onde existem símbolos e um alfabeto ou uma linguagem que se cristaliza com a telepatia, ou seja, que se torna pública e inteligível com a telepatia que por sua vez dá voz telepática aos símbolos, ao alfabeto e a linguagem, enquanto que por outro lado o alienígena apenas consegue emitir assobios metálicos com sua boca que demonstra parecer ter outra função, como as das aves que cantam, ou seja, os canarinhos do nosso planeta Terra.
A privação e o sofrimento abrem o entendimento para tudo o que mais que se oculta e se esconde por detrás das máscaras do conhecimento e do saber, até mesmo no mundo alienígena, pois o sofrimento parece também conduzir o comportamento alienígena, seja através da fome, dos delírios, dos ritos que contêm música ou assobios metálicos ou da exploração ambiental.
O que muitos não sabem é que os vestígios das mitologias se alinham ao longo dos muros do nosso sistema interior de crenças e de valores, como cacos de cerâmicas despedaçados num sítio arqueológico, e então podemos encontrar vestígios de mitologias que tratam de assuntos extraterrestres, desde os períodos dos povos primitivos.
Os papéis sociais precisam ser mitologizados, como na religião, na guerra, no amor e na morte, pois a mitologia nos trás ensinamentos que não podemos descartar, sobretudo sobre culturas primitivas e alienígenas.
Nossas tecnologias jamais serão suficientes o bastante para nos ajudarem sem a nossa intuição e percepção inconsciente, esse é o papel da inteligência humana, a inteligência pode ser mais forte do que a tecnologia na abordagem contra os alienígenas, pois quem sabe o potencial de destruição dos alienígenas?
Os fados guiam mas também arrastam àquele que não os desejem, devemos saber aceitar nossa condição, nossos fados são nossas tecnologias e nossas defesas que nos parecem inferiores às alienígenas, devemos saber aceitar isto para mudar esta possível realidade.
A experiência que me proponho é a experiência de estar vivo e não o sentido da vida, essa experiência nos ensina que estar vivo é mais importante do que ter um sentido para a vida, pois a vida pode parecer não mais ter sentido por causa dos alienígenas, contudo a música ou o assobio metálico que os alienígenas emitem transformam nossas relações reascendendo nossas ligações através da música e do assobio, como forma de contato e de comunicação entre espécies inteligentes diferentes.
Essa experiência começou com os primeiros ancestrais que começaram a contar histórias uns aos outros, sobre os animais, que eles matavam para comer, e a respeito do mundo sobrenatural, para onde os animais iam depois que morriam ou pareciam ir. Este tema aparece nos contatos entre observador e eventos paranormais de cunho desconhecido ou provavelmente alienígenas, demonstrando que essas criaturas inteligentes tem uma psique com aspectos semelhantes aos nossos.
Por isso as sociedades primitivas subsistem graças ao matar e comer, esse é o mistério de seus mitos. A caça veio a se tornar um ritual de sacrifício. Para os alienígenas sobreviverem não consiste apenas em matar e comer, mas também em estudar seus objetos de diferentes maneiras, inclusive demonstrando seu assobio metálico para estudar a reação em cadeia provocada na Terra.
Quando esses indivíduos passaram da caça ao plantio, as histórias também mudaram, então apareceu à semente e a semente se tornou o símbolo mágico do ciclo infinito. A planta morria, era enterrada e sua semente renascia. Quando a relação passou da paranormalidade para o contato auditivo criou-se um outro padrão e um outro ciclo infinito, um outro rito e outros mitos, a semente continuou sendo plantada e renascia no mesmo solo mas com técnicas diferentes.
Depois veio a suprema mensagem da religião, onde o homem espiritual encontrou na literatura da fé os princípios comuns ao espírito humano. Devemos nos defender com a nossa mensagem da religião, pois ela nos trás esperança e um futuro melhor, forças para lutar e para viver, os alienígenas não trazem esperança e nem forças para lutar e para viver, mas para desistir de tudo. Deus existe! Mas por outro lado, o som do assobio metálico despertou esperança e curiosidade nessa espécie como que querendo descobrir o que eles desejaram comunicar, se estivessem caçando teriam atacado, se estivessem em guerra teriam atacado e nos destruído, se estivessem com medo fugiriam, se estivesse investigando nossas reações a um novo tipo de criatura devido a nossa cultura ignorante e racista eles se afastariam até nos convencerem de que somos seguros para alguma interação social, pode ser qualquer coisa, não sei!
E então veio ¨o maior salto que já houve¨. O homem pisou na Lua e trouxe sua mensagem, sua mudança de visão de mundo, de planeta Terra. A Terra passou a ser vista com amor e como algo frágil, como algo exposto no universo e que precisa de defesas, ¨o homem precisa continuar voando pelo espaço¨. O homem precisa se abrir para as diferenças comportamentais, físicas, estruturais, fisiológicas, morfológicas, inconscientes, químicas, biológicas, sociais e do tempo e espaço que o universo oferece se quiser voar pelo espaço.
E hoje deslumbramos os extraterrestres, a telepatia e a lavagem cerebral. Os extraterrestres trouxeram uma nova visão de mundo, onde o homem não é mais o centro da razão, da inteligência, da força, da dominância e do poder, podendo até mesmo ser escravizado e abduzido pelos alienígenas, correndo o risco de entrar em guerra ou em conflito com os alienígenas e se for mais fraco, entrar em extinção. Notamos aqui a possibilidade da nossa extinção, precisamos lutar e nos esforçar para dominar nosso planeta, talvez educar os alienígenas seja alguns dos primeiros passos a ser dado para uma convivência, pois por enquanto é impossível evitar contatos extraterrestres. Mas não é impossível continuar estudando estes eventos de maneira técnica e séria.
Certamente o homem tem que acelerar seu desenvolvimento científico acerca dos extraterrestres e é para isto que trabalho. Assim a cultura alienígena pode ser uma cultura de cosmos, de amor ao universo, às estrelas, aos planetas, etc., e pouco menos aos seres vivos inteligentes, se eles forem ameaça para os alienígenas, pois seres vivos que não são ameaças não despertam instintos de autoproteção e de proteção de seus grupos, de suas culturas e tecnologias. Talvez o maior inimigo da evolução seja a mente inteligente do ser vivo, seja ele Homo Sapiens ou alienígena. Devemos ser como Jesus Cristo ou como Hitler quando abordarmos os alienígenas em nosso planeta? E no universo? E em nossas futuras explorações espaciais seremos como Jesus Cristo ou como Hitler? Da mesma forma como devemos ser com a telepatia e com as vítimas da lavagem cerebral, marcadas para sempre como os judeus da 2ª Guerra Mundial, devemos ser como Jesus Cristo ou como Hitler? Ou seja, devemos amar ou odiar a vida e a vida do próximo e da outra criatura que como eu também é deste universo e é meu semelhante?!
Olhando para o passado, para as mitologias primitivas descobrimos que o homem desde sua concepção sempre amou o universo e a Terra, teve deuses e tem Deus, teve elementos da natureza e elementos do universo como deuses, isto pode ter ajudado o ser humano em sua trajetória até aqui sem ter que enfrentar alienígenas, pois talvez os alienígenas deslumbrem elementos do universo, diferentemente do ser humano que também se deslumbra com armas e bombas, com economias e com dinheiro, com riqueza e pobreza, com abuso, exploração e violência. Jesus Cristo não se deslumbra com isto!
Osny Mattanó Júnior
OSNY MATTANÓ JÚNIOR (ADAPTAÇÃO DO LIVRO DE JOSEPH CAMPBELL)
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I
O MITO E O MUNDO MODERNO
Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos.
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MOYERS: Por que mitos? Por que deveríamos importar-nos com os mitos? O que eles têm a ver com minha vida?
CAMPBELL: Minha primeira resposta seria: “Vá em frente, viva a sua vida, é uma boa vida – você não precisa de mitologia”. Não acredito que se possa ter interesse por um assunto só porque alguém diz que isso é importante. Acredito em ser capturado pelo assunto, de uma maneira ou de outra. Mas você poderá descobrir que, com uma introdução apropriada, o mito é capaz de capturá-lo. E então, o que ele poderá fazer por você, caso o capture de fato?
Um de nossos problemas, hoje em dia, é que não estamos familiarizados com a literatura do espírito. Estamos interessados nas notícias do dia e nos problemas do momento. Antigamente, o campus de uma universidade era uma espécie de área hermeticamente fechada, onde as notícias do dia não se chocavam com a atenção que você dedicava à vida interior, nem com a magnífica herança humana que recebemos de nossa grande tradição – Platão, Confúcio, o Buda, Goethe e outros, que falam dos valores eternos, que têm a ver com o centro de nossas vidas. Quando um dia você ficar velho e, tendo as necessidades imediatas todas atendidas, então se voltar para a vida interior, aí bem, se você não souber onde está ou o que é esse centro, você vai sofrer.
As literaturas grega e latina e a Bíblia costumavam fazer parte da educação de toda gente.
Tendo sido suprimidas, toda uma tradição de informação mitológica do Ocidente se perdeu.
Muitas histórias se conservavam, de hábito, na mente das pessoas. Quando a história está em sua mente, você percebe sua relevância para com aquilo que esteja acontecendo em sua vida. Isso dá perspectiva ao que lhe está acontecendo. Com a perda disso, perdemos efetivamente algo, porque não possuímos nada semelhante para pôr no lugar. Esses bocados de informação, provenientes dos tempos antigos, que têm a ver com os temas que sempre deram sustentação à vida humana, que construíram civilizações e enformaram religiões através dos séculos, têm a ver com os profundos problemas interiores, com os profundos mistérios, com os profundos limiares da travessia, e se você não souber o que dizem os sinais ao longo do caminho, terá de produzi-los por sua conta. Mas assim que for apanhado pelo assunto, haverá um tal senso de informação, de uma ou outra dessas tradições, de uma espécie tão profunda, tão rica e vivificadora, que você não quererá abrir mão dele.
MATTANÓ: Os mitos precisam de uma vida, de uma linguagem, de um inconsciente, de relações entre fatos e fenômenos, de relações entre histórias e contos, entre religiões e heróis, monstros e escravos, de relações entre eventos que te capturam, isto só acontece através da música e das melodias. Ser capturado por uma música que lhe interessou a partir de uma melodia pode ser um caminho para se encantar pelos mitos, pelos heróis, monstros e escravos, até pelos extraterrestres e seus mistérios, o caminho para a busca interior é difícil e faz sofrer, requer atenção à vida interior, à sua inteligência musical e ao papel da música em sua vida, com os extraterrestres é igual, você não abrirá mais mão dessas tão ricas e vivificadoras travessias com seus profundos mistérios, eventos profundos com heróis, monstros e escravos, até mesmo alienígenas, teus problemas interiores sofrerão impacto da influência alienígena e da sua respectiva mitologia, que deslumbramos nos sinais nos céus e nos desenhos de sinais nas plantações agrícolas humanas sobretudo quando ouvimos o assobio metálico dos alienígenas que desperta curiosidade e interesse ainda maior neles, como forma de difundir uma cultura e mitologia alienígena suscitada no imaginário humano através de seus símbolos e dos símbolos alienígenas, como forma de comunicação, de interação e troca de informações entre as diferentes espécies, entre os Homo Sapiens, os demais seres vivos do planeta Terra.
MOYERS: Quer dizer que contamos histórias para tentar entrar em acordo com o mundo, para harmonizar nossas vidas com a realidade?
CAMPBELL: Penso que sim. Romances – grandes romances – podem ser excepcionalmente instrutivos. Nos meus vinte e nos meus trinta, até nos meus quarenta anos, James Joyce e Thomas Mann eram meus professores. Eu lia tudo o que eles escreveram. Ambos escreveram em termos do que se poderia chamar de tradição mitológica. Tome, por exemplo, a história de Tonio, no Tonio Kröger, de Thomas Mann. O pai de Tonio era um sólido homem de negócios, um cidadão de relevo em sua cidade natal. O pequeno Tonio, porém, tinha um temperamento artístico, por isso mudou-se para Munique e reuniu-se a um grupo de literatos, que se sentiam superiores aos meros ganhadores de dinheiro e aos homens de família.
Assim, eis aí Tonio dividido entre dois pólos: seu pai, que era um bom pai, responsável e tudo o mais, mas que nunca tinha feito o que queria, em toda a sua vida; e, por outro lado, aquele que deixa sua cidade natal e assume uma atitude crítica em relação à vida que se levava lá. Mas Tonio descobriu que de fato amava a gente de sua cidadezinha. E embora se julgasse um pouco superior a eles, em termos intelectuais, e pudesse falar deles com palavras cortantes, seu coração, apesar de tudo, estava com eles.
Mas quando partiu, para viver com os boêmios, descobriu que estes tinham tal desdém pela vida que tampouco poderia viver com eles. Por isso deixou-os e escreveu uma carta a um do grupo, dizendo: “Admiro aqueles seres frios e orgulhosos que se arriscam nos caminhos da beleza elevada e diabólica e menosprezam a ‘humanidade’; mas não os invejo. Pois se alguma coisa é capaz de fazer de um literato um poeta, essa coisa é o amor de minha cidade natal pelo humano, aquilo que existe e é comum. Todo calor deriva desse amor, toda doçura e todo humor. De fato, quanto a mim, creio mesmo que esse amor deve ser aquele sobre o qual está escrito que se pode ‘falar com a língua dos homens e dos anjos’, que no entanto soa, quando o amor falta, ‘como metal ruidoso ou címbalo tilintante’”.
Em seguida, ele diz que “o escritor deve ser verdadeiro para com a verdade”. E ele é um assassino, porque a única maneira de você descrever verdadeiramente um ser humano é através de suas imperfeições. O ser humano perfeito é desinteressante – o Buda que abandona o mundo, você sabe. As imperfeições da vida é que são apreciáveis. E, quando lança o dardo de sua palavra verdadeira, o escritor fere. Mas o faz com amor. É o que Mann
chamava “ironia erótica”, o amor por aquilo que você está matando com sua palavra cruel, analítica.
MATTANÓ: Contamos histórias para harmonizar nossas vidas com a realidade, pois histórias são instrutivas e ajudam a memorizar como também ajudam na alfabetização, na linguagem e na cultura, histórias ajudam a memorizar músicas e melodias, inclusive delírios e assobios metálicos alienígenas, assim contamos histórias sobre alienígenas, sobre contatos extraterrestres, para harmonizar nossa vida, nossa realidade com os alienígenas, para nos lembrarmos de que eles existem ou podem existir.
O amor do escritor está na sua palavra cruel e na sua ironia erótica, como está quando trata de alienígenas na sua palavra reveladora que se associa as músicas e melodias, aos assobios metálicos e aos delírios de cunho alienígena quando ¨conversamos¨ com alienígenas e dizemos que compreendemos a sua realidade sem nunca tê-los descoberto publicamente, trata-se ainda de delírios e conteúdos traumáticos infantis com representações de monstros de outros mundos que vinham nos visitar quando éramos crianças e estávamos indefesos, e não podíamos compreendê-los, por isso escutávamos o assobio metálico. Contudo a probabilidade destes conteúdos pertencerem ao inconsciente coletivo é muito maior do que há de pertencer ao inconsciente pessoal, pois todo ser humano tem estas representações em sua mente e comportamento, independentemente da história de vida e da existência de provas de vida alienígena.
MOYERS: Tenho muito carinho por essa imagem: o amor de minha cidade natal, o sentimento que você tem por esse lugar, não importa por quanto tempo esteve ausente, mesmo que nunca retorne. Foi lá que você descobriu as pessoas pela primeira vez. Mas por que você diz que ama as pessoas por suas imperfeições?
CAMPBELL: As crianças não são adoráveis porque estão caindo a todo instante e porque têm o corpo pequeno e a cabeça muito grande? Walt Disney não sabia tudo a respeito quando concebeu os sete anões? E esses divertidos cachorrinhos que as pessoas têm – eles não são adoráveis por serem tão imperfeitos?
MOYERS: A perfeição seria algo tedioso, não seria?
CAMPBELL: Teria de ser. Seria desumano. O umbilical, a humanidade, aquilo que se faz humano e não sobrenatural e imortal – isso é adorável. É por essa razão que algumas pessoas têm dificuldade em amar a Deus; nele não há imperfeição alguma. Você pode sentir reverência, mas isso não é amor. É o Cristo na cruz que desperta nosso amor.
MATTANÓ: A música e as melodias que sentimos quando amamos as pessoas estão ligadas a sua cidade natal, não importando se estão perto ou longe dela, foi lá que conhecemos outras pessoas pela primeira vez e escutamos sons e melodias juntos, e assim conhecemos suas imperfeições. Notadamente sabemos que a perfeição é algo tedioso e desumano, por isso a música e as melodias que emitimos desde o nascimento não são perfeitas. Os extraterrestres são imperfeitos – isso nos chama a atenção e os tornam adoráveis. Amar a Deus pode parecer muito difícil, mas amar a Cristo numa Cruz pode ser muito mais fácil, pois sua Cruz desperta o nosso amor. Os extraterrestres também despertam o nosso amor pela nossa cidade natal e pelo nosso mundo quando estão sob ameaça e perigo de invasão - tudo o que é imperfeito e invasivo nos lembra nossas primeiras músicas e melodias, nos lembra nossas primeiras demonstrações de amor.
MOYERS: O que você quer dizer com isso?
CAMPBELL: Sofrimento. Sofrimento é imperfeição, não é?
MOYERS: A história do sofrimento humano, a luta, a vida...
CAMPBELL: ...e a juventude chegando ao conhecimento de si mesma, ela tem que passar por isso.
MATTANÓ: Músicas, melodias e harmonias despertam o nosso amor, pois isso a música é luta e vida, é sofrimento e é imperfeição em busca de perfeição, de completude que se realiza de acordo com o zeitgeist, o conhecimento de uma época, isto é o teor da juventude quando ela está conhecendo a si mesma. Os extraterrestres despertam a nossa musicalidade através do assobio metálico como forma de comunicação e assim, o nosso sofrimento e até a nossa imperfeição, fenômenos que evocam o nosso amor e o põem o nosso trabalho a serviço da vida e da luta pela vida, da proteção do mundo e da vida, através da investigação ufológica.
MOYERS: Através da leitura de seus livros – The Masks of God e The Hero with a Thousand Faces – vim a compreender que aquilo que os seres humanos têm em comum se revela nos mitos. Mitos são histórias de nossa busca da verdade, de sentido, de significação, através dos tempos. Todos nós precisamos contar nossa história, compreender nossa história. Todos nós precisamos compreender a morte e enfrentar a morte, e todos nós precisamos de ajuda em nossa passagem do nascimento à vida e depois à morte. Precisamos que a vida tenha significação, precisamos tocar o eterno, compreender o misterioso, descobrir o que somos.
CAMPBELL: Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior de nosso ser e de nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos. É disso que se trata, afinal, e é o que essas pistas nos ajudam a procurar, dentro de nós mesmos.
MATTANÓ: A verdade se revela em mitos através da busca pela verdade, de sentido, de significação, de conceituação, de contextualização, de funcionalidade, de comportamentos que através dos tempos são ritualizados para revelar a verdade, estes comportamentos podem ser músicas, e melodias, assobios metálicos alienígenas, e assim contar uma história, e poder compreender a nossa própria história, como uma experiência de estarmos vivos, onde essa experiência tenha ressonância em nosso interior como uma realidade mais íntima e sintamos o enlevo de estarmos vivos e não mais busquemos o sentido da vida. Os extraterrestres desencadeiam o comportamento humano de tentar compreender a própria verdade, através da verdade, de sentido, de significação, de conceituação, de contextualização, de funcionalidade e de comportamentos que são ritualizados para revelar a verdade através das músicas e melodias, dos assobios metálicos alienígenas, e deste modo poder contar uma história, pois os extraterrestres derrubam leis universais e espirituais as quais nos apoiávamos para viver, educar e se desenvolver, a experiência de estarmos vivos pode ser uma experiência de quem já foi crucificado e ressuscitou, neste caso, a humanidade com Cristo. Outra questão importante pode ser: será que outros seres inteligentes alienígenas investiriam em confusão mental generalizada para causar pânico e loucura na humanidade, descaracterizando nossas religiões e culturas, assim como invadem nossos territórios e espaços aéreos, residências e locais de trabalho, inclusive bases militares para fins de despersonalização generalizada, lavagem cerebral generalizada, tortura generalizada e loucura generalizada e continuarem promovendo extorsão, vingança e estupro virtual generalizados?!
MOYERS: Mitos são pistas?
CAMPBELL: Mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida humana.
MOYERS: Aquilo que somos capazes de conhecer e experimentar interiormente?
CAMPBELL: Sim.
MOYERS: Você mudou a definição de mito, de busca de sentido para experiência de sentido.
CAMPBELL: Experiência de vida. A mente se ocupa do sentido. Qual é o sentido de uma flor? Há uma história zen sobre um sermão do Buda, em que este simplesmente colheu uma flor. Houve apenas um homem que demonstrou, pelo olhar, ter compreendido o que o Buda pretendera mostrar. Pois bem, o próprio Buda é chamado “aquele que assim chegou”. Não faz sentido. Qual é o sentido do universo? Qual é o sentido de uma pulga? Está exatamente ali. É isso. E o seu próprio sentido é que você está aí. Estamos tão empenhados em realizar determinados feitos, com o propósito de atingir objetivos de um outro valor, que nos esquecemos de que o valor genuíno, o prodígio de estar vivo, é o que de fato conta.
MATTANÓ: A mente é a responsável pelo sentido, mas o verdadeiro sentido é que você existe, que você está ali, que você pertence a esta realidade, a este mundo, que você está vivo, mas quem realmente se importa se você ou o outro ser está vivo? A mente é a responsável pela musicalidade e pelas músicas e melodias que entoamos! Qual o papel da realidade? Dar sentido ou dar vida ao organismo? Mas também dar sentido e dar vida a música e a melodia! Certamente, em primeiro lugar é dar vida ao organismo e somente depois dar sentido, significado, conceito, contexto, funcionalidade e comportamento para esse organismo que adquire a capacidade musical e de realizar ou entoar melodias. O grande fato da vida é a própria vida, inclusive a dos extraterrestres, a música e as melodias são respostas da própria vida. Se os extraterrestres dão significado, sentido, conceito, contexto, funcionalidade e comportamento as suas verdades é outra questão, é uma questão de educação e de socialização, mesmo em meio há uma linguagem paranormal, melódica, escrita e simbólica e até virtual, fica evidente que é possível educar paranormais, indivíduos com linguagens melódicas, musicais, com linguagem escrita e com linguagem simbólica e até com linguagem virtual. Já a vida é uma questão original, primitiva, fundamental, da gênese, de formação, de concepção que todos devem ter o direito e o exercício de gozá-la, pois a vida é a matéria viva do universo, assim como existe a matéria escura do universo que também tem o seu direito e necessidade de existir, a vida não deve ser assassinada e nem executada, mas educada e trabalhada para se adaptar as exigências do seu planeta e do universo, a palavra básica no universo é Direito! Assim como os corpos celestes tem seu Direito os seres vivos também o mesmo Direito, querer assassiná-los é uma questão etológica de seleção natural, de competição entre indivíduos da mesma espécie ou de diferentes espécies, e de evolução das espécies, mas com a eclosão da consciência e da linguagem surgem o imaginário e o simbólico, o real e o ideal, a realidade e o prazer, o id, o ego e o superego, o desenvolvimento de uma personalidade, de uma libido, comunhão e segurança e de uma moral que culminará no Direito, no Direito das Coisas!
MOYERS: Como chegar a essa experiência?
CAMPBELL: Lendo mitos. Eles ensinam que você pode se voltar para dentro, e você começa a captar a mensagem dos símbolos. Leia mitos de outros povos, não os da sua própria religião, porque você tenderá a interpretar sua própria religião em termos de fatos – mas lendo os mitos alheios você começa a captar a mensagem. O mito o ajuda a colocar sua mente em contato com essa experiência de estar vivo. Ele lhe diz o que a experiência é. Casamento, por exemplo. O que é o casamento? O mito lhe dirá o que é o casamento. E a reunião da díade separada. Originariamente, vocês eram um. Vocês agora são dois, no mundo, mas o casamento não é senão o reconhecimento da identidade espiritual. É
diferente de um caso de amor, não tem nada a ver com isso. É outro plano mitológico de experiência. Quando pessoas se casam porque pensam que se trata de um caso amoroso duradouro, divorciam-se logo, porque todos os casos de amor terminam em decepção. Mas o matrimônio é o reconhecimento de uma identidade espiritual. Se levamos uma vida adequada, se a nossa mente manifesta as qualidades certas em relação à pessoa do sexo oposto, encontramos nossa contraparte masculina ou feminina adequada. Mas se nos deixarmos distrair por certos interesses sensuais, iremos desposar a pessoa errada. Desposando a pessoa certa, reconstruímos a imagem do Deus encarnado, e isso é que é o casamento.
MATTANÓ: Você descobrirá a experiência de estar vivo também através da experiência da música e da melodia, do assobio metálico paranormal e alienígena, isto te fará captar a mensagem destes ritos e mitos. Mas também existem os símbolos que podem ser encontrados em rituais, como no contato imediato com alienígenas, onde descobrimos se somos a pessoa certa ou a pessoa errada. Se for a pessoa errada deixamo-nos nos distrair por outros interesses. Mas se for a pessoa certa, reconstruiremos a imagem do Deus encarnado, que é o próprio Símbolo, e teremos o reconhecimento dessa identidade. Os símbolos extraterrestres também podem ajudar na experiência de estarmos vivos. Podemos encontrá-los em sinais, visões e aparições extraterrestres, talvez tenham como finalidade um contato extraterrestre, uma mensagem, uma marca, um sinal, uma comunicação, um fenômeno, um trabalho, uma aparição, um estudo, uma contaminação, etc., seja lá o que for ajudam na experiência de estarmos vivos através de seus símbolos em plantações ou em nuvens, por exemplo, ou nos ajudem a ter uma identidade no meio do universo e não somente nomeio deste planeta com seus seres vivos, ou seja, desejando que nós façamos parte do mesmo universo com sua linguagem, tecnologias, conhecimentos, ciências, ritos e mitos, de modo que reconheçamos que fazemos parte do mesmo contexto, do mesmo universo me que temos semelhanças, assim como todas as estruturas do universo que se ligam através de uma matéria, também somos e estamos unidos por essa matéria e sua energia.
MOYERS: A pessoa certa? Como é que se escolhe a pessoa certa?
CAMPBELL: O coração lhe dirá. É preciso que seja assim.
MOYERS: O ser interior.
CAMPBELL: Eis o mistério.
MOYERS: Você reconhece seu outro eu.
CAMPBELL: Bem, não sei, mas há uma luz que cintila e algo em você lhe diz que é essa a pessoa certa.
MOYERS: Se o casamento é essa reunião do próprio com o próprio, com a base masculina ou feminina de nós mesmos, por que é assim tão precário na nossa sociedade moderna?
CAMPBELL: Porque não é encarado como casamento. Eu diria que se o casamento não é de magna prioridade em suas vidas, vocês não estão casados. O casamento significa os dois que são um, os dois que se tornam uma só carne. Se o casamento dura o suficiente, e se você se amolda constantemente a ele, em vez de ceder a caprichos pessoais, você chega a se dar conta de que isso é verdade – os dois realmente são um.
MOYERS: Um, não apenas biologicamente, mas espiritualmente.
CAMPBELL: Sobretudo espiritualmente. O biológico é a distração que pode conduzi -lo à falsa identificação.
MATTANÓ: O mistério da música e da melodia é o coração, como ela guia o músico para sua união perfeita com a harmonia e o arranjo musical. Como ele ajuda um ao outro se reconhecer no outro. Quando a música não é vista como uma música, como uma prioridade para o artista, o músico não está com seus direitos sobre a obra. A música e a melodia podem caminhar por caprichos pessoais enquanto durar, mas pode ser realmente uma obra, quando os dois são realmente um. Os extraterrestres podem nos ajudar a compreender melhor a música e a melodia, quando nos deslumbramos com alienígenas e temos que por o direito em primeiro lugar significa que temos liberdade e isto significa que a música e a melodia se adaptaram ao novo contexto, certamente se o artista for inteligente cognitivamente e afetivamente, se adaptará ao novo contexto, bem como sua obra que continuará sendo uma prioridade, mesmo que por trabalho. O trabalho é ferramenta essencial para o surgimento do Homo Sapiens e seu desenvolvimento bio-psico-social, em função disto, o trabalho é superior ao biológico que por sua vez, leva a uma falsa identificação com a música, a melodia e o assobio metálico paranormal alienígena que se mostram ¨Industrializados Culturalmente¨.
MOYERS: Então a função necessária do casamento, perpetuar a espécie, não é a primordial?
CAMPBELL: Não, isso na verdade é apenas o aspecto elementar do casamento. Há dois estágios completamente diferentes no casamento. Primeiro, quando os nubentes são jovens e seguem o maravilhoso impulso concedido pela natureza, da inter-relação biológica dos sexos, para produzir crianças. Mas chega um tempo em que a criança se emancipa da família e o casal é deixado para trás. Espanta-me o número de amigos que se separam aos quarenta ou aos cinqüenta anos de idade. Tinham vivido até aí uma vida perfeitamente satisfatória, juntos, com a criança, mas interpretavam essa união em termos de sua relação através da criança. Não a interpretavam em termos do próprio relacionamento pessoal, de um para com o outro.
Casamento é uma relação. Quando vocês se sacrificam no casamento, o sacrifício não é feito em nome de um ou de outro, mas em nome da unidade na relação. A imagem chinesa do Tão, com a treva e a luz interagindo, mostra a relação entre yang e yin, masculino e feminino, e é isso que vem a ser o casamento. É nisso que vocês se tornam quando se casam. Você deixa de ser aquele um, solitário; sua identidade passa a estar na relação. O casamento não é um simples caso de amor, é uma provação, e a provação é o sacrifício do ego em benefício da relação por meio da qual dois se tornam um.
MATTANÓ: A função de perpetuar a própria espécie através da música torna-se elementar, assim a filogênese torna-se equidistante a espiritualidade, a cultura e a ontogênese. É a filogênese quem produz um maravilhoso desejo de produzir melodias, onde o indivíduo acaba vivendo em função das músicas e depois se separa ao ver suas obras emancipadas. Nota-se que a música é uma relação, uma relação social, onde cada oposto se une como o dia e a noite, o claro e o escuro, o masculino e o feminino, formando uma unidade, que deixa de ser um ser solitário e individual, onde o amor é uma provação, um sacrifício do ego, uma renúncia em benefício da relação por meio da qual se tornam uma unidade, e se transformam em melodias e harmonias que tomam formas e arranjos que as tornam muito mais complexas e executadas em grupo, porém através da paranormalidade a complexidade dos arranjos pode ser executada por um único indivíduo e mentalmente, num espetáculo de loucura, mundo virtual, delírios e alucinações, alterações do pensamento, agressividade, sonoridade, beleza, grandiosidade, criatividade e hipergenialidade.
MOYERS: Então o casamento é intrinsecamente incompatível com a idéia de cada um cuidar dos próprios interesses.
CAMPBELL: Não se trata simplesmente dos próprios interesses, como você vê. De certa maneira, sim, cada um cuida dos próprios interesses, mas acontece que esse um não é apenas você, é a díade reunida em um. Eis aí uma imagem genuinamente mitológica, significando o sacrifício de uma entidade visível em nome de um deus transcendente. Isso é algo que se torna maravilhosamente consciente no segundo estágio do matrimônio, que eu chamo de estágio alquímico – os dois vivendo a experiência de serem um. Se continuarem vivendo como viviam no primeiro estágio do casamento, eles se separarão quando as crianças os deixarem. O papai se apaixonará por alguma garotinha casadoira, cairá fora, e a mamãe se verá a sós com uma casa e um coração vazios, e terá de resolver a coisa por si mesma, com seus próprios recursos.
MOYERS: É por isso que não entendemos os dois níveis de casamento.
CAMPBELL: Vocês não assumem um compromisso.
MOYERS: Supostamente, sim – assumimos um compromisso para o melhor e para o pior.
CAMPBELL: São vestígios de um ritual.
MOYERS: E o ritual perdeu sua força. O ritual, que antes representava uma realidade profunda, virou mera formalidade. E isso é verdade nos rituais coletivos assim como nos rituais pessoais, relativos a casamento e religião.
MATTANÓ: Cuidar dos próprios interesses através da música apenas através do significado da díade reunida em um, onde deixamo-nos transcender pela mitologia, como que num poder alquímico você se vê no segundo estágio da música, onde o indivíduo ou artista vive a experiência de ser um intérprete e não mais apenas um compositor, o primeiro estágio da música que alcança a criação da música. Se por algum motivo a música não alcança este estágio onde o indivíduo transforma-se em seu intérprete acabará se dissolvendo depois que as músicas se tornarem independentes. O segredo da música é necessariamente este, assumir um compromisso para o que quer que seja através do verdadeiro significado do ritual, ou seja, sem deixá-lo se transformar em mera formalidade. Os alienígenas reforçam essa ideia de ritual e não de formalidade, pois é como se precisássemos de algo a mais para lidar com eles, algo que só nos é dado através dos rituais, algo que a formalidade não é capaz de fornecer ao ser humano, algo que nos falta, um poder mágico e transcendental que eleva o ser humano e aumenta suas forças e capacidades de força e de realização, para, por exemplo, lidar com os extraterrestres através das melodias e da música, e compreender o seu verdadeiro significado e sentido nesta relação paranormal que utiliza a telepatia para criar e formar palavras e linguagens com significados e sentidos entre símbolos e holografias que transformam essa relação ainda mais bonita, segundo o ponto de vista etológico, pois somos todos filhos da mesma semente que o ¨mar¨ ou o próprio universo tomou conta para a criação da vida, onde nos especializamos e vivemos relações de seleção, competição e evolução.
CAMPBELL: Quantas pessoas, antes do casamento, recebem um adequado preparo espiritual sobre o que o casamento significa? Você pode ficar parado diante do juiz e se casar, em dez minutos. A cerimônia de casamento na índia dura três dias. O par fica grudado.
MOYERS: Você está dizendo que o casamento não é apenas um arranjo social, mas um exercício espiritual.
CAMPBELL: É primordialmente um exercício espiritual, e a sociedade deveria nos ajudar a tomar consciência disso. O homem não devia estar a serviço da sociedade, esta sim é que deveria estar a serviço do homem. Quando o homem está a serviço da sociedade, você tem um Estado monstruoso, e é exatamente isso o que ameaça o mundo, neste momento.
MATTANÓ: Receber um devido preparo para o trabalho de músico, para o seu verdadeiro significado como é feito na Indústria Cultural, significa que o trabalho do músico não é apenas um arranjo social, mas um meio de se capacitar ou se exercitar psicologicamente, onde a música deveria estar a serviço do ser humano e não o ser humano estar a serviço da música, este fenômeno cria um Estado violento, escravizador e monstruoso, que rouba do músico toda ou parte de sua criatividade e a põe a serviço do Estado, o fracasso de muitos artistas se deve a isto, a um comportamento que ameaça o mundo e as suas relações de trabalho e institucionais. O verdadeiro músico nasce com a música em seu inconsciente, ele não necessita de aprendizagem.
MOYERS: O que acontece quando uma sociedade já não abriga uma mitologia poderosa?
CAMPBELL: Aquilo com que nos defrontamos, no presente. Se você quiser descobrir o que significa uma sociedade sem rituais, leia o Times, de Nova Iorque.
MOYERS: E você descobrirá...?
CAMPBELL: As notícias do dia, incluindo atos destrutivos e violentos praticados por jovens que não sabem como se comportar numa sociedade civilizada.
MOYERS: A sociedade não lhes forneceu rituais por meio dos quais eles se tornariam membros da tribo, da comunidade. Todas as crianças deveriam nascer duas vezes para aprender a funcionar racionalmente no mundo de hoje, deixando a infância para trás. Penso nas palavras de São Paulo, na Primeira Epístola aos Coríntios: “Quando eu era criança, falava como criança, compreendia como criança, pensava como criança; mas quando me tornei um homem, pus de lado toda criancice”.
CAMPBELL: É exatamente isso. Eis o significado dos rituais da puberdade. Nas sociedades primitivas, dentes são arrancados, dolorosas escarificações são feitas, há circuncisões, toda sorte de coisas acontecem, para que você abdique para sempre do seu corpinho infantil e passe a ser algo inteiramente diferente.
Quando eu era criança, nós vestíamos calças curtas, você sabe, calças pelos joelhos. E chegava então o grande momento em que você vestia calças compridas. Quando é que eles vão saber que já são homens e precisam abandonar as criancices?
MATTANÓ: Quando uma sociedade já não tem uma mitologia poderosa com músicas e melodias que traduzam seus sentimentos e desejos, os comportamentos violentos e hostis dos nossos jovens se tornam desregrados, um drama, um problema, pois não tem como se comportar numa sociedade civilizada, ou seja, a sociedade não os reúnem em seu corpo organizado, em suas comunidades, e eles não tiveram como deixar suas infâncias ou criancices para trás, os rituais com músicas e melodias tem por objetivo inserir as crianças na adolescência para que renunciem para sempre de seu corpo infantil e passem a ser um novo jovem. Os alienígenas nos propiciam a sensação de que devemos amar e respeitar mais as nossas crianças e os nossos adolescentes e jovens, pois a mitologia musical ao qual se submetem está em transformação e isto põe em transformação e movimento a mitologia das nossas crianças, adolescentes e jovens, modificando seus comportamentos, interesses, objetivos e afetos, inserindo contingências extraterrestres através do assobio metálico, em seu corpo organizado, em sua sociedade, em sua família, marcando cada nova fase ritualística do desenvolvimento humano onde o ser humano deixa para trás o velho e assume o novo homem, marcado pelo contato extraterrestre. O novo homem está nascendo em meio aos eventos extraterrestres em nosso mundo e devemos nos preparar ritualmente para assimilá-los comportamentalmente e simbolicamente, para que possamos superar as novas adversidades do meio ambiente, agora do Universo.
MOYERS: Os adolescentes que crescem nesta cidade – nas imediações da Rua 125 com a Broadway, por exemplo, de onde é que eles tiram seus mitos, hoje?
CAMPBELL: Eles os fabricam por sua conta. Por isso é que temos grafites por toda a cidade. Esses adolescentes têm suas próprias gangues, suas próprias iniciações, sua própria moralidade. Estão fazendo o melhor que podem. Mas são perigosos, porque suas leis não são as mesmas da cidade. Eles não foram iniciados na nossa sociedade.
MATTANÓ: Os adolescentes de hoje costumam produzir e fabricarem seus próprios mitos, através de seus comportamentos e ritos como os grafites e pichações, eles tem suas próprias gangues ou grupos, podem inclusive se reunir em torno de mitos e praticar ritos com músicas e melodias que traduzem suas próprias leis, de seus grupos e gangues, segundo Piaget estão na fase de formação de grupos para viverem independentes de suas famílias, de seus pais e mães, de suas vidas infantis, assim eles tem suas próprias iniciações através de seus ritos, e sua própria moralidade, sua própria música. Estão alcançando o que conseguem alcançar. Porém há um perigo, suas leis são diferentes das leis das cidades, eles não foram iniciados na nossa sociedade, este fenômeno gera um drama, a violência, inclusive através das músicas e das melodias, gerando uma cultura de ódio e de violência, de agressividade e de hostilidade. Os alienígenas nos ensinam que assim como os adolescentes, eles, os alienígenas, tem seus próprios ritos, sua própria inicialização, seus próprios grupos, suas diferenças que devem ser respeitadas e interpretadas se quisermos compreendê-los e assimilá-los, para que haja paz e convivência, os alienígenas podem aprender isto conosco também se houver meios para isto, inclusive quando se comunicam conosco por meio do assobio metálico, de músicas telepáticas, de holografias, de formações em nuvens ou mesmo, por telepatia, comunicação corporal e territorial.
MOYERS: Rollo May diz que há tanta violência na sociedade norte-americana, hoje, porque não há mais grandes mitos para ajudar os jovens a se relacionar com o mundo, ou a compreendê-lo, para além do meramente visível.
CAMPBELL: Sim, mas outra razão para este alto grau de violência é que a América não tem ethos.
MOYERS: Explique.
CAMPBELL: No futebol americano, por exemplo, as regras são muito rigorosas e complexas. Se você fosse à Inglaterra, por exemplo, veria que as regras do rúgbi não são assim tão rigorosas. Quando eu era estudante, nos anos 20, havia uma dupla de jovens que formavam uma ala sensacional, especializada no passe de longa distância. Eles foram para Oxford, com uma bolsa de estudos, se inscreveram no time de rúgbi e um dia introduziram o passe dianteiro. E os jogadores ingleses disseram: “Bem, não temos regras para isso, portanto por favor não o façam mais. Não jogamos desse modo.”
O fato é que, numa cultura que tenha se mantido homogênea por algum tempo, há uma quantidade de regras subentendidas, não escritas, pelas quais as pessoas se guiam. Há um ethos ali, um costume, um entendimento segundo o qual “não o fazemos dessa maneira”.
MATTANÓ: A violência que observamos hoje no mundo da música está associada a não termos ethos, que é uma cultura homogênea com regras subentendidas, pelas quais os indivíduos se orientam e se comportam, ou seja, um costume, um entendimento a partir do qual ¨não o fazemos dessa maneira¨. Os alienígenas entram em conflito com o ethos que nos assegura nossos costumes, pois eles tem outros costumes, outros ethos, outros padrões bio-psico-sociais, outros interesses e outras motivações, outras linguagens, linguagens paranormais, por exemplo, através de um assobio metálico, que devemos saber lidar para saber cuidar do nosso mundo, porém o significado e o sentido desse assobio metálico permanecem desconhecidos.
MOYERS: Uma mitologia?
CAMPBELL: Uma mitologia não expressa, você poderia dizer. É a maneira como usamos o garfo e a faca, a maneira como lidamos com pessoas, e assim por diante. Nem tudo está escrito nos livros. Mas nos Estados Unidos encontramos pessoas com todo tipo de formação, todas juntas, convivendo, por isso a lei se tornou muito importante no país. Os legisladores e a lei são o que nos mantém unidos. Não há ethos. Você entende o que quero dizer?
MOYERS: Sim. É o que Tocqueville descreveu, quando chegou aqui, há cento e sessenta anos, como “um tumulto anárquico”.
MATTANÓ: Notamos esse ¨tumulto anárquico¨ nas composições, arranjos e músicas quando não há ethos, quando deixamos morrer o que a vida já despediu, uma mitologia não expressa, desfrutada no calvário da maneira de como usamos as pessoas, o garfo e a faca, o computador, a música, a composição, as melodias, as harmonias e os arranjos, etc.. Quando a lei musical não especifica o que queremos nomear, o ethos dá um jeito de reinventar e de encontrar uma saída através da convivência, o exemplo faz o compromisso e dá significado e sentido a vida daquele que está perdido, alienado ou constrangido, fora dos conceitos e das leis da música tradicional. Os alienígenas provocam um ¨novo tumulto anárquico¨ por não haver ethos que nos ajude a lidar com eles de modo eficaz, já que não dominamos a sua musicalidade, então a convivência pode ser a solução para este ¨novo tumulto anárquico¨.
CAMPBELL: O que temos hoje é um mundo desmitologizado. E, em conseqüência, meus estudantes, hoje, estão muito interessados em mitologia, porque os mitos lhes trazem uma mensagem. E eu posso dizer que espécie de mensagens o estudo de mitologia traz aos jovens de hoje. Sei o que esse estudo fez por mim, e sei que está fazendo alguma coisa por eles. Quando vou dar uma conferência em alguma faculdade, encontro uma sala abarrotada de estudantes que vieram ouvir o que tenho a dizer. A escola freqüentemente me destina uma sala muito pequena – menor do que deveria ser, porque eles ignoram o excitamento que o assunto provoca entre os estudantes.
MOYERS: Gostaria que me dissesse o que você acha que a mitologia, as histórias que eles vão ouvir de você, podem fazer por eles.
CAMPBELL: São histórias sobre a sabedoria de vida, realmente são. O que estamos aprendendo em nossas escolas não é sabedoria de vida. Estamos aprendendo tecnologias, estamos acumulando informações. Há uma curiosa relutância de parte da administração universitária em indicar os valores de vida de seus assuntos. Nas nossas ciências, hoje – e isso inclui antropologia, lingüística, o estudo de religiões e assim por diante –, verifica-se uma forte tendência à especialização. E você só compreenderá essa tendência quando tiver urna idéia da quantidade de coisas que o pesquisador universitário precisa saber para se tornar um especialista competente. Para estudar o budismo, por exemplo, você precisa ser proficiente não apenas em todas as línguas européias, nas quais se dão os debates sobre orientalismo, particularmente o inglês, o francês, o alemão e o italiano, mas também em sânscrito, chinês, japonês, tibetano e várias outras línguas. Ora, isso é uma tarefa colossal. Tal especialista não tem como dedicar parte do seu tempo às relações entre os iroqueses e os algonquinos.
A especialização tende a limitar o campo de problemas de que o especialista se ocupa. Ora, quem não é um especialista mas um generalista, como eu, vê aqui algo que aprendeu com um especialista, mais além algo que aprendeu com outro especialista – mas a nenhum deles ocorreu perguntar por que isso ocorre aqui e também ali. Com isso, o generalista – este, aliás, é um termo pejorativo, no mundo acadêmico – lida com uma escala de problemas que, você poderia dizer, são mais genuinamente humanos do que especificamente culturais.
MATTANÓ: O que a mitologia tem para ensinar são músicas sobre a sabedoria da vida. Hoje não aprendemos mais essa sabedoria nas escolas, aprendemos tecnologias e informações. Hoje o que a educação pede muito é a especialização, pois o formado numa área superior deve saber coisas que o mercado quer dele. Os alienígenas problematizam em melodias, assobios metálicos e em músicas, as nossas mitologias e a nossa sabedoria nas escolas, ou seja, a nossa própria identidade, consciência, alienação e atividade, bem como nossas tecnologias e informações, parece que para os alienígenas estão acima, eles mesmos, da humanidade que está acima da cultura.
MOYERS: Aí entra o jornalista, que tem permissão para explicar coisas que não entende.
CAMPBELL: Não é apenas uma permissão, é algo que lhe pesa nos ombros – ele tem a obrigação de se educar em público. Bem, eu me lembro de quando era jovem, indo assistir a uma conferência de Heinrich Zimmer. Ele foi a primeira pessoa, de que tive conhecimento, a falar dos mitos em termos de mensagens válidas para a vida, e não apenas em termos de coisas interessantes, em que os investigadores gastam seu tempo. E isso confirmou, em mim, um sentimento que eu vinha experimentando desde a infância.
MATTANÓ: A personagem do jornalista tem o papel de educar em público, de levar mensagens validas para a vida como as da mitologia ou dos mitos, da música e do poder da música no universo, e não apenas notícias, fatos que instigam curiosos e o nosso dia-a-dia, o jornalista tem em suas mãos a chave que abre a porta do conhecimento para milhões de pessoas, ele deve saber usar os mitos, pois os mitos os usam como um xamã ou interlocutor, um educador e formador que vive para dar mensagens válidas para a vida das pessoas e das comunidades, das nações e do mundo. Os jornalistas tem o papel de documentar e registrar os fatos e as histórias a respeito dos alienígenas e de suas músicas e assobios metálicos, para que não se perca esta época de poucas informações e muitas mensagens que chegam a milhões de pessoas sem saber se são ou não, essas mensagens, válidas para suas vidas.
MOYERS: Você se lembra da primeira vez que se defrontou com o mito? Da primeira vez que uma história chegou, viva, até você?
CAMPBELL: Eu fui educado no catolicismo romano. Ora, uma das grandes vantagens de ser educado no catolicismo romano é que você é ensinado a encarar o mito com seriedade, a deixar que ele atue em sua vida; você é ensinado a viver em função desses motivos míticos. Fui educado em termos das relações sazonais ligadas ao ciclo de Cristo vindo ao mundo, ensinando no mundo, morrendo, ressuscitando e retornando ao Paraíso. As cerimônias ao longo do ano fixam sua consciência na substância eterna de todas essas mudanças no tempo. Pecado é simplesmente a perda de contato com essa harmonia.
E depois me apaixonei pelos índios americanos, porque Buffalo Bill costumava vir ao Madison Square Garden todos os anos, com seu maravilhoso Wild West Show. E eu quis saber mais sobre os índios. Meu pai e minha mãe eram muito generosos e me deram todos os livros escritos para crianças, até aquela época, sobre índios. Então comecei a ler sobre os mitos do índio americano, e não demorou muito para que encontrasse, nessas histórias, os mesmos motivos que as freiras me ensinavam na escola.
MATTANÓ: Se deparar com uma melodia pela primeira vez pode ser um choque, pode ser difícil, pode ser extasiante, pode ser deslumbrante, pode ser maravilhoso, pode ser encantador, etc., no mundo de hoje aprendemos a encarar as melodias com seriedade, seja ou não através da composição ou da criação, devemos deixá-las operarem em nossas vidas, transformarem nossas vidas através da sua beleza em nossas vidas como indivíduo, mundo e universo. Os alienígenas também dão continuidade a estas melodias, pois nos ensinam a respeitar o indivíduo, o mundo e o universo, seus perigos, desvios, caminhos, sortes, sortilégios, destinos, emancipações, derrotas e vitórias, crescimento e desenvolvimento, destruição e guerra, abdução, ou amadurecimento maravilhoso através das suas melodias oriundas do assobio metálico que eles emitem, até mesmo paranormalmente.
MOYERS: Criação...
CAMPBELL: ...criação, morte e ressurreição, ascensão aos céus, nascimentos virginais – eu não sabia de que se tratava, mas reconheci o vocabulário. Um após outro.
MOYERS: E o que aconteceu?
CAMPBELL: Fiquei excitado. Foi o início do meu interesse por mitologia comparada.
MATTANÓ: Estudando os mitos, aos poucos, fui também visualizando e compreendendo o seu vocabulário, ou o seu repertório verbal, a sua linguagem e fui compreendendo também a música e as melodias. Aprendi que do mito, ao vocabulário até a música e as melodias falamos sempre da criação, da morte, da ressurreição, da ascensão aos céus e dos nascimentos virginais. Os alienígenas suscitam-me acreditar nesta linguagem, porém pode, ela estar sob domínio alienígena, sob manipulação para que acreditemos o que querem que acreditemos e não no que realmente as coisas são, mitologicamente ou não, talvez os alienígenas tenham outra mitologia, uma mitologia alienígena, não sei! Sei que eles tem sua própria música e suas próprias melodias como os canarinhos do nosso planeta Terra, contudo uma melodia e uma música hipnótica e paranormal que deixa você paralisado ao ouví-la.
MOYERS: Você começou perguntando: “Por que isso é dito de certa maneira, enquanto a Bíblia o diz de outra?”
CAMPBELL: Não, eu só comecei a análise comparativa muitos anos mais tarde.
MOYERS: O que o atraiu nas histórias dos índios?
CAMPBELL: Naqueles dias ainda havia no ar algum conhecimento sobre o índio americano. Os índios ainda estavam por perto. Mesmo agora, lidando com mitos de todas as partes do mundo, penso que as lendas e narrativas dos índios americanos são muito ricas, muito desenvolvidas.
Nessa época, meus pais tinham uma pequena propriedade no campo, onde viveram os índios delaware, que aí tinham lutado com os iroqueses. Havia um enorme veio de mineração onde podíamos escavar, à procura de farpas de setas indígenas e coisas do gênero. E os próprios animais, que desempenhavam seu papel nas histórias dos índios, estavam ali no campo, ao meu redor. Foi uma magnífica introdução a essa matéria.
MOYERS: Essas histórias começaram a entrar em conflito com sua fé católica?
CAMPBELL: Não, não havia conflito. O conflito com minha religião veio mais tarde, em relação aos estudos científicos e coisas desse teor. Mais tarde, me interessei por hinduísmo, e ali estavam as mesmas histórias, outra vez. E no meu trabalho de licenciatura eu estava lidando com a matéria do ciclo arturiano, das novelas de cavalaria medievais, e ali estavam as mesmas histórias, outra vez. Portanto, não venha você me dizer que não são as mesmas histórias. Tenho convivido com elas toda a minha vida.
MATTANÓ: A mitologia da música revela curiosidades de nosso interior como o conflito entre música e criação, as mesmas histórias de diversas partes do mundo são as mesmas da música e da criação católica, para não desistirmos de nossa fé devemos ter em mente a distinção entre música e criação e entre seus significados, sentidos, conceitos, contextos, funcionalidades e comportamentos, até mesmo quando lidamos com diferentes contextos contados ao redor do mundo e a nossa música e criação católica, tudo é muito diferente uma coisa da outra se considerarmos o Episódio Musical Completo onde compreendemos todos os significados, sentidos, conceitos, onde a música é de fato música, e o Episódio Musical Incompleto onde compreendemos parcialmente ou em nada os significados, sentidos e conceitos, onde ainda não existe a música, mas apenas a criação. Tanto a totalidade quanto a incompletude ditarão os caminhos dos heróis, dos monstros e dos escravos na mitologia da música, se são semelhantes a nós e aos seres vivos do nosso planeta, e as suas relações com o músico e até as suas relações com outros alienígenas, seus assobios metálicos, inclusive com a música paranormal alienígena.
MOYERS: Elas provêm de todas as culturas, mas com temas atemporais.
CAMPBELL: Os temas são atemporais, e a inflexão cabe à cultura.
MOYERS: Então as histórias acolhem o mesmo tema universal mas o adaptam, com sutis diferenças, dependendo do particular enfoque de quem as está contando?
CAMPBELL: Oh, sim. Caso não esteja atento aos temas paralelos, você julgará que são histórias muito diferentes, mas não são.
MATTANÓ: As letras e as composições das músicas acolhem os mesmos temas, é a cultura quem dita suas diferenças, portanto os diferentes significados, sentidos, conceitos, contextos, funcionalidades e/ou comportamentos que por ventura contemplamos nessas letras e composições que derivam das inflexões culturais e dos mitos, o herói, o monstro e o escravo continuam lá, os mesmos em todas as histórias e mitologias. Os alienígenas despertam músicas e melodias de povos antigos, de nossos antepassados e os mistérios do Universo, estas músicas e melodias também são as mesmas, falam do passado, do processo sócio-histórico, apenas com diferenças culturais.
MOYERS: Você ensinou mitologia durante trinta e oito anos no Sarah Lawrence. Como conseguiu que aquelas jovens – provenientes da classe média, com suas religiões ortodoxas – se interessassem pelos mitos?
CAMPBELL: Jovens em geral simplesmente se deixam arrebatar pelo assunto. A mitologia lhes ensina o que está por trás da literatura e das artes, ensina sobre a sua própria vida. É um assunto vasto, excitante, um alimento vital. A mitologia tem muito a ver com os estágios da vida, as cerimônias de iniciação, quando você passa da infância para as responsabilidades do adulto, da condição de solteiro para a de casado. Todos esses rituais são ritos mitológicos. Todos têm a ver com o novo papel que você passa a desempenhar, com o processo de atirar fora o que é velho para voltar com o novo, assumindo uma função responsável.
Quando um juiz adentra o recinto do tribunal e todos se levantam, você não está se levantando para o indivíduo, mas para a toga que ele veste e para o papel que ele vai desempenhar. O que o torna merecedor desse papel é a sua integridade como representante dos princípios que estão no papel, e não qualquer idéia preconcebida a seu respeito. Com isso, você está se erguendo diante de uma personagem mitológica. Suponho que muitos reis e rainhas sejam as pessoas mais estúpidas, absurdas e banais que você possa encontrar, gente provavelmente interessada apenas em cavalos e mulheres, você sabe. Mas você não reage diante delas como personalidades, você reage diante do papel mitológico que elas desempenham. Quando se torna juiz ou presidente dos Estados Unidos, um homem deixa de ser o que era e passa a ser o representante de uma função eterna; deve sacrificar seus desejos pessoais e até mesmo suas possibilidades de vida em nome do papel que agora desempenha.
MATTANÓ: É com os jovens que deslumbramos o vasto interesse que a música desperta, pois nos jovens contemplamos estágios da vida de grande transformação, cerimônias de iniciação e de passagem, os jovens desejam abandonar o velho e acolher o novo, assumindo uma função de responsabilidade. Os jovens e os adultos devem sacrificar seus desejos pessoais, individuais onde muitas vezes negam e excluem o papel dos ritos e dos mitos em suas vidas como, por exemplo, o de um presidente ou o de um juiz, ou o de um papa ou outro líder religioso onde sua representação deixa de ser eterna e se torna estúpida e banal, absurda e grotesca, levando você a não participar da vida mitológica e musical, melódica do seu grupo e a perder esta identidade, este poder, tornando-se um marginalizado e um marginalizador. Os alienígenas também despertam em nós e nos jovens o interesse pela música e pelas melodias, pelos estágios da vida, pela transformação bio-psico-social, por suas cerimônias alienígenas de iniciação e de passagem, de como eles abandonam o antigo e recebem o novo ou a novidade, para dominar, para manipular, para escravizar, para explorar, para torturar, para prender, para controlar, para suas necessidades fisiológicas, de amor e de garantia, sociais e de pertinência através, por exemplo, da música e do assobio metálico?!
MOYERS: Isso quer dizer que há rituais mitológicos atuando em nossa sociedade. A cerimônia de casamento é um deles. A cerimônia da posse de um presidente ou de um juiz é outro. Fale de outros rituais importantes para a sociedade, hoje.
CAMPBELL: Alistar-se no exército, vestir um uniforme, é outro. Você desiste de sua vida pessoal e aceita uma forma socialmente determinada de vida, a serviço da sociedade de que você é membro. Eis por que me parece obsceno julgar pessoas em termos da lei civil, por atos que elas praticaram em tempo de guerra. Elas não estavam agindo como indivíduos mas como agentes de algo acima delas, a que se haviam consagrado inteiramente. Julgá-las como se fossem seres humanos comuns é totalmente impróprio.
MATTANÓ: Temos muitos rituais mitológicos que tem em seu invólucro a música e as melodias de nossas sociedades atuais, como as cerimônias dos Jogos Olímpicos, da Copa do Mundo de Futebol, do Oscar, do Grammy, do Prêmio Nobel, do casamento, do divórcio, do alistamento militar, dos concursos, etc., todas estão a serviço da sociedade e de seus membros, isto também me leva pensar que as leis poderiam ser criadas a partir do poder que esta atuando acima dos indivíduos, nos mitos sociais, considerando os indivíduos não como indivíduos comuns em diversos casos, mas como membros de cerimônias de iniciação e de passagem, e até de morte e de luto, discriminando o real do mitológico e ritualístico, bem como do ideal e do animal, e portanto suas músicas e melodias típicas, até mesmo no lidar com os alienígenas, para que tivéssemos um repertório comportamental, territorial, verbal, telepático, holográfico, musical e melódico preparado para os contatos extraterrestres, e assim obtivéssemos maior possibilidade de sucesso durante o fenômeno do Universo.
MOYERS: Nós vemos o que acontece quando sociedades primitivas são desmanteladas pela civilização do homem branco. Elas se partem em pedaços, se desintegram, se tornam enfermas. Não é o que vem acontecendo a nós próprios, desde que nossos mitos começaram a desaparecer?
CAMPBELL: É exatamente isso.
MOYERS: Não é por esse motivo que as religiões conservadoras, hoje, estão apelando para a religião dos velhos tempos?
CAMPBELL: Sim, e estão cometendo um erro terrível. Estão voltando a algo atrofiado, algo que não serve à vida.
MOYERS: Mas já serviu, não é mesmo?
CAMPBELL: Com certeza.
MATTANÓ: Com o avanço da humanidade, com a modernidade e a contemporaneidade, com a civilização do homem das cidades de pedras e de torres, de edifícios e de apartamentos as músicas e melodias primitivas foram perdendo espaço no globo terrestre até que começaram a se desintegrarem, a ruir e a desaparecer, o mesmo fenômeno está acontecendo conosco quando abortamos nossa inteligência naturalística e a nossa mitologia, os nossos rituais, como consequência a religião começou a se voltar para os velhos tempos, mas hoje nos anos 2023 deslumbramos uma nova aurora, marcada pelos Santos no mundo, pelas mensagens e segredos de Medjugorje, Fátima e por Londrina e Cambé, por uma realidade no mundo, por termos Sinais como o do Rosto de Jesus, e um Santo, e uma Cruz Azul deslumbrada no Brasil. Os alienígenas e suas músicas e melodias com o assobio metálico e paranormal em nosso tempo também são Sinais da Presença de Jesus Cristo, de Nossa Senhora, do Amor de Deus e de um Santo, bem como dos Papas, dos Sacerdotes e da Igreja, da civilização, do Homo Sapiens, da consciência humana, da Criação e dos seres vivos do nosso mundo, do nosso comportamento no mundo e de nossas intenções para o futuro. Saber interpretar a música e as melodias alienígenas do seu assobio metálico pode significar compreender a nossa atual realidade no cosmos e no mundo, os nossos desafios e perigos, adversidades mais urgentes, e não saber interpretar pode significar viajar pelo cosmos sem que haja luz para guiar a sua direção, olhos e caminhos.
MOYERS: Eu entendo a atração que isso exerce. Na juventude, eu tinha estrelas fixas. O fato de estarem sempre ali era um conforto para mim. Elas me deram um horizonte conhecido. E me disseram que lá fora havia um Pai bondoso e amável olhando por mim, pronto para me receber, atento aos meus interesses o tempo todo. Ora, Saul Bellow diz que a ciência fez uma faxina nas crenças. Mas essas coisas eram valiosas para mim. Hoje sou o que sou por causa dessas crenças. Eu me pergunto o que acontece às crianças que não têm aquelas estrelas fixas, aquele horizonte conhecido – aqueles mitos.
CAMPBELL: Bem, como disse antes, tudo o que você tem a fazer é ler o jornal. É uma confusão! No tocante a este nível imediato de vida e estrutura, os mitos oferecem modelos de vida. Mas os modelos têm de ser adaptados ao tempo que você está vivendo; acontece que o nosso tempo mudou tão depressa que o que era aceitável há cinqüenta anos não o é mais, hoje. As virtudes do passado são os vícios de hoje. E muito do que se julgava serem os vícios do passado são as necessidades de hoje. A ordem moral tem de se harmonizar com as necessidades morais da vida real, no tempo, aqui e agora. Eis aí o que não estamos fazendo. A religião dos velhos tempos pertence a outra era, outras pessoas, outro sistema de valores humanos, outro universo. Voltando atrás, você abre mão de sua sincronia com a história. Nossos jovens perdem a fé nas religiões que lhes foram ensinadas, e vão para dentro de si.
MATTANÓ: Ter músicas e melodias fixas, um horizonte, um Pai bondoso olhando para nós, uma ciência e mitologia que não entrem em conflito com as religiões e religiões que não entrem em conflito com a ciência e a mitologia, poder ler um jornal sem se confundir, sem se perder em meio as suas ofertas e confusões, viver uma religião moderna e contemporânea que não se apegue somente aos traços do passado, mas que seja atual e progressiva, do nosso tempo, somente atualizando nossos mitos e vivendo-os, ritualizando-os, através, por exemplo, de músicas, do poder da música no universo, do assobio metálico dos alienígenas, da paranormalidade, talvez seja isto que Medjugorje, Fátima, Londrina e Cambé tenham como meta, atualizar a Igreja e o mundo, inclusive a visão dos mitos, a sincronia do tempo com a história e a verdade, a harmonia das necessidades morais paranormais, talvez seja este o significado dos alienígenas em nossos tempos em meio a Medjugorje, Fátima, Londrina e Cambé, a harmonia do mundo com as necessidades morais paranormais dos alienígenas que nos desafiam comportamental e psicologicamente através do assobio metálico, das holografias, das ciências e da telepatia.
MOYERS: Quase sempre com a ajuda de drogas.
CAMPBELL: Sim. A experiência mística mecanicamente induzida é o que temos aí. Tenho assistido a muitos congressos de psicologia que lidam com a grande questão da diferença entre a experiência mística e o colapso psicológico. A diferença é que aquele que entra em
colapso imerge nas águas em que o místico nada. Você precisa estar preparado para essa experiência.
MATTANÓ: A experiência mística criativa musical é muito diferente da experiência daquele que entra em colapso psicológico diante da sua criação musical; aquele que atinge o topo das montanhas pode ser o místico musical ou o que entrará em colapso psicológico diante da criação musical, a diferença é que o místico musical descerá dela com prudência e paciência, com segurança, enquanto que o que viverá seu colapso psicológico com sua criação descerá rapidamente, se arriscando, sem prudência e colocando sua vida em perigo, muitas vezes ficando pelo meio da montanha que será o seu túmulo e o seu fim, revelando que ele não estava preparado para aquela experiência, enquanto que o místico musical estava e trouxe uma mensagem para sua comunidade. Saber lidar com os alienígenas e o seus assobios metálicos paranormais como místico musical trás benefícios pois você trará uma mensagem para o mundo, mas se os encarar com um homem desesperado ou em perigo poderá entrar em colapso psicológico, pois não compreenderá tal criação, e ficará pelo meio do caminho.
MOYERS: Você já se referiu à cultura do peyote, que emerge e se torna dominante entre os índios como conseqüência do extermínio do búfalo e do antigo modo de vida.
CAMPBELL: Sim. A nossa é uma das piores histórias, no que diz respeito aos povos nativos de qualquer nação civilizada. Os índios são não pessoas. Não são sequer computados nas estatísticas da população eleitoral dos Estados Unidos. Houve um momento, logo depois da revolução da Independência, em que bom número de índios de destaque participaram efetivamente do governo e da vida americanos. George Washington dizia que os índios deveriam ser acolhidos como membros de nossa cultura. Em vez disso, eles foram transformados em vestígios do passado. No século XIX, todos os índios do sudeste foram colocados em vagões e despachados, sob guarda militar, para o que foi chamado de Território Indígena, doado aos índios em caráter perpétuo, como sua terra própria – mas alguns anos depois os brancos o tomaram de volta.
Recentemente, antropólogos estudaram um grupo de índios, na região noroeste do México, que vivem a poucas milhas de uma grande área em que o peyote cresce espontaneamente. O peyote é o seu “animal”, por assim dizer, pois eles o associam ao cervo. E organizam missões muito especiais para “caçar” peyote e trazê-lo de volta.
Essas missões são jornadas místicas, têm todas as características da jornada mística. Primeiro há a separação da vida secular. Quem quer que se engaje na expedição precisa fazer uma completa confissão de suas faltas, cometidas recentemente. Caso não o faça, a mágica não acontece. Aí tem início a jornada. Eles inclusive se expressam numa linguagem especial, uma linguagem negativa. Em vez de dizerem “sim”, por exemplo, dizem “não”, ou em vez de dizerem “Estamos indo”, dizem “Estamos voltando”. Eles estão em outro mundo.
Com isso, chegam ao limiar da aventura. Há santuários especiais que representam estágios da transformação mental, ao longo do caminho. E então vem a. grande tarefa de “caçar” o peyote. O peyote é morto como se fosse um cervo. Eles se movem sorrateiramente na sua direção, desferem uma pequena seta e então executam o ritual da caça ao peyote.
No seu conjunto, trata se de uma perfeita duplicação do tipo de experiência associada à jornada interior, quando você abandona o mundo exterior e adentra o reino dos seres espirituais. Eles identificam cada pequeno estágio com uma transformação espiritual. Em suma, estão num lugar sagrado.
MATTANÓ: O antigo modo de vida pode ser sorrateiramente abandonado ou exterminado como a cultura indígena da caça ao peyote ou do extermínio do búfalo, no Brasil temos o abandono dos povos indígenas e de suas tradições e culturas esvaziadas em livros de educação que cada vez educam menos e ensinam a agredir e a violentar a Deus e as tradições, aos mitos, como que num estágio de abandono espiritual e de transformação onde as forças do mal são sua esperança para vencer uma guerra, que já foi perdida, pelo caminho errado, indo contra os mitos e contra Deus, inclusive contra os poderes do espaço e do universo, como os alienígenas, suas aeronaves, suas músicas, linguagens, holografias e assobios com sons metálicos. O Brasil só encontrará seu caminho certo novamente, quando se alinhar com as palavras de Deus e com seus Mandamentos, com seus mitos e ritos, com sua tradição religiosa atualizada, como que num lugar sagrado, como que num novo templo, de uma nova Igreja que aceite a existência dos alienígenas e dos dinossauros, dos hominídeos e da evolução das espécies, através, por exemplo, de uma Biologia Cristã. Os alienígenas nos ensinam que o Brasil está mudando e enfrentando muitas adversidades, também com os alienígenas, e que para nos adaptarmos dependemos muito de ritos e mitos que nos ajudem em nossa transformação psicológica necessária para vencermos estas adversidades, para sermos os heróis e não os monstros e nem os escravos desta história.
MOYERS: Por que eles realizam isso através de um processo tão intrincado?
CAMPBELL: Bem, isso tem a ver com o fato de que os efeitos do peyote não são encarados como simplesmente biológicos, mecânicos, químicos, mas também como uma
transformação espiritual. Quando se submete a uma transformação espiritual, sem estar preparado para ela, você não tem meios de avaliar o que lhe acontece e o resultado são as terríveis experiências de uma viagem funesta, como era costume dizer em relação ao LSD. Se você souber aonde está indo, a viagem não será funesta.
MATTANÓ: Para compreendermos os alienígenas e suas músicas, melodias e assobios metálicos e até holografias teremos que sofrer transformações que vão além das biológicas, morfológicas, comportamentais, físicas, sociais, gestálticas, contextuais, que abordam o nosso lado espiritual, da vida e do universo. Teremos que apelar para o conhecimento oriundo das viagens ou experiências espirituais que não terminam bem tem e final devastador, assim também é com a vida e o universo, se as experiências não forem boas e bem assimiladas o indivíduo se destruirá, será engolido pela baleia, pelo monstro. Os alienígenas são uma experiência do universo, se não nos adaptarmos nos destruiremos ou os destruiremos e depois, talvez, a nós mesmos no futuro. Pois trata-se de uma outra espécie ou uma outra forma de vida com padrões tecnológicos mais avançados, com um cérebro maior e mais potente do que o nosso, que tem radiação e pelo simples contato imediato com eles nos contaminamos e normalmente adquirimos parasitas.
MOYERS: Por isso é que vem a ser uma crise psicológica imergir em águas onde...
CAMPBELL: ...onde você deveria saber nadar, mas não está preparado para isso. De qualquer modo, isso se aplica à vida espiritual. Passar por uma transformação da própria consciência é uma experiência terrível.
MATTANÓ: Certamente não estamos preparados para lidar com a vida espiritual, nem com a vida e nem com o universo, pois estas três contingências se aplicam à consciência e a própria melodia dos seres vivos, inclusive dos alienígenas com seus assobios metálicos, ou seja, a transformação da própria consciência e da própria melodia individual, o que é muito difícil, uma experiência muito dolorosa e terrível.
MOYERS: Você fala muito de consciência.
CAMPBELL: Sim.
MOYERS: O que você entende por consciência?
CAMPBELL: É próprio da tradição cartesiana pensar na consciência como algo inerente à cabeça, como se a cabeça fosse o órgão gerador de consciência. Não é. A cabeça é um órgão que orienta a consciência numa certa direção ou em função de determinados propósitos. Mas existe uma consciência aqui, no corpo. O mundo inteiro, vivo, é modelado pela consciência.
Acredito que consciência e energia são a mesma coisa, de algum modo. Onde você vê, de fato, energia de vida, lá está a consciência. O mundo vegetal, com certeza, é consciente. E, ao viver no campo, como aconteceu comigo quando criança, você pode ver toda uma série de consciências diferentes se relacionando consigo mesmas. Existe uma consciência vegetal, assim como existe uma consciência animal, e nós partilhamos de ambas. Quando você ingere certas comidas, a bílis sabe se existe aí algo que exija a participação dela. Esse processo todo é consciência. Tentar interpretá-lo em termos simplesmente mecânicos não funciona.
MATTANÓ: A consciência e a música, as melodias são uma energia que estão em qualquer lugar, em qualquer ser vivo, em qualquer parte, em qualquer parte do seu corpo, que são uma energia da vida, Mattanó conserva esta opinião e acredita nesta crença segundo as opiniões e estudos mitológicos que revelam haver uma consciência, música e melodia além da mera consciência racional humana, uma consciência, música e melodia em forma de energia de vida, ou vital, capaz de unir e de coordenar o movimento dos corpos na terra, no espaço e no universo, capaz de elaborar suas necessidades satisfazendo-as sem ferir a natureza e o cosmos ou o universo, uma consciência, música e melodia que vai além do espiritual, passa pela vida e pelo universo, abrangendo todas as coisas e todos os fenômenos, até mesmo os mecânicos, uma consciência que é parte e que é gerada pela música e pelas melodias do universo, pelo assobio metálico paranormal alienígena ou pela musicalidade inconsciente paranormal humana, ou mesmo pelo comportamento melódico humano que é anterior a linguagem.
MOYERS: Como transformamos nossa consciência?
CAMPBELL: Depende do que você esteja disposto a pensar a esse respeito. E é para isso que serve a meditação. Tudo o que diz respeito à vida é meditação, em grande parte uma meditação não intencional. Muitas pessoas gastam quase todo o seu tempo meditando de onde vem e para onde vai o seu dinheiro. Se você tem uma família para cuidar, preocupa-se
com ela. Essas são todas preocupações muito importantes, mas, na maior parte dos casos, têm a ver apenas com as condições físicas. Como você pode transmitir uma consciência espiritual às crianças se você não a tem para você mesmo? Como chegar a isso? Os mitos servem para nos conduzir a um tipo de consciência que é espiritual.
Apenas como exemplo: eu caminho pela Rua 51 e pela Quinta Avenida, e entro na catedral de St. Patrick. Deixei para trás uma cidade muito agitada, uma das cidades economicamente mais privilegiadas do planeta. Uma vez no interior da catedral, tudo ao meu redor fala de mistérios espirituais. O mistério da cruz – o que vem a ser, afinal? Vejo os vitrais, responsáveis por uma forte atmosfera interior. Minha consciência foi levada a outro nível, a um só tempo, e eu me encontro num patamar diferente. Depois saio e eis-me outra vez de volta ao nível da rua. Ora, posso eu reter alguma coisa da consciência que tive quando me encontrava dentro da catedral? Certas preces ou meditações são concebidas para manter sua consciência naquele nível, em vez de deixá-la cair aqui, o tempo todo. E, afinal, o que você pode fazer é reconhecer que isto aqui é apenas um nível inferior ao daquela alta consciência. O mistério expresso ali está atuando no âmbito do seu dinheiro, por exemplo. Todo dinheiro é energia congelada. Creio que essa é a chave de como transformar a sua consciência.
MATTANÓ: Meditar sobre o assobio metálico alienígena, sobre suas melodias e músicas parece ser a melhor saída para o ser humano, a meditação deveria substituir suas preocupações mais importantes, como o dinheiro, o trabalho, o corpo e as contas a pagar. Só com a meditação sobre o assobio metálico alienígena, suas melodias e músicas é que conseguimos uma consciência elevada que se manifesta de forma superior a atmosfera inferior do mundo e do homem, que é voltada para o dinheiro, para o trabalho, para o corpo e para suas contas a pagar, pois entramos em contato com o universo, e o universo pode significar sua consciência, onde todos os elementos de sua vida estão presentes, só compreendendo estes mistérios é que poderemos alcançar uma consciência elevada e realmente meditar. Assim transformamos nossa consciência. Os alienígenas e suas músicas, melodias e assobios metálicos paranormais também vem a auxiliar tanto nossa meditação quanto nossas preocupações mais importantes, colocando a vida, a humanidade e o planeta Terra em primeiro plano.
MOYERS: Você não acha, às vezes, ao considerar essas histórias, que está mergulhando nos sonhos de outras pessoas?
CAMPBELL: Não dou ouvidos aos sonhos de outras pessoas.
MOYERS: Mas todos esses mitos são sonhos de outras pessoas.
CAMPBELL: Oh, não, não são. São os sonhos do mundo. São sonhos arquetípicos, e lidam com os magnos problemas humanos. Eu hoje sei quando chego a um desses limiares. O mito me fala a esse respeito, como reagir diante de certas crises de decepção, maravilhamento, fracasso ou sucesso. Os mitos me dizem onde estou.
MATTANÓ: Falar de meditação não é o mesmo que falar dos sonhos de todos? Parece, mas pode não ser, pois os mitos têm seus próprios caminhos, seus próprios ritos, que todos juntos formam os sonhos do mundo ou os mitos, com seus assobios metálicos, paranormais e alienígenas, com suas músicas e melodias, com seus problemas, decepções, limiares, maravilhamentos, fracassos e sucessos, com seus arquétipos, frutos do inconsciente coletivo que não fala por si só, mas por toda a humanidade, indicando onde estamos! Falar dos alienígenas e dos mitos através da cooperação ou intervenção alienígena que anuncia-se através de sinais como abduções, holografias, assobios com sons metálicos, com paranormalidade, com telepatia, com músicas e com melodias, com discos voadores, leva-nos a pensar que há caminhos próprios, mitologizados, descobertos ou a serem descobertos, sinalizados no passado e no presente que também podem ser incluídos no nosso inconsciente coletivo.
MOYERS: O que acontece quando pessoas se tornam lendas? Você diria, por exemplo, que John Wayne se tornou um mito?
CAMPBELL: Quando se torna modelo para a vida dos outros, a pessoa se move para uma esfera tal que se torna passível de ser mitologizada.
MOYERS: Isso acontece com freqüência a atores de cinema, de onde tiramos muitos dos nossos modelos.
CAMPBELL: Lembro-me, quando eu era criança, que Douglas Fairbanks era um modelo para mim. Adolphe Menjou era um modelo para meu irmão. É claro que esses homens desempenhavam papéis de figuras míticas. Eram educadores para a vida.
MATTANÓ: Pessoas que se tornam lendas, que se tornam modelos para a vida das outras pessoas, homens que desempenham papéis de figuras míticas, mitologizados, com frequência pessoas famosas como atores de cinema, são de fato, modelos e educadores, professores, exemplos a serem seguidos, padrões de comportamentos a serem copiados através da propaganda e da publicidade, das artes e do mercado, da globalização, são importantes para ajudarem a guiar e manter a ordem em caso de contato extraterrestre e futuras adversidades, como no caso de contato com músicas paranormais, assobios de som metálico, holografias e comunicação telepática, precisamos de exemplos e de paradigmas.
MOYERS: Nenhuma personagem na história do cinema é mais cativante para mim do que Shane. Você viu Shane?
CAMPBELL: Não, não vi.
MOYERS: É a clássica história do estranho que chega a uma cidade, faz o bem aos outros e parte, sem esperar por uma recompensa. Por que é que os filmes nos tocam dessa maneira?
CAMPBELL: Existe algo mágico nos filmes. A pessoa que você vê está ao mesmo tempo em algum outro lugar. Esse é um atributo de Deus. Se um ator de cinema chega a uma casa de espetáculos, todos se viram e contemplam o ator de cinema. Ele é o verdadeiro herói do evento. Está em outro plano. É uma presença múltipla.
O que você vê na tela não é de fato ele, contudo “ele” está lá. Através de múltiplas formas, a forma das formas, de que tudo isso provém, está exatamente ali.
MATTANÓ: A magia dos filmes e dos atores de cinema é que eles estão ao mesmo tempo em outro lugar, nesse mesmo lugar habita a música paranormal alienígena, o assobio com som metálico alienígena, as holografias e a comunicação telepática paranormal alienígena, assim como Deus que também está nesse outro lugar, há uma presença múltipla, criando e mantendo o herói, o ator de cinema, no poder e no lugar mágico dos filmes, na forma das formas, o som dos sons, a melodia das melodias. Os alienígenas também detém este poder de forma das formas, de poder possuírem uma presença múltipla, como o poder de nosso Deus e o poder das nossas artes, pois eles se comunicam através das artes, através das músicas e das melodias, dos assobios metálicos e das holografias, e até mesmo da comunicação telepática paranormal que proporciona experiências únicas e fascinantes através de sensações comunicadas telepaticamente que podem contar histórias, lendas e intenções, verdades e mentiras que em seu conjunto parecem ser pura comunicação, exibição e arte.
MOYERS: O cinema parece criar imagens grandiosas, enquanto a televisão cria meras celebridades. Estas não se tornam modelos na mesma proporção em que são alvo de mexericos.
CAMPBELL: Talvez porque vemos as personalidades da TV em casa e não num templo especial, como é a sala de exibição.
MATTANÓ: Assim como o cinema é capaz de criar imagens grandiosas, por ser ele um grande templo especial ou uma sala de exibição, e a televisão é capaz de criar celebridades, que são menos influentes que as imagens do cinema, pois a televisão é alvo de fofocas e mexericos, enquanto que o cinema não, temos o espaço ou o céu aberto onde os alienígenas são capazes de criar imagens grandiosas para criarem um clima místico e sobrenatural, onde o meio ambiente onde se dá a aparição dos sinais se torna um local santo ou abençoado, temos também, holografias, músicas paranormais e assobios com sons metálicos paranormais, e até comunicação telepática paranormal diante do espaço ou do céu aberto em contato com indivíduos em suas moradias. Devemos saber discriminar os sinais alienígenas e os sinais de Deus para não nos destruirmos e nem aos nossos filhos e filhas, pois o Amor de Deus é pressentido como amor verdadeiro e os alienígenas não demonstram sentir Amor, por isso não se preocupariam em nos salvarem e em nos curarem, em fazerem milagres, fenômenos que Deus não se opõe jamais. Devemos reconhecer que Deus existe e que os alienígenas são diferentes dele. Os alienígenas tem padrões comportamentais (como a abdução, fazer holografias, transmissão de músicas através de paranormalidade e comunicação por assobios metálicos e telepatia) e alimentares que Deus não tem, nem nesta vida e nem no Paraíso! Os padrões de comportamentos dos alienígenas podem criar imagens de seres grandiosos como de seres monstruosos ou de celebridades, só depende de onde e como foi usada a sua imagem, ou seja, no cinema ou na televisão e com que intenção, aprovação do governo e provas científicas?!
MOYERS: Vi ontem uma foto da mais recente figura cultuada por Hollywood, Rambo, o veterano do Vietnã, que retorna para resgatar prisioneiros de guerra e, através de violentos esforços de morte e destruição, consegue trazê-los de volta. Ouvi dizer que o filme faz o maior sucesso em Beirute. A foto mostra o novo boneco Rambo, que foi criado e está sendo vendido pela mesma companhia que produz as bonecas tipo Cabbage Patch. No primeiro plano, a imagem de uma suave e doce Cabbage Patch; por trás dela, a força bruta, Rambo.
CAMPBELL: Essas são duas figuras míticas. A imagem que agora me vem à mente é a Minotauromaquia, de Picasso, uma gravura que mostra um touro enorme, monstruoso, se aproximando. O filósofo, aterrorizado, está galgando uma escada para escapar. Na arena jaz um cavalo, que foi morto, e sobre o cavalo sacrificado está uma mulher toureiro, que
também foi morta. Uma única criatura olha de frente esse terrível monstro, uma garotinha com uma flor. Essas são as duas figuras que você acaba de mencionar – a simples, inocente e infantil, e a ameaça terrífica. Você tem aí o problema dos tempos modernos.
MATTANÓ: Encontramos muitas figuras míticas, como a do Rambo, da Cabbage Patch ou a da Minotauromaquia, de Picasso, ao qual observamos o homem tentando escapar do monstro que já havia feito vítimas, contudo havia uma criança, a criança era o problema do homem dos tempos modernos, hoje, a criança, a criança interior é nosso drama ao lidar com a Psicologia e a Psicanálise, tornou-se um problema ainda maior, insano e ameaçador, violento e conflituoso. Os alienígenas também tem em suas crianças a educação que lhes assevera o contato conosco através do assobio de som metálico, das holografias, da comunicação por telepatia, das músicas paranormais, do controle paranormal sobre os seres vivos e seres humanos, é como se nos destratassem ou nos tratassem como ¨animais inferiores¨, como ¨formigas¨, como ¨cachorros¨, como ¨macacos¨ e isto determinasse sua consciência, atividade, identidade e afetividade, inclusive sua alienação, roubando de nós a nossa liberdade, como nós a roubamos dos outros animais, é como se fosse uma lei da natureza, do animal mais evoluído, que tem que lutar, dominar e por vezes assassinar para comer ou se livrar de ameaças e de perigos, e se manter, se reproduzindo e dominando o meio ambiente ou o seu território, pois somos diferentes filogeneticamente, ontogeneticamente, culturalmente, virtualmente, espiritualmente, na experiência de vida e nas relações com o cosmos e o universo!
MOYERS: O poeta Yeats achava que estamos vivendo o último dos grandes ciclos cristãos.
Seu poema “A segunda vinda” diz: “Girando e girando na volta que se amplia/O falcão não pode ouvir o falcoeiro;/As coisas se desmancham, o centro não pode reter;/A anarquia solta se espalha sobre o mundo,/A onda de sangue escurecido se desatou e por toda a parte/A cerimônia da inocência naufragou”. Que é que você vê caindo “na direção de Belém, para nascer”?
CAMPBELL: Não sei o que vem por aí, não mais do que Yeats sabia, mas o final de um ciclo e início de outro é sempre um tempo de sofrimento e turbulência. A ameaça que sentimos, que todos sentem... bem, temos essa noção do Armagedon que se aproxima, não é mesmo?
MATTANÓ: O final deste ciclo está sendo marcado pelo nascimento de um outro, um tempo de sofrimento, truculência, movimentos e protestos, guerras e conflitos, marcado pelo assobio com som metálico, pelas músicas paranormais, pela holografia, pela comunicação telepática paranormal alienígena, pelos discos voadores, pelos alienígenas, pelo sobrenatural, pelo retorno de Deus..., por um conjunto de significados e sentidos que fazem uma entropia e outra neguentropia, ou seja, uma organização e outra reorganização na mente e no comportamento dos seres vivos, inclusive no Homo Sapiens e nos alienígenas que encaram o fim de um ciclo e o nascimento de um novo ciclo, onde a aprendizagem se transforma na maior ferramenta de.adaptação do indivíduo como coisa seletiva, competitiva e evolutiva.
MOYERS: “Eu me tornei a Morte, o Destruidor de mundos”, disse Oppenheimer quando viu explodir a primeira bomba atômica. Mas você não acha que será o nosso fim, acha?
CAMPBELL: Não será o fim. Talvez venha a ser o fim da vida neste planeta, mas isso não é o fim do universo. É só uma explosão à toa, comparada a todas as explosões que estão ocorrendo em todos os sóis do universo. O universo é um punhado de explosivas fornalhas atômicas, como o nosso sol. Portanto, esta é só uma pequena imitação da coisa toda.
MATTANÓ: A morte não é o fim, nem mesmo com a destruição da nossa espécie ou do nosso planeta por meio de bombas ou de outras armas, nem mesmo por meio de alienígenas, mesmo que o assobio com som metálico dos alienígenas lembre algo de morte, algum perigo, aviso ou sentença, ou mesmo suas holografias nos lembrem alguma coisa traiçoeira ou para nos enganar, pois trata-se de algo irreal e que não tem vida, como uma armadilha com uma isca, pois o universo continua sua evolução, continua seu caminho, continua se destruindo e se construindo e até se reconstruindo através da morte de cada ser vivo e de cada estrela como o sol, a morte não é maior do que o universo! Não sabemos do que se alimenta o universo, mas a vida se alimenta de vida e a energia das estrelas se alimenta da energia de outras estrelas!
MOYERS: Você imagina que em alguma parte existam criaturas imprimindo à sua jornada transitória a espécie de significação que nossos mitos e grandes histórias imprimem?
CAMPBELL: Não. Quando você se dá conta de que, se a temperatura subir cinqüenta graus e permanecer aí, a vida não existirá nesta terra, e se baixar, digamos, cem graus e permanecer lá, não haverá vida nesta terra; quando você se dá conta de como é delicado esse equilíbrio, como é importante a quantidade de água... bem, quando se pensa em todos os acidentes ambientais que propiciaram a vida, como é possível supor que a vida conhecida por nós exista em qualquer outra partícula do universo, não importa quantos satélites haja ao redor das estrelas?
MATTANÓ: Embora muitos não acreditem em alienígenas e em seu potencial mitológico, eu acredito que eles quando dotados de uma psique e inteligência com racionalidade têm sua própria jornada transitória em busca de significação, sentido, conceito, contextos, funcionalidades e comportamentos, eles tem seus próprios comportamentos, como produzir holografias, músicas paranormais, comunicação telepática, interferência eletromagnética, assobios com som metálico e paranormal, naves alienígenas inteligentes ou paranormais, comportamento abdutor, comportamento científico e terraformatador, e que a vida é capaz de se adaptar a diferentes meios ambientes, mesmo com diversas temperaturas, extremamente altas ou extremamente baixas, na terra, no fogo, na água ou no ar e até no espaço, a vida se move no universo conforme ele se move, tudo tem um tempo.
MOYERS: Esta frágil vida sempre existe sob a provação do terror e a possibilidade de sua extinção. E a imagem da boneca de pano justaposta à de um truculento Rambo não coincide com o que sabemos da vida através da mitologia?
CAMPBELL: Não, não coincide.
MOYERS: Você divisa, emergindo dos modernos meios de comunicação, alguma nova metáfora para as velhas verdades universais?
CAMPBELL: Vejo a possibilidade de novas metáforas, mas não creio que já se tenham tornado mitológicas.
MOYERS: Na sua opinião, quais são os mitos que vão incorporar a máquina no novo mundo?
CAMPBELL: Bem, os automóveis adentraram a mitologia. Adentraram os sonhos. E as aeronaves estão muito a serviço da imaginação. O vôo da aeronave, por exemplo, atua na imaginação como libertação da terra. É a mesma coisa que os pássaros simbolizam, de certo modo. O pássaro é um símbolo da libertação do espírito em relação a seu aprisionamento à terra, assim como a serpente simboliza o aprisionamento à terra. A aeronave desempenha esse papel, hoje.
MATTANÓ: Temos extremos em nosso mundo e esses extremos convivem num ciclo de guerra e de paz, de amor e de ódio, de dia e de noite, de luz e de escuridão, cada novo símbolo que surge é incorporado a mitologia da humanidade de forma natural, percorrendo um caminho, que fará com que seu significado, sentido, conceito, contexto, funcionalidade, comportamento e simbologia desempenhem seu papel específico ou arquetípico, um exemplo atual é a Cruz Azul do Paraíso, ela está sendo assimilada e acomodada ao imaginário e ao simbólico humanos como símbolo arquetípico capaz de fazer milagres e grandes obras, coisas impossíveis ao homem normal, fenômenos da santidade. A Cruz Azul do Paraíso é como o vôo das aeronaves e o que os pássaros simbolizam, libertação da terra, liberdade. Outro símbolo igual a estes é o assobio com som metálico dos alienígenas que vem do espaço, ele também significa liberdade e também significa morte e guerra, conflito entre espécies que lutam por território, numa luta animal e primitiva, instintiva que somente a consciência será capaz de apagar as brasas dessa lenha que queima numa fornalha distante e que teremos que alcançar para dominar estes medos e problemas, todas as suas dificuldades e provas, testes e obstáculos que nos farão evoluir, vencer ou perder, continuar evoluindo e alcançar a nossa extinção por ação dos conflitos animais entre espécies superiores e cada vez mais agressivas instintivamente e tecnologicamente, só a consciência poderá nos salvar e assegurar a paz e o equilíbrio ambiental neste planeta.
MOYERS: Outros símbolos?
CAMPBELL: Armas, sem dúvida. Todos os filmes que tenho visto, no avião, em minhas viagens entre a Califórnia e o Havaí, mostram pessoas empunhando revólveres. É a Senhora Morte, carregando sua arma. Diferentes instrumentos assumem o papel para o qual os instrumentos antigos já não se prestam. Mas não vejo mais nada além disso.
MATTANÓ: Diferentes instrumentos ou novos instrumentos assumem o papel de instrumentos antigos, mas podem também conviver lado a lado com os antigos quando eles jamais se tornam antigos, como o assobio com som metálico alienígena. O som do assobio humano veio para conviver lado a lado com o som do assobio metálico alienígena se pensarmos em termos de universo, isto é maravilhoso! Mas em ternos de planeta Terra, até onde poderemos ir?!
MOYERS: Isso quer dizer que os novos mitos estarão a serviço das velhas histórias.
Quando vi Star Wars lembrei a frase do apóstolo Paulo: “Eu luto contra principados e poderes”. Isso se deu dois mil anos atrás. E nas cavernas ‘de um caçador da Idade da Pedra, há cenas de lutas contra principados e poderes. Hoje, nos nossos modernos mitos tecnológicos, ainda estamos lutando.
CAMPBELL: O homem não deve submeter-se aos poderes de fora, mas subjugá-los. O problema é como fazê-lo.
MATTANÓ: A questão do homem lutar é uma questão mitológica, pois desde seus ancestrais, quando era um macaco das florestas ainda lutávamos para sobreviver, mitologia é sobrevivência, hoje ele é um macaco espacial e um macaco telepático, ele vem lutando para se manter vivo e para manter viva sua espécie, esses comportamentos são os fundamentos ou os primórdios da nossa mitologia, pois continuamos macacos, não deixamos de ser macacos, mesmo diante de alienígenas e de comportamentos surpreendentes como o assobio com som metálico, a comunicação telepática paranormal, a comunicação por holografias, a comunicação por músicas paranormais, a comunicação por profecias e visões do futuro, o comportamento científico e abdutor alienígena, o comportamento agressivo, dominador, constrangedor e violentador dos alienígenas, senão torturador, a comunicação por vozes paranormais e por sinais nos céus, a manipulação da religiosidade e da espiritualidade de nossa espécie, talvez para fins de comunicação, loucura, guerras, conflitos ou dominação!
MOYERS: Depois que meu filho mais novo tinha assistido a Star Wars pela décima
segunda ou décima terceira vez, perguntei lhe: “Por que você repete isso tantas vezes?”, e
ele respondeu: “Pela mesma razão por que você passou toda a sua vida lendo o Velho Testamento”. Ele estava em outro mundo mítico.
CAMPBELL: Star Wars certamente possui uma perspectiva mitológica válida. O filme encara o Estado como uma máquina e pergunta: “A máquina vai esmagar a humanidade ou vai colocar-se a seu serviço?” A humanidade não provém da máquina mas da terra. O que vejo em Star Wars é o mesmo problema que o Fausto nos coloca: Mefistófeles, o homem máquina, pode nos prover de todos os meios e está igualmente apto a determinar as finalidades da vida. Mas a peculiaridade de Fausto, que o qualifica para ser salvo, é que ele busca finalidades diferentes das da máquina.
Ora, quando tira a máscara de seu pai, Luke Skywalker cancela o papel de máquina que o pai tinha desempenhado. O pai era o uniforme. Isso é poder, o papel do Estado.
MATTANÓ: A humanidade não provém da máquina ou do Estado assim como o assobio com som metálico alienígena, as holografias, a comunicação por telepatia, a música paranormal, a nave alienígena paranormal, a abdução e a dominação com tortura alienígena, o trabalho científico alienígena, estas coisas, eventos e comportamentos vem da terra, do mundo, da hipercomplexificação cerebral gerada pelos fatores ambientais, mitologicamente devemos colocarmo-nos a serviço da terra, da nossa mãe-universal, pois as finalidades da terra e da máquina ou do Estado são diferentes, à primeira você pertence e quanto a máquina ou Estado, este te pertence, foi você, seus antepassados quem o criaram como um instrumento de trabalho ou de intercessão. Deste modo ao mundo pertencemos com o assobio com som metálico alienígena, as holografias, a comunicação por telepatia, a música paranormal, a nave alienígena paranormal, a abdução e a dominação com tortura alienígena, o trabalho científico alienígena, e o Estado ou a máquina nos pertence, porém é o que nos pertence, o Estado, quem deve tratar de assuntos de segurança como invasão alienígena, ou seja, sobre o mundo ao qual pertencemos.
MOYERS: Máquinas nos ajudam a perceber a idéia de que queremos um mundo feito à nossa imagem, queremos que ele seja o que pensamos que devia ser.
CAMPBELL: Sim. Mas então chega um momento em que a máquina começa a ditar ordens a você. Por exemplo, eu comprei uma dessas máquinas maravilhosas – um computador. Ora, como lido predominantemente com deuses, foi por aí que identifiquei a máquina: ela me parece um deus do Velho Testamento, com uma porção de regras e nenhuma clemência.
MATTANÓ: Máquinas criam a ilusão de um mundo perfeito, determinado por regras, onde não há clemência, misericórdia ou perdão, pois se você falha a máquina também falha, e muitas vezes o produto dessa máquina fica estragado ou com defeito, contaminado, não há como voltar atrás, mas com o ser humano podemos voltar atrás e corrigir nossos erros, como por exemplo, com os pensamentos, e através do assobio com som metálico alienígena, com o poder da música no universo descobrimos que a vida permanece acima do poder mecânico das máquinas. A máquina interferindo nos pensamentos e na transmissão telepática do som do assobio metálico alienígena faz dos pensamentos um produto que não pode sair errado, contaminado ou com defeito, ou estragado, com problemas, pois transforma os pensamentos em máquina, em algo mecânico e não em vida. A vida sofre entropia e neguentropia, já a máquina é perfeita. Contudo podemos especular que a máquina para os alienígenas também sofre entropia e neguentropia, ou seja, organização e reorganização, e por isso interage, como se tivesse vida e inteligência próprias, com o alienígena.
MOYERS: Há uma história encantadora sobre o presidente Eisenhower e os primeiros computadores...
CAMPBELL: ...Eisenhower entrou numa sala repleta de computadores e propôs às máquinas a seguinte questão: “Existe um Deus?” Todas começam a funcionar, luzes se acendem, carretéis giram e após algum tempo uma voz diz: “Agora existe”.
MATTANÓ: O poder da música no universo é produto da natureza do cosmos, da vida e do homem, enquanto que o homem é produto da natureza terrestre, o Deus dos homens se fez igual aos homens e o Deus das máquinas se faz igual às máquinas, pois são mundos diferentes, o Deus da música alienígena e no universo é diferente do Deus da música terrestre, contingências diferentes que criam significados, sentidos, conceitos e contextos diferentes. Imagine o Deus dos alienígenas, certamente ele se faria um alienígena para que pudesse existir de fato entre aquela comunidade, pois senão ele seria um estranho! Ele teria que amar e adorar o mesmo Deus da música alienígena e no universo para ser verdadeiro! Este é o poder da música no universo! Na Terra amamos e adoramos os Beatles, Elvis Presley, Pink Floyd, Dire Straits, U2, Rolling Stones, Led Zeppelin, Raul Seixas, Traveling Wilburys, Rita Lee, etc.. O poder da música no universo é o de permitir formar uma identidade íntima, pessoal, social, pública, nacional, continental e planetária de acordo com o tipo de vida ou a Criação em determinado mundo.
MOYERS: Mas não é possível desenvolver, em relação ao computador, a mesma atitude do líder tribal, para quem todas as coisas falam de Deus? Caso não se trate de uma revelação especial, privilegiada, Deus, em sua faina, está em toda parte, inclusive no computador.
CAMPBELL: Com certeza. É um milagre o que acontece naquela tela. Você já examinou por dentro uma dessas coisas?
MOYERS: Não, e não pretendo fazê-lo.
CAMPBELL: Não dá para acreditar. É toda uma hierarquia de anjos... todos sobre as placas. E aqueles pequenos tubos – aquilo são milagres.
Meu computador me proporcionou uma revelação sobre a mitologia. Você compra um determinado programa e ali está todo um conjunto de sinais que conduzem à realização do seu objetivo. Se você começa tateando com sinais que pertencem a outro sistema de programas, a coisa simplesmente não funciona.
É o que acontece na mitologia: ao se defrontar com uma mitologia em que a metáfora para o mistério é o pai, você terá um conjunto de sinais diferentes do que teria se a metáfora para a sabedoria e o mistério do mundo fosse a mãe. E ambas são metáforas perfeitamente adequadas. Nenhuma delas é um fato. São metáforas. É como se o universo fosse meu pai, ou como se o universo fosse minha mãe. Jesus diz: “Ninguém chega ao Pai senão através de mim”. O pai de que ele falava é o pai bíblico. Pode ser que você somente chegue ao pai através de Jesus. Por outro lado, suponha que você escolhesse o caminho da mãe. É simplesmente outro caminho para chegar ao mistério de sua vida. É preciso entender que cada religião é uma espécie de programa com seu conjunto próprio de sinais, que funcionam.
Se uma pessoa está realmente empenhada numa religião e realmente construindo sua vida com base nisso, é melhor ficar com o programa que tem. Mas um sujeito como eu, que gosta de lidar ludicamente com o programa... bem, eu poderei girar ao redor, mas provavelmente nunca terei uma experiência comparável à de um santo.
MATTANÓ: Podemos dizer que a máquina é produto do homem, da natureza do homem, que o homem é produto da natureza do mundo, do meio ambiente, e que os mistérios da mitologia, suas metáforas, seus conjuntos de sinais que levam ao pai ou a mãe, assim como o assobio com som metálico dos alienígenas e o poder da música no universo, são perfeitamente adequadas, são sinalizadas para serem tateadas e levadas ao caminho certo, é tudo como um programa de computador que tem seu conjunto próprio de sinais, que o fazem funcionar e conduzem o homem a algo maior, ou conduzem outra criatura como um alienígena para algo maior ou não compreendido, contudo podemos dizer que a natureza de um santo é basicamente a natureza do amor, diferente do homem, da máquina, do alienígena e do computador.
MOYERS: Mas alguns dos grandes santos não se aproveitaram de todas as fontes à sua disposição? Tiraram daqui e dali e construíram um novo programa.
CAMPBELL: Isso é o que se chama desenvolvimento de uma religião. É como se vê na Bíblia. No início, Deus era apenas o mais poderoso entre vários deuses. Era apenas um deus tribal, circunscrito. Então, no século VI, quando os judeus estavam na Babilônia, foi introduzida a noção de um Salvador do mundo, e a divindade bíblica migrou para uma nova dimensão.
A única maneira de conservar uma velha tradição é renová-la em função das circunstâncias da época. No tempo do Velho Testamento, o mundo era um pequeno bolo de três camadas, que consistia de algumas centenas de milhas em torno dos centros do Oriente Próximo. Ninguém tinha ouvido falar dos astecas ou dos chineses. Quando o mundo se altera, a religião tem que se transformar.
MOYERS: Mas parece-me que é exatamente o que estamos fazendo.
CAMPBELL: Isso é, de fato, o que deveríamos fazer. Mas minha idéia do horror verdadeiro é o que se vê em Beirute. Você tem lá as três grandes religiões do Ocidente, judaísmo, cristianismo e islamismo; e como as três têm nomes diferentes para o mesmo
deus bíblico, não são capazes de conviver. Cada uma está fixada na própria metáfora e não se dá conta da sua referencialidade. Nenhuma permite que se abra o círculo ao seu redor. São círculos fechados. Cada grupo diz: “Somos os escolhidos, Deus está conosco”.
Veja a Irlanda. Um grupo de protestantes foi removido para lá no século XVII, por Cromwell, e nunca se abriu para a maioria católica que ali encontrou. Católicos e protestantes representam dois sistemas sociais totalmente distintos, dois ideais diferentes.
MATTANÓ: Temos o mesmo Deus e várias religiões que não se relacionam bem, que estão divididas por motivos sócio-históricos e espirituais, por revelações que só os mais abençoados são capazes de perceber e de traduzir em forma de paz e de amor, em forma de convivência e de fraternidade, como Jesus ensinou ¨ama a teu próximo como a ti mesmo¨, seja ele quem for, telepata ou normal ou até alienígena, inclusive o que não consegues entender e visualizar, pois da mesma forma que tu tens um cisco e por vezes uma trave nos olhos o outro também tem, afetando sua capacidade de discernir e compreender a realidade, pois o que os olhos e a mente não veem e os ouvidos não compreendem o coração não sente, como as holografias e comunicação por pensamentos ou telepata, e o som do assobio metálico alienígena, pois não se constrói a paz e uma sociedade livre sem amor, amor é renúncia a algo por outro motivo maior, precisamos do amor, negar o amor em nossas vidas é negar a liberdade, é negar a igualdade, é negar a fraternidade, é negar o evangelho, é negar Jesus Cristo, é negar Deus Pai, é negar o Espírito Santo, é negar a Virgem Maria, é negar o Paraíso, é negar a santidade!
MOYERS: Cada qual necessitando de um novo mito.
CAMPBELL: Cada qual necessitando de seu próprio mito, durante toda a trajetória. Ama teu inimigo. Abre-te. Não julgues. Todas as coisas têm a natureza do Buda. Está ali, no mito. Já está ali.
MOYERS: Você conta uma história sobre um selvagem nativo, que uma vez disse a um missionário: “Seu deus se mantém fechado numa casa como se fosse velho e decrépito. O nosso está na floresta, nos campos, e nas montanhas quando vem a chuva”. E eu penso que provavelmente é verdade.
CAMPBELL: Sim. Sabe, esse é um problema que você encontra no Livro dos Reis e em Samuel. Os vários reis hebreus realizavam sacrifícios no topo das montanhas. Eles estavam errados, na opinião de Jeová. Na comunidade hebraica, o culto a Jeová foi um movimento específico, que finalmente prevaleceu. Foi o esforço decisivo de um certo deus da periferia do templo contra o culto da natureza, que era celebrado por toda parte.
E essa investida imperialística de um certo segmento da cultura se prolongou no Ocidente. Mas agora ela precisa abrir-se à natureza das coisas. Se for capaz de abrir-se, terá aí todas as possibilidades.
MATTANÓ: Deus ou um santo trancado dentro de casa ou no cume de uma montanha dão a impressão de que eles estão longe das pessoas, das comunidades, dos pobres, dos doentes, dos carentes e dos necessitados, dos presos e dos aflitos, dos agonizantes, dos falecidos, dos que estão se casando ou recebendo sacramentos como o batismo, a primeira comunhão e a crisma, dos fiéis e dos missionários, do mundo em si, mas eles estão trancados em casa com estupradores e ladrões que torturam e assassinam, que satanizam a Igreja e o mundo através do estupro de Deus e de um santo e de sua família, estão trancados com pessoas que ensinam mentiras para a população, do tipo, esse santo é pedófilo, esse santo é tarado, esse santo é estuprador, esse santo é corrupto, esse santo é ladrão, esse santo é violador de intimidade e de privacidade, esse santo tem telepatia, esse santo é assassino, esse santo não é santo, esse santo é violento, esse santo tem que morrer, esse santo tem que levar um tiro da autoridade porque a culpa é dele (se fosse outro santo como o Papa que fosse ameaçado de levar um tiro de um militar meu dever seria de denunciá-lo – quem mata um santo pode matar um Papa a qualquer momento, pois tem coragem para isto!), esse santo é filho do diabo, esse santo é louco, esse santo é difamador, etc.. Mas na realidade esse Santo está no seu território, de onde lhe convêm a Santidade e nascem os frutos dessa Santidade, Ele está no meio dos pecadores e enfrentando o diabo com autoridade de Santo. Esse Santo está descobrindo e enfrentando os poderes do espaço, os seres alienígenas e os seus poderes, a comunicação por pensamento telepático, as holografias, o assobio metálico, a abdução, a tortura através da dor noturna, as músicas paranormais, as naves paranormais alienígenas, a radiação alienígena, a contaminação alienígena, a terraformatação alienígena, a ciência alienígena, os sinais alienígenas nas plantações espalhas pelo mundo, as construções com tecnologias extremamente avançadas em épocas improváveis de serem realizadas, as melodias alienígenas e o poder da música no universo.
MOYERS: Não há dúvida de que nós, modernos, estamos despindo o mundo de suas revelações naturais, da própria natureza. Penso naquela lenda pigméia do menino que encontra na floresta um pássaro de belo canto e leva-o para casa.
CAMPBELL: Ele pede ao pai que traga alimento para o pássaro, mas este lhe diz que não pretende alimentar um simples pássaro, e mata-o. A lenda diz que o homem matou o pássaro, com o pássaro matou a música e com a música matou-se a si mesmo. Caiu morto, completamente morto e morto permaneceu para sempre.
MATTANÓ: A lenda diz que o homem corajoso matou o alienígena, com o alienígena matou o som do assobio metálico, com o som do assobio metálico matou o universo e o cosmos e com o universo e o cosmos matou-se a si mesmo, caiu morto, completamente morto e morto permaneceu para toda a eternidade, pois o homem também é alienígena, cosmos e universo e tem seu próprio som do assobio que pode causar estranheza e espanto em outras criaturas vivas do universo, por ter sido formatado de outra maneira.
MOYERS: Isso não é uma história sobre o que acontece quando seres humanos destroem seu ambiente? Destroem seu mundo? Destroem a natureza e as revelações da natureza?
CAMPBELL: Destroem sua própria natureza, também. Matam a música.
MATTANÓ: Essa é a história do homem corajoso que mata a si mesmo, que mata a sua própria natureza, que destrói o meio ambiente, que destrói o mundo e que destrói as revelações da natureza, que inventa que um som de assobio metálico alienígena é algo destinado somente a arrebatação, abdução, exploração ou dominação!
MOYERS: A mitologia não é a história dessa música?
CAMPBELL: A mitologia é a música. É a música da imaginação, inspirada nas energias do corpo. Uma vez um mestre zen parou diante de seus discípulos, prestes a proferir um sermão. No instante em que ele ia abrir a boca, um pássaro cantou. E ele disse: “O sermão já foi proferido”.
MATTANÓ: O sermão está em todo lugar, em cada som, em cada respirar, em cada fôlego e no ar do último suspiro, no canto dos pássaros, na imaginação de uma criança, nos contos de fadas, nos livros de psicologia e de psicanálise, nas filosofias, na ciência e nas artes, nas igrejas, na voz de uma senhora ou nos passos de um idoso doente a beira da morte, no amor dos jovens, na dor dos agonizantes, na alegria dos extasiantes, no deslumbre dos cerimoniais, na riqueza dos palácios, na delicadeza da pobreza e da miséria, na fragilidade do ser humano, no amor que encanta como uma música que nunca termina, no som do assobio metálico alienígena, na comunicação por holografias, na comunicação por pensamentos e telepatia, na comunicação por música alienígena, na dominação e tortura alienígena, na abdução, nas naves paranormais alienígenas, na radiação e na contaminação alienígena, na camuflagem alienígena, na ciência alienígena, na linguagem ou no alfabeto alienígena, na tecnologia alienígena, etc..
MOYERS: Eu ia dizer que estamos criando novos mitos, mas você diz que não, que todos os mitos que nos cercam, hoje, têm algum ponto de origem na nossa experiência passada.
CAMPBELL: Os motivos básicos dos mitos são os mesmos e têm sido sempre os mesmos. A chave para encontrar a sua própria mitologia é saber a que sociedade você se filia. Toda mitologia cresceu numa certa sociedade, num campo delimitado. Então, quando as mitologias se tornam muitas, entram em colisão e em relação, se amalgamam, e assim surge uma outra mitologia, mais complexa.
Mas hoje em dia não há fronteiras. A única mitologia válida, hoje, é a do planeta – e nós não temos essa mitologia. Aquilo que mais se aproxima de uma mitologia planetária, pelo que sei, é o budismo, que vê todas as coisas como tendo a natureza do Buda. O único problema é chegar ao reconhecimento disso. Não há nada a fazer. A tarefa é apenas reconhecer e então agir em relação à irmandade de todas as coisas.
MATTANÓ: Como vemos os mitos estão esgotados, não conseguimos mais criar novos mitos, pois os mitos que nos povoam as relações de hoje, foram criados na nossa experiência passada, ou seja, os motivos básicos das mitologias serão sempre os mesmos enquanto formos a mesma espécie ou enquanto não avançarmos as fronteiras dos mitos, para isto só com uma mitologia planetária que aborde o mundo e todas as coisas como tendo a mesma natureza, inclusive o universo e os extraterrestres, seus mundos e suas tecnologias, seus comportamentos, como o som do assobio metálico, a comunicação por holografias, a comunicação por pensamentos e telepatia, a comunicação por música alienígena, a dominação e tortura alienígena, a abdução, as naves paranormais alienígenas, a radiação e a contaminação alienígena, a camuflagem alienígena, a ciência alienígena, a linguagem ou o alfabeto alienígena, a tecnologia alienígena, a terraformatação alienígena, o magnetismo alienígena, etc., talvez repensando a inteligência como um contínuo mapa evolutivo que começa individualmente, passa a ser coletiva e continua cosmicamente até terminar espiritualmente.
MOYERS: Irmandade?
CAMPBELL: Sim. A irmandade , hoje, em quase todos os mitos que conheço, está confinada a uma comunidade restrita. Em comunidades restritas a agressividade é projetada para fora.
Por exemplo, os Dez Mandamentos dizem: “Não matarás”. Aí o capítulo seguinte diz: “Vai a Canaã e mata a todos os que encontrar”. É um campo cercado. Os mitos de participação e amor dizem respeito apenas aos do grupo, os de fora são totalmente outros. Esse é o sentido da palavra “gentio” – a pessoa que não é da mesma espécie.
MATTANÓ: ¨A comunidade está cercada de soldados armados¨, ela não se abre e nem se expande, mata a todos que encontrar, rouba a todos que cruzar, atira pedras em todos os estranhos que forem de fora, ou seja, que não forem iguais a ela, que não tiverem os mesmos problemas e os mesmos ideais que ela, os mitos foram construídos a partir destas histórias, por isso dizem respeito ao grupo e excluem quem é de fora. Os alienígenas tem seus mitos de participação, por isso excluem os seres humanos e os demais seres vivos do planeta Terra, a eles só o que é deles, da sua natureza, da sua participação, do seu mundo, da sua psique que também pode ser de outro mundo, pois o comportamento alienígena é composto de som do assobio metálico, de comunicação por holografias, de comunicação por pensamentos e telepatia, de comunicação por música alienígena, de dominação e tortura alienígena, de abdução, de naves paranormais alienígenas, de radiação e de contaminação alienígena, de camuflagem alienígena, de ciência alienígena, de linguagem ou de alfabeto alienígena, de tecnologia alienígena, de terraformatação alienígena, de magnetismo alienígena, de comportamento corporal e territorial alienígena, de comportamento aéreo-espacial alienígena, de comportamento submarino alienígena, de comportamento verbal alienígena, de um processo comunicacional alienígena que envolve codificador, meio, mensagem, ruído, paranormalidade e decodificador, etc..
MOYERS: E, a menos que você adote minha indumentária, não seremos parentes.
CAMPBELL: Sim. Agora, o que é um mito? A definição de dicionário seria: História sobre deuses. Isso obriga a fazer a pergunta seguinte: Que é um deus? Um deus é a personificação de um poder motivador ou de um sistema de valores que funciona para a vida humana e para o universo – os poderes do seu próprio corpo e da natureza. Os mitos são metáforas da potencialidade espiritual do ser humano, e os mesmos poderes que animam nossa vida animam a vida do mundo. Mas há também mitos e deuses que têm a ver com sociedades específicas ou com as deidades tutelares da sociedade. Em outras palavras, há duas espécies totalmente diferentes de mitologia. Há a mitologia que relaciona você com sua própria natureza e com o mundo natural, de que você é parte. E há a mitologia estritamente sociológica, que liga você a uma sociedade em particular. Você não é apenas um homem natural, é membro de um grupo particular. Na história da mitologia européia é possível ver a interação desses dois sistemas. No geral, o sistema socialmente orientado é o de um povo nômade, que se move erraticamente, para que você aprenda que o seu centro se localiza nesse grupo. A mitologia orientada para a natureza seria a de um povo que se dedica ao cultivo da terra.
Ora, a tradição bíblica é uma mitologia socialmente orientada. A natureza aí é condenada. No século XIX, os investigadores pensaram na mitologia e no ritual como tentativas de controlar a natureza. Mas isso é magia, não mitologia ou religião. As religiões da natureza não são tentativas de controlar a natureza mas de ajudar você a colocar-se em acordo com ela. Mas quando a natureza é encarada como um mal, você não se põe em acordo com ela, mas a controla, ou tenta controlar, daí a tensão, a ansiedade, a devastação de florestas, a aniquilação de povos nativos. A ênfase nisso nos separa da natureza.
MATTANÓ: Há dois tipos de mitos: os que falam de você e do mundo natural; e os que falam de você e da sua sociedade. Uma mitologia orientada para a natureza seria motivo para o ser humano evitar a tensão, a ansiedade, a devastação de florestas, a poluição dos oceanos, a contaminação da água doce dos rios, a exploração desordenada dos recursos minerais, a exploração dos doentes e dos mais pobres, a aniquilação dos povos nativos, a exploração econômica e militar, até mesmo a guerra com os seres alienígenas, isso tudo nos separa da natureza, do mundo e do universo.
MOYERS: É por essa razão que, sem hesitação, dominamos ou subjugamos a natureza – porque entramos em litígio com ela, porque a vemos apenas como algo que pode nos servir?
CAMPBELL: Sim. Jamais esquecerei a experiência que tive no Japão, uma civilização que nunca ouviu falar na Queda e no Jardim do Éden. Um dos textos xintoístas diz que o processo da natureza não pode ser maléfico. Não se deve corrigir nenhum impulso natural, mas sublimá-lo, embelezá-lo. Há um interesse glorioso na beleza da natureza e na cooperação com ela, de modo que naqueles jardins você não sabe onde termina a natureza e onde a arte começa – essa é uma experiência esplendorosa.
MATTANÓ: Lidar com a beleza e o seu charme da natureza é lidar com o seu começo e até onde ela nos leva como experiência de deleite, através, por exemplo, do assobio metálico alienígena como forma de comunicação, do poder da música no universo, das holografias como forma de comunicação, do pensamento como forma de comunicação, do alfabeto como forma de comunicação, dos agroglifos como forma de comunicação, onde a natureza não pode ser algo maléfico, onde não temos que corrigir qualquer impulso natural, nem mesmo os cósmicos e extraterrestres, mas temos que embelezá-los e sublimá-los, convertê-los em educação, convivência, paz, harmonia e beleza. Imagine se pudéssemos lidar assim com os seres extraterrestres? Seria formidável! Mas não sei se é assim o destino do universo! Se o universo é apenas, um caos constante, entende!
MOYERS: Mas, Joseph, Tóquio hoje recusa esse ideal de maneira flagrante! Tóquio é uma cidade na qual a natureza praticamente desapareceu, exceto naqueles pequenos jardins confinados, que ainda são cultivados por algumas pessoas.
CAMPBELL: Há um dito no Japão: “Balance com as ondas”. Ou, como dizemos no boxe, “acompanhe os punhos”. Foi somente cerca de cento e vinte e cinco anos atrás que Perry forçou sua entrada no Japão. Por aquela época, eles assimilaram uma tremenda quantidade de engenhos mecânicos. Mas o que vejo no Japão é que eles mantêm a cabeça acima disso.
Quando você adentra os edifícios, então o Japão está de volta. Só o exterior é que se parece com Nova Iorque.
MATTANÓ: Muitas vezes o exterior, o som do assobio metálico alienígena, os agroglifos, as holografias, a comunicação por pensamento telepática, a música telepática são só aparência e não demonstram o que realmente sentem esses seres alienígenas e o quê as coisas realmente significam, seus conceitos e símbolos, é só sabendo discriminar o contexto que fala de você, do seu interior que você se impõe aos valores mecânicos, sobressaindo-se e impondo-se através de estímulos combinados que contextualmente têm o poder de ditar a sua intenção e o seu comportamento, mesmo que esse contexto não tenha significado e nem sentido, ou seja, seja niilista ou dessensibilizado por força de alguma força da consciência ou atividade do pensamento racional ou irracional.
MOYERS: “Manter a cabeça acima disso.” Essa é uma idéia interessante, porque embora as cidades se elevem ao seu redor, lá no íntimo da alma, lá onde o ser interior habita, as pessoas ainda se mantêm, como você diz, em acordo com a natureza.
CAMPBELL: Mas, na Bíblia, a eternidade se retira, a natureza se corrompe, decai. No pensamento bíblico vivemos no exílio.
MATTANÓ: Podemos viver no exílio, mas de fato esse exílio é a Cruz que redime os povos de seus pecados e os salvam. O exílio pode ser também o assobio metálico alienígena, suas holografias, agroglifos, comunicação por pensamento telepático, contaminação radioativa, alfabeto alienígena, naves espaciais e submarinas paranormais, abduções, tortura e dominação territorial através da dor e do sofrimento mediante paranormalidade, enlouquecimento e adoecimento de suas vítimas, presas ou experimentos científicos, que nos colocam para fora do nosso habitat, do nosso mundo natural, obrigando-nos a viver no exílio.
MOYERS: Enquanto estamos aqui sentados, conversando, acontecem histórias, umas após outras, de carros cheios de bombas, em Beirute – de muçulmanos contra cristãos, de cristãos contra muçulmanos, de cristãos contra cristãos. Ocorre-me que Marshall McLuhan estava certo quando disse que a televisão transformou o mundo numa aldeia global – mas ele não sabia que a aldeia global viria a ser Beirute. O que isso lhe diz?
CAMPBELL: Diz que eles não sabem como aplicar suas idéias religiosas à vida contemporânea e aos seres humanos em geral, não apenas à sua própria comunidade. É um terrível exemplo do fracasso da religião em conviver com o mundo moderno. Essas tradições estão decidindo tudo pela força. Elas se desqualificaram para o futuro.
MATTANÓ: Vemos no mundo contemporâneo o fracasso do ser humano em lidar com a tecnologia e o avanço tecnológico como os dos Mass Mídia onde o ser humano se vê a aplicá-las com valores e ideias que o destroem e a sua comunidade, levando o terror e a violência que os Mass Mídia informam e exploram mercadologicamente para dentro de seus lares e postos de trabalho, por meio da opinião pública que é o resultado da interação do ser humano com o Mass Mídia, por exemplo, a televisão. O mundo moderno é um mundo orientado pela opinião pública e pela teledependência, fenômeno que explica a dependência do expectador em relação a televisão, ou seja, como ela influência e domina o seu público através de técnicas, por exemplo, de marketing e de propaganda. Estas técnicas de influência e de domínio do seu público dificultam a religião poder viver com suas mensagens milenares no mundo moderno onde destacam-se o avanço da tecnologia e da informação, da informática, das economias, dos militares, das sociedades, da educação, das ciências, da justiça, da cidadania e do poder das autoridades sobre as pessoas, grupos, comunidades, organizações e instituições, inclusive a igreja que deve compreender que o Deus da igreja é o mesmo Deus destas autoridades que governam e controlam o mundo e inclusive as liberdades, direitos e deveres das igrejas, não pode ser uma criança de 6, 7 ou 8 anos de idade que vai mudar isto usando o exemplo de seu pai que queimava o pão da padaria no garfo no fogo do fogão porque o pão estava velho e duro e essa família era pobre e não tinha dinheiro para comprar pães novos, por isso preferia comer pão assado e queimado no garfo no fogo do fogão, que uma criança, filho dessa família nomeou esse pão como se fosse Jesus Cristo, e essa criança estivesse com problemas psicológicos e comportamentais, pois já havia sido estuprada por empregada doméstica aos 4 anos de idade e não havia solucionado isto psicologicamente, ou seja, estava insana e era incompleto o seu desenvolvimento psicossexual, comportamental, cognitivo e moral, a igreja deve tomar mais cuidado com suas fontes e meios de investigação, pois está ficando bem claro que a igreja falhou na manipulação e na administração do conteúdo sócio-histórico dessa criança, que hoje sou eu, Osny Mattanó Júnior, com 51 anos de idade e vítima também destes crimes.
MOYERS: De que espécie de novo mito você acha que precisamos?
CAMPBELL: Precisamos de mitos que identifiquem o indivíduo, não com seu grupo regional, mas com o planeta. Um modelo para isso são os Estados Unidos. Aqui havia treze pequenas nações coloniais, distintas, que decidiram agir no interesse comum, sem desconsiderar os interesses particulares de cada uma delas.
MATTANÓ: Para superarmos essa crise precisamos de novos mitos. De mitos que identifiquem o indivíduo com o planeta. Como vemos hoje e no passado dos Estados Unidos, onde os estados se decidem agir no interesse comum, sem desconsiderar os interesses particulares de cada um deles. A criação de um mito que identifique o indivíduo com o planeta tem a ver com o cinema e a música, com a religião, com a política, com a guerra e com os eventos extraterrestres, tem a ver com uma nova Cruz, a Cruz Azul, tem a ver com o assobio metálico, com as holografias, com os agroglifos, com a telepatia, coma naves e submarinos extraterrestres paranormais, com o alfabeto alienígena, com as conversões de matéria em energia e em camuflagem alienígena, as abduções alienígenas, os templos alienígenas de Gobekli Tepe, da ilha de Pascoa, das linhas de Nazca, de Stonehenge, Tiwanaku e Puma Punku, Sausayhuaman, esferas de pedras da Costa Rica, e talvez da Pirâmide de Queóps.
MOYERS: Há algo a respeito disso no Grande Selo dos Estados Unidos.
CAMPBELL: É exatamente isso o que o Grande Selo representa. Tenho sempre uma cópia do Grande Selo em meu bolso, na forma da nota de um dólar. Eis aí a declaração dos ideais que permitiram a formação dos Estados Unidos. Olhe para esta cédula de um dólar. A pirâmide tem quatro lados. São os quatro pontos cardeais. Há alguém neste ponto, alguém naquele, alguém naquele outro. Localizando-se na parte baixa da pirâmide; você estará de um lado ou de outro. Mas quando você chega ao topo, os pontos se reúnem e então o olho de Deus se abre.
MATTANÓ: Outro exemplo desse mito é o Grande Selo dos Estados Unidos, onde está na nota de um dólar. Há uma pirâmide que quando chegamos ao topo dela, os pontos do horizonte se reúnem e o olho de Deus se abre. Falamos do interesse comum, da criação, do milagre da união (dos estados) quando chegamos ao topo da pirâmide e o olho de Deus se abre, a consciência é adquirida, o inconsciente vem à tona, ele vem a consciência, ganhamos conhecimento e sabedoria, informação e cultura, poder para lidar com todos os interesses comuns e alheios, talvez até os do universo e do cosmos como os extraterrestres. È no topo da pirâmide que compreenderemos o significado e o sentido das mensagens alienígenas, dos assobios metálicos alienígenas, da comunicação por pensamento telepática, da comunicação por holografias, da comunicação por dor e tortura, por dominação e castração, pela experimentação comportamental, psicológica e científica, pela experimentação musical e sensorial, pela experimentação mental e verbal, pela experimentação sensório-motora e sexual, pela experimentação literária e cultural, pela experimentação afetiva e emocional, pela experimentação religiosa e espiritual, pela experimentação da fé, da pintura, dos desenhos, das fotografias e da organização da sua residência e do seu automóvel estacionado e em movimento, em aceleração e as condições psicológicas, morais, sexuais, afetivas, emocionais, psicomotoras, sensório-motoras, de reflexo, operantes ou de aprendizagem, de condicionamento, inconscientes e não perceptíveis, pela experimentação por meio de símbolos e dos problemas do analfabetismo como a lavagem cerebral, a despersonalização, a extorsão, a vingança e o estupro virtual, pela experimentação da loucura e da racionalidade.
MOYERS: Para eles, era o deus da razão.
CAMPBELL: Sim. Esta foi a primeira nação do mundo que se edificou com base na razão, não no espírito guerreiro. Esses cavalheiros eram deístas do século XVIII. Na parte de cima lemos: “Confiamos em Deus”. Mas não é o deus da Bíblia. Esses homens não acreditavam na Queda. Eles não julgavam que a mente humana estivesse dissociada de Deus. A mente humana, aliviada de preocupações secundárias e meramente temporais, reproduz, com a radiância de um espelho imaculado, o reflexo da mente racional de Deus. A razão coloca você em contato com Deus. Conseqüentemente, para aqueles homens, não havia uma revelação especial em lugar algum, e nem era necessário, porque a mente do homem, livre das suas falibilidades, é suficientemente capaz de compreender Deus. Todas as pessoas do mundo, portanto, são capazes, porque são dotadas de razão.
Todos os homens são dotados de razão. Esse é o princípio fundamental da democracia. Como toda mente é capaz de adquirir um conhecimento verdadeiro, não é preciso que uma autoridade especial, ou uma revelação especial, lhe diga como as coisas deveriam ser.
MATTANÓ: Os Estados Unidos foram a primeira nação do mundo que se ergueu a partir
da razão e não do espírito guerreiro. A razão vivida os colocou em contato com Deus, com a mente racional de Deus. Para eles não havia nada além do que o suficiente para compreender Deus como algo que não trazia uma revelação especial e que era suficientemente capaz de se compreender, levando-os a acreditar que todas as pessoas do mundo eram capazes de compreender Deus, pois eram dotadas de razão. A razão é o princípio fundamental da democracia americana. Toda mente é capaz de adquirir conhecimento verdadeiro, não é necessária uma autoridade especial, ou uma revelação especial, mas a própria razão. Deste modo um americano com sua razão é maior do que, teoricamente, um extraterrestre, pois detém meios e técnicas racionais para conhecê-los, dominá-los, explorá-los e domesticá-los, ou mesmo para alcançar a paz entre extraterrestres e seres humanos no caso de um contato extraterrestre que suscite estes termos contingenciais. Os americanos se acham a partir da democracia e da razão capazes de compreender a comunicação alienígena e até de se comunicarem com os extraterrestres que se comunicam por meio de assobios de som metálico, holografias, paranormalidade, sinais, telepatia e pensamento, sensibilidade, percepção sensório-motora, músicas, mandalas que significam o formato do som de seus assobios metálicos e de suas músicas paranormais transmitidas por pensamentos, agroglifos, cloudglifos que são formações geométricas e/ou de mandalas em forma de nuvens nos céus, como aconteceu em 2023 em Londrina quando foi reproduzido nos céus duas mandalas de Osny Mattanó Júnior em forma de cloudglifos em meses diferentes na mesma região do jardim Acapulco em Londrina/Pr/Brasil, talvez significando uma forma de comunicação com os extraterrestres com mandalas que tem a propriedade de formatarem o som em formações geométricas que se assemelham a mandalas e significam, cada uma, um som ou uma maneira de se comunicar. Nota-se que Osny Mattanó Júnior também se comunica com holografias ou sinais em nuvens de alienígenas que comunicam imagens de artistas do nosso mundo e da história de vida deste homem, artistas como Paul McCartney e Linda McCartney, David Gilmour, David Bowie, Renato Russo, Roy Orbison, etc., e também se comunica telepaticamente com as músicas destes artistas e de muitos outros e inclusive as dele mesmo que já testemunhou em notas musicais do nosso mundo em forma de holografias ou sinais de nuvens nos céus de Londrina, e já testemunhou nas paredes do muro de fora do seu quarto a imagem sobrenatural do David Bowie, do Paul McCartney e dos 4 Beatles juntos e de um alienígena segurando uma guitarra como um roqueiro com uma platéia.
MOYERS: Não obstante, esses símbolos provêm da mitologia.
CAMPBELL: Sim, mas provêm de uma forma peculiar de mitologia. Não é a mitologia da revelação especial. Os hindus, por exemplo, não acreditam em revelação especial. Eles falam de um estado em que os ouvidos se abriram para a música do universo. Aqui, o olho se abriu para a radiância da mente de Deus. E essa é uma idéia fundamentalmente deísta. Desde que você rejeite a idéia de uma Queda do Paraíso, o homem não estará separado de sua fonte.
Voltemos ao Grande Selo. Se você contar o número de linhas dessa pirâmide, verá que são treze. Na parte de baixo, há uma inscrição em algarismos romanos. Obviamente, 1776. Aí, adicionando 1 + 7 + 7 + 6, você tem 21, que é a idade da razão, não é mesmo? Foi em 1776 que os treze Estados declararam independência. O treze é o número da transformação e do renascimento. Na Ultima Ceia, havia doze apóstolos e um Cristo, que iria morrer para renascer. Treze é o número necessário, no campo limitado de doze, para atingir o transcendente. Você tem os doze signos do zodíaco e o sol. Esses homens eram muito conscientes do treze como número da ressurreição e do renascimento, da nova vida, e o manipularam o tempo todo.
MATTANÓ: Falamos de uma outra forma de mitologia, uma mitologia consciente e
manipulada, onde a razão torna-se seu princípio fundamental e não a revelação especial, existem provas desta manipulação consciente no Grande Selo dos EUA que indicam ressurreição e renascimento, nova vida para aquela nação. Notamos manipulação consciente também como provas que indicam ressurreição e renascimento nos sinais alienígenas de Cambé e de Londrina, no Brasil, testemunhados e registrados por Mattanó, onde em Londrina testemunhou um assobio com som metálico e imagens de crucificação, ressurreição e renascimento de Osny Mattanó Júnior e de sua mãe, trata-se de uma mitologia consciente e manipulada onde a razão é o seu princípio fundamental, razão esta, alienígena e humana, que se assevera diante das adversidades e perigos iminentes de ruir e desaparecer, frente à razão e os poderes alienígenas que parecem ser superiores.
MOYERS: Mas, para fins práticos, havia treze Estados.
CAMPBELL: Sim, mas isso não era simbólico? Não é simples coincidência. Os treze Estados, eles mesmos, simbolizando o que eram.
MOYERS: Isso explicaria a outra inscrição mais abaixo: “Novus Ordo Seclorum”.
CAMPBELL: “Nova ordem do mundo”. Esta é uma nova ordem do mundo. E a inscrição
acima, “Annuit Coeptis”, significa: “Ele sorriu às nossas realizações” ou “nossas atividades”.
MOYERS: Ele...
CAMPBELL: ...ele, o olho, aquilo que é representado pelo olho. A razão. Em latim você não precisaria dizer “ele”, poderia ser na forma neutra, ou “ela” ou “ele”. Mas o poder divino sorriu aos nossos atos. E assim este novo mundo foi construído no sentido da criação original de Deus, e o reflexo da criação original de Deus, através da razão, realizou a tarefa.
Se olhar para trás da pirâmide, você verá um deserto. Para a frente, plantas crescendo. O deserto: o tumulto na Europa, guerras e guerras e guerras – livramo-nos disso e criamos um Estado em nome da razão, não em nome do poder, e o resultado é o florescimento da nova vida. Este é o sentido da parte representada pela pirâmide.
Agora observe o lado direito da cédula de um dólar. Aí está a águia, o pássaro de Zeus. A águia é a descida do deus à esfera temporal. O pássaro é o princípio encarnado da deidade. Esta é a águia de cabeça branca, a águia americana. É a contraparte americana da águia do deus mais alto, Zeus.
Ela vem até nós, descendo ao mundo dos pares de opostos, o campo da ação. Uma modalidade de ação é a guerra, outra, a paz. Assim, em uma de suas garras, a águia empunha treze flechas – o princípio da guerra. Na outra, um ramo de louros, com treze folhas – o princípio do entendimento pacífico. A águia olha na direção dos louros. E desse modo que aqueles idealistas, fundadores da nossa nação, gostariam que olhássemos – boas relações diplomáticas e tudo o mais. Mas, graças a Deus, a águia tem as flechas na outra garra, no caso de os louros não funcionarem.
Agora, o que representa a águia? Representa o que está indicado no signo radiante acima da sua cabeça. Certa feita, eu dava uma conferência, no Instituto de Assuntos Estrangeiros, em Washington, sobre mitologia, sociologia e política hindus. Há um dito, no livro hindu sobre política, segundo o qual o governante deve empunhar numa das mãos a arma da guerra, o grande bastão, e na outra o símbolo do som pacífico da música de boa vizinhança. Ali estava eu, de pé, com as mãos erguidas, e todos na sala começaram a rir. Não entendi por quê. Eles começaram a apontar com os dedos. Olhei para trás e ali estava a figura da águia, na parede, na mesma postura em que eu me encontrava. Mas, quando olhei, também notei o signo acima da sua cabeça, e notei que havia nove penas em sua cauda. Nove é o número da descida do poder divino ao mundo . Quando o Ângelus soa, soa nove vezes.
Pois bem, acima da cabeça da águia há treze estrelas, dispostas na forma da estrela de Davi.
MOYERS: Era o Selo de Salomão.
CAMPBELL: Sim, e você sabe por que se chama Selo de Salomão?
MOYERS: Não.
MATTANÓ: Reparamos que os símbolos que representam o poder, a liberdade, os estados e a
democracia dos Estados Unidos se constituem de elementos elaborados racionalmente, para traduzir a experiência de sua gente, uma experiência voltada para a razão e não para o ocultismo ou para as revelações especiais. A razão se constrói também com símbolos definidos, com conceitos que determinam o juízo e a inteligência, a cognição, de um povo, a sua racionalidade, o seu modo de pensar e de agir. Certamente o povo americano não costuma lidar de outra maneira com seres alienígenas e seus poderes paranormais, naves e comportamentos paranormais, senão através da razão, do juízo e da inteligência, da cognição, da racionalidade, do seu modo de pensar e de agir e nunca segundo revelações especiais ou qualquer forma de ocultismo.
CAMPBELL: Salomão costumava trancar monstros, gigantes e outras coisas em jarros. Você se lembra das Mil e uma noites, quando eles abrem o jarro e o gênio aparece? Mas eu notei ali o Selo de Salomão, composto de treze estrelas, e então vi que cada um dos triângulos era uma tetraktys pitagórica.
MOYERS: E uma tetraktys vem a ser...?
CAMPBELL: Um triângulo composto de dez pontos, sendo um no meio e quatro de cada lado, somando nove: um, dois, três, quatro/cinco, seis, sete/oito, nove. Este é o símbolo primário da filosofia pitagórica, suscetível de várias interpretações mitológicas, cosmológicas, psicológicas e sociológicas, inter-relacionadas. Uma delas afirma que o ponto no ápice representa o centro criador a partir do qual o universo e todas as coisas surgiram.
MATTANÓ: Notamos que os símbolos dos EUA são compostos de elementos racionais em
suas concepções, uma delas é o centro criador do qual todas as coisas surgiram. Uma delas sãs as forças armadas e outras coisas são as técnicas de aproximação com alienígenas e de descobrimento do universo, onde a ciência prevalece sobre o ocultismo tentando solucioná-lo e explica-lo, inclusive eventos comportamentais como o assobio de som metálico, as holografias, os sinais, os agroglifos, os cloudglifos, a telepatia, a música alienígena, os arquivos alienígenas de som e de imagens sobre o nosso mundo e o universo, as naves paranormais alienígenas, a contaminação por radiação alienígena, a contaminação por radiação alienígena nos campos e nas plantações acelerando o crescimento em até 4 vezes das plantações, as abduções, as pesquisas científicas alienígenas, as aparições alienígenas, as técnicas de camuflagem alienígena, os buracos de minhoca e os portais alienígenas, por exemplo.
MOYERS: O centro de energia, então?
CAMPBELL: Sim, o som inicial (um cristão diria: a Palavra ou o Verbo criador) a partir do qual o mundo inteiro se precipitou; a grande explosão, o despejar da energia transcendente para dentro do (e expandindo -se através do) domínio temporal. Assim que ingressa no campo do tempo, essa energia se rompe em pares de opostos, o um se torna dois. Ora, quando você tem dois, só há três maneiras de eles se relacionarem: numa, este domina aquele; noutra, aquele domina este; numa terceira, os dois estão em perfeito equilíbrio. Finalmente, é dessas três formas de relacionamento que derivam todas as coisas nos quatro cantos do espaço.
Há um verso no Tão Te King, de Lao Tsé, que diz: do Tão, do transcendente, se origina o Um. Do Um se origina o Dois; do Dois, o Três; e do Três se originam todas as coisas.
Então, o que de repente descobri, quando percebi que no Grande Selo dos Estados Unidos havia dois desses triângulos simbólicos, interligados, é que nós tínhamos treze pontos, representando os treze Estados de origem, e, além disso, não menos de seis ápices, um acima, um abaixo e quatro, por assim dizer, orientados nas quatro direções. O significado disso, assim me pareceu, é que a palavra criadora pode ser ouvida de cima ou de baixo, ou de qualquer outro ponto cardeal, e essa é a grande tese da democracia. A democracia pressupõe que qualquer um, de qualquer parte, pode falar, e falar a verdade, porque sua
mente não está separada da verdade. Tudo o que se tem a fazer é livrar-se das paixões e, então, falar.
Assim, o que você tem aqui, na cédula de um dólar, é a águia representando a imagem maravilhosa do transcendente se manifestando no mundo. É sobre isso que os Estados Unidos se fundam. Para governar adequadamente é preciso governar do ápice do triângulo, no sentido do olho do mundo, no topo.
Ora, quando eu era criança, davam-nos o discurso de despedida de George Washington e pediam-nos para resumir tudo, relacionando cada declaração com todas as outras. Assim, conservo desse texto uma lembrança muito clara. Washington disse: “Como resultado de nossa revolução, libertamo-nos de qualquer envolvimento com o caos da Europa”. Sua última palavra foi no sentido de não nos engajarmos em alianças internacionais. Pois bem, mantivemo-nos fiéis a suas palavras até a Primeira Grande Guerra. E então cancelamos a Declaração da Independência e reunimo-nos à Inglaterra no propósito de conquistar o planeta. Com isso, estamos agora num dos lados da pirâmide. Movemo-nos do um para o dois. Politicamente, historicamente, somos agora membros de um dos lados de uma disputa. Não representamos aquele princípio do olho, lá em cima. E todas as nossas preocupações têm a ver com economia e política e não com a voz e o som da razão.
MATTANÓ: Esses símbolos construídos a partir da razão tem como finalidade garantir a
democracia e a ordem dos elementos que a compõem com o direito de expressão e o direito de falar a verdade, pois sua mente não está separada da verdade, apenas deve se livrar das paixões e falar. Mas há também o símbolo da independência dos EUA em relação ao caos que a Europa costumava gerar com suas guerras. Estes eventos fortaleceram economicamente, industrialmente, educacionalmente, ideologicamente e politicamente os EUA que pode investir em segurança e assim se tornar a maior potência do planeta em matéria de desenvolvimento, porém tendo que se emancipar com sua voz e sua própria razão. Adquirindo assim estrutura e conhecimento para investigar, acumular conhecimento e poder criar um saber que está em crescente construção, para poder lidar e decidir sobre os seres alienígenas e seus poderes e comportamentos paranormais, sua origem e maneiras de extinguí-los ou expulsá-los deste planeta ou de convivermos pacificamente com eles neste mundo, e podermos continuar nossa jornada seletiva, competitiva e evolutiva.
MOYERS: A voz da razão – é esse o caminho filosófico sugerido por aqueles símbolos mitológicos?
CAMPBELL: Exatamente. Você tem aqui a importante mudança que ocorreu por volta do ano 500 a.C. Esse é o tempo do Buda, de Pitágoras, de Confúcio e Lao Tsé, se é que Lao Tsé existiu. É o despertar da razão humana. A partir daí, o homem não será mais modelado nem governado por poderes animais. Não será mais guiado pela analogia com a terra semeada, pelo curso dos planetas, mas pela razão.
MATTANÓ: Os EUA falam de um modo de vida ao qual somos governados pela razão e
não por poderes animais, dificilmente seremos governados por alienígenas com seus poderes animais paranormais, mas eu acredito que o lado oposto da razão é a irracionalidade que a sustenta e a incentiva, oferecendo-lhe conteúdo e forma como uma gestalt que contribui para sua modelagem. A irracionalidade apenas sustenta a nossa racionalidade, assim como os seres alienígenas apenas sustentam a nossa humanidade, a nossa crença nela e nos seus valores.
MOYERS: O caminho...
CAMPBELL: ...o caminho do homem. E, sem dúvida, o que destrói a razão é a paixão. A principal paixão em política é a ganância. Isso é que empurra você para baixo. E por isso é que estamos num dos lados e não no topo da pirâmide.
MATTANÓ: Certamente estamos num dos lados da pirâmide, somos guiados pela paixão
e não pela razão, a paixão gera ganância e corrupção, violência e guerras, ódio e genocídios, como o que testemunhamos contra o povo brasileiro, mais de duzentos milhões de estuprados virtuais e vítimas de tortura, lavagem cerebral e violência, de curandeirismo e de negligência e omissão, de falta de informação a respeito de suas necessidades fisiológicas, de amor, de garantia, de pertinência, de segurança, de estima, de saúde e de autocuidados essenciais indispensáveis para o seu dia a dia e criação de seus filhos e filhas e cuidado de seus idosos e idosas, de seus doentes e carentes, de seus pobres e miseráveis, de seus acadêmicos e trabalhadores, de seus profissionais da saúde e da ciência, da política e do judiciário, de seus Santos e Santas, creio que somos todos vítimas do mesmo genocídio por motivos religiosos, por haver um Santo, um menino Santo desacreditado pelas autoridades e condenado pelos poderosos mal-intencionados, mas protegido por grande parcela de autoridades do mundo e do Brasil que acreditam em Deus e em Nossa Senhora, o bem sempre vence o mal! Por isso estamos num dos lados da pirâmide, por causa do ódio e do genocídio, da loucura contra crianças que tem Deus por modelo e exemplo para tudo em suas vidas. Deus está no topo da pirâmide! Os alienígenas estão num dos lados da pirâmide gerando ódio, medo e loucura, guerras e conflitos, abduções e perseguições com seus assobios metálicos, holografias, sinais e imagens, agroglifos, cloudglifos, comunicação por mandalas e sons, comunicação por telepatia e pensamentos, naves e submarinos paranormais, alfabetos alienígenas, códigos alienígenas, etc., eles não parecem estar interessados em integrar a nossa espécie e a nossa realidade que vem sofrendo com o multiculturalismo construtivista que pode ter influência extraterrestre, quem alcança o topo da pirâmide é atacado por todos os lados para ser destituído do que conquistou com seu esforço, estudo e trabalho, para que se espalhe o ódio, o medo e a loucura em forma de violência moral, sexual e física e até doenças, de uns contra os outros para que a densidade demográfica e a população tenham queda e haja um novo equilíbrio populacional.
MOYERS: Por isso é que nossos fundadores se opuseram à intolerância religiosa.
CAMPBELL: Isso foi inteiramente abolido. E por isso é que eles rejeitaram, também, a idéia da Queda. Todos os homens são competentes para conhecer a mente de Deus. Não há revelação especial para qualquer povo.
MOYERS: Posso entender agora como a sua experiência de investigador e a sua profunda
convivência com os símbolos mitológicos lhe permitem ler dessa maneira o Grande Selo. Mas não seria uma surpresa para a maioria desses homens – que eram deístas, como você diz – descobrirem as conotações mitológicas implicadas em seu esforço de construir uma nova nação?
CAMPBELL: Bem, por que eles usaram esses símbolos?
MOYERS: Muitos deles não são símbolos maçônicos?
CAMPBELL: São signos maçônicos, e o significado da tetraktys pitagórica era conhecido há séculos. A informação deve ter sido encontrada na biblioteca de Thomas Jefferson. Antes de tudo, eles eram homens de cultura. O Iluminismo do século XVIII era um mundo de cavalheiros cultos. Não temos tido muitos homens desse naipe, em política. É uma sorte tremenda para a nossa nação que aqueles homens detivessem o poder e estivessem em condições de influenciar os acontecimentos daquele tempo.
MOYERS: Como se explica a relação entre esses símbolos e a Maçonaria, e o fato de que muitos dos fundadores da pátria pertenceram à ordem maçônica? A ordem maçônica seria, de algum modo, uma expressão do pensamento mitológico?
CAMPBELL: Sim, eu penso que sim. Trata se de uma tentativa erudita de reconstruir uma ordem de iniciação que resultaria em revelação espiritual. Esses fundadores, que de fato eram maçons, estudaram o que puderam da sabedoria egípcia. No Egito, a pirâmide representa a colina primordial. Após a cheia anual, quando as águas do Nilo começam a recuar, a primeira colina simboliza o renascimento do mundo. É o que este selo representa.
MATTANÓ: Vemos que por detrás dos fundadores de ordens existem influências sócio
históricas ou mitológicas como a sabedoria egípcia sobre a ordem maçônica representada no selo onde temos a colina primordial, a primeira colina simboliza o renascimento do mundo. Outras sabedorias como os Alienígenas do Passado e outras influências constroem novas histórias e novas mitologias, onde temos por exemplo, o poder da música no universo, o assobio com som metálico, a música paranormal e telepática, a música codificada através de mandalas e/ou de cloudglifos e a música como forma de comunicação por meio de sinais ou camuflagens de naves paranormais alienígenas.
MOYERS: Você às vezes me confunde com uma aparente contradição no interior de seu sistema de crença. De um lado, você exalta esses homens, porque foram causa e efeito da Idade da Razão; de outro, você se regozija com Luke Skywalker, por aquele momento, em Star Wars, em que lhe dizem: “Desligue o computador e confie em seus sentimentos”. Como você concilia o papel da ciência, que é razão, com o papel da fé, que é religião?
CAMPBELL: Não, não, é preciso distinguir entre razão e pensar.
MOYERS: Distinguir entre razão e pensar? Ao pensar, não estou raciocinando?
CAMPBELL: Sim, sua razão é uma forma de pensar, mas pensar não é sempre, e necessariamente, razão. Calcular o que é preciso fazer para atravessar uma parede não é razão. O rato que, depois de pôr o focinho aqui, calcula que talvez deva circular por ali, está calculando alguma coisa do mesmo modo como nós calculamos. Mas isso não é razão. Razão tem a ver com encontrar as bases do ser e a estrutura fundamental da ordem do universo.
MATTANÓ: O comportamento de pensar não é sempre o comportamento racional, assim
como nós pensamos, o rato, o macaco e o pombo também pensam, mas não têm razão. Razão tem a ver com o racionalidade acerca dos fenômenos que pensamos, tem a ver com a descoberta da estrutura fundamental da ordem das coisas do universo, como o mapa cognitivo e o GSP do comportamento no cérebro ou a transformação de ondas cerebrais (matéria ou massa) em ilusão telepática ou telepatia (energia) e vice-versa, onde uma depende da outra para existir, só a razão nos permite discriminar estes eventos. Razão tem a ver com o poder da música no universo e de como saber discriminá-la, seja de onde ela for e de que criatura ela for. Razão tem a ver com pensamento e racionalidade, com paranormalidade? Ou paranormalidade está além da razão? Por isso seres alienígenas com paranormalidade desafiam a nossa racionalidade, pois estão além dela, tanto biológica, quando psicológica, social e tecnologicamente!
MOYERS: Então, quando esses homens se referiram ao olho de Deus como razão, estavam dizendo que as bases do nosso ser, enquanto sociedade, enquanto cultura, enquanto povo, derivam das características fundamentais do universo?
CAMPBELL: É o que diz esta primeira pirâmide. Essa é a pirâmide do mundo, esta é a pirâmide da nossa sociedade, ambas pertencem à mesma ordem. Isso é criação de Deus, e isto é a nossa sociedade.
MATTANÓ: Essa pirâmide diz da criação do nosso mundo, de Deus e da nossa sociedade, diz das qualidades essenciais do universo. Deus assim como os alienígenas estão acima da racionalidade humana, pois tem poderes paranormais e a paranormalidade é um comportamento muito mais evoluído.
MOYERS: Existe uma mitologia para os poderes animais. Existe uma mitologia para a terra semeada – fertilidade, criação, a deusa mãe. E existe uma mitologia para as luzes celestiais, para os céus. Mas, nos tempos modernos, nós nos movemos para além dos poderes animais, para além da natureza e da terra semeada, e as estrelas já não nos interessam, exceto como curiosidades exóticas e como palco das viagens espaciais. Em que pé estamos, agora, em nossa mitologia para o homem?
CAMPBELL: Tão cedo não poderemos ter uma mitologia. As coisas estão mudando rápido demais para chegarem a ser mitologizadas.
MOYERS: Como podemos viver sem mitos, então?
CAMPBELL: Cada indivíduo deve encontrar um aspecto do mito que se relacione com sua própria vida. Os mitos têm basicamente quatro funções. A primeira é a função mística – e é disso que venho falando, dando conta da maravilha que é o universo, da maravilha que é você, e vivenciando o espanto diante do mistério. Os mitos abrem o mundo para a dimensão do mistério, para a consciência do mistério que subjaz a todas as formas. Se isso lhe escapar, você não terá uma mitologia. Se o mistério se manifestar através de todas as coisas, o universo se tornará, por assim dizer, uma pintura sagrada. Você está sempre se dirigindo ao mistério transcendente, através das circunstâncias da sua vida verdadeira.
A segunda é a dimensão cosmológica, a dimensão da qual a ciência se ocupa – mostrando qual é a forma do universo, mas fazendo-o de uma tal maneira que o mistério, outra vez, se manifesta. Hoje, tendemos a pensar que os cientistas detêm todas as respostas. Mas os maiores entre eles dizem-nos: “Não, não temos todas as respostas. Podemos dizer-lhe como
a coisa funciona, mas não o que é”. Você risca um fósforo – o que é o fogo? Você pode falar de oxidação, mas isso não me dirá nada.
A terceira função é a sociológica – suporte e validação de determinada ordem social. E aqui os mitos variam tremendamente, de lugar para lugar. Você tem toda uma mitologia da poligamia, toda uma mitologia da monogamia. Ambas são satisfatórias. Depende de onde você estiver. Foi essa função sociológica do mito que assumiu a direção do nosso mundo – e está desatualizada.
MOYERS: Como assim?
CAMPBELL: Princípios éticos. As leis da vida, como deveria ser, na sociedade ideal. Todas as páginas e páginas de Jeová sobre que roupas usar, como se comportar diante do outro, e assim por diante, no primeiro milênio antes de Cristo.
Mas existe uma quarta função do mito, aquela, segundo penso, com que todas as pessoas deviam tentar se relacionar – a função pedagógica, como viver uma vida humana sob qualquer circunstância. Os mitos podem ensinar-lhe isso.
MATTANÓ: Mattanó explica que além das dimensões mística, cosmológica, sociológica e pedagógica, os mitos que criamos a respeito do poder da música no universo, tem as dimensões filogenética, ontogenética, cultural, espiritual, da vida e do universo. Através da dimensão filogenética o mito proporciona ao ser humano a relação com sua história ancestral, encontrando as relações entre mitos, ritos e evolução da sua própria espécie, para a sua sobrevivência; através da dimensão ontogenética o mito proporciona ao ser humano a relação com o outro, com o comportamento e a mentalidade do outro para seu aprendizado; através da dimensão cultural o mito proporciona ao ser humano a relação com a sua cultura para a sua culturalização; através da dimensão espiritual o mito proporciona ao ser humano a relação com a espiritualidade e as religiões, com o sobrenatural para sua sobrevivência; através da dimensão da vida o mito proporciona ao ser humano a relação com a vida para sua sobrevivência e adaptação; e através da dimensão do universo o mito proporciona ao ser humano a relação com o universo e assim sua adaptação ao universo e as suas adversidades e fenômenos.
MOYERS: Quer dizer que a velha história, conhecida há tanto tempo e transmitida através de gerações, continua vigorando, e ainda não conseguimos aprender uma nova?
CAMPBELL: A história que temos no Ocidente, na medida em que se baseia na Bíblia, baseia se numa visão do universo que pertence ao primeiro milênio antes de Cristo. Não está de acordo nem com nossa concepção do universo, nem com nossa concepção da dignidade humana. Pertence inteiramente a algum outro lugar.
Hoje, temos que reaprender o antigo acordo com a sabedoria da natureza e retomar a consciência de nossa fraternidade com os animais, a água e o mar. Dizer que a divindade modela o mundo e todas as coisas é condenado como panteísmo. Mas panteísmo é uma palavra enganadora. Sugere que um deus pessoal supostamente habita o mundo, mas a idéia em absoluto não é essa. A idéia é transteológica, de um mistério indefinível, inconcebível, admitido como um poder, isto é, como a fonte, o fim e o fundamento de toda a vida e todo o ser.
MOYERS: Você não acha que os americanos modernos rejeitaram a antiga idéia da natureza como divindade porque isso os impediria de dominar a natureza? Como é possível derrubar árvores, rasgar a terra e desviar o curso dos rios para propriedades privadas sem matar Deus?
CAMPBELL: Sim, mas isso não é simplesmente uma característica dos americanos modernos, é a condenação bíblica da natureza, que eles herdaram de sua religião e trouxeram com eles, especialmente da Inglaterra. Deus está separado da natureza, e a natureza é condenada por Deus. Está tudo lá, no Gênesis: estamos destinados a ser os senhores do mundo.
Mas se você pensar em nós como vindos da terra, não como tendo sido lançados aqui, de alguma parte, verá que nós somos a terra, somos a consciência da terra. Estes são os olhos da terra, e esta é a voz da terra.
MATTANÓ: Vemos que através da religião estamos condenados a não ter como dominar a natureza, pois a natureza envolve Deus com sua natureza; mas se nos orientarmos através dos mitos onde somos vindos da terra, veremos que não fomos lançados aqui e que nossa consciência provêm da terra, pois somos da terra e tudo o que temos, inclusive nossa musicalidade e os poderes da música no universo vem da terra, mas podemos nos ver como lançados do espaço, de meteoritos que deram início a evolução da nossa espécie, somos então alguma espécie vinda do espaço, como que alienígenas, nossa consciência não vem mais da terra, mas vem, do infinito, do espaço, do universo, dos meteoritos, do início de tudo, então nossa musicalidade e nosso poder sobre a música no universo vem do espaço.
MOYERS: Os cientistas começam a falar abertamente sobre a Gaia Ciência.
CAMPBELL: É isso mesmo, todo o planeta como um só organismo.
MOYERS: Mãe Terra. Será que os novos mitos brotarão dessa imagem?
CAMPBELL: Bem, alguma coisa, sim. Você não pode prever que mito está para surgir, assim como não pode prever o que irá sonhar esta noite. Mitos e sonhos vêm do mesmo lugar. Vêm de tomadas de consciência de uma espécie tal que precisam encontrar expressão numa forma simbólica. E o único mito de que valerá a pena cogitar, no futuro imediato, é o que fala do planeta, não da cidade, não deste ou daquele povo, mas do planeta e de todas as pessoas que estão nele. Esta é a minha idéia fundamental do mito que está por vir.
E ele lidará exatamente com aquilo com que todos os mitos têm lidado – o amadurecimento do indivíduo, da dependência à idade adulta, depois à maturidade e depois à morte; e então com a questão de como se relacionar com esta sociedade e como relacionar esta sociedade com o mundo da natureza e com o cosmos. É disso que os mitos têm falado, desde sempre, e é disso que o novo mito terá de falar. Mas ele falará da sociedade planetária. Enquanto isso estiver em curso, nada irá acontecer.
MATTANÓ: Esse mito que está por surgir já surgiu. Ele veio com as Teorias sobre a
Origem da Vida dos Seres Vivos e dos Seres Humanos, sobretudo das teorias que tratam da vida vinda do espaço em meteoritos e meteoros em forma de aminoácidos que se desenvolveram na Terra e se transformaram em vida, em vida alienígena, no poder do música no universo, no assobio com som metálico e na música paranormal alienígena, na música através de mandalas e de cloudglifos – é a natureza, a sociedade e o cosmos se relacionando em comunhão para que haja o desenvolvimento dos eventos do universo e da vida, da adaptação da vida ao universo e seu desenvolvimento que inclui conscientização e um processo contínuo de descobertas, sua evolução.
MOYERS: Então você sugere que daí começará o novo mito do nosso tempo?
CAMPBELL: Sim, essa é a base do que o mito deve ser. E já se encontra aqui: o olho da razão, não da minha nacionalidade; o olho da razão, não da minha comunidade religiosa; o olho da razão, não da minha comunidade lingüística. Você percebe? E esta será a filosofia do planeta, não deste ou daquele grupo.
Quando a Terra é avistada da Lua, não são visíveis, nela, as divisões em nações ou Estados. Isso pode ser, de fato, o símbolo da mitologia futura. Essa é a nação que iremos celebrar, essas são as pessoas às quais nos uniremos.
MATTANÓ: O novo mito sobre o poder da música no universo deve representar e
ritualizar a natureza, a sociedade e o cosmos, só ele por meio da Teoria da Evolução da Vida através dos meteoritos e meteoros que colidiram com a Terra após sua formação é que darão essa capacidade de entendimento e abstração, onde seremos todos os seres vivos vindos do mesmo lugar, do espaço, do início do universo, da sua formação com os aminoácidos que se formaram e resistiram levando informação para, por exemplo, a Terra, não havendo mais fronteiras entre as espécies de seres vivos do planeta Terra.
MOYERS: Para mim, nos exemplos que você coletou, ninguém incorpora essa ética melhor do que o Chefe Seattle.
CAMPBELL: O Chefe Seattle deu um dos últimos testemunhos orais da ordem moral paleolítica. Por volta de 1852, o governo dos Estados Unidos fez um inquérito sobre a aquisição de terras tribais para os imigrantes que chegavam ao país, e o Chefe Seattle escreveu em resposta uma carta maravilhosa. Essa carta expressa, na verdade, toda a moral da nossa conversa.
O Presidente, em Washington, informa que deseja comprar nossa terra. Mas como é possível comprar ou vender o céu, ou a terra? A idéia nos é estranha. Se não possuímos o frescor do ar e a vivacidade da água, como vocês poderão comprá-los?
Cada parte desta terra é sagrada para meu povo. Cada arbusto brilhante do pinheiro, cada porção de praia, cada bruma na floresta escura, cada campina, cada inseto que zune. Todos são sagrados na memória e na experiência do meu povo.
Conhecemos a seiva que circula nas árvores, como conhecemos o sangue que circula em nossas veias. Somos parte da terra, e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs. O urso, o gamo e a grande águia são nossos irmãos. O topo das montanhas, o húmus das campinas, o calor do corpo do pônei, e o homem, pertencem todos à mesma família.
A água brilhante que se move nos rios e riachos não é apenas água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se lhes vendermos nossa terra, vocês deverão lembrar se de que ela é sagrada. Cada reflexo espectral nas claras águas dos lagos fala de eventos e memórias na vida do meu povo. O murmúrio da água é a voz do pai do meu pai.
Os rios são nossos irmãos. Eles saciam nossa sede, conduzem nossas canoas e alimentam nossos filhos. Assim, é preciso dedicar aos rios a mesma bondade que se dedicaria a um irmão.
Se lhes vendermos nossa terra, lembrem se de que o ar é precioso para nós, o ar partilha seu espírito com toda a vida que ampara. O vento, que deu ao nosso avô seu primeiro alento, também recebe seu último suspiro. O vento também dá às nossas crianças o espírito da vida. Assim, se lhes vendermos nossa terra, vocês deverão mantê-la à parte e sagrada, como um lugar onde o homem possa ir apreciar o vento, adocicado pelas flores da campina.
Ensinarão vocês às suas crianças o que ensinamos às nossas? Que a terra é nossa mãe? O que acontece à terra acontece a todos os filhos da terra.
O que sabemos é isto: a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Todas as coisas estão ligadas, assim como o sangue nos une a todos. O homem não teceu a rede da vida, é apenas um dos fios dela. O que quer que ele faça à rede, fará a si mesmo.
Uma coisa sabemos: nosso deus é também o seu deus. A terra é preciosa para ele e magoá-la é acumular contrariedades sobre o seu criador.
O destino de vocês é um mistério para nós. O que acontecerá quando os búfalos forem todos sacrificados? Os cavalos selvagens, todos domados? O que acontecerá quando os cantos secretos da floresta forem ocupados pelo odor de muitos homens e a vista dos montes floridos for bloqueada pelos fios que falam? Onde estarão as matas? Sumiram! Onde estará a águia? Desapareceu! E o que será dizer adeus ao pônei arisco e à caça? Será o fim da vida e o início da sobrevivência.
Quando o último pele vermelha desaparecer, junto com sua vastidão selvagem, e a sua memória for apenas a sombra de uma nuvem se movendo sobre a planície...
estas praias e estas florestas ainda estarão aí? Alguma coisa do espírito do meu povo ainda restará?
Amamos esta terra como o recém-nascido ama as batidas do coração da mãe. Assim, se lhes vendermos nossa terra, amem na como a temos amado. Cuidem dela como temos cuidado. Gravem em suas mentes a memória da terra tal como estiver quando a receberem. Preservem a terra para todas as crianças e amem-na, como Deus nos ama a todos.
Assim como somos parte da terra, vocês também são parte da terra. Esta terra é preciosa para nós, também é preciosa para vocês. Uma coisa sabemos: existe apenas um Deus. Nenhum homem, vermelho ou branco, pode viver à parte. Afinal, somos irmãos.
MATTANÓ: Para mim o universo e sua criação é que são sagrados, é que são universais, se destruímos as estrelas, destruímos as constelações e os caminhos, inclusive suas formas de vidas, alienígenas ou humanas, animais ou outras, seus comportamentos como o som do assobio metálico alienígena ou o canto dos canarinhos, ou mesmo o canto do Homo Sapiens, mesmo que sejam paranormais e o que eles suscitam e indicam, sua representatividade, suas informações, sua astrologia e astronomia, sua psicologia, sua física e matemática, se destruímos os planetas destruímos as bases das vidas como a conhecemos, o solo é o ventre da vida humana e animal ou biológica, social, filosófica e psicológica, destruímos também parte de nós, de nosso universo, do que nos rodeia e nos formou, do que formou gravitacionalmente nosso planeta e assim nossas vidas e a nossa natureza e sociedades e até o restante do nosso universo – como seria o universo se não existissem os elementos que hoje existem, certamente ele não seria o mesmo e nem as suas leis! Ele não funcionaria do mesmo modo que funciona hoje, a vida e a evolução funcionaria de modo diferente se o universo fosse diferente do que é hoje! Devemos saber lidar com as características do universo sem nos destruirmos e sem destruirmos ao universo ou parte dele! Até onde sabemos só existe um universo e somos parte dele, como só existe um só Deus e somos parte dele, ninguém consegue viver sem eles, somos todos a mesma matéria unida no mesmo universo e a mesma energia, o mesmo pensamento e a mesma luz que viaja no espaço desde o começo do universo, até o fim! Somos todos uma coisa só, como um único átomo com suas divisões e elementos subatômicos, todos condensados formando uma coisa única, o universo!
II
A JORNADA INTERIOR
Uma coisa que se revela nos mitos é que, no fundo do abismo, desponta a voz da salvação. O momento crucial é aquele em que a verdadeira mensagem de transformação está prestes a surgir. No momento mais sombrio surge a luz.
~ // ~
MOYERS: Alguém me perguntou: “Por que você se empenha tanto nesses mitos? O que
você vê no que Joseph Campbell diz?” E eu respondi: “Esses mitos me tocam, pois dizem que o que sei no meu íntimo é verdadeiro”. Por que é assim? Por que me parece que essas histórias dizem que o que sei no meu íntimo é verdadeiro? Será que isso vem da base do meu ser, do inconsciente que herdei de tudo o que me antecedeu?
CAMPBELL: É isso mesmo. Você tem o mesmo corpo, com os mesmos órgãos e energias que o homem de Cro Magnon tinha, trinta mil anos atrás. Viver uma vida humana na cidade de Nova Iorque ou nas cavernas é passar pelos mesmos estágios da infância à maturidade sexual, pela transformação da dependência da infância em responsabilidade, própria do homem ou da mulher, o casamento, depois a decadência física, a perda gradual das capacidades e a morte. Você tem o mesmo corpo, as mesmas experiências corporais, e com isso reage às mesmas imagens. Por exemplo, uma imagem constante é a do conflito entre a águia e a serpente. A serpente ligada à terra, a águia em vôo espiritual – esse conflito não é algo que todos experimentamos? E então, quando as duas se fundem, temos um esplêndido dragão, a serpente com asas. Em qualquer parte da terra, as pessoas reconhecem essas imagens. Quer eu esteja lendo sobre mitos polinésios, iroqueses ou egípcios, as imagens são as mesmas e falam dos mesmos problemas.
MATTANÓ: Certamente também acredito que estamos falando dos mesmos mitos no plano universal ou cósmico, das estrelas, pois o mesmo homem da Terra que foi gerado no início dos tempos é o mesmo extraterrestre do espaço que também foi concebido no início dos tempos, as experiências são as mesmas para os dois seres vivos, as imagens são as mesmas, elas falam dos mesmos acontecimentos e dos mesmos problemas e soluções, inclusive em relação ao poder da música no universo, e assim ao assobio de som metálico alienígena e as suas músicas paranormais, e as músicas codificadas em mandalas ou cloudglifos.
MOYERS: Apenas assumem roupagens diferentes quando aparecem em épocas diferentes?
CAMPBELL: Sim. É como se a mesma peça fosse levada de um lugar a outro, e em cada lugar os atores locais vestissem costumes locais e encenassem a mesma velha peça.
MATTANÓ: No universo é possível também que de um lugar para o outro apenas os atores vestiam trajes de costumes locais e encenassem a mesma e velha peça de teatro, ou seja, a história é a mesma, deste modo o assobio de som metálico pode estar falando a mesma coisa e intenção que o nosso assobio ou linguagem, que a nossa comunicação verbal, só muda a forma de fora, mas o interior permanece o mesmo no mesmo universo.
MOYERS: E essas imagens míticas passam de geração a geração, quase inconscientemente.
CAMPBELL: Isso é absolutamente fascinante, porque elas falam do profundo mistério de você mesmo e de tudo o mais. E um mysterium, um mistério, tremendum et fascinans – tremendo, horrível, porque destrói todas as noções fixas que você tem das coisas, e ao mesmo tempo é absolutamente fascinante, porque diz respeito à sua própria natureza, ao seu ser. Quando você começa a pensar nessas coisas, no mistério interior, na vida interior, na vida eterna, não há muitas imagens à sua disposição. Você começa, por sua conta, com as imagens já presentes em algum outro sistema de pensamento.
MATTANÓ: Engajar-se no profundo mistério de sua vida interior, de si mesmo, destrói todas as noções fixas que você dispõe das coisas, cria-se um outro sistema de pensamento com poucas imagens à disposição, por isso é tão tremendo e horrível esta jornada interior. Por isso pode ser difícil lidar num primeiro momento com os alienígenas e seus poderes e formas de comunicação, como o assobio de som metálico, a holografia, os sinais e camuflagens em nuvens, a telepatia e o pensamento, a radiação e a alteração fisiológica, comportamental e morfológica como resposta a essa interação, as mandalas ou cloudglifos como forma de comunicação musical, as músicas paranormais, os agroglifos, as abduções, as avistamentos, os contatos, as contaminações, os combates e conflitos entre espécies deste mundo, incluindo o Homo Sapiens e os alienígenas, o grau de periculosidade alienígena, o grau de confiabilidade em alienígenas (pois nós Homo Sapiens certamente não confiaríamos em leões, crocodilos e serpentes racionais e que se alimentam de nós, esses alienígenas podem se alimentar da nossa carne e nos torturar?!).
MOYERS: Na Idade Média, havia um consenso quanto a ler o mundo como se este contivesse mensagens para você.
CAMPBELL: Oh, ele certamente contém! Os mitos o ajudam a ler as mensagens, eles lhe falam das probabilidades típicas.
MATTANÓ: Os mitos como os do poder da música no universo falam das probabilidades disto ou daquilo poder ou não ocorrer e se manifestar, depende do seu engajamento neles, se você os aceita e se deixa conduzir por eles.
MOYERS: Dê-me um exemplo.
CAMPBELL: Uma coisa que se revela nos mitos é que, no fundo do abismo, desponta a voz da salvação. O momento crucial é aquele em que a verdadeira mensagem de transformação está prestes a surgir. No momento mais sombrio surge a luz.
MATTANÓ: Como vemos a revelação dos mitos é sempre de uma verdadeira transformação, como a do fundo do abismo, donde emerge a voz da salvação. No momento mais perigoso e emergente a porta se abre para o herói em sua jornada. A luz se ascende na escuridão. A resposta surge em meio à confusão generalizada. E podemos compreender o significado e o sentido do assobio de som metálico, das holografias, da comunicação por pensamento, da telepatia, da paranormalidade, das mandalas, da musicalidade, das abduções, da radioatividade, da temperatura das naves alienígenas e da sua paranormalidade, de como foram construídas, da sua tecnologia, da ciência alienígena, da hierarquia social alienígena, dos valores alienígenas, da economia alienígena, da linguagem verbal, alfabética, telepática, simbólica, holográfica, musical, social, sexual, moral, lúdica, espacial, cósmica, corporal e territorial, e histórica alienígena, etc..
MOYERS: Como no poema de Roethke, “Num tempo de trevas o olho começa a enxergar”. Você está dizendo que os mitos trouxeram essa consciência a você?
CAMPBELL: Eu vivo com esses mitos e eles me dizem isso o tempo todo. Este problema pode ser metaforicamente compreendido como a identificação com o Cristo, dentro de você. O Cristo em você não morre. O Cristo em você sobrevive à morte e ressuscita. Ou você pode identificar isso com Shiva. “Eu sou Shiva” – essa é a grande meditação dos iogues, no Himalaia.
MATTANÓ: Certamente compreendemos que o mito não morre, eles dizem o tempo inteiro a sua mensagem para você, como Cristo ou Shiva, ou mesmo o Amor, ele permanece dentro de você, como no abismo onde na queda, no fundo dele, ou entre os poderes do espaço, você escuta a voz da salvação, você escuta a sua mensagem.
MOYERS: E o céu, aquele objetivo almejado pela maioria das pessoas, está dentro de nós.
CAMPBELL: Céu e inferno estão dentro de nós, e todos os deuses estão dentro de nós. Este é o grande esforço conscientizador dos Upanixades, na índia, nove séculos antes de Cristo. Todos os deuses, todos os céus, todos os mundos estão dentro de nós. São sonhos amplificados, e sonhos são manifestações, em forma de imagem, das energias do corpo, em conflito umas com as outras. Este órgão quer isto, aquele quer aquilo. O cérebro é um dos órgãos.
MATTANÓ: Os deuses estão dentro de nós mesmos, como estão dentro de nós mesmos os nossos sonhos e conflitos, os nossos órgãos, os nossos poderes paranormais desencadeados por seres alienígenas, como a telepatia, a música alienígena, as mandalas, a camuflagem, o alfabeto alienígena, o código binário, as holografias, o assobio de som metálico, as naves paranormais, as pedras paranormais, o nosso cérebro que comanda o nosso corpo, que comanda as imagens e as formas que percebemos com a gestalt e a psicanálise, com o behaviorismo ou o comportamento.
MOYERS: Quer dizer que, quando sonhamos, pescamos numa espécie de vasto oceano de mitologia que...
CAMPBELL: ...que vai fundo, fundo e mais fundo. Você pode ter tudo isso misturado com complexos, você sabe, coisas desse tipo, mas na verdade, como afirma o dito polinésio, você está “em pé numa baleia, pescando carpas miúdas”. Estamos em pé numa baleia. A base do ser é a base do nosso ser, e, quando simplesmente nos voltamos para fora, vemos todos esses pequenos problemas, aqui e ali. Mas, quando olhamos para dentro, vemos que somos a fonte deles todos.
MATTANÓ: Compreendo que deslumbramos o mundo do espaço com seres alienígenas,
poderes paranormais, assobios com sons metálicos, músicas paranormais, mandalas paranormais, naves alienígenas paranormais, camuflagens paranormais, alfabetos, linguagens, sinais e holografias, radiação gama, habilidades novas que criam novas leis para a Física, agroglifos e cloudglifos, abduções, comunicação por pensamento ou telepática, dominação telepática causando dor e paralisia corporal, muito sofrimento físico, mental e emocional, eventos que como um grão de areia e que muitas vezes não entendemos nossa importância no mundo, nosso papel social e ecológico, humanitário, só quando olhamos para nós mesmos, até mesmo do espaço, é que percebemos que somos a fonte de todos os problemas, pequenos ou grandes e que podemos solucioná-los olhando para o futuro com esperança, como o iniciado numa cerimônia que a aceita por esperança em sua comunidade ou tribo e pelo futuro dela e seu futuro.
MOYERS: Você fala da mitologia existindo aqui e agora, em estado de sonho. O que é o estado de sonho?
CAMPBELL: É o estado em que você ingressa quando vai dormir e tem um sonho que fala das relações entre as condições permanentes, no interior da sua própria psique, e as condições particulares da sua vida, no momento.
MOYERS: Explique isso.
CAMPBELL: Por exemplo, você pode estar preocupado com sua aprovação num exame que vai prestar. Então você tem um sonho sobre algum tipo de fracasso e percebe que esse fracasso se associa a muitos outros, em sua vida. Todos eles aparecem agrupados, ali no sonho. Freud diz que mesmo o sonho mais abertamente declarado não chega a ser, na verdade, completamente declarado. O sonho é uma fonte inexaurível de informação espiritual sobre você mesmo.
Ora, o nível do sonho do tipo “Passarei no exame?” ou “Casarei com aquela moça?” é puramente pessoal. Mas, em outro nível, a questão de passar no exame não é simplesmente uma questão pessoal. Todo mundo precisa ultrapassar uma barreira, de alguma espécie. E uma coisa arquetípica.
Assim, temos ali um tema mitológico básico, não obstante se trate de um sonho pessoal. Esses dois níveis – o aspecto pessoal e o grande problema genérico, de que o problema pessoal é um exemplo particular – são encontráveis em todas as culturas. Por exemplo, todos têm o problema de enfrentar a morte. Esse é um mistério padronizado.
MATTANÓ: Falamos do sonho como realização de desejo pessoal e como fenômeno
arquetípico, mas também como evento cósmico que nos une ao universo e aos extraterrestres em contatos extraterrestres através dos seus fenômenos, como a telepatia onírica ou a hipnose telepática onírica que também é um evento alienígena, que pode ser causada por contaminação alienígena.
MOYERS: O que aprendemos com os nossos sonhos?
CAMPBELL: Você aprende sobre você mesmo.
MOYERS: Como fazer para prestar atenção aos nossos sonhos?
CAMPBELL: Tudo o que você tem a fazer é lembrar-se do sonho, logo em seguida, e passá-lo para o papel. Então, tome um detalhe do sonho, uma ou duas imagens ou idéias, e estabeleça associações com elas. Escreva o que lhe vier à mente, e faça isso outra vez e outra mais. Você verá que o sonho se baseia num conjunto de experiências que têm alguma espécie de significação em sua vida, e que você não sabia que o vinham influenciando. Em breve, o próximo sonho virá, em seqüência, e a sua interpretação avançará mais.
MATTANÓ: A interpretação do sonho pode ir mais além da simples interpretação
freudiana ou analítica, conforme estuda Mattanó em seus estudos sobre os sonhos que trazem novos elementos como o significado, o sentido, o conceito, o contexto, o comportamento, a funcionalidade, a simbologia, a linguagem, a topografia, as relações sociais, o insight e a gestalt, o evento onírico completo e o evento onírico incompleto. A interpretação de um sonho pode vir também da telepatia onírica ou a hipnose telepática onírica que também é um evento alienígena, que pode ser causada por contaminação alienígena, estes eventos contaminam a psique do indivíduo que sonha com informações alienígenas ou de outros indivíduos de sua comunidade que enfrentam as mesmas adversidades comportamentais e terminam elaborando seus sonhos, conteúdo manifesto e conteúdo latente, e depois a sua interpretação.
MOYERS: Um homem me contou, certa vez, que nunca se lembrou de um sonho, até que se aposentou. De repente, não tendo para onde dirigir sua energia, começou a sonhar, a sonhar, a sonhar. Você acha que tendemos a subestimar o significado do sonho na sociedade moderna?
CAMPBELL: Desde a publicação de A interpretação dos sonhos, de Freud, tem havido um notório reconhecimento da importância dos sonhos. Mas mesmo antes disso já havia interpretação de sonhos. As pessoas tinham noções supersticiosas a respeito – por exemplo: “Alguma coisa vai acontecer porque eu sonhei que ia acontecer”.
MATTANÓ: O livro A interpretação dos sonhos, de Freud, inaugurou um novo sentido a
importância do estudo aos sonhos e ao tratamento mental por meio da sua análise e interpretação, antes só havia superstição sobre o tema.
MOYERS: Em que um mito é diferente de um sonho?
CAMPBELL: Ah, é que o sonho é uma experiência pessoal daquele profundo, escuro fundamento que dá suporte às nossas vidas conscientes, e o mito é o sonho da sociedade. O mito é o sonho público, e o sonho é o mito privado. Se o seu mito privado, seu sonho, coincide com o da sociedade, você está em bom acordo com seu grupo. Se não, a aventura o aguarda na densa floresta à sua frente.
MATTANÓ: O sonho é a experiência pessoal, o mito privado, o inconsciente pessoal. E o
mito é a experiência pública, o sonho público, o inconsciente coletivo. Para além dos sonhos e dos mitos temos a telepatia que é o sonho cósmico ou universal, o mito do universo, o inconsciente cósmico. Podemos acrescentar outros exemplos de mitos do universo, como o assobio de som metálico, o poder da música no universo, a música paranormal alienígena, as holografias, os agroglifos, as mandalas, os cloudglifos, a radiação gama, o magnetismo, a camuflagem, as naves alienígenas paranormais, por exemplo.
MOYERS: Então, se meus sonhos privados estão em acordo com a mitologia pública, eu tenho boas chances de uma vida saudável nessa sociedade. Mas se meus sonhos privados estão em descompasso com a mitologia pública...
CAMPBELL: ...você terá problemas. Se forçado a viver nesse sistema, você será um neurótico.
MATTANÓ: O segredo para se alinhar com as estrelas do universo é se alinhar com o
sonho pessoal e coletivo e através do sonho coletivo, por meio da espiritualidade você poderá vivenciar o universo em sua vida como uma bênção e não como uma invasão, assim você poderá ter melhores chances de compreender os poderes do espaço e da música no universo.
MOYERS: Mas não acontece de muitos visionários e mesmo líderes e heróis estarem muito perto dos limites da neurose?
CAMPBELL: Sem dúvida.
MOYERS: Como você explica isso?
CAMPBELL: São pessoas que se afastaram da sociedade que poderia protegê-los e ingressaram na floresta densa, no mundo do fogo e da experiência original. A experiência original é aquela que ainda não foi interpretada para você; assim, você tem que construir sua vida por você mesmo. Você pode encará-lo, ou não, e não precisa afastar se demais do caminho conhecido para se ver em situações muito difíceis. A coragem de enfrentar julgamentos e trazer todo um novo conjunto de possibilidades para o campo da experiência interpretável, para serem experimentadas por outras pessoas é essa a façanha do herói.
MATTANÓ: A trajetória do herói é justamente esta, a de trazer um novo conjunto de
possibilidades para serem interpretadas e vividas por outras pessoas, é esse o caminho dos nossos líderes, heróis e visionários que aceitaram sua jornada. É este caminho que trará paz e liberdade, seja por meio da guerra ou por meio da paz, com os seres alienígenas e promoverá a convivência ou a escravidão de uns sobre os outros neste mundo.
MOYERS: Você diz que os sonhos vêm da psique.
CAMPBELL: Não sei de onde mais eles poderiam vir. Eles vêm da imaginação, não vêm? A imaginação assenta na energia dos órgãos do corpo, que são os mesmos em todos os seres humanos. Como se origina de uma base biológica, a imaginação tende a produzir certos temas. Sonhos são sonhos. Existem certas características dos sonhos que podem ser enumeradas, não importa quem os esteja sonhando.
MATTANÓ: Os sonhos têm sua base biológica, neurológica, morfológica e fisiológica,
bioquímica, e até extraterrestre com atividade onírica telepática e até hipnótica e telepática, com um padrão de ondas cerebrais e têm uma base psicológica, de cunho vivido e experiencial, de cada indivíduo, de sua história de vida e de cada dia e de cada instante, do aqui-e-agora, e tem sua base social originada na cultura onde se insere o sonhador com sua linguagem e língua, com sua influência cultural, científica e educativa, política e esportiva, comunicacional, etc., mas têm também sua base global com a globalização e a queda dos muros que dividem as sociedades, as famílias e as pessoas, revelando a intimidade e a privacidade de uns para com os outros, mutuamente, num jogo social silencioso e mercadológico que gera economia, riquezas, desigualdade social e pobreza.
MOYERS: Penso no sonho como algo muito privado, enquanto o mito é algo muito público.
CAMPBELL: Em alguns níveis, um sonho privado se insere em temas verdadeiramente míticos e não pode ser interpretado senão em analogia com o mito. Jung fala de duas ordens de sonho, o sonho pessoal e o sonho arquetípico, ou o sonho com dimensão mítica. Você pode interpretar um sonho pessoal por associação, deduzindo o que ele diz sobre sua própria vida, ou em relação a seus problemas pessoais. Mas a qualquer momento surge um sonho que é puro mito, que contém um tema mítico, ou, como se diz, que provém do Cristo interior.
MATTANÓ: Os sonhos dizem respeito do pessoal, dos problemas pessoais, e do coletivo
ou do arquetípico quando abordam temas míticos, que provêm do Cristo interior, mas temos também os sonhos cósmicos que tratam de temas como contatos com extraterrestres e inteligência alienígena, dos eventos extraterrestres, dos poderes do espaço e do poder da música no universo, estes falam do universo, do cosmos, do eterno retorno.
MOYERS: Da pessoa arquetípica dentro de nós, do “eu” arquetípico que somos.
CAMPBELL: Correto. Agora, existe um outro sentido, mais profundo, do tempo do sonho, o de um tempo que é não tempo, apenas um estado de ser que se prolonga. Existe um importante mito, da Indonésia, que fala dessa era mitológica e seu término. No início, de acordo com essa história, os ancestrais não se distinguiam, em termos de sexo. Não havia nascimentos, não havia mortes. Então uma imensa dança coletiva foi celebrada e no seu curso um dos participantes foi pisoteado até a morte, cortado em pedaços, e os pedaços foram enterrados. No momento daquela morte, os sexos se separaram, para que a morte pudesse ser, a partir de então, equilibrada pela procriação, procriação pela morte, pois das partes enterradas do corpo desmembrado nasceram plantas comestíveis. Tinha chegado o tempo de ser, morrer, nascer, e de matar e comer outros seres vivos, para a preservação da vida. O tempo sem tempo, do início, tinha terminado, por meio de um crime comunitário, um assassinato ou sacrifício deliberado.
Pois bem, um dos grandes problemas da mitologia é conciliar a mente com essa pré-condição brutal de toda vida, que sobrevive matando e comendo vidas. Você não consegue se ludibriar comendo apenas vegetais, tampouco, pois eles também são seres vivos. A essência da vida, pois, é esse comer se a si mesma! A vida vive de vidas, e a conciliação da mente e da sensibilidade humanas com esse fato fundamental é uma das funções de alguns daqueles ritos brutais, cujo ritual consiste basicamente em matar por imitação daquele primeiro crime primordial, a partir do qual se gestou este mundo temporal, do qual todos participamos. A conciliação entre a mente humana e as condições da vida é fundamental em todas as histórias da criação. Quanto a isso, todas se parecem muito.
MATTANÓ: Vemos nessas histórias que o papel da mitologia é conciliar a mente do
homem que tem que matar para comer e para viver, pois a vida vive de vidas, até mesmo dos vegetais, o homem e os alienígenas tem cantos e assobios de som metálico para celebrarem o sentimento de estarem vivos e a posteriori, ter que matar para comer, o poder da música no universo serve basicamente aos instintos originais dos seres vivos, inclusive dos homens e dos alienígenas, este dilema nos perseguem desde muito cedo em nossa história evolutiva, o ritual é basicamente matar por imitação e ingressar o iniciado na sociedade com o gesto primordial, a conciliação vem depois, vem com a realização do rito e a aceitação do mito, somos assim desde os primórdios da vida ritualizada. A vida também vive de ideias e de imagens e símbolos, temos que pensar para viver, para matar e depois para comer, o poder do pensamento no universo é basicamente o poder de se adaptar como ser vivo ao seu meio ambiente para viver e comer e depois, se reproduzir e a sua cultura, tecnologia, relações de poder e sociedade. A função básica do pensamento é viver e matar para comer, mas para viver, ter que construir uma sociedade fraterna e solidária, justa, seletiva, competitiva e evolutiva.
MOYERS: Considere a história da criação no Gênesis, por exemplo. Em que medida é semelhante a outras histórias?
CAMPBELL: Pois bem, leia você o Gênesis, e eu lerei histórias da criação em outras culturas, e então veremos.
MOYERS: Gênesis l: “No início Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia, e a escuridão vagava sobre a face do abismo”.
CAMPBELL: Esta vem da “Canção do mundo”, uma lenda dos índios pima, do Arizona: “No início havia apenas escuridão por toda parte escuridão e água. E a escuridão se reuniu e se tornou espessa em alguns lugares, acumulando se e então separando se, acumulando e separando...”
MOYERS: Gênesis 1: “E o espírito de Deus se moveu sobre a face das águas. E Deus
disse: ‘Faça se a luz’, e a luz se fez”.
CAMPBELL: Esta vem dos Upanixades hindus, por volta do século VIII a.C.: “No início, havia apenas o grande Uno refletido na forma de uma pessoa. Ao refletir, não encontrou nada além de si mesmo. Então, sua primeira palavra foi: ‘Este sou eu’”.
MOYERS: Gênesis 1: “Então Deus criou o homem à sua própria imagem, à imagem de
Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: ‘Sede férteis e multiplicai vos’”.
CAMPBELL: Esta agora é de uma lenda dos bassari, povo da África ocidental: “Unumbotte fez um ser humano. Seu nome era Homem. Em seguida, Unumbotte fez um antílope, chamado Antílope. Unumbotte fez uma serpente, chamada Serpente... E Unumbotte lhes disse: ‘A terra ainda não foi preparada. Vocês precisam tornar macia a terra em que estão sentados’. Unumbotte deu lhes sementes de todas as espécies e disse: ‘Plantem-nas’.”
MOYERS: Gênesis 2: “Então os céus e a terra ficaram prontos, e todos os seus hóspedes. E no sétimo dia Deus terminou o trabalho que tinha realizado...”
CAMPBELL: Agora outra vez dos índios pima: “Eu faço o mundo e eis que o mundo está terminado. Então eu faço o mundo, e eis! O mundo está terminado”.
MOYERS: Gênesis 1: “E Deus viu tudo o que tinha feito e eis que tudo era bom”.
CAMPBELL: E dos Upanixades: “Então ele se deu conta, Eu verdadeiramente, Eu sou esta criação, pois Eu a retirei de mim mesmo. Desse modo, ele se tornou a sua criação. Em verdade, aquele que conhece isso se torna, nessa criação, um criador”.
Aí está a chave. Quando você sabe isso se identifica com o princípio criativo, que é o poder de Deus no mundo, quer dizer, dentro de você. Isso é belo.
MATTANÓ: Então a criação está dentro de cada um de nós mesmos, só precisamos
descobri-la, desvendá-la, reconhecê-la para que a própria criação aconteça ou se faça por si só! Este é o sentido da criação, reconhecer a criação, e não a criatura ou a coisa, reconhecer-se como um criador! Reconhecer a criação é reconhecer o poder da música e do pensamento no universo, o poder do canto humano e do assobio de som metálico alienígena, o poder das ideias humanas e dos seus símbolos, e o poder da telepatia, das holografias, dos agroglifos, das mandalas, dos cloudglifos, da radiação gama, do magnetismo, da camuflagem, das naves alienígenas paranormais, da música alienígena, do hipnose alienígena, da ciência alienígena, do comportamento alienígena, da sociedade alienígena, das abduções alienígenas, da terraformatação, dos fenômenos paranormais nos veículos de comunicação de massa e dirigida como televisão, rádio, telefone, celular, internet e interfone, e até fora do espaço, em satélites e na estação espacial, por exemplo.
MOYERS: Mas o Gênesis continua: “‘Vós comestes da árvore da qual ordenei que não
comêsseis?’ O homem disse: ‘A mulher que me destes para estar comigo, essa mulher me deu o fruto da árvore e eu comi’. Então o Senhor Deus disse à mulher: ‘Que fizestes vós?’
E a mulher disse: ‘A serpente me enganou e eu comi’”.
Isso de transferir responsabilidades começou muito cedo.
CAMPBELL: É verdade, e foi muito severo com as serpentes. A lenda bassari continua no mesmo caminho. “Um dia a Serpente disse: ‘Nós também devíamos comer desses frutos. Por que devemos ficar com fome?’ O Antílope disse: ‘Mas não sabemos nada desse fruto’. Então o Homem e sua mulher colheram alguns frutos e comeram-nos. Unumbotte desceu do céu e perguntou: ‘Quem comeu o fruto?’ Eles responderam: ‘Nós comemos’.
Unumbotte perguntou: ‘Quem lhes disse que podiam comer desse fruto?’ Eles
responderam: ‘A Serpente disse’.” E praticamente a mesma história.
MOYERS: O que você conclui daí – nessas duas histórias, os protagonistas apontam um terceiro como o iniciador da Queda, não é?
CAMPBELL: Sim, mas acontece que nas duas é a serpente. Em ambas as histórias, a serpente é o símbolo da vida desfazendo-se do passado e continuando a viver.
MOYERS: Por quê?
CAMPBELL: O poder da vida leva a serpente a se desfazer de sua pele, exatamente como a lua se desfaz da própria sombra. A serpente se desfaz da pele para renascer, assim como a lua se desfaz da sombra para renascer. São símbolos equivalentes. Às vezes a serpente é representada como um círculo, comendo a própria cauda. É uma imagem da vida. A vida se desfaz de uma geração após outra, para renascer. A serpente representa a energia e a consciência imortais, engajadas na esfera do tempo, constantemente atirando fora a morte e renascendo. Existe algo extremamente horrível na vida, quando você a encara desse modo. Com isso, a serpente carrega em si o sentido da fascinação e do terror da vida, simultaneamente.
Além disso, a serpente representa a função primária da vida, sobretudo comer. A vida consiste em comer outras criaturas. Você não pensa muito a respeito quando faz uma boa refeição, mas o que está fazendo é comer algo que há pouco estava vivo. E quando você olha para a bela natureza e vê os passarinhos saltitando daqui para ali... eles estão comendo coisas. Você vê as vacas pastando, elas estão comendo coisas. A serpente é um canal alimentar que se move, isso é tudo. Ela lhe dá aquela sensação primária de espanto, da vida em sua condição mais primitiva. Não há absolutamente o que discutir com esse animal. A vida vive de matar e comer a si mesma, rejeitando a morte e renascendo, como a lua. Este é um dos mistérios que aquelas formas simbólicas, paradoxais, tentam representar.
Agora, em muitas culturas é dada uma interpretação positiva à serpente. Na Índia, mesmo a mais venenosa das serpentes, a naja, é um animal sagrado, e a mitológica Serpente Rei é quem está ao lado do Buda. A serpente representa o poder da vida, engajado na esfera do tempo, e o da morte, não obstante eternamente viva. O mundo não é senão a sua sombra – a pele rejeitada.
A serpente também era reverenciada nas tradições dos índios americanos. Era concebida como um meio muito importante de se fazer amigos. Vá aos pueblos, por exemplo, e observe a dança da serpente, dos hopi, em que eles tomam as serpentes na boca, usam nas para fazer amigos e depois mandam-nas de volta para as colinas. Elas são mandadas de volta para levar a mensagem humana às colinas, assim como tinham trazido a mensagem das colinas aos homens. A interação do homem com a natureza está representada nessa relação com a serpente. A serpente flui como a água e por isso é aquática, mas sua língua continuamente dispara fogo. Assim você tem aí o par de opostos, reunidos na serpente.
MATTANÓ: A serpente representa a função primária da vida, sobretudo o comer, por isso ela está associada a tentação de Eva na Bíblia e a outras tentações em outras mitologias, ela representa a imagem da vida comendo a própria cauda e se desfazendo da sua própria casca para renascer, ela simboliza o terror da vida, de ter que se alimentar da própria vida, da vida de outros seres vivos, a serpente flui como a água por isso ela é aquática e ela cospe fogo ou veneno mortal, representando a interação do homem com a natureza, da vida com a morte. O homem em interação com o espaço substitui a serpente pelos alienígenas que fluem pelo cosmos livremente, e que tem um cérebro mortal em interação ao nosso, mas que aparentemente não são assassinos, mas se demonstram sedutores, pois possuem holografias, assobios com som metálico, comunicação por telepatia, músicas paranormais, mandalas paranormais, radiação ionizante, agroglifos, cloudglifos, naves paranormais, submarinos que voam e alcançam o espaço e são paranormais, controle paranormal de nossas tecnologias e instrumentos de comunicação, de transporte, de navegação e militares, camuflagem paranormal, uma ciência alienígena muito mais avançada que a nossa, um alfabeto alienígena.
MOYERS: Na história cristã a serpente é o sedutor.
CAMPBELL: Isso representa a recusa em afirmar a vida. Na tradição bíblica que herdamos, a vida é corrupta e todo impulso natural é pecaminoso, a menos que tenha havido circuncisão ou batismo. A serpente é aquele ser que trouxe o pecado ao mundo. E a mulher é quem ofereceu a maçã ao homem. Essa identificação da mulher com o pecado, da serpente com o pecado, e portanto da vida com o pecado, é um desvio imposto à história da criação, no mito e na doutrina da Queda, segundo a Bíblia.
MATTANÓ: A serpente assim como os alienígenas trazem o pecado ao mundo, oferecem a maçã ao homem, uma vida com o pecado, um desvio imposto à história da criação? Seria o assobio de som metálico alienígena a nova maçã da história da criação? Só Deus é capaz de unir espiritualmente os alienígenas inteligentes aos seres humanos, só assim o mundo, o planeta Terra terá a paz se os alienígenas inteligentes buscarem a Deus, como nós buscamos em nossos ritos, pois assim teremos o mesmo ideal, o mesmo Pai! O mesmo Criador e Senhor! Nossa música será semelhante, talvez a mesma ou do mesmo universo, quero dizer, de uma mesma produção cognitiva, intelectual e artística, comunicativa! O que nos define é a rivalidade sexual, é pois ela quem produz o pecado e a história da criação, seja ela alienígena ou não!
MOYERS: A idéia da mulher como pecadora aparece em outras mitologias?
CAMPBELL: Não, não tenho referência disso em parte alguma. O que mais se aproxima talvez seja Pandora, com a caixa de Pandora, mas não se trata de pecado, é apenas confusão. A idéia, na tradição bíblica da Queda, é que a natureza, como a conhecemos, é corrupta, o sexo em si é corrupto, e a fêmea, como epítome do sexo, é um ser corruptor. Por que o conhecimento do bem e do mal foi proibido a Adão e Eva? Sem esse conhecimento, seríamos todos um bando de bebês, ainda no Éden, sem nenhuma participação na vida. A mulher traz a vida ao mundo. Eva é a mãe deste mundo temporal. Anteriormente, você tinha um paraíso de sonho, ali no jardim do Éden – sem tempo, sem nascimento, sem morte, sem vida. A serpente, que morre e ressuscita, largando a pele para renovar a vida, é o senhor da árvore primordial, onde tempo e eternidade se reúnem. A serpente, na verdade, é o primeiro deus do jardim do Éden. Jeová, o que caminha por ali no frescor da tarde, é apenas um visitante. O Jardim é o lugar da serpente. Esta é uma velha, velha história. Existem sinetes sumerianos, que remontam a 3500 a.C., mostrando a serpente, a árvore e a deusa, e esta oferecendo o fruto da vida ao visitante masculino. A velha mitologia da deusa está toda aí.
Agora, eu vi uma coisa fantástica num filme, muitos anos atrás, uma sacerdotisa serpente birmanesa, que tinha de trazer chuva ao seu povo, abrindo caminho montanha acima, chamando o rei naja para fora da sua toca, na realidade, beijando-o três vezes no nariz. Lá estava a naja, o doador da vida, o doador da chuva, como figura divina positiva e não negativa.
MATTANÓ: A ideia de que a mulher traz o pecado justifica-se por causa do sexo, do ser corrompido, pois essa ideia é fruto da rivalidade sexual de nossa espécie que produz conhecimento e vida, que gera um bebê eterno encarnado em Adão e Eva, para o jardim do Éden, mas alguém com vida, que cresce e vive, morre e ressuscita, que caminha no lugar da serpente, a serpente vive nesse lugar e o próprio Deus é um visitante, a deusa desse lugar é a serpente e em vista disso ocorre a tentação e o conhecimento do bem e do mal com o fruto proibido, com a corrupção, com o pecado. A mulher é instrumento da serpente, mas depois torna-se instrumento de Deus para a vinda de Jesus Cristo e para a vinda do Amor de Deus ao mundo. A vinda de Deus ao mundo também é marcada pela rivalidade sexual do Homo Sapiens em seu mundo e no universo.
MOYERS: Mas como você explica a diferença entre essa imagem e a imagem da serpente no Gênesis?
CAMPBELL: Existe, na realidade, uma explicação histórica baseada na chegada dos hebreus a Canaã e na subjugação do povo de Canaã. A principal divindade desse povo era a Deusa, e, associada à Deusa, estava a serpente. Este é o símbolo do mistério da vida. Os hebreus, orientados na direção do deus masculino, rejeitaram isso. Em outras palavras, existe uma rejeição histórica da Deusa Mãe, implícita na história do jardim do Éden.
MOYERS: Essa história parece ter prestado à mulher um grande desserviço, atribuindo-lhe a responsabilidade pela Queda. Por que recaiu sobre as mulheres a responsabilidade pela Queda?
CAMPBELL: Elas representam a vida. O homem não chega à vida senão através da mulher; é a mulher, portanto, que nos traz a este mundo de pares de opostos e de sofrimento.
MATTANÓ: A mulher é o símbolo que representa a vida e o seu oposto, o sofrimento, por isso recaiu sobre elas a responsabilidade pela Queda, que é justamente uma rejeição histórica da Deusa Mãe, implícita na história do jardim do Éden. O som do assobio metálico alienígena também representa a vida, a consciência e o conhecimento alienígenas e de alguma forma, o seu oposto, o sofrimento, representado pela Morte, que pode ser justamente a representação histórica do poder do universo e do poder música no universo, implícitos nas histórias alienígenas de viagens intergalácticas e espaciais, o representante do jardim do Éden para a Criação da vida.
MOYERS: Que é que o mito de Adão e Eva nos diz sobre os pares de opostos? Que é que significa?
CAMPBELL: A coisa começou com o pecado – em outras palavras, com o abandono do mundo mitológico de sonhos do jardim do Paraíso, onde não há tempo e onde o homem e a mulher sequer sabem que são diferentes um do outro. Ambos são apenas criaturas. Deus e homem são praticamente o mesmo. Deus caminha no frescor da tarde no jardim onde eles estão. Aí eles comem a maçã, o conhecimento dos opostos. E quando descobrem que são diferentes, homem e mulher cobrem suas vergonhas. Como você vê, eles não pensaram em si mesmos como opostos. Macho e fêmea constituem uma oposição. Outra oposição é entre o homem e Deus. Deus e o mal é uma terceira oposição. As oposições primárias são a sexual e aquela entre seres humanos e Deus. Então surge a idéia de bem e mal no mundo. Assim, Adão e Eva se expulsaram a si mesmos do jardim da Unidade Atemporal, você pode dizer assim, pelo simples fato de haverem reconhecido a dualidade. Saindo para o mundo, você tem de agir em termos de pares de opostos.
Existe uma imagem hindu que mostra um triângulo, que é a Deusa Mãe, e um ponto no centro do triângulo, que é a energia do transcendente ingressando na esfera do tempo. Então, a partir desse triângulo, formam se pares de triângulos em todas as direções. Do um provêm dois. Todas as coisas, na esfera do tempo, são pares de opostos. Assim, essa é a mudança de consciência, da consciência da identidade para a consciência de participação na dualidade. E então você se encontra na esfera do tempo.
MATTANÓ: O reconhecimento da dualidade começou quando macho e fêmea constituem uma oposição, depois entre homem e Deus, finalmente entre Deus e o mal, e agora entre Deus e os extraterrestres. Podemos discriminar Deus dos alienígenas através do seu comportamento, linguagem e poder, se ele se locomove com o auxílio de esferas luminosas ou discos voadores, se ele contamina seus videntes de radiação e tenta abduzi-los, se faz experiências científicas dolorosas com seus videntes, se tortura seus videntes, se comunica-se através de holografias e assobios de som metálico com seus videntes, por exemplo.
MOYERS: Estará a história tentando dizer que, antes do que aconteceu nesse Jardim para nos destruir, havia a unidade da vida?
CAMPBELL: É uma questão de planos de consciência. Não tem nada a ver com o que tenha acontecido. Existe o plano de consciência em que você pode se identificar com o que transcende os pares de opostos.
MATTANÓ: O par de opostos, homem e mulher, donde o homem depende da mulher para se reproduzir retrata que o homem não chega a vida senão através da mulher, já a consciência transcende a esse par de opostos gerando uma unidade da vida. É pois, a consciência quem ativa o self e nos dá o conhecimento para manipularmos e ajustarmos os dados do assobio com som metálico, das holografias, das camuflagens, da paranormalidade, da telepatia, de cura paranormal alienígena, da sociedade alienígena, por exemplo.
MOYERS: Que vem a ser...?
CAMPBELL: Inominável. Inominável. Transcende todos os nomes.
MOYERS: Deus?
CAMPBELL: “Deus” é uma palavra ambígua, em nossa língua, pois parece referir alguma coisa conhecida. Mas o transcendente é desconhecido e incognoscível. Deus, em suma, transcende qualquer coisa, mesmo o nome “Deus”. Deus está além de nomes e formas. Mestre Eckhart disse que a suprema e mais alta renúncia é abandonar Deus por Deus, abandonar a noção de Deus por uma experiência daquilo que transcende a todas as noções.
O mistério da vida está além de toda concepção humana. Tudo o que conhecemos é limitado pela terminologia dos conceitos de ser e não ser, plural e singular, verdadeiro e falso. Sempre pensamos em termos de opostos. Mas Deus, o supremo, está além dos pares de opostos, já contém em si tudo.
MATTANÓ: Devemos acreditar que muito além do nome ¨Deus¨ está o transcendente desconhecido e incognoscível, inominável. Deus, o que já contém tudo em si, está além dos pares de opostos. Deus contém até mesmo os conceitos e a realidade alienígena, a realidade do universo, do espaço, do cosmos, da criação, do som e da luz, dos raios cósmicos, da matéria, das viagens através do universo, dos buracos de minhoca, das dobras espaciais, da paranormalidade, do poder da mente, do poder da regeneração, será que Deus se regenera ou o universo se regenera? Deus está acima dos opostos! Está acima da degeneração, por isso Deus se regenera!?
MOYERS: Por que pensamos em termos de opostos?
CAMPBELL: Porque não podemos pensar de outro modo.
MOYERS: Essa é a natureza da realidade em nosso tempo.
CAMPBELL: Essa é a natureza de nossa experiência da realidade.
MATTANÓ: Nossa natureza vive em conflito numa dualidade permanente entre vida e morte, amor e ódio, homem e mulher, Deus e o diabo, o puro e o impuro, etc.. Nossa natureza é diferente da natureza de Deus, os alienígenas também têm uma natureza diferente de Deus, eles tem seus conflitos, suas dualidades, seus pares de opostos, por isso são cientistas e investigadores, já Deus está além dos opostos, tudo a ele pertence, até o inconciliável quando nos chocamos com culturas alienígenas e seus deuses alienígenas ou mais alienígenas do que os nossos deuses!
MOYERS: Homem mulher, vida morte, bem mal...
CAMPBELL: ...eu e você, isto e aquilo, verdadeiro e falso – tudo tem o seu oposto. Mas a mitologia sugere que sob essa dualidade existe uma singularidade em relação à qual a dualidade desempenha um papel de jogo de sombras. “A eternidade está apaixonada pela produção do tempo”, diz o poeta Blake.
MOYERS: Que significa isso de a eternidade estar apaixonada pela produção do tempo?
CAMPBELL: A fonte da vida temporal é a eternidade. A eternidade se derrama a si mesma no mundo. É a idéia mítica, básica, do deus que se torna múltiplo em nós. Na índia, o deus que repousa em mim é chamado o “habitante” do corpo. Identificar-se com esse aspecto divino, imortal, de você mesmo é identificar-se com a divindade.
Ora, a eternidade está além de todas as categorias de pensamento. Este é um ponto fundamental em todas as grandes religiões do Oriente. Nosso desejo é pensar a respeito de Deus. Deus é um pensamento. Deus é um nome. Deus é uma idéia. Mas sua referência é a algo que transcende a todo pensamento. O supremo mistério de ser está além de todas as categorias de pensamento. Como Kant disse, a coisa em si é não coisa. Transcende a coisidade e vai além de tudo o que poderia ser pensado. As melhores coisas não podem ser ditas porque transcendem o pensamento. As coisas um pouco piores são mal compreendidas, porque são os pensamentos que supostamente se referem àquilo a respeito de que não se pode pensar. Logo abaixo dessas, vêm as coisas das quais falamos. E o mito é aquele campo de referência àquilo que é absolutamente transcendente.
MATTANÓ: A eternidade e o poder da música no universo, do som do assobio metálico alienígena que produz o nosso tempo através do nosso pensamento que cria e condiciona o comportamento a ponto de crer em Deus, mesmo sabendo que o supremo mistério é estar além de todas as categorias de pensamento, ou seja, Deus está além do pensamento, porque transcende ao pensamento e os efeitos visados com a força do assobio de som metálico alienígena, ou seja, seus eventos ou atos ilocucionários e eventos ou atos perlocucionários.
MOYERS: Aquilo que não pode ser conhecido ou nomeado, exceto através de nossa débil tentativa de traduzi-lo em palavras.
CAMPBELL: A suprema palavra, em nossa língua, para o transcendente é Deus. Mas aí você tem um conceito, percebe? Você pensa em Deus como o pai. Agora, nas religiões em que o deus ou o criador é a mãe, o mundo inteiro é o corpo dela. Fora daí não há nada. O deus masculino geralmente está em alguma outra parte. Mas masculino e feminino são dois aspectos de um só princípio. A divisão da vida em sexos foi uma divisão tardia. Biologicamente, a ameba não é macho nem fêmea. As células primitivas são apenas células. Elas se dividem e se tornam duas por reprodução assexual. Não sei em que estágio a sexualidade aparece, mas é um estágio tardio. Eis por que é absurdo falar em Deus como deste ou daquele sexo. O poder divino é anterior à separação sexual.
MATTANÓ: Deus esta em todas as coisas e transcende ao pensamento, é a suprema
palavra, não pode nem mesmo ser sexualizado, a suprema palavra nasce de uma suprema melodia, do poder da música, do poder da música no universo, pois o poder divino é anterior à divisão sexual, desta forma esse poder divino não pode ser humanizado e nem atribuído a alienígenas pois é anterior a eles, mesmo havendo música e sonoridade entre humanos e alienígenas, pois Deus transcende o pensamento, a Criação e a Palavra com a Suprema Melodia.
MOYERS: Mas não é o único meio de que o ser humano dispõe para tatear essa imensa idéia e consignar-lhe uma linguagem que ele ou ela entenda? Deus, ele, Deus, ela...
CAMPBELL: Sim, mas você compreende mal se pensa na coisa como um ele ou ela. O ele ou ela é um trampolim para lançar você na direção do transcendente, e transcendente significa “transcender”, ir além da dualidade. Tudo na esfera de tempo e espaço é dual. A encarnação aparece ou como macho ou como fêmea, e cada um de nós é a encarnação de Deus. Você nasce com apenas um aspecto da sua verdadeira dualidade metafísica, pode-se dizer. Isso está representado nas religiões dos mistérios, em que o indivíduo progride através de uma série de iniciações, que abrem o seu interior para uma profundidade de si mesmo cada vez maior, até que chega um momento em que se dá conta de que é, ao mesmo tempo, mortal e imortal, macho e fêmea.
MATTANÓ: Temos assim um desencadeamento na direção do transcendente através do ele ou ela, que seria justamente, uma encarnação de Deus. Essa encarnação participa dos mitos e ritos de iniciação onde o indivíduo avança em seu interior em profundidade de si mesmo, até compreender que é, ao mesmo tempo, mortal e imortal, ele e ela, macho e fêmea, contudo, a partir do poder da Melodia na Criação e da música no universo e do poder da Palavra que tudo Criam.
MOYERS: Você acha que chegou a existir um lugar como o Jardim do Éden?
CAMPBELL: Claro que não. O Jardim do Éden é uma metáfora para aquela inocência que desconhece o tempo, desconhece os opostos e vem a ser o centro primordial a partir do qual a consciência se dá conta das mudanças.
MATTANÓ: Certamente o Jardim do Éden é aquele centro primordial da nossa vida psíquica, comportamental e social onde a consciência se dá conta das mudanças ocorridas pela perda da inocência diante do tempo, o tempo é sinônimo de pecado e de tentação, de um poder, como o poder da música no universo, que através de um protosself e um tronco cerebral produzem imagens num mapa cerebral, com imagens reais, que governam e modelam suas ações e comportamentos no tempo e no espaço para que adquiram um conhecimento, ou seja, uma consciência de que o corpo se corrompe.
MOYERS: Mas se existe na idéia do Éden essa inocência, o que acontece com ela? Não está ela abalada, dominada e corrompida pelo medo?
CAMPBELL: É isso mesmo. Há uma história maravilhosa sobre o deus da Identidade, que
disse: “Eu sou”. E assim que disse “Eu sou”, teve medo.
MOYERS: Por quê?
CAMPBELL: Porque passou a ser uma entidade, no tempo. Então pensou: “De que eu poderia ter medo, se sou a única coisa que existe?” E assim que o disse, sentiu-se solitário, e quis que houvesse outro, ali, e então sentiu desejo. Aí cindiu-se, dividiu-se em dois, tornou-se macho e fêmea, e originou-se o mundo.
Medo é a primeira experiência do feto no útero. Há um psiquiatra checoslovaco, Stanislav Grof, vivendo agora na Califórnia, que por muitos anos tratou pessoas com LSD. E descobriu que muitos reviviam a experiência do nascimento e, nesse reviver, o primeiro estágio era o do feto no útero, sem nenhuma consciência de “eu” ou de ser. Então, imediatamente antes do nascimento, começa o ritmo do útero e aí surge o terror! Medo é a primeira coisa, a coisa que diz “eu”. Então advém o terrível estágio de nascer, a difícil passagem através do canal do nascimento, e então... meu Deus, a luz! Você pode imaginar isso? Não é desconcertante que isso repita exatamente o que o mito narra – que a Identidade disse “Eu sou”, e imediatamente sentiu medo? E aí, quando se deu conta de que estava só, sentiu desejo de outro e se tornou dois. E a irrupção, no mundo, da luz e dos pares de opostos.
MATTANÓ: A ideia do Éden promove a consciência e a consciência, promove o som, e o descortinar do poder da música no universo, do poder do assobio metálico alienígena, do poder do canto dos seres vivos e do próprio Homo Sapiens, pois o corpo se corrompe e desencadeia o sentimento de medo quando o indivíduo se percebe que é só e sente a partir daí desejo de outro e se torna dois, o par de opostos, o par de opostos também é vivido na música entre o artista e a plateia que desfruta de uma consciência para significar e dar sentido a música ou ao assobio de som metálico alienígena. A consciência armazena alguma forma de conhecimento e de realidade que pode tomar conta do Zeitgeist.
MOYERS: O que diz o mito a respeito de termos tantas coisas em comum, muitas dessas histórias contendo elementos semelhantes – o fruto proibido, a mulher? Por exemplo, esses mitos, essas histórias da criação, contêm um “não farás”. O homem e a mulher se rebelam contra essa proibição e se afastam, por sua conta. Depois de ler sobre essas coisas durante
anos e anos, ainda estou perplexo com as similaridades que existem em culturas tão afastadas.
CAMPBELL: Há um motivo padrão do conto folclórico chamado “A coisa proibida”. Lembra-se do Barba Azul, que diz à mulher: “Não abra aquele armário”? E aí sempre há alguém que desobedece. Na história do Velho Testamento, Deus aponta para a coisa proibida. Ora, Deus com certeza sabia muito bem que o homem ia comer o fruto proibido. Mas só procedendo assim é que o homem poderia se tornar o iniciador de sua própria vida. A vida, na realidade, começou com aquele ato de desobediência.
MATTANÓ: Os elementos semelhantes dessas histórias como o fruto proibido servem para apontar a coisa proibida que será, querendo ou não, desobedecida. É a desobediência o fator iniciador da própria vida, seja em Adão e Eva, seja nos contos ou nos mitos. Provavelmente será a desobediência que levará o ser humano a coisa proibida alienígena, ou seja, ao contato imediato com alienígenas, a busca de consciência alienígena, como em Adão e Eva que buscaram a consciência humana com a tentação da serpente, do próprio mal. Da mesma forma será através do proibido que o homem regará seu jardim e dançará ao som da melodia alienígena ouvindo suas histórias e contos, fantasias e loucuras espaciais, que retratam a desobediência e o fator inicial da vida, a cultura do herói e do penitente que se converte e se cura, se supera para trazer uma mensagem, mesmo que do espaço e alienígena, pois vivemos no espaço, entre alienígenas, não há como fugir disto, o planeta Terra está entre planetas alienígenas num universo alienígena, ou seja, o universo nunca será humano, mas sim um produto da desobediência humana que cria e recria a própria vida, como em Adão e Eva, com a ajuda de Deus.
MOYERS: Como você explica essas similaridades?
CAMPBELL: Há duas explicações. Uma é que a psique humana é essencialmente a mesma, em todo o mundo. A psique é a experiência interior do corpo humano, que é essencialmente o mesmo para todos os seres humanos, com os mesmos órgãos, os mesmos instintos, os mesmos impulsos, os mesmos conflitos, os mesmos medos. A partir desse solo comum, constitui-se o que Jung chama de arquétipos, que são as idéias em comum dos mitos.
MOYERS: Que são arquétipos?
CAMPBELL: São idéias elementares, que poderiam ser chamadas idéias “de base”. Jung falou dessas idéias como arquétipos do inconsciente. “Arquétipo” é um termo mais adequado, pois “idéia elementar” sugere trabalho mental. Arquétipo do inconsciente significa que vem de baixo. A diferença entre os arquétipos junguianos do inconsciente e os complexos de Freud é que aqueles são manifestações dos órgãos do corpo e seus poderes. Os arquétipos têm base biológica, enquanto o inconsciente freudiano é uma acumulação de experiências traumáticas reprimidas no curso de uma vida individual. O inconsciente freudiano é um inconsciente pessoal, biográfico. Os arquétipos do inconsciente de Jung são biológicos. O aspecto biográfico é secundário, no caso.
Em todo o mundo e em diferentes épocas da história humana, esses arquétipos, ou idéias elementares, apareceram sob diferentes roupagens. As diferenças nas roupagens decorrem do ambiente e das condições históricas.
São essas diferenças que o antropólogo se esforça por identificar e comparar.
Agora, existe também a contrateoria da difusão, que pretende dar conta da similaridade dos mitos. Por exemplo, a arte de lavrar o solo avança a partir da área em que se desenvolve primeiro, levando consigo uma mitologia que tem a ver com a fertilização da terra, com plantar e cultivar plantas alimentícias – mitos como aquele antes descrito, de matar uma divindade, cortá-la em pedaços, enterrar as partes, e daí o crescimento das plantas alimentícias. Um mito desse tipo acompanhará uma tradição agrária ou lavradora. Mas você não o encontrará numa cultura voltada para a caça. Assim, há aspectos tanto históricos como psicológicos nessa questão da similaridade dos mitos.
MATTANÓ: Como vemos temos os processos biológicos ou arquetípicos que são herdados geneticamente através da nossa descendência e história como espécie e temos os processos psicológicos ou inconscientes que são herdados através da experiência individual durante a vida de cada indivíduo e temos, ainda os processos míticos que são aqueles que são herdados através da tradição de cada povo, de cada cultura como o poder da música no universo e do assobio de som metálico alienígena, estamos herdando tanto processos históricos quanto psicológicos nesse debate de similaridade dos mitos, ou seja, os mitos são similares, pois herdam e comunicam processos arquetípicos e psicológicos ou inconscientes no mesmo canal de transmissão, os ritos. Os arquétipos tem base biológica e o inconsciente tem base de história de vida, individual e pessoal, porém os dois são herdados, a música tem sua base arquetípica e biológica, mas também tem sua parte inconsciente e pessoal, histórica e individual, ou seja, cantamos a mesma melodia biológica com instrumentos individuais diferentes e pessoais, seja qual for a espécie e o mundo ou planeta.
MOYERS: Os seres humanos endossam muitas dessas histórias de criação. À procura de quê você acha que estamos quando endossamos um desses mitos?
CAMPBELL: Acho que buscamos uma forma de experimentar o mundo, que nos abra para o transcendente que o enforma, e que ao mesmo tempo nos enforma, dentro dele. Isso é o que as pessoas querem. Isso é o que a alma pede.
MATTANÓ: Estamos dentro dos mitos e dos ritos ao mesmo tempo em que estamos fora deles, o transcendente nos revela essa dimensão, pois estamos inseridos num mundo já pronto, com regras e contingências preestabelecidas, com mitos e ritos preestabelecidos desde a nossa concepção, aos quais não temos poder para ritualiza-los na vida intrauterina, ou seja, a criança vai sendo inserida num mundo com ritos de forma passiva e só depois que se torna consciente e desenvolvida participa ativamente dos ritos de nossa sociedade, por isso ao mesmo tempo que estamos fora estamos dentro dos mitos e dos ritos. Ao mesmo tempo em que estamos fora biologicamente estamos dentro melodicamente e se insistimos em estar do lado de fora digo que continuamos do lado de dentro do mesmo universo com a mesma vida dividida e compartilhada entre irmãos e espécies de irmãos que precisam evoluir e ter o direito de evoluírem.
MOYERS: Quer dizer que buscamos uma espécie de acordo com o mistério que enforma a todas as coisas, isso que você chama de vasto chão de silêncio, que todos partilhamos?
CAMPBELL: Sim, mas não apenas para encontrá-lo e sim para encontrá-lo verdadeiramente em nosso ambiente, em nosso mundo – para reconhecê-lo. Para adquirir alguma espécie de aprendizagem que nos habilitará a experimentar a presença divina.
MATTANÓ: Para encontrar seus mitos e ritos você precisa de um vasto chão de silêncio, para reconhecê-lo, para ter aprendizagem passiva e depois ativa que nos habitará e fará experimentar o que todos partilhamos, a presença divina, a presença de seres de outros mundo, de seres alienígenas com poderes paranormais, com um assobio de som metálico e para partilharmos o poder da música no espaço, no universo e não somente no planeta Terra.
MOYERS: No mundo e em nós.
CAMPBELL: Na índia existe uma bela saudação, em que as palmas das mãos se juntam e você se inclina na direção da outra pessoa. Sabe o que isso significa?
MOYERS: Não.
CAMPBELL: A posição das palmas unidas – é o que fazemos quando rezamos, não é mesmo? Segundo essa saudação, o deus que está em você reconhece o deus que está no outro. Essa gente tem consciência da presença divina em todas as coisas. Quando entra num lar indiano, como convidado, você é recebido como uma deidade em visita.
MOYERS: Mas as pessoas que contaram essas histórias, que acreditaram nelas e agiram em função delas, não estariam fazendo perguntas mais simples? Não estariam perguntando, por exemplo, quem fez o mundo? Por que o mundo foi feito? Não serão estas as perguntas que essas histórias de criação estarão querendo formular?
CAMPBELL: Não. É através de respostas como aquela que eles se apercebem de que o criador está presente em todo o mundo. Você entende o que quero dizer? Essa história dos Upanixades, que acabamos de relembrar “Eu vejo que sou esta criação”, expressa o deus. Quando você se dá conta de que Deus é a criação, e que você é uma criatura, percebe que Deus está dentro de você, assim como dentro do homem ou mulher com quem você conversa. Assim se dá a conscientização de dois aspectos de uma divindade. Existe o motivo mitológico básico de que, na origem, tudo era um, e então houve a separação – céu e terra, macho e fêmea, e assim por diante. Como foi que perdemos contato com a unidade? Você pode dizer que a separação foi culpa de alguém – eles comeram o fruto errado ou dirigiram a Deus as palavras erradas, que o deixaram furioso e ele se afastou. Por isso, agora, o eterno de algum modo está longe de nós e temos de encontrar um meio de restabelecer contato com ele.
Existe um outro tema, no qual o homem é concebido como tendo vindo, não do alto, mas do útero da Terra Mãe. Freqüentemente, nessas histórias , há uma grande escada ou corda pela qual as pessoas sobem. Os últimos a querer se evadir são dois indivíduos grandes, muito gordos e pesados. Eles agarram a corda e, num estalo, ela se rompe. Assim ficamos separados de nossa fonte. Em certo sentido, por causa da nossa mentalidade, estamos de fato separados, e o problema é reatar a corda rompida.
MATTANÓ: O problema não é só reatar a corda que se rompe, ou buscar o perdão do Criador para aqueles que o deixaram furioso por terem comido o fruto errado ou dirigido palavras erradas, o problema é buscar dentro da sua própria história como espécie e como humanidade a reatá-la com o atual e o futuro de modo que, por exemplo, com o Amor a corda seja reatada, ou o perdão seja dado, pois nos dois casos, dos indivíduos gordos e pesados que ficaram separados de nossa fonte e no caso de Adão e Eva que provou o fruto proibido reencontraram a ajuda, o socorro e o perdão pois descobriram, todos, que os motivos eram o Amor e não outro motivo egoísta como o medo ou a inveja, o ódio ou a raiva e a ignorância, ou o pecado, mas o Amor que salvou os ¨filhos¨ dos indivíduos gordos e pesados deixando-os irem primeiro para a parte superior da Terra para viverem e serem salvos, e que salvou os ¨filhos¨ de Adão e Eva que conheceram o Amor, que conheceram a Jesus Cristo, que conheceram ao Pai Celestial e foram salvos pelo Amor. Jesus Cristo e o Amor são agora, Um só e conheceram o Pai Celestial que completa a Santíssima Trindade, que fica com o desafio de defender o planeta Terra de uma invasão alienígena e de uma destruição causada pela explosão de uma estrela, a estrela Betelgeuse, ou estamos marchando para o Apocalipse ou para muito além do Apocalipse, para uma Nova Era, onde conviveremos com o poder da música alienígena.
MOYERS: Às vezes penso que os homens e mulheres primitivos talvez contassem essas histórias apenas para se entreter.
CAMPBELL: Não, não são histórias de entretenimento. Sabemos que não são histórias de entretenimento porque só podem ser contadas em certas épocas do ano e sob certas condições.
Há duas ordens de mitos. Os grandes mitos, como o da Bíblia, por exemplo, são os mitos do templo ou dos grandes rituais sagrados. São explicativos dos ritos por meio dos quais as pessoas vivem em harmonia entre si e com o universo. É normal o entendimento dessas histórias como alegóricas.
MATTANÓ: Temos os grandes mitos como o da Bíblia e dos alienígenas como os do livro de Enoque que foi retirado da Bíblia e que servem para serem contados em certas épocas do ano e sob certas condições, não servem para entreter, explicam e constroem uma harmonia entre si e o universo, talvez preparassem o Homo Sapiens para lidar com o poder da música no universo e com o assobio de som metálico alienígena. Esses grandes mitos normalmente incapacitam distorções de significados, sentidos, conceitos, comportamentos, contextos, funcionalidades, simbologias, linguagens, relações sociais, gestalts, insights, sonhos e desejos, fantasias, conclusões e interpretações finais, pois são universais e já estão prontos, são imutáveis.
MOYERS: Você acha que os primeiros seres humanos que contaram a história da criação tinham alguma consciência intuitiva da natureza alegórica dessas histórias?
CAMPBELL: Sim. Eles o faziam como se fosse assim. A noção de que alguém literalmente
fez o mundo – isso é tido como artificialismo. E a maneira infantil de pensar: A mesa existe, logo alguém fez a mesa. O mundo aí está, logo alguém o terá feito. Existe um outro ponto de vista, que envolve emanação e precipitação sem personificação. Um som precipita ar, depois fogo, depois terra e água – e é assim que surge o mundo. Todo o universo está incluído nesse primeiro som, nessa vibração, que então conduz todas as coisas à fragmentação na esfera do tempo. Desse ponto de vista, não há ninguém lá fora que dissesse: “Que isto se faça”.
Em quase todas as culturas, há duas ou três histórias da criação e não apenas uma. Há duas na Bíblia, embora as pessoas as considerem somente uma. Você se lembra, no jardim do Éden, da história do capítulo 2: Deus pensa numa forma de entreter Adão, que ele tinha criado para ser seu jardineiro, para tomar conta do seu jardim. Esta é uma velha, velha história, tomada de empréstimo aos antigos sumerianos. Os deuses queriam alguém que tomasse conta do seu jardim e cultivasse os alimentos de que eles necessitavam, por isso criaram o homem. Este é o pano de fundo do mito dos capítulos 2 e 3, no Gênesis.
Mas o jardineiro de Jeová está entediado. Então Deus tenta inventar brinquedos para ele. Cria os animais, mas tudo o que o homem pode fazer é nomeá-los. Aí Deus concebe essa magnífica idéia de extrair do próprio corpo do homem a alma da mulher – que é uma história de criação muito diferente daquela do capítulo 1 do Gênesis, em que Deus criou Adão e Eva, juntos, à sua imagem, como macho e fêmea. Ali, Deus, ele próprio, é o andrógino primordial. A história do capítulo 2 é, de longe, mais antiga, tendo se originado, talvez, por volta do século VIII a.C., enquanto a do capítulo 1 provém de um assim chamado texto sacerdotal, de cerca do século IV a.C., ou mais tarde. Na história hindu da Identidade que sentiu medo, depois desejo e então dividiu se em dois, temos a contraparte do Gênesis 2. No Gênesis, é o homem, e não Deus, que se divide em dois.
A lenda grega, contada por Aristófanes no Banquete de Platão, é outra história dessa espécie. Aristófanes diz que, no início, havia criaturas compostas de partes que correspondem, agora, a dois seres humanos. Essas criaturas eram de três tipos: macho/fêmea, macho/macho e fêmea/fêmea. Os deuses, então, dividiram a todos em dois. Uma vez separados, tudo o que pensaram fazer foi abraçar-se uns aos outros, de novo, a fim de reconstituir as unidades originais. Por isso passamos nossas vidas tentando encontrar, para tornar a abraçar, nossas metades.
MATTANÓ: A mitologia compreende a criação como um desencadeamento de acontecimentos, como num ritual, até a divisão do macho/fêmea, também por meio de um ritual. Ou seja, a criação passa a ser entendida como um ritual e portanto como um mito. Da mesma forma deve ser entendida a música e o seu poder no universo, o poder do assobio e do assobio alienígena no universo, da melodia, como parte da criação, como parte de um ritual donde nascem mitos.
MOYERS: Você está sugerindo que a mitologia é o estudo de uma única grande história da espécie humana? Qual é essa grande história única?
CAMPBELL: Que nós procedemos de um só fundamento de ser, como manifestações na esfera do tempo. A esfera do tempo é uma espécie de jogo de sombras sobre um fundamento atemporal. Jogando o jogo na esfera da sombra, você empenha o seu lado da polaridade, com todo o vigor. Mas você sabe que o seu inimigo, por exemplo, é apenas o outro lado do que você poderia ver, enquanto você mesmo, caso pudesse situar-se numa posição medial.
MATTANÓ: A mitologia é o estudo da espécie humana na esfera do tempo, onde deslumbramos a filogênese, a ontogênese, o virtual, a cultura, a espiritualidade, a vida e o universo como contingências dessa espécie humana na esfera do tempo, e diante dessa esfera do tempo destaca-se a música e o seu poder no universo, o som do assobio alienígena e o som do canto humano, o som vocal e cantado dos animais e pássaros deste mundo que transformam este mundo num mundo de sons, assobios e cantos, de melodias.
MOYERS: Então a grande história única é nosso esforço para encontrar nosso lugar em cena?
CAMPBELL: Para entrar em acordo com a grande sinfonia que é o mundo, para colocar a harmonia do nosso corpo em acordo com essa harmonia.
MATTANÓ: A mitologia coloca o ser humano ou a espécie humana em relação com o mundo e o poder da música no universo, sobretudo com o poder do som do assobio alienígena através das contingências: a filogênese, a ontogênese, o virtual, a cultura, a espiritualidade, a vida e o universo, gerando e desenvolvendo significados e sentidos num mundo cada vez mais organizado e reorganizado, dependente de ciclos, como os ciclos sazonais e os ciclos circadianos, de modo a ditar as contingências, valores, perdas e ganhos, inconscientes e conscientes, para cada indivíduo em sua aventura num meio ambiente que governa e modela o seu corpo e o seu protosself com uma alça ressonante que promove seu bem-estar psíquico e comportamental, essa alça ressonante liga o corpo ao protosself que se vincula ao tronco cerebral que gera um mapa cerebral que imita a realidade perfeitamente através de um self central que imita os objetos e seus movimentos e de um self autobiográfico que imita sua biografia, ou seja, que é responsável pela sua autobiografia, que por sua vez nos possibilita a consciência, o conhecimento, a realidade, a homeostase e a construção de significados e de sentidos para a formação de uma cultura – a mitologia tem este poder!
MOYERS: Quando leio essas histórias, qualquer que seja a cultura ou origem, tenho uma sensação de maravilhamento diante do espetáculo da imaginação humana, tateando, na tentativa de compreender esta existência, investindo em sua breve jornada tão transcendentes possibilidades. Isso já lhe aconteceu?
CAMPBELL: Eu penso na mitologia como a pátria das Musas, as inspiradoras da arte, as inspiradoras da poesia. Encarar a vida como um poema, e a você mesmo como o participante de um poema, é o que o mito faz por você.
MATTANÓ: O mito da música e do seu poder no universo, do som do assobio alienígena e do canto dos seres vivos, torna você participante de uma esfera inspiradora como a da arte e da poesia ou da música, o mito faz você participar da arte, da poesia e da música, ou mesmo da telenovela, do teatro e do cinema, até mesmo do som do assobio alienígena tentando imitá-lo ou reproduzi-lo, gravando-o ou recriando-o.
MOYERS: Um poema?
CAMPBELL: Quer dizer, um vocabulário, não de palavras, mas de atos e aventuras, que conota algo transcendente à ação localizada, de modo que você se sinta sempre em acordo com o ser universal.
MATTANÓ: O mito e o seu poder como no caso do poder da música no universo com o som do assobio alienígena ou do canto dos seres vivos deste mundo, coloca você num vocabulário de atos e aventuras que contam algo transcendente à sua localização, fazendo você se sentir em acordo com o ser universal que efetua essa transcendência.
MOYERS: Quando leio esses mitos, simplesmente me dou conta do mistério disso tudo.
Podemos pressupor, mas não penetrar.
CAMPBELL: Eis o ponto. Aquele que pensa ter encontrado a verdade definitiva está enganado. Existe um verso muito citado, em sânscrito, que também aparece no Tao Te King chinês: “Aquele que pensa que sabe, não sabe. Aquele que sabe que não sabe, sabe. Pois, neste caso, saber é não saber. E não saber é saber”.
MATTANÓ: É característica dos mitos e da sua funcionalidade pressupor, nunca penetrar, saber, mas não saber. Não saber, mas saber. Ou seja, a dualidade entre conhecimento e não conhecimento como forma de verdade definitiva, talvez, porque não temos as respostas definitivas para nossas perguntas, seja filogeneticamente, ontogeneticamente, virtualmente, culturalmente, espiritualmente, através da vida ou através do universo. Por isso essa dualidade: saber é não saber. E não saber é saber. Veja o exemplo de Osny Mattanó Júnior que em 2019 pensou que ¨Deus é um animal!¨ como qualquer outro animal, porque somos todos animais na Criação e no universo, e somos a imagem e semelhança de Deus, do Criador e do Filho, de Jesus Cristo que era Deus e homem, este pensamento vem da Ciência Biológica, da Etologia, do estudo da Antropologia das Ciências Humanas e da Psicobiologia da Psicologia e da Psicanálise, mesmo que Deus seja uma ¨energia¨ ou ¨um velhinho¨ essa manifestação é uma manifestação animal, pois tem vida e pertence a este universo. Deus pode ser diferente de nós porque é mais evoluído e adquiriu morfologia, fisiologia e comportamento de Deus se adaptando a esta realidade e nós somos menos evoluídos do que Ele e nos adaptamos assim, com a religião, que é uma forma adaptada de relação com Deus. Este exemplo nos serve para sabermos que nada sabemos e que tudo sabemos! Ou então, que ¨Deus não fala, Deus assobia!¨ Para o nosso mundo isso pode significar a destruição de nossa comunicação e linguagem falada, e hiper-valorização do assobio, das melodias, ou seja, que saber é não saber, e que não saber é saber!
MOYERS: Longe de minar minha fé, seu trabalho com a mitologia liberou minha fé das prisões culturais a que ela tinha sido sentenciada.
CAMPBELL: Liberou a minha própria fé, e sei que fará o mesmo com quem quer que aprenda a mensagem.
MOYERS: Alguns mitos são mais, ou menos, verdadeiros do que outros?
CAMPBELL: Todos são verdadeiros em diferentes sentidos. Toda mitologia tem a ver com a sabedoria da vida, relacionada a uma cultura específica, numa época específica. Integra o indivíduo na sociedade e a sociedade no campo da natureza. Une o campo da natureza à minha natureza. É uma força harmonizadora. Nossa própria mitologia, por exemplo, se baseia na idéia de dualidade: bem e mal, céu e inferno. Com isso, nossas religiões tendem a dar ênfase à ética. Pecado e expiação. Certo e errado.
MATTANÓ: É a mensagem! Os mitos expressam uma verdade em diversos sentidos, eles têm relação com uma sabedoria e cultura, época específica, integra o indivíduo na sociedade e a sociedade no campo da natureza e do universo, a música e o universo, ou seja, o poder da música no universo. A mitologia baseia-se em dualidades.
MOYERS: A tensão dos opostos: amor ódio, morte vida.
CAMPBELL: Ramakrishna disse uma vez que se você pensa apenas em seus pecados, então você é um pecador. Quando li isso, pensei na minha infância, indo à confissão aos sábados, meditando em todos os pequenos pecados que tinha cometido durante a semana. Agora, penso que alguém pode chegar lá e dizer: “Abençoai-me, Pai, pois eu tenho sido bom, aqui estão os bons atos que pratiquei durante a semana”. É preciso que cada um identifique sua auto-imagem mais com o positivo do que com o negativo.
Como você pode ver, a religião na verdade é uma espécie de segundo útero. Seu desígnio é trazer essa coisa extremamente complexa, que é um ser humano, à maturidade, o que significa ser automotivado, autoconduzido. Mas a idéia do pecado o coloca numa posição servil, a vida toda.
MATTANÓ: A religião é um segundo útero, pois coloca o pecador numa posição servil e o pecado numa posição de gestação até a morte e o juízo final quando ele nasce para o céu, se abre para a Verdade, para o juízo final, já a música pode te fazer nascer para o universo, para as estrelas, para o cosmos, para a natureza, para os diferentes mundos reservados em você e que só o som e a melodia podem despertar.
MOYERS: Mas não é essa a idéia cristã da criação e da Queda.
CAMPBELL: Certa vez eu assisti à conferência de um maravilhoso, velho filósofo zen, Dr. D. T. Suzuki. Ele parou em pé, com as mãos lentamente roçando as faces, e disse: “Deus contra homem. Homem contra Deus. Homem contra natureza. Natureza contra homem. Natureza contra Deus. Deus contra natureza – que religião estranha!”
MOYERS: Bem, eu muitas vezes tenho tentado imaginar o que pensaria um membro de uma tribo de caçadores das planícies americanas ao contemplar a Criação de Michelangelo.
CAMPBELL: Este não é, certamente, o deus de outras tradições. Nas outras mitologias, o indivíduo se coloca em acordo com o mundo, com sua mistura de bem e de mal. Mas no sistema religioso do Oriente Próximo, você se identifica com o bem e luta contra o mal. As tradições bíblicas do judaísmo, do cristianismo e do islamismo falam com menosprezo das assim chamadas religiões da natureza.
A mudança de uma religião da natureza para uma religião sociológica torna difícil para nós religar-nos à natureza. Mas na verdade todos esses símbolos culturais são perfeitamente passíveis de serem interpretados em termos de sistemas psicológicos e cosmológicos, se você quiser encará-los dessa maneira.
Toda religião é verdadeira, de um modo ou de outro. Verdadeira quando compreendida metaforicamente. Mas se ela se aferrar às suas próprias metáforas, interpretando as como fatos, então haverá problemas.
MATTANÓ: Toda religião é verdadeira, seja como for ela, quando compreendida metaforicamente, ou seja, quando interpretada, seja ela religião sociológica ou religião da natureza, interpretando-as tonam-se inteligíveis, o problema é quando as compreendemos literalmente, por controle ou razões, ou seja, como fatos e não como contextos metafóricos. Da mesma forma, todo som e melodia produzido pelo assobio metálico alienígena é verdadeiro quando compreendido metaforicamente através da linguagem musical humana, pois ele produz significados e sentidos e não controla o seu comportamento através da literalidade, do controle e das razões, através dos contatos de 5º grau onde há comunicação com os seres alienígenas, estes contatos de 5º grau produzem muitos significados e muitos sentidos sobre o comportamento do indivíduo que testemunhou o som do assobio metálico alienígena ou da sua paranormalidade alienígena.
MOYERS: O que é metáfora?
CAMPBELL: Metáfora é uma imagem que sugere alguma outra coisa. Por exemplo, se eu
digo a alguém: “Você é uma víbora”, não estou sugerindo que a pessoa seja literalmente uma víbora. “Víbora” é uma metáfora. Nas tradições religiosas, a metáfora remete a algo transcendente, que não é literalmente coisa alguma. Aceitar a metáfora como auto-referente equivale a ir ao restaurante, pedir o cardápio e, deparando ali com a palavra “bife”, começar a comer o cardápio.
Por exemplo, Jesus ascendeu ao Paraíso. A denotação seria de que alguém subiu ao céu, é isso literalmente o que está sendo dito. Mas se fosse de fato esse o sentido da mensagem, então teríamos de jogá-la fora, porque não teria havido nenhum lugar como esse onde Jesus literalmente pudesse ir. Sabemos que Jesus não podia ter ascendido ao Paraíso pois não existe nenhum paraíso físico em qualquer parte do universo. Mesmo que ascendesse à velocidade da luz, Jesus ainda estaria na galáxia. A astronomia e a física simplesmente eliminaram isso como possibilidade física, literal. Mas se você ler “Jesus ascendeu ao Paraíso” em termos de sua conotação metafórica, entenderá que ele foi para dentro – não para o espaço exterior, mas para o espaço interior, para o lugar de que provêm todas as coisas, para a consciência que é a fonte de todas as coisas, para o reino do paraíso interior. As imagens estão aí fora, mas seu reflexo é interior. O fato é que nós poderíamos ascender com ele, caminhando para dentro. É a imagem do retorno à fonte, alfa e ômega, deixando para trás a fixação no corpo e caminhando na direção da fonte dinâmica do corpo.
MATTANÓ: Metáforas explicam de outra forma o que não compreenderíamos literalmente, por razões ou por controle, mas por contexto, como a Boa Nova e o Paraíso são explicadas através do contexto e não literalmente, por razões e por controle, pois não existiam, mas Jesus ensinou sobre a Boa Nova e o Paraíso para os Doze conforme vemos nos evangelhos, mas quando Jesus ensinou pela primeira vez sobre a Boa Nova e o Paraíso muito provavelmente ele usou o seu contexto e usou metáforas, pois isso era incompreensível. É a mesma coisa de que o Amor de Deus dizer que os poderes do espaço, o poder da música no universo, a paranormalidade alienígena e a Boa Nova se confundem, causam confusão, medo e se associam a fim de trazer a Boa Nova, Jesus Cristo.
MOYERS: Você não está minando uma das grandes doutrinas tradicionais da fé cristã clássica – a de que o sepultamento e a ressurreição de Jesus prefiguram o nosso próprio sepultamento e ressurreição?
CAMPBELL: Isso seria um erro de leitura do símbolo. Seria ler as palavras em termos de prosa e não em termos de poesia, ler a metáfora em termos de denotação e não de conotação.
MATTANÓ: A metáfora ou o significado jamais denotam, eles apenas conotam, ou seja, eles nunca demonstram, eles apenas aparentam – é assim com o poder da música no universo e a paranormalidade alienígena, os alienígenas são mais uma metáfora do que uma realidade.
MOYERS: E a poesia atinge a realidade invisível.
CAMPBELL: Aquilo que está além do próprio conceito de realidade, que transcende todo pensamento. O mito coloca você lá, o tempo todo, fornece um canal de comunicação com o mistério que você é.
Shakespeare disse que a arte é um espelho voltado para a natureza, e é isso mesmo. Natureza é a sua própria natureza, e todas essas maravilhosas imagens poéticas da mitologia se referem a algo dentro de você. Quando sua mente se deixa simplesmente aprisionar pela imagem ali fora, impedindo que se dê a referência a você mesmo, nesse caso você terá lido mal a imagem.
O mundo interior é o mundo das suas exigências, das suas energias, da sua estrutura, das suas possibilidades, que vão ao encontro do mundo exterior. E o mundo exterior é o campo da sua encarnação. É aí que você está. É preciso manter os dois, interior e exterior, em movimento. Como disse Novalis, “o pouso da alma é aquele lugar onde o mundo interior e o exterior se encontram”.
MATTANÓ: O mito fornece um espelho que está sempre voltado para a natureza, esse espelho pode ser o som do assobio metálico alienígena ou as holografias alienígenas, ou a comunicação telepática paranormal alienígena e é a partir dela que você se descobre interiormente e deixa sua imagem ou figura ali fora. O mundo interior é o mundo das exigências, das energias, das estruturas. O mundo exterior é o mundo da encarnação. Você precisa equilibrar os dois mundos para pousar sua alma onde eles se encontram, o espelho, as holografias ou a telepatia são apenas um instrumento.
MOYERS: Então, a história de Jesus ascendendo ao Paraíso é uma mensagem numa garrafa, de uma praia que alguém tinha visitado antes.
CAMPBELL: Exatamente – Jesus o fez. Ora, de acordo com a maneira corrente de se pensar sobre a religião cristã, não podemos identificar-nos com Jesus, devemos imitá-lo. Dizer “Eu e o Pai somos um”, como Jesus disse, seria blasfêmia para nós. Entretanto, no Evangelho de São Tomás, desenterrado no Egito há cerca de quarenta anos, Jesus diz: “Aquele que beber da minha boca se tornará como eu, e eu serei ele”. Pois bem, isso vem a ser exatamente budismo. Todos nós somos manifestações da consciência do Buda, ou da consciência de Cristo, apenas não o sabemos. A palavra “Buda” significa “aquele que despertou”. E o que todos devemos fazer despertar para a consciência de Cristo ou do Buda dentro de nós. Isso é blasfêmia no pensamento cristão usual, mas é a verdadeira essência do gnosticismo cristão e do Evangelho de São Tomás.
MATTANÓ: Eu pessoalmente acredito nos quatro evangelhos, de São Lucas, São Marcos, São Mateus e São João, pois a Igreja Católica assim os compreendem como Palavra. A Palavra vai além do despertar da consciência, ela atravessa o Coração e o Espírito, atravessa a alma e da Poder a Comunhão, já a consciência não tem esse poder, a consciência não atravessa e nem atinge o coração, o Espírito, a alma e a Comunhão. A Palavra está na Sagrada Escritura, na Bíblia. Já o poder da música no universo está na Criação, ele está antes da Palavra, ele faz o Verbo e a Palavra terem significado e sentido através do sofrimento, do trabalho na Criação e na Paixão e Morte e até na Ressurreição, o sofrimento é a alma do universo, é o seu vazio, a sua escuridão, a ausência de vida, de segurança e de localização.
MOYERS: A reencarnação também é uma metáfora?
CAMPBELL: Com certeza. Quando as pessoas perguntam: “Você acredita em reencarnação?”, eu tenho apenas que dizer: “Reencarnação, como o Paraíso, é uma metáfora”.
A metáfora que, na cristandade, corresponde à reencarnação é o purgatório.
Se alguém morrer com uma fixação tal nas coisas deste mundo que seu espírito não esteja apto ainda a contemplar a visão beatífica, então deverá sofrer a purgação, deverá ser inteiramente purgado de suas limitações. Limitação é aquilo que se chama pecado. Pecado é simplesmente um fator limitador, que cerceia sua consciência, fixando a em uma condição inapropriada.
Na metáfora oriental, caso morra nessa condição, você voltará para viver mais experiências, destinadas a clarificar, clarificar, clarificar, até que se liberte de todas essas fixações. A mônada reencarnante é o principal herói do mito oriental. A mônada assume várias personalidades, vida após vida. Pois bem, a idéia de reencarnação não é de que você e eu, com as personalidades que temos, iremos reencarnar. A personalidade é justamente aquilo de que a mônada se desfaz. Então a mônada assume outro corpo, masculino ou feminino, dependendo das experiências necessárias para ver-se livre dos apegos que a prendem à esfera do tempo.
MATTANÓ: A reencarnação pode ser comparada a uma metáfora mas vai além quando você vive essa metáfora e aprende com ela sua experiência e sua existência, sua verdade, sua mensagem e teor, sua materialização, sua forma, que pode ser de som de assobio metálico alienígena, de holografias ou de comunicação telepática alienígena e não apenas sua subjetividade, indo além, para o concreto e visível, para o palpável e absoluto, para a Promessa de Deus e para aquele que acredita que Deus cumpre suas Promessas, isto é a metáfora que se cumpre, que se realiza na Promessa e na fé!
MOYERS: E o que sugere a idéia de reencarnação?
CAMPBELL: Sugere que você é mais do que pensa. Existem dimensões do seu próprio ser e um potencial de realizações e ampliação da consciência que não estão incluídos no conceito que você faz de si mesmo. Sua vida é mais profunda e ampla do que você a concebe, aqui. O que você está vivendo é só uma fração infinitesimal daquilo que realmente se abriga no seu interior, aquilo que lhe dá vida, alento e profundidade. E você pode viver em termos dessa profundidade, e quando chega a essa experiência, você percebe, instantaneamente, que é disso que falam todas as religiões.
MATTANÓ: A ideia de reencarnação pertence a um conjunto de ideias sobre o seu próprio ser que caracterizam um potencial de realizações e de ampliação de consciência sobre si mesmo, isto é religião! A telepatia, as holografias, os agroglifos, as mandalas, e o som do assobio metálico alienígena e os extraterrestres e seus discos voadores paranormais também pertencem a esse conjunto de ideias sobre seu próprio ser, sobre um potencial de realizações e de ampliação de consciência e de comportamento, sobre si mesmo, a paranormalidade e o comportamento dos extraterrestres se incluem normalmente na religião!
MOYERS: Isso vem a ser um motivo básico nas histórias mitológicas através dos tempos?
CAMPBELL: Não, a idéia da vida como provação por meio da qual você se liberta de uma espécie de prisão pertence às religiões mais desenvolvidas. Não tenho notícia de nada semelhante nas mitologias aborígines.
MATTANÓ: Religiões desenvolvidas tendem a interpretar a vida como uma espécie de prisão ao qual você se libertará com sua morte de Cruz e ressurreição, isto vale para os contatos alienígenas onde pressupomos abduções e guerras interplanetárias ou espaciais,, com suas mensagens em forma de assobio de som metálico ou de holografias, telepatia ou agroglifos, assim como aconteceu com Jesus com sua mensagem inovadora, dada pela Palavra e pela morte de Cruz e ressurreição; mas Osny Mattanó Júnior ensina que a vida não é uma espécie de prisão donde temos que nos libertar com nossa Cruz, pois a vida é liberdade para se viver e se ensinar a viver, já é ressurreição e não mais paixão, Cruz e morte, ou seja, já ressuscitamos, estamos livres! Não precisamos mais morrer numa Cruz! Mas o homem tenta recriar a Cruz, pois não suporta sua vida, história e mundo, acredita que seus pecados são maiores do que a Cruz de Jesus Cristo, e perdeu a fé e a esperança no seu próprio Deus que lhe fala com clareza e objetividade, mas ele não pode e nem consegue escutá-lo, pois está surdo! Tão surdo como no julgamento de Jesus Cristo e tão surdo quando nos Segredos de Nossa Senhora Rainha da Paz, ele se faz surdo para o Amor e para a sua Palavra que hoje também é música!
MOYERS: Qual é a origem disso?
CAMPBELL: Não sei. Deve ter se originado de pessoas com poder e profundidade espirituais, que sentiram que suas vidas eram inadequadas ao aspecto ou dimensão espiritual de seus seres.
MATTANÓ: A origem do pensamento de Osny Mattanó Júnior é a sua própria vida e experiência, seu testemunho, sua Cruz Azul do Paraíso testemunhada em Cambé no Brasil e os discos voadores, seres alienígenas, poderes paranormais e o som metálico em forma de assobio dos alienígenas que ele também testemunhou por mais de 5 (cinco) vezes.
MOYERS: Você diz que as elites criam os mitos, que os xamãs, os artistas e outros, que empreendem a jornada na direção do desconhecido, voltam para criar os mitos. Mas e quanto às pessoas comuns? Elas não criam as histórias de Paul Bunyan, por exemplo?
CAMPBELL: Sim, mas isso não é um mito. Isso não atinge o nível do mito. Diz se que os profetas e os chamados “rishis”, da índia, ouviram as escrituras. Pois bem, qualquer um pode apurar os ouvidos, mas nem todos terão efetivamente a capacidade de ouvir as escrituras.
MATTANÓ: As ¨elites¨ eu entendo como sendo os profetas e os eleitos do Senhor, de Deus, os que tem ouvidos apurados, capacidade para ouvir as escrituras, capacidade para ouvir o Pergaminho de Medjugorje de Nossa Senhora Rainha da Paz. Sâo pois, as ¨elites¨ que são escolhidas pelos seres alienígenas para manterem contato com eles através da sua comunicação paranormal, realizada pelas naves espaciais, assobio de som metálico, holografias, radiação, dor, alucinações, ilusões, aparições, inteligência, mensagens, agroglifos, mandalas e telepatia.
MOYERS: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça.”
CAMPBELL: É necessário um treinamento para ajudá-lo a abrir os ouvidos, para que você possa começar a ouvir metaforicamente em vez de literalmente. Tanto Freud quanto Jung perceberam que o mito se enraíza no inconsciente. Qualquer um que se entregue a um trabalho de criação literária sabe que a gente se abre, se entrega, e o livro nos fala e se constrói a si mesmo. Até certo ponto, você se torna o portador de algo que lhe foi transmitido por aquilo que se chama as Musas, ou, em linguagem bíblica, “Deus”. Isso não é força de expressão, isso é um fato. Uma vez que a inspiração provém do inconsciente, e uma vez que a mente das pessoas de qualquer pequena sociedade tem muito em comum, no que diz respeito ao inconsciente, aquilo que o xamã ou o vidente traz à tona é algo que existe latente em qualquer um, aguardando ser trazido à tona. Assim, ao ouvir a história do vidente, é comum alguém dizer: “Ha! Esta é a minha história. É alguma coisa que eu sempre quis dizer, mas nunca fui capaz”. É preciso que haja um diálogo, uma interação entre o vidente e a comunidade. O vidente que diz coisas que os membros da comunidade não querem ouvir é simplesmente ineficiente. Certamente será marginalizado.
MATTANÓ: Ouvir as palavras que Deus nos fala através de videntes ou de Pergaminhos é ouvir a comunidade à tona, é ouvir algo mitológico que se manifesta do inconsciente, do mundo sobrenatural e até do mundo extraterrestre como o som do assobio metálico alienígena ou a comunicação paranormal e telepática alienígena, mitologias não marginalizam videntes, muito pelo contrário, os empoderam como instrumentos do inexplicável, do chiste, do absurdo, do incoerente e sem sentido, do esquizofrênico, delirante, alucinante, hipocondríaco, suicida, hiperestésico, contudo pactuado socialmente através de instituições como as artes, a comunicação, a linguagem, a ciência, a cidadania, a igreja, a saúde e a justiça, a segurança e a política.
MOYERS: Quer dizer que quando falamos de contos populares estamos falando não de mitos, mas de histórias que pessoas comuns contam para se entreterem umas às outras, ou para expressar um nível de existência que está aquém daquele dos grandes peregrinos espirituais?
CAMPBELL: Sim, o conto popular se destina ao entretenimento. O mito se destina à instrução espiritual. Há um dito sábio, na índia, a respeito dessas duas ordens de mitos, a idéia popular e a idéia fundamental. O aspecto popular é chamado desi, que significa “provinciano”, tendo que ver com a sociedade. Isso é para os jovens. E por esse meio que os jovens são admitidos no interior da sociedade e ensinados a sair e matar monstros. “Pois bem, aqui está um traje de guerreiro, temos um trabalho para você.” Mas também existe a idéia fundamental. A palavra sânscrita para isso é marga, e significa “caminho”. É a trilha de volta a você mesmo. O mito provém da imaginação e leva de volta a ela. A sociedade ensina o que são os mitos, e em seguida o libera para que em suas meditações você possa seguir o caminho certo.
As civilizações se baseiam em mitos. A civilização da Idade Média se baseia no mito da Queda do Paraíso, na redenção pela Cruz, e na doação ao homem da graça da redenção por meio dos sacramentos.
A catedral era o centro do sacramento, e o castelo, o centro protetor da catedral. Você tem aí as duas formas de governo, o governo do espírito e o governo da vida física, ambos em acordo com a mesma e única fonte, qual seja a graça da crucificação.
MATTANÓ: Acredito também que o conto fala e se destina ao entretenimento, a cultura; e o mito fala e se destina a instrução espiritual, ao caminho, a trilha que te leva de volta a você mesmo. As civilizações são erguidas através de mitos; na Idade Média e agora na nossa Idade Contemporânea a graça da crucificação governa o espírito e a vida física, no Vaticano e nas sedes dos Mandatários através do Amor de Deus e de Jesus Cristo, como na Idade Média onde a crucificação de Jesus Cristo governava a Catedral e os Castelos.
O rito da música centra-se e se torna a partir de Jesus Cristo no mito virtual da Queda do Paraíso, onde o canto, a melodia e a harmonia se transformam em hinos de louvor destinados a instrução espiritual, ao caminho e a trilha que você faz de volta a você mesmo até o seu Apocalipse pessoal, até mesmo quando abordamos o som do assobio metálico alienígena ou a música paranormal alienígena, podemos estar ouvindo os sons de cerimoniais alienígenas para contato, guerra, aproximação, dominação, poder, abdução, violência, ataque, morte, delicadeza, amor ou cuidado e precaução, que estão presentes em momentos de descobertas numa dialética em construção.
MOYERS: Mas nessas duas esferas as pessoas contam muitas histórias de duendes e feiticeiros.
CAMPBELL: Existem três centros do que pode ser chamada a criatividade mitológica e folclórica da Idade Média. Um deles é a catedral, associada a mosteiros e eremitérios. Outro é o castelo. O terceiro é a cabana, a habitação popular. A catedral, o castelo e a cabana – em qualquer área de civilização desenvolvida, você encontrará a mesma coisa: o templo, o palácio e a cidade. São três centros geradores, mas, como se trata de uma só civilização, todos operam no mesmo campo simbólico.
MATTANÓ: A criatividade mitológica tem três centros: a catedral, o castelo e a cabana; hoje tem: o templo, o palácio e a cidade que constituem a civilização, todos operam no mesmo campo simbólico. Acrescento o quarto nível: o mundo virtual, que se constitui de eventos que operam no campo virtual; o campo dos games, do computador, da telepatia, da lavagem cerebral, do contato extraterrestre e do contato sobrenatural; este quarto centro também faz parte da nossa civilização.
No rito da música os quatro centros da criatividade mitológica: a templo, o palácio, a cidade e o mundo virtual, contribuem para o mito da música a partir de Jesus Cristo e do Amor de Deus através das contingências filogenéticas, ontogenéticas, culturais, espirituais, da vida, e do universo que dão significado e sentido, que dão conceito e comportamento, contexto e simbologia, Gestalt e insight, sonhos e interpretações desses sonhos, fantasias e chistes, lapsos de linguagem e atos falhos, funcionalidade e da história de vida de cada indivíduo no contexto musical. No mito e no rito da música testemunhamos a música alienígena com o assobio de som metálico e a música paranormal alienígena que proporcionam uma reinterpretação da nossa civilização e da música a partir de Jesus Cristo e do Amor de Deus e de Maria, trata-se, pois, da criatividade mitológica, do campo simbólico que vai além das fronteiras do planeta Terra, alcançando o universo e o Paraíso.
MOYERS: Mesmo campo simbólico?
CAMPBELL: O campo simbólico se baseia nas experiências das pessoas de uma dada comunidade, num dado tempo e espaço. Os mitos estão tão intimamente ligados à cultura, a tempo e espaço, que, a menos que os mitos e as metáforas se mantenham vivos, por uma constante recriação através das artes, a vida simplesmente os abandona.
MATTANÓ: A vida pode abandonar os mitos através das suas contingências ou regras que diminuam a discriminação e façam a generalização das regras e dos mitos, tornando tudo sem significado e sem sentido ou até mesmo através do niilismo e do condicionamento e da aprendizagem que podem dar um novo significado e um novo sentido e até tirar-lhe o significado e o sentido mitológico impondo algo niilista ou extraterrestre que vem para destruir a cultura, o tempo e o espaço, as metáforas e as artes, contudo a vida resiste no eterno, no mito do eterno de quem jamais o abandona como a si mesmo. A música e seu mito torna-se aqui algo indefinido, como o canto dos pássaros, o nosso canto, a nossa música pode significar um canto animal para outro animal inteligente como um extraterrestre, sobressaindo-se e elevando a própria espécie Homo Sapiens, da mesma forma que as outras espécies do planeta Terra que cantam e emitem sons. Ser um animal assassino e muito bem armado pode parecer ameaçador para qualquer extraterrestre, mesmo que ele tenha beleza e cante lindamente. Para Desmond Morris somos um macaco assassino que está evoluindo. Para Mattanó já somos um macaco das estrelas ou do cosmos com uma herança violenta e assassina, levar a violência e as guerras para o cosmos pode ser o pior erro da nossa espécie, pode causar o fim do Homo Sapiens se encontrarmos espécies mais evoluídas, tanto no espaço quanto no planeta Terra. O campo simbólico desta experiência se situa na minha própria experiência, num dado tempo e espaço, como testemunha ocular e telepática, de conhecimento, que me leva a acreditar que o planeta Terra está ameaçado em função das armas que possui e não pelas suas riquezas e seres vivos, pois só o Homo Sapiens ¨irrita¨ ou provoca os extraterrestres, os outros seres vivos vivem em paz num ecossistema equilibrado, mesmo aparentemente diante de extraterrestres.
O som do assobio metálico alienígena pode desequilibrar cognitivamente o Homo Sapiens, mas não desequilibra as outras espécies deste planeta, pois não é o fim! Da mesma forma a comunicação por pensamento ou telepatia alienígena não desequilibra cognitivamente e comportamentalmente, inclusive socialmente e politicamente os alienígenas, o Amor de Deus, de Jesus e de Maria, e as demais espécies deste planeta, o planeta Terra, reservando queixas apenas para o Homo Sapiens que vive um mal-estar em sua civilização, que se apóia no silêncio e na ressurreição de Deus e do Seu Amor, para que possa desfrutar de uma moral predestinada a sua espécie.
MOYERS: Quem fala através de metáforas, hoje?
CAMPBELL: Todos os poetas. A poesia é uma linguagem metafórica.
MOYERS: Uma metáfora sugere potência, aquilo que é potencial.
CAMPBELL: Sim, mas também sugere o ato que se esconde por trás do aspecto visível. A metáfora é a máscara de Deus, através da qual a eternidade pode ser vivenciada.
MATTANÓ: A metáfora é a máscara de Deus, por ela a eternidade é recordada e realimentada, a metáfora age onde o silêncio fala mais alto, por detrás deste aspecto invisível e comportamental ou psicológico e até social. A música é a metáfora, ela fala através da pausa, do silêncio e do comportamento, do som, do movimento, das notas, da melodia e da harmonia, ela é a máscara de Deus em cada rito. Até mesmo através do assobio de som metálico alienígena a música torna-se uma metáfora e uma máscara de Deus com seus próprios ritos, estes são justamente os poderes da música no universo, o de se tornar um significado ou metáfora, uma máscara de Deus para a execução de ritos num mundo mitologizado.
MOYERS: Você fala de poetas e artistas. E quanto ao clero?
CAMPBELL: Penso que o nosso clero não está, na verdade, realizando o trabalho que lhe é devido. O clero não fala sobre as conotações das metáforas, mas se atém obstinadamente à ética do bem e do mal.
MATTANÓ: O clero fala da ética do bem e do mal, fala do evangelho, da boa nova, da Palavra de Deus e não de metáforas, pois a Palavra foi revelada e vivida pelo próprio Filho de Deus, pela Palavra e não por metáforas. A música fala de metáforas quando é composta pelo ser humano e fala da Palavra quando é composta por Deus, pelo Espírito Santo, pelo Amor de Deus, por Jesus Cristo ou por uma ou um Santo. Já o poder da música no universo nos reserva o conhecimento de que ela pertence a metáfora do universo que é a metáfora da vida e da evolução, mediante seleção e competição da consciência entre seres unicelulares e multicelulares, destacando a evolução fisiológica, comportamental e morfológica dos seres vivos no universo. A música composta por seres alienígenas reserva-se ao direito de exprimir sua evolução no universo em comparação com os demais seres vivos, inclusive em comparação com sua consciência, conhecimento, realidade e cultura.
Especulo que o comportamento fisiológico, comportamental e morfológico dos seres alienígenas que possuem polimorfismo e se adaptam ou transformam em várias formas é produto do cérebro desses animais, e que todo o organismo se adapta a nova realidade, cultura, conhecimento através da sua consciência que é a responsável pela adaptação fisiológica, comportamental e morfológica. Sendo que todo o organismo dos seres alienígenas é unido ou uma coisa só, fazendo com que compreendamos a vida como se ela fosse como uma única célula que é controlada pelo meio ambiente e tem sua funcionalidade através do meio ambiente, deste modo processos fisiológicos como a digestão, a absorção do bolo alimentar, a respiração, a percepção, o funcionamento cardíaco, o metabolismo dos seres vivos é função de uma evolução, seleção e competição que melhora e otimiza estes processos, revelando também que estes processos estão todos unidos pelo corpo que evolui e alcança o polimorfismo que é uma resposta consciente e neurológica mediante as adversidades do meio ambiente, finalizando que, por exemplo, a absorção do bolo alimentar assim como as outras propriedades do organismo estão todos inter-relacionadas, sendo possível encontrar em qualquer órgão estas evidências, sejam elas, fisiológicas, comportamentais ou morfológicas, o que explica o polimorfismo que também é controlado pela consciência dos seres vivos que evolui, seleciona e compete com as demais consciências dos seres unicelulares e multicelulares. Em outras palavras: para suportar a violência ambiental todos nós nos transformamos em extraterrestres ou alienígenas, pois trata-se de um mecanismo de defesa do ego e da consciência humana que se permite, assim evoluir, selecionar e competir entre indivíduos e espécies diferentes da sua.
MOYERS: Por que os sacerdotes não se tornaram os xamãs da sociedade americana?
CAMPBELL: A diferença entre um sacerdote e um xamã é que o primeiro é um funcionário e o segundo é alguém que teve uma experiência. Na nossa tradição é o monge que procura a experiência, enquanto o sacerdote é aquele que estudou para servir à comunidade.
Eu tive um amigo que assistiu a um encontro internacional das ordens meditativas católico romanas, que teve lugar em Bangko k. Ele me contou que os monges católicos não tinham dificuldade em compreender os monges budistas, mas o clero das duas religiões é que era incapaz de entender um ao outro.
A pessoa que teve uma experiência mística sabe que toda tentativa de expressá-la simbolicamente é imperfeita. Os símbolos não traduzem a experiência, apenas a sugerem. Se você não teve a experiência, como saber de que se trata? Tente explicar o prazer de esquiar a alguém que viva nos trópicos e nunca viu neve. E necessário que haja experiência para apreender a mensagem, alguma pista – do contrário você não ouve o que lhe estão dizendo.
MATTANÓ: Um sacerdote aprende a ser sacerdote como um funcionário que apenas estudou seu método; já o xamã aprende a ser xamã através da experiência. A música para um sacerdote é algo técnico, já para o xamã, torna-se uma experiência – o sacerdote representa a formação profissional, enquanto que o xamã representa a vida, a vivência e a experiência pessoal e grupal.A tentativa de explicar a realidade através dos símbolos gera sucesso entre os sacerdotes e fracasso entre os xamãs, pois os símbolos não traduzem a experiência, ou seja, os símbolos não traduzem significados e nem sentidos, mas apenas conceitos. A música pode ser conceito e um conjunto de símbolos como a notação musical numa partitura, ou pode ser um conjunto de significados e sentidos que traduzem a experiência. São os significados e os sentidos que os xamãs aprendem e são os conceitos que os sacerdotes aprendem. Mas para compreender o que você ouve você precisa de alguma experiência, para aprender a mensagem. A experiência é sempre pessoal, regrada por significados e sentidos, por isso temos a música dos ¨sacerdotes¨ e a música dos ¨xamãs¨. Podemos dizer que o polimorfismo ocorre a partir de uma herança genética que pode ser transmitida via conceitos filogenéticos e ter padrões filogenéticos de sobrevivência, mas é controlado pela individualidade do ser polimorfo, que decide sua forma a partir da sua consciência, cultura, conhecimento e realidade pessoais, ou seja, dos seus significados e sentidos individuais.
MOYERS: A pessoa que tem a experiência deve expressá-la, da melhor maneira que possa, através de imagens. Parece-me que perdemos, em nossa sociedade, a arte de pensar por imagens.
CAMPBELL: Ah, com certeza perdemos. Nosso pensamento é predominantemente discursivo, verbal, linear. Há mais realidade numa imagem do que numa palavra.
MATTANÓ: O pensamento parece tanto quanto mais real quanto mais ele é formado por imagens e menos por discursos, pois percebemos o mundo muito mais pelos olhos e pelo que eles geram do que pelos ouvidos e pelo que eles geram, para pensarmos verbalmente dependemos de repertório verbal, de aprendizagem, de alfabetização, dependendo de esforço cognitivo, e para pensarmos em imagens dependemos de repertório de imagens ou imaginário que aprendemos naturalísticamente e pela inteligência cognitiva que ocorrem sem esforço algum do indivíduo. A música pode ser pensada por imagens através dos ¨sacerdotes¨ que tipificam e institucionalizam a música através do tronco cerebral, transformando a música em imagens, e pode ser pensada pelos sons através dos ¨xamãs¨ que tem uma identidade pessoal, uma consciência, cultura, conhecimento e realidade individuais, discriminada através dos discursos e sons, também por meio do tronco cerebral e do córtex cerebral, nos revelando que a música, seja ela de ¨sacerdotes¨ construídos por conceitos ou seja de ¨xamãs¨ que foram e são construídos pela vida e pela experiência no meio ambiente, tem suas raízes no tronco cerebral e no córtex cerebral do ouvinte e/ou do falante. Ou seja, para a neurociência a música tem seu próprio poder cerebral no exemplo dos ¨sacerdotes¨ e dos ¨xamãs¨.
MOYERS: Você já pensou que é essa ausência da experiência religiosa do êxtase, da alegria, essa negação da transcendência na nossa sociedade, que conduz tantos jovens ao uso de drogas?
CAMPBELL: Perfeitamente de acordo. Esse é o caminho.
MOYERS: O caminho?
CAMPBELL: Para uma experiência.
MOYERS: E a religião não pode fazer isso, ou a arte?
CAMPBELL: Podia, mas agora já não o faz. As religiões se voltam para problemas sociais, para a ética, e não para a experiência mística.
MATTANÓ: As religiões tem se voltado para os problemas sociais e para a ética e se distanciado da experiência mística que por sua vez, através do Amor de Deus está se convertendo em ética e problemas sociais, filosóficos, psicológicos, espirituais, trabalhistas, escolares, familiares e do universo, como os extraterrestres e os fenômenos do cosmos como a exploração do espaço, inclusive nos estudos sobre a música e o seu poder, qualificando ¨sacerdotes¨ e ¨xamãs¨ como modelos arquetípicos para a criação, composição e trabalho como músico, num mundo repleto de diversidade que conceitualmente, a música se propõe a defender, porém ela está institucionalizada, despersonalizada e tipificada pelos seus conceitos de trabalho no mundo artístico e comercial, ou seja, econômico. Assim a música demonstra ter um papel econômico predominando e prevalecendo sobre o artístico do músico.
MOYERS: Então você acha que a grande vocação da religião é a experiência?
CAMPBELL: Um dos aspectos maravilhosos do ritual católico é a comunhão. Lá você é ensinado que este é o corpo e o sangue do Salvador. E você o toma, volta se para o seu interior, e eis Cristo agindo dentro de você. É uma maneira de estimular a meditação sobre como vivenciar o espírito em você. Você observa pessoas retornando da comunhão e elas estão voltadas para dentro, realmente estão.
Na índia, eu vi um aro vermelho sendo colocado em volta de uma pedra, que então passou a ser encarada como encarnação do mistério. Você formalmente pensa nas coisas em termos práticos, mas poderia pensar em qualquer coisa em termos de mistério. Por exemplo, isto é um relógio, mas é também uma coisa imersa no ser. Você pode pousá-lo aqui, desenhar um aro em volta dele e encará-lo nessa dimensão. Essa é a base do que se chama consagração.
MATTANÓ: A experiência é realmente o aspecto maravilhoso do ritual, seja ele de comunhão ou de iniciação, de passagem, de luto, de encarnação, etc., onde o mistério está no significado e no sentido que o indivíduo apreende na sua relação ritualística através do conceito, do contexto, do comportamento, da funcionalidade, da simbologia, da topografia, da linguagem, das relações sociais, da Gestalt e dos insights, dos desejos e do desejo de dormir, da vida onírica, do efeito despertador, do conteúdo manifesto e do conteúdo latente, da vida anímica, dos chistes, das fantasias, dos lapsos de linguagem, dos esquecimentos, dos atos falhos, do niilismo, dos pressupostos e subentendidos, das piadas e do humor, da história de vida, dos arquétipos ¨sacerdotes¨ e ¨xamãs¨, da sua intencionalidade, da sua coerência e incoerência musical, das conclusões e das interpretações finais, todo este mistério que o indivíduo pode apreender constrói o aspecto maravilhoso do ritual. O ritual introduz o indivíduo numa nova esfera da realidade, num outro mundo de significados e sentidos, sentidos e assumidos psíquica, comportamental, pessoal, coletiva, domesticamente, familiarmente, infantilmente e socialmente através do condicionamento ou do conteúdo recalcado.
MOYERS: Em que sentido? O que se pode extrair do relógio que você está usando? Que espécie de mistério ele revela?
CAMPBELL: O relógio é uma coisa, não é?
MOYERS: É.
CAMPBELL: Você sabe realmente o que é uma coisa? O que a fundamenta? É algo no tempo e no espaço. Pense em como é misterioso que alguma coisa possa ser. O relógio se torna o centro de uma meditação, o centro do mistério inteligível de ser, que está em toda parte. Este relógio é agora o centro do universo. O ponto em repouso do mundo que se move.
MOYERS: Aonde leva a meditação?
CAMPBELL: Bem, depende do talento de cada um.
MATTANÓ: O talento de cada um dá o significado e o sentido do relógio e da música criada, composta, cantada e instrumentalizada, bem como para o indivíduo que apreende de forma misteriosa com alguma coisa que possa ser algo mais do que conceito, contexto, comportamento, funcionalidade, simbologia, topografia, linguagem, relações sociais, Gestalt e insights, desejos e desejo de dormir, vida onírica, efeito despertador, conteúdo manifesto e conteúdo latente, vida anímica, chistes, fantasias, lapsos de linguagem, esquecimentos, atos falhos, pressupostos e subentendidos, niilismo, arquétipos, piadas e humor, história de vida, consciência, cultura, conhecimento e realidade partilhada pelo mundo subconsciente, pré-consciente e inconsciente que auxiliam nas conclusões e interpretações finais, que promovem a transcendência do indivíduo. O significado e o sentido das coisas são individuais, sejam eles de músicas, assobios alienígenas, holografias, paranormalidade, discos voadores, polimorfismo, relógios, etc., constróem a sua intencionalidade perante significados e sentidos adquiridos através de ritos e mitos que, por sua vez, constroem e ajudam a elaborar a realidade, a consciência, a cultura e o conhecimento com a atividade do tronco cerebral.
MOYERS: Você fala do “transcendente”. O que é o transcendente? O que acontece às pessoas no transcendente?
CAMPBELL: “Transcendente” é um termo técnico, filosófico, traduzido de dois modos diferentes. Na teologia cristã, refere-se a Deus como um ser além ou fora do campo da natureza. É uma maneira materialista de falar do transcendente, porque leva a pensar em Deus como um fato espiritual, existente em algum lugar, aí fora. Foi Hegel que falou de nosso deus antropomórfico como o vertebrado gasoso – uma idéia de Deus adotada por muitos cristãos. Ou então ele é concebido como um velho barbudo, com um temperamento não muito agradável. Mas “transcendente” significa propriamente aquilo que está além de todos os conceitos. Kant nos ensina que todas as nossas experiências estão limitadas por tempo e espaço. Elas ocorrem no espaço e no curso do tempo.
Tempo e espaço formam as vias sensíveis que moldam as nossas experiências. Nossos sentidos estão limitados pelo campo de tempo e espaço, e nossas mentes estão limitadas
pela moldura das categorias de pensamento. Mas a coisa suprema (que não é coisa) com a qual estamos tentando entrar em contato não é limitada desse modo. Nós a limitamos na medida em que pensamos nela.
O transcendente transcende todas essas categorias de pensamento. Ser e não ser são categorias. A palavra “Deus” se refere propriamente àquilo que transcende o pensamento, mas a palavra “Deus”, em si, é algo pensado.
Pois bem, você pode personificar Deus de muitas e muitas maneiras. Existe um deus? Existem vários? Isso são meras categorias de pensamento. Aquilo de que você está falando, e tentando apreender pelo pensamento, transcende tudo isso.
Um dos problemas com Jeová, como se dizia nos velhos textos gnósticos cristãos, é que ele se esqueceu de que era uma metáfora. Ele pensou que era um fato. E quando ele disse “Eu sou Deus”, ouviu se uma voz a dizer: “Você está enganado, Samuel”. “Samuel” significa “deus cego”, cego em termos da Luz infinita da qual ele é uma manifestação histórica, local. Isto é conhecido como a blasfêmia de Jeová – aquele que pensou que era Deus.
MOYERS: Você está dizendo que Deus não pode ser conhecido?
CAMPBELL: Eu digo que a coisa suprema, seja o que for, está além das categorias de ser e não ser. Ela é ou não é? Como disse o Buda, segundo testemunhas: “É e não é ao mesmo tempo; nem é nem deixa de ser”. Deus, como supremo mistério do ser, está além do pensamento.
Há uma história belíssima, num dos Upanixades, sobre o deus Indra. Aconteceu, numa certa época, que um monstro gigantesco engoliu toda a água da terra, de modo que houve uma terrível seca e o mundo se viu em péssimas condições. Indra levou algum tempo até se dar conta de que possuía uma caixa repleta de raios e tudo o que tinha a fazer era lançar um deles sobre o monstro, fazendo-o explodir. Quando ele fez isso, as águas jorraram e o mundo se refrescou. E Indra disse: “Que sujeito formidável eu sou!”
Assim, pensando no sujeito formidável que era, Indra se dirige à montanha cósmica, que é a montanha do centro do mundo, e decide construir um palácio à altura do seu valor. O melhor carpinteiro dos deuses põe-se a trabalhar e rapidamente o palácio está erguido e em excelentes condições. Mas cada vez que vai inspecioná-lo, Indra tem idéias mais ambiciosas a respeito de quão esplêndido e grandioso o palácio deveria ser. Por fim o carpinteiro exclama: “Meu Deus, ambos somos imortais, e não há limites para os desejos dele. Estou preso por toda a eternidade”. Então decide dirigir-se a Brahma, o deus criador, para reclamar.
Brahma está sentado num lótus, o símbolo da divina energia e da divina graça. O lótus cresce do umbigo de Vishnu, o deus adormecido, cujo sonho é o universo. Assim, o carpinteiro se aproxima da borda da grande lagoa de lótus do universo e conta sua história a Brahma. Brahma diz: “Pode ir para casa. Eu vou dar um jeito nisso”. Brahma deixa seu lótus e se ajoelha para se dirigir ao adormecido Vishnu. Vishnu apenas esboça um gesto e diz qualquer coisa como: “Ouça, fuja, alguma coisa vai acontecer”.
Na manhã seguinte, no portal do palácio que estava sendo construído, aparece um belo garoto negro azulado, com um bando de crianças ao seu redor, admirando o esplendor da construção. O porteiro, que estava na entrada do novo palácio, corre até Indra e este diz: “Bem, mande entrar o garoto”. O garoto é levado até Indra, e o deus rei, sentado em seu trono, diz: “Seja bem vindo, jovem. O que o traz ao meu palácio?”
“Bem”, diz o garoto com uma voz que soa como um trovão rolando no horizonte, “ouvi dizer que você está construindo um palácio como nenhum Indra antes de você jamais construiu”.
E Indra diz: “Indras antes de mim... de que você está falando?”
O garoto diz: “Indras antes de você. Eu os tenho visto vir e desaparecer, vir e desaparecer. Pense nisso, Vishnu dorme no oceano cósmico, e o lótus do universo cresce do seu umbigo. No lótus se assenta Brahma, o criador. Brahma abre os olhos e um mundo se cria, governado por um Indra. Brahma fecha os olhos e um mundo desaparece. A vida de um Brahma conta quatrocentos e trinta e dois mil anos. Quando ele morre, o lótus se desfaz e outro lótus se forma, e outro Brahma. Agora pense nas galáxias para além das galáxias, no espaço infinito, cada qual com um lótus, com um Brahma sentado nele, abrindo os olhos, fechando os olhos. E Indras? Deve haver homens avisados em sua corte, que se prestariam a contar as gotas de água dos oceanos ou os grãos de areia nas praias, mas nenhum contaria aqueles Brahmas, muito menos aqueles Indras”.
Enquanto o garoto fala, um exército de formigas desfila pelo chão. O garoto ri, ao vê-las; os cabelos de Indra ficam arrepiados, e ele pergunta ao garoto: “Por que você ri?”
O garoto responde: “Não pergunte, a menos que você queira ficar magoado”.
Indra diz: “Eu pergunto. Ensine-me”. (Esta, aliás, é uma bela idéia oriental: não ensine, até ser instado a isso. Você não deve impor seu conhecimento goela abaixo das pessoas.)
Então o garoto aponta para as formigas e diz: “Todas antigos Indras. Através de muitas vidas, eles se elevam das mais baixas condições à mais alta iluminação. Aí eles lançam um raio sobre um monstro e pensam: ‘Que sujeito formidável eu sou!’ E voltam a despencar”.
Enquanto o garoto fala, um velho iogue extravagante adentra o palácio, com uma folha de bananeira servindo de para-sol. Ele veste apenas uma tanga, e tem no peito um chumaço de cabelos formando um disco, no centro do qual metade dos pêlos foram arrancados.
O garoto o saúda e pergunta-lhe exatamente o que Indra ia perguntar: “Bom velho, qual é o seu nome? De onde você vem? Onde está sua família? Onde está sua casa? E qual é o significado dessa curiosa constelação de cabelos em seu peito?”
“Bem”, diz o velho, “meu nome é Cabeludo . Eu não tenho casa. A vida é muito curta para isso. Só tenho este para-sol. Não tenho família. Apenas medito nos pés de Vishnu e penso na eternidade, e em quão fugaz é o tempo. Você sabe, toda vez que morre um Indra, um mundo desaparece coisas assim somem como uma faísca. Cada vez que morre um Indra, cai um fio de cabelo deste círculo no meu peito. Até agora, metade dos cabelos já se foram. Muito breve, todos terão ido. A vida é curta. Por que construir uma casa?”
Então os dois desaparecem. O garoto era Vishnu, o Senhor Protetor, e o velho iogue era
Shiva, o criador e destruidor do mundo, que tinha vindo exatamente para a instrução de
Indra, que é simplesmente um deus da história mas pensa que é o espetáculo todo.
Indra continua sentado no trono, completamente desiludido, completamente abatido. Aí chama o carpinteiro e diz: “Estou suspendendo a construção deste palácio. Você está dispensado”. Assim o carpinteiro conseguiu seu intento. É dispensado do trabalho e não há mais nenhuma casa para construir.
Indra decide sair e tornar-se um iogue, para apenas meditar nos pés de lótus de Vishnu. Mas ele tem uma bela rainha chamada Indrani. E quando Indrani ouve falar do plano de Indra, dirige-se ao sacerdote dos deuses e diz: “Agora ele pôs na cabeça essa idéia de largar tudo para se tornar um iogue”.
“Bem”, diz o sacerdote, “venha comigo, minha senhora, sente-se aqui ao meu lado e eu darei um jeito nisso.”
Então eles se sentam diante do trono do rei e o sacerdote diz: “Pois bem, eu escrevi um livro para você, muitos anos atrás, sobre a arte da política. Você ocupa a posição de rei dos deuses. Você é a manifestação do mistério de Brahma na esfera do tempo. Isso é um alto privilégio. Saiba apreciá-lo, honrá-lo, e lide com a vida como se você fosse quem realmente é.
Além disso, vou agora escrever um livro sobre a arte do amor, assim você e sua esposa saberão que, no maravilhoso mistério dos dois que são um, Brahma também está radiantemente presente”.
E, com essas instruções, Indra desiste da idéia de largar tudo para se tornar um iogue, e descobre que, na vida, ele pode representar o eterno como um símbolo, pode se dizer, de Brahma.
Assim, cada um de nós é, de certo modo, o Indra de sua própria vida. Você pode escolher, ou se livrar de tudo e se isolar na floresta para meditar, ou permanecer no mundo, tanto na vida de sua tarefa, que é a régia tarefa da política e da realização, quanto na vida do amor por sua mulher e sua família. Bem, este é um mito muito atraente, assim me parece.
MATTANÓ: Cada um de nós pode ser um Indra, um universo, o poder da música no universo ou o som do assobio metálico alienígena, a informação nele contida ou codificada, sua mensagem, afetividade e intenção, um dono da sua própria vida e do seu próprio conhecimento, algo que existe sem que nada exista antes de você que exista com você numa fraternidade de universos, de conhecimentos, de vidas, de energias, de saberes, que se esposam de uma Indrani, uma bela rainha, para que ele possa largar tudo e se tornar um iogue e assim meditar, ser dono da sua própria vida e do seu próprio conhecimento pessoal e não somente do conhecimento coletivo adquirido quando ele estava solteiro como Indra numa coletividade, quando conheceu o poder da música no universo, já na vida infantil e doméstica, é através da meditação que ele realiza o amor e a sua família, a sua vida pessoal e como Deus pode ser conhecido: através do sacerdote que lhe oferece um lugar em seu reino e um modo de lidar com o mundo através da política e do casamento. É o sacerdote que apresenta uma Indrani para Indra que abandona a sua vida coletiva para viver sua vida pessoal, ou seja, para deixar a Criação para viver no mundo que suscita meditação para sua realização, pois precisa de conhecimento para sobreviver e se reproduzir, cuidar de sua família. O universo com todo o seu poder como o da música nas estrelas e no cosmos deve ensinar a vida infantil, familiar e doméstica a sobreviver, crescer e se desenvolver, amadurecendo com responsabilidade instintiva para cuidar de sua vida, família e reprodução, a fim de continuar evoluindo, sendo seletivo e competitivo entre os seus e entre outras espécies de seres vivos, de modo a cuidar do seu mundo, meio ambiente, universo e próprio corpo que possui habilidades como o poder de produzir assobios de som metálico, holografias, comunicação telepática, paranormalidade, construir agroglifos, controlar mass mídias, controlar seres vivos e suas tecnologias, como automóveis e aeronaves, realizar abduções, contaminações por radiação, produzir realidade virtual e encoberta, inclusive científica e artística, navegar em discos voadores paranormais e discos submarinos paranormais, manipular o presente e sinalizar, prever o futuro, manipular ¨buracos de minhocas¨ para realizar viagens no tempo e no espaço, ter a capacidade de serem polimorfos, isto é, de conseguirem ter várias formas, inclusive de Homo Sapiens, e fazer experiências científicas com os seres vivos do nosso planeta, inclusive o Homo Sapiens.
MOYERS: E tem muito a ver com o que a ciência moderna está descobrindo, que o tempo é interminável...
CAMPBELL: ...e que há galáxias e galáxias e galáxias, e que o nosso Deus ¡ nossa personificação de Deus e seu Filho e o Mistério – diz respeito apenas a esta nossa partícula de tempo.
MOYERS: Mas a cultura sempre influenciou nosso pensamento sobre assuntos elevados.
CAMPBELL: A cultura também pode ensinar-nos a passar ao largo dos seus conceitos. Isso é conhecido como iniciação. A verdadeira iniciação acontece quando o guru lhe diz: “Papai Noel não existe”. Papai Noel é uma metáfora da relação entre pais e filhos. A relação existe, e por isso pode ser vivenciada, mas Papai Noel não existe. Papai Noel foi apenas uma pista para as crianças poderem avaliar a relação.
Em sua verdadeira essência e teor, a vida é um terrível mistério – todo esse esforço de viver através de matar e comer. Mas é uma atitude infantil dizer não à vida, com todo o seu sofrimento, dizer que a vida é algo que não devia existir.
MATTANÓ: Dizer não a vida é um erro, mesmo que venham os extraterrestres e dificultem a compreensão e a revelação em Deus e em Jesus Cristo, nomeando-os de alienígenas, de outro mundo ou de um mundo extraterrestre e diferente, de fora do nosso, contudo Deus não se comunica torturando os seres vivos, não faz abduções e nem come a carne dos seus irmãos e nem tampouco se comunica com um assobio de som metálico e alienígena, não foge da morte e dos rituais de nossa civilização, não se transforma em outros seres, com outras formas, inclusive bolas de luz gravitacionais ou pode ser abduzido, seu corpo e sangue são humanos, seu sangue não borbulha quando jorra ou é exposto e também não se transforma ou cria formas, tanto Jesus Cristo quanto o Seu Amor são assim e realizam milagres, curas inexplicáveis e conversões, alienígenas não realizam milagres, curas inexplicáveis e conversões, a vida é adaptação, adaptação é aceitar a sua própria vida e do seu meu meio, do social, inclusive dos extraterrestres e de todo o universo – a função básica da vida é se aceitar e se adaptar!
MOYERS: Zorba diz: “Dificuldade? A vida é dificuldade”.
CAMPBELL: Só a morte está isenta de dificuldade. As pessoas me perguntam: “Você é otimista em relação ao mundo?” E eu digo: “Sim, o mundo é grande exatamente como é. E você não vai consertá-lo. Ninguém jamais conseguiu melhorá-lo. Ele nunca será melhor do que é. É isso mesmo; portanto, aceite-o ou deixe-o. Você não vai corrigi-lo nem aperfeiçoá-lo”.
MATTANÓ: Viver é aceitar o mundo e a sua trajetória, a sua evolução, a sua entropia e a sua neguentropia, ou seja, a sua organização e a sua reorganização, esta é a fórmula do amor, do Amor de Deus: o mundo está aí, está pronto, mas está constantemente se organizando e se reorganizando, isto é vida, é adaptação, a função básica da vida! A adaptação é a resposta básica ao poder da música no universo, ao assobio de som metálico e alienígena, as holografias, e discos voadores paranormais, a paranormalidade e a radiação alienígena, dentre outros eventos do universo, também singulares e importantes como estes para o fenômeno da adaptação da vida ao mundo e ao universo, como forma de aceita-la.
MOYERS: Isso não conduz a uma atitude francamente passiva diante do mal?
CAMPBELL: Você mesmo é um participante do mal, caso contrário não estaria vivo. O que quer que você faça é mau para alguém. Essa é uma das ironias de toda a criação.
MATTANÓ: Não há como não ser mau para alguém no mundo! Diante da Criação também somos maus para alguma coisa, evento, ser vivo ou fenômeno! Até mesmo no Paraíso somos maus para com aqueles que estão no Purgatório e no Inferno ou no mundo a sofrer! Assim o poder da música no universo reserva contingências aversivas que podem ser decodificadas como maldade ou mal e serem selecionadas como formas de comportamentos inconscientes e indesejáveis, porém necessários para a manutenção da vida e da homeostase do organismo e da vida social e coletiva, da adaptação no organismo no mundo e no universo, pois temos instintos de morte e de agressividade que são parte de nós e representam parte de nossas decisões constantemente e diariamente, até mesmo quando entramos em contato com contingências do universo como o som do assobio metálico e alienígena que suscita medo e estranhamento.
MOYERS: E o que se passa na mitologia com essa idéia de bem e mal, da vida como conflito entre as forças das trevas e as forças da luz?
CAMPBELL: Essa é uma idéia zoroástrica, como tal introduzida no judaísmo e no cristianismo. Em outras tradições, o bem e o mal são relativos à posição em que você se coloca. O que é bom para um é mau para outro. E você desempenha o seu papel, sem cogitar de abandonar o mundo quando percebe quão horrível ele é, e vê que esse horror é apenas o pano de fundo de algo maravilhoso: um mysterium tremendum et fascinans.
“Toda vida é dolorosa” é o primeiro ensinamento budista, e assim é. Não haveria vida sem a implicação da temporalidade, que significa dor perda, perda, perda. É preciso dizer sim à vida e encará-la como magnificente, do jeito que é; pois foi certamente assim que Deus a concebeu.
MATTANÓ: Ou somos bons ou somos maus para as pessoas, ou somos nada – é o niilismo que retira todo o significado e todo o sentido da vida, tornando-a um nada, nem trevas, nem luz, algo comparado com o que se sucedia antes da Criação ou do ¨big-bang¨. Antes dos poderes da música no universo e antes do canto, do som do assobio metálico alienígena, do som do universo, do som da Criação ou do ¨big-bang¨, nem bons, nem maus, completamente nada no meio do nada, pois falta-lhe o som como princípio ativo da consciência, da cultura, do conhecimento e da realidade dotada de vida anímica, onírica e/ou paranormal.
MOYERS: Você realmente acredita nisso?
CAMPBELL: Ela é cheia de alegria, tal como é. Não acredito que alguém a tenha concebido assim, mas é assim que ela é. James Joyce tem uma frase inesquecível: “A história é um pesadelo de que estou tentando despertar”. E a maneira de despertar é não ter medo e reconhecer que tudo isso, tal qual é, é a manifestação do horrendo poder contido em toda criação. A finitude das coisas é sempre dolorosa. Mas a dor, em suma, é parte integrante da existência do mundo.
MATTANÓ: A história é como a corda de um relógio que é como é, se desenrola para que chegue ao seu fim e recomece novamente através de um herói, alguém que dê corda novamente a este relógio de corda, a própria história que vai acumulando horrores por conter toda a criação e poder sobre ela, de forma dolorosa e definitiva, mesmo quando reinventada. Ela se reinventa com o poder do som e da música no universo, nota-se que a música já começa com a pausa que é o silêncio absoluto, revelado antes da Criação e do ¨big-bang¨ e que pode ser reproduzido no andamento da Criação criando pausas ou momentos de silêncio que são música, que imprimem o poder da música sobre a Criação, o universo, o mundo e a vida, ou o homem e os alienígenas com suas formas de expressão, como o som do assobio metálico alienígena.
MOYERS: Mas, ao aceitar isso como conclusão derradeira, você abdica de constituir qualquer lei ou de empreender qualquer luta ou...
CAMPBELL: Eu não disse isso.
MOYERS: Não é a conclusão lógica que se extrai de aceitar tudo tal como é?
CAMPBELL: Essa não é a conclusão necessária a se extrair. Você poderia dizer: “Vou participar desta vida, vou me alistar no exército, vou à guerra”, e assim por diante.
MOYERS: “Vou fazer o melhor que posso.”
CAMPBELL: “Vou tomar parte no jogo. É um espetáculo maravilhoso, maravilhoso – se bem que dói um pouco.”
Afirmar sem reservas é difícil. Nós sempre afirmamos em termos condicionais. Eu afirmo o mundo sob a condição de que ele seja do jeito que Papai Noel disse que devia ser. Mas afirmá-lo do modo como ele é... isso é que é difícil, e é disso que tratam os rituais. Ritual é participação de grupo no mais hediondo dos atos, que é o ato da vida – especificamente, matar e comer outro ente vivo. Fazemos isso juntos, e assim é a vida. O herói é aquele que participa corajosa e decentemente da vida, no rumo da natureza e não em função do rancor, da frustração e da vingança pessoais.
O âmbito de ação do herói não é o transcendente, mas o aqui e agora, na esfera do tempo, o âmbito do bem e do mal, dos pares de opostos. Sempre que alguém se afasta do transcendente, cai na esfera dos opostos. Comeu-se da árvore do conhecimento do bem e do mal, e também do masculino e feminino, do certo e errado, disso e daquilo, da luz e da treva. Tudo na esfera do tempo é dual: passado e futuro, morto e vivo, ser e não ser. Mas o par supremo, que somos capazes de imaginar, é macho e fêmea, sendo o macho agressivo e a fêmea, receptiva; sendo o macho o guerreiro e a fêmea, o sonhador. Temos aí o reino do amor e o reino da guerra, Eros e Tanatos, como diz Freud.
Heráclito disse que para Deus todas as coisas são boas, certas e justas, mas para o homem algumas são certas, outras não. Uma vez sendo homem, você está na esfera do tempo e das decisões. Um dos problemas da vida consiste em enfrentá-la com a consciência de ambos os termos, ou seja: “Conheço o centro, e sei que bem e mal são apenas aberrações temporais e que, aos olhos de Deus, não há diferenças”.
MATTANÓ: Afirmações retratam rituais, retratam a vida e a morte, matar e comer outro ser ou ente vivo, uma participação hedionda de atos num grupo onde a vida é mantida pelas afirmações e pelo transcendente, já aquele que se afasta disto cai na esfera dos opostos e torna-se um sonhador, quanto ao Amor de Deus, Ele não é um sonhador e nem uma afirmação que leva ao transcendente, mas renúncia, porque é Amor. A renúncia faz do poder da música no Universo uma forma de Amor, pois você a faz por Amor a Criação, ao par de opostos, ao sonhador, ou seja, para suas afirmações e meios de transcender como por exemplo as Viagens no Tempo, que também são formas de afirmação e transcendência criadas a partir dos opostos e do próprio sonhador que se manifesta na Criação, seja ele paranormal ou não.
MOYERS: É a idéia que está nos Upanixades: “Nem macho, nem fêmea, tampouco neutro.
Qualquer que seja o corpo que assuma, através desse corpo será servido”.
CAMPBELL: Correto. Jesus diz: “Não julgue, para não ser julgado”. O que significa dizer: Situe-se de volta na posição do Paraíso, antes de pensar em termos de bem e mal. Não é exatamente o que se ouve nos púlpitos. Mas um dos grandes desafios da vida é dizer “sim” àquela pessoa, àquele ato ou àquela condição que você considera a mais abominável.
MOYERS: A mais abominável?
CAMPBELL: Há dois aspectos em coisas dessa ordem. Um é o seu julgamento na esfera da ação, outro é o seu julgamento como observador metafísico. Você não pode dizer que não deveria haver serpentes venenosas, porque essa é a lei da vida. Mas na esfera da ação, ao ver uma serpente venenosa prestes a picar alguém, você a mata. Isso não é dizer “não” à serpente, mas dizer “não” à situação. Há uma passagem maravilhosa no Rig Veda que diz: “Na árvore” – é a árvore da vida, a árvore da sua própria vida “há dois pássaros, amigos ligeiros. Um come o fruto da árvore; o outro, sem comer, observa”. Pois bem, aquele que come o fruto da árvore está matando um fruto. A vida vive da vida, isso é tudo. Um breve mito hindu conta a história do grande deus Shiva, o Senhor cuja dança é o universo. Ele tinha como sua consorte a deusa Parvati, filha do rei da montanha. Um monstro veio até ele e disse: “Quero sua mulher como minha amante”. Shiva ficou indignado, e simplesmente abriu seu terceiro olho e, desfechando raios, golpeou a terra; houve fumaça e fogo, e quando a fumaça clareou havia outro monstro, faminto, com os cabelos como os cabelos de um leão, voando nas quatro direções. O primeiro monstro viu que o monstro faminto estava prestes a devorá-lo. Pois bem, o que você faz quando se encontra numa situação como essa? A cautela convencional aconselha colocar-se à mercê da divindade. Então o monstro disse: “Shiva, eu me rendo à sua mercê”. Bem, existem regras para este jogo divino. Quando alguém se rende à sua mercê, então você deve mostrar-se misericordioso.
Então Shiva disse: “Eu lhe ofereço minha misericórdia. Monstro faminto, não o devore”.
“Bem”, disse o monstro faminto, “que devo fazer? Estou com fome. Você me faz faminto, para devorar a este monstro aqui.”
“Bem”, disse Shiva, “devore-se a si mesmo”.
Então o monstro faminto começou pelos próprios pés e continuou a mastigar, a mastigar – e essa é uma imagem da vida que vive da vida. Por fim, nada restou do monstro senão sua face. Shiva olhou para essa face e disse: “Nunca vi uma demonstração mais eloqüente do que essa sobre o que é a vida. Vou chamar você de Kirtimukha – a face da glória”. Você verá essa máscara, essa face da glória, nos portais dos templos de Shiva e dos templos budistas. Shiva disse à face: “Aquele que não se prostrar diante de você não será digno de vir até mim”.
Você deve dizer “sim” ao milagre da vida, tal como é, e não sob a condição de que ele siga as suas regras. Caso contrário, você nunca chegará à dimensão metafísica.
Certa vez, na Índia, pensei que gostaria de conhecer um grande guru ou mestre, face a face. Assim, dirigi-me a um celebrado mestre chamado Sri Krishna Menon, e a primeira coisa que ele me disse foi: “Você tem alguma pergunta?”
O mestre, nessa tradição, sempre responde a perguntas. Ele jamais lhe diz qualquer coisa que você não esteja apto a ouvir. Então eu disse: “Sim, eu tenho uma pergunta. Já que no pensamento hindu tudo no universo é manifestação da própria divindade, como poderei dizer não a qualquer coisa no mundo? Como poderei dizer ‘não’ à brutalidade, à estupidez, à vulgaridade, à incúria?”
E ele respondeu: “Por você e por mim, o certo é dizer sim”.
Então mantivemos uma maravilhosa conversação sobre o tema da afirmação de todas as coisas. Isso confirmou a sensação que eu havia tido: quem somos para julgar? Creio que esse é, também, um dos grandes ensinamentos de Jesus.
MATTANÓ: Dizer ¨sim¨ é um problema para o ato, para a consciência, para o comportamento, para a simbologia, para os significados, para os sentidos, para os conceitos, para o contexto, para a funcionalidade, para a linguagem, para a Gestalt e os insights, para as relações sociais, para os desejos, para a vida onírica, para a vida anímica, para a vida paranormal, para a vida espiritual, para o poder do música no Universo, para as Viagens no Tempo, para a leis e normas, para a afetividade, para a história de vida, para os pressupostos e subentendidos, para o inconsciente, para a consciência, cultura, conhecimento e realidade, para o subconsciente, para o inconsciente pessoal e para o inconsciente coletivo, para os arquétipos, para o novo e para a ressignificação comportamental e do inconsciente por meio dos contatos extraterrestres como forma de consequência e manutenção operante deste comportamento, talvez como forma de controle dialético entre Homo Sapiens e alienígena(s), para as conclusões e interpretações quando paramos para julgar.
MOYERS: Na doutrina clássica cristã, o mundo material é para ser desprezado, e a vida é para ser redimida no além mundo, no Paraíso, onde receberemos nossas recompensas. Mas você diz que, ao afirmar o que deploro, estou afirmando verdadeiramente este mundo, que representa a nossa eternidade, no momento.
CAMPBELL: Sim, é o que estou dizendo. A eternidade não é um tempo vindouro. Não é sequer um tempo de longa duração. Eternidade não tem nada a ver com tempo. Eternidade é aquela dimensão do aqui e agora que todo pensar em termos temporais elimina. Se você não a atingir aqui, não vai atingi-la em parte alguma. O problema com o Paraíso é que você vai ter uma vida tão boa, lá, que sequer vai pensar em eternidade. Você vai simplesmente experimentar o interminável deleite, na visão beatífica de Deus. Mas experimentar a eternidade aqui mesmo e agora, em todas as coisas, não importa se encaradas como boas ou más, esta é a função da vida.
MATTANÓ: A eternidade nunca está por vir, já o Paraíso está por vir, este nos preocupa e nos contingencia a vida psíquica e comportamental, até mesmo a social; a vida se adapta mais em função do Paraíso do que em função da eternidade em nossa humanidade e contexto atuais. Contudo o poder da música no Universo através do assobio de som metálico alienígena reprime a noção de Paraíso e aumenta a noção de eternidade e de cosmos, de universo, de seres alienígenas e não de vida após a morte, pois as contingências mudaram e os estímulos também, agora os estímulos controladores são os alienígenas e seus poderes do espaço, do universo que é eterno.
MOYERS: Assim é.
CAMPBELL: Assim é.
III
OS PRIMEIROS CONTADORES DE HISTORIAS
Os mensageiros animais, enviados pelo Poder Invisível, já não servem mais, como nos tempos primevos, para ensinar e guiar a humanidade. Ursos, leões, elefantes, cabritos e gazelas estão nas jaulas dos nossos zoológicos. O homem não é mais o recém-chegado a um mundo de planícies e florestas inexploradas, e nossos vizinhos mais próximos não são as bestas selvagens, mas outros seres humanos, lutando por bens e espaço, num planeta que gira sem cessar ao redor da bola de fogo de uma estrela. Nem em corpo nem em alma habitamos o mundo daquelas raças caçadoras do milênio paleolítico, a cujas vidas e caminhos de vida, no entanto, devemos a própria forma dos nossos corpos e a estrutura das nossas mentes. Lembranças de suas mensagens animais devem estar adormecidas, de algum modo, em nós, pois ameaçam despertar e se agitam quando nos aventuramos em regiões inexploradas. Elas despertam com o terror do trovão. E voltam a despertar, com uma sensação de reconhecimento, quando entramos numa daquelas grandes cavernas pintadas. Qualquer que tenha sido a escuridão interior em que os xamãs daquelas cavernas mergulharam, em seus transes, algo semelhante deve estar adormecido em nós, e nos visita à noite, no sono.
JOSEPH CAMPBELL
The Way of the Animal Powers
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MOYERS: Você acha que Wordsworth estava certo ao escrever: “Nosso nascimento não é senão sono e esquecimento:/A alma que se alteia em nós, estrela da nossa vida,/Já teve seu pouso em outro lugar/E vem de muito longe”? Você acha que é assim?
CAMPBELL: Acho. Não em completo esquecimento, quer dizer, os nervos em nosso corpo conservam as lembranças que moldaram a organização do nosso sistema nervoso a determinadas circunstâncias ambientais e às exigências do organismo.
MATTANÓ: Os nervos do nosso corpo guardam, armazenam as marcas sensoriais que os estímulos ambientais internos e externos desencadeiam através dos processos interoceptivos, exteroceptivos e proprioceptivos que tem conexão com o sistema nervoso do indivíduo que armazenam estas informações sensoriais através dos neurônios formando mapas cognitivos ou mapas cerebrais e caminhos cognitivos ou caminhos cerebrais que nos servem para responder de maneira inteligente a um determinado estímulo, quando este é apresentado diante de nós. Dentre estes estímulos podemos selecionar a música e o seu poder no Universo, o assobio de som metálico alienígena e uma nova abordagem sobre a Viagem no Tempo, fundamentada no poder da vida, da Criação, se prolongando ao poder da paranormalidade e inferir que a música pode ser parte de um rito para Viagens no Tempo onde seres alienígenas se materializam como músicos em meio a muros e tijolos que compõem muros e casas numa exibição paranormal de imagens semelhantes a holografia e as dos sinais em camuflagem em nuvens, mas agora em muros e tijolos que estruturam muros e residências de militares e de cientistas, e de ufólogos e de pessoas que são objetos de Santidade. Isto conforme as exigências do organismo de prazer e reforço ou de dor e punição que mantêm em operação a formação de homeostase do mesmo organismo, mediante as alterações ambientais que suscitam alterações comportamentais, fisiológicas e morfológicas num organismo que tem que evoluir, ser seletivo e competir com outras espécies e com a sua própria espécie para sobreviver e se reproduzir.
MOYERS: O que nossas almas devem aos mitos antigos?
CAMPBELL: Os mitos antigos foram concebidos para harmonizar a mente e o corpo. A mente pode divagar por caminhos estranhos, querendo coisas que o corpo não quer. Os mitos e ritos eram meios de colocar a mente em acordo com o corpo, e o rumo da vida em acordo com o rumo apontado pela natureza.
MOYERS: Então essas velhas histórias vivem em nós?
CAMPBELL: Certamente. Os estágios do desenvolvimento humano são hoje os mesmos que eram nos tempos antigos. Quando criança, você é educado num mundo de disciplina, de obediência, e é dependente dos outros. Tudo isso tem de ser superado quando você atinge a maturidade, de modo que possa viver, não em dependência, mas com uma autoridade auto-responsável. Se você não for capaz de cruzar essa barreira, poderá se tornar um neurótico. Depois de ter conquistado, produzido o seu mundo, vem a crise de ser dispensado, a crise do desengajamento.
MATTANÓ: Certamente o que aprendemos e vivemos hoje em termos de desenvolvimento vivemos em nossa evolução, pois a ontogênese repete a filogênese, ou seja, o indivíduo repete a espécie, e isto elabora e desencadeia em nossa alma os mitos e os ritos que tem por objetivo colocar em acordo a mente com o corpo, e a vida com a natureza onde as velhas histórias retratam os estágios da vida, a criança que é dependente e alcança a maturidade ficando responsável e com autoridade e finalmente entra em crise final quando é dispensado na crise do desengajamento quando enfrenta a demência e a generosidade. E no meio de tudo isto surge a luta pela vida no universo: a luta e o enfrentamento contra adversidades extraterrestres, onde temos que discriminar a vida, o comportamento, a mente, a sociedade, a filosofia, a biologia, a tecnologia, a linguagem e a comunicação, as armas, a alimentação e os planos dos alienígenas que entram em contato com a Terra, descobrimos, por exemplo, que sua linguagem pode ser igual a dos nossos animais e assim indecifrável, incompreensível, impossível de traduzir, da mesma forma as nossas línguas para os aliens que como prova deste evento jamais se comunicaram em língua falada e escrita através de nossas línguas, e portanto que Deus e Nossa Senhora não são aliens, pois conseguem falar e escrever a nossa língua, que o Pergaminho de Medjugorje não é alienígena pois não tem linguagem alienígena, mas a nossa e esta os aliens não conseguem entender e nem reproduzir com significado e sentido, que os aliens manipulam a terra e os alimentos para adaptá-los, provavelmente, a sua necessidade alimentar, que o Amor de Deus não é alienígena pois fala e escreve a nossa língua e aprende novas línguas deste mundo. E que a luta pela vida no universo envolve surpresas como o poder da música no Universo, trazendo até nós seres espaciais com um assobio de som metálico e alienígena que anunciam poderes do espaço, dentre eles a Viagem no Tempo e no Espaço, mas também outra forma de se comunicar e de manter relações de fraternidade, poder e longevidade, moral e sobrevivência, até de reprodução e segurança, nos mostrando que as tecnologias respondem a qualquer língua ou linguagem, elas são universais, assim como o universo e suas estruturas, que não dependem de um código numa língua ou linguagem específica para que se possa ser estudado, compreendido e administrado, explorado e transformado ou mantido e equilibrado, pois temos todos as mesmas bases universais da criação, já que somos todos uma única estrutura conhecida como Universo.
MOYERS: E finalmente a morte?
CAMPBELL: E finalmente a morte. É o desengajamento definitivo. Assim, o mito precisa servir aos dois propósitos, induzir o jovem a participar da vida do seu mundo – esta é a função do folclore – e depois desengajá-lo. A idéia folclórica desencadeia a idéia elementar, que guia você na direção da sua própria vida interior.
MATTANÓ: O mito serve a dois mundos, a vida e depois a morte, ao engajamento e finalmente, ao desengajamento, este é o caminho na direção da vida interior. A vida interior suscita vida e morte como suscita um som que vem das estrelas ou do próprio mundo, denominado como o poder da música no Universo, repleto de vida e que faz da vida interior um trampolim contra a morte.
MOYERS: E esses mitos contam como os outros fizeram a travessia, e como eu posso fazê-la?
CAMPBELL: Isso mesmo, e também falam das belezas que você encontra no caminho. Compreendo bem isso, agora que me aproximo dos meus últimos anos, você sabe – os mitos me ajudam a aceitá-lo.
MOYERS: Que tipo de mitos? Fale-me de um que o tenha realmente ajudado.
CAMPBELL: A tradição hindu, por exemplo, de mudar efetivamente toda a maneira de se vestir, mudar até o próprio nome, quando se passa de um estágio a outro. Quando me aposentei do magistério, sabia que tinha de criar um novo modo de vida, e mudei a maneira de pensar em minha vida, exatamente em termos daquela noção – movendo-me da esfera da realização para a esfera do deleite, da apreciação e do repouso diante da maravilha que é isso tudo.
MATTANÓ: Dentre as belezas dos mitos estão a capacidade de te fazer mudar, de passar de um estágio para outro estágio, de criar um novo padrão comportamental, psíquico ou de estilo de vida, de experiência, de vivência, de institucionalização, de realização. O poder da música no Universo leva-nos a mudar de um estágio para outro estágio, sobretudo quando escutamos presencialmente o som do assobio metálico alienígenas, mesmo que paranormalmente, por meio da telepatia, pois há uma transformação paranormal da sua consciência, cultura, conhecimento e realidade.
MOYERS: E depois vem a passagem final pelo portão escuro?
CAMPBELL: Bem, isso não chega a ser problema. O problema, na meia idade, quando o corpo atingiu seu poder máximo e começa a declinar, é identificar se, não com o corpo, que decai, mas com a consciência de que ele é um veículo. Isto é algo que aprendi com os mitos. Que sou eu? Sou a lâmpada que contém a luz ou sou a luz de que a lâmpada é o veículo?
Um dos problemas psicológicos do envelhecimento é o medo da morte. As pessoas relutam diante da porta da morte. Mas este corpo é um veículo da consciência, e se você for capaz de se identificar com a consciência, também será capaz de encarar esse corpo como um velho carro. Lá se vai um pára-lama, lá se vai um pneu, uma coisa depois da outra – é previsível. Então, a coisa toda se desmancha e a consciência se reúne à consciência. Já não mais neste ambiente específico.
MATTANÓ: Se identificar com a consciência e não com o corpo no envelhecimento e na morte, no medo da morte torna-se mais fácil com a Teoria da Abundância de Mattanó onde você passa a ser uma célula ou uma Hóstia Viva que tudo transforma através do milagre e vive eternamente através da ressurreição ou da transformação onde na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma, até na morte, então você atinge essa consciência pelo milagre da atenção e da intenção dela mesma, sem ceder ao controle, as razões e a literalidade e nem ao S – R – C, estímulo – reforço – consequência, funcionalidade, contexto, comportamento, inconsciente, significados e sentidos, simbologias, sonhos e interpretações, análises e conclusões, chistes, lapsos de linguagem, fantasias, atos falhos, esquecimentos, piadas e humor, pressupostos e subentendidos, gestalts e insights e até história de vida e imunidade que varia conforme tudo isto varia. Esta transformação alcança até mesmo o poder da música no Universo, mesmo que fiquem resíduos paranormais, mas sua consciência, cultura, conhecimento e realidade se fortificam na medida em que você reforça e treina estas habilidades comportamentais e psicológicas direcionadas a influência do poder da música no Universo como o assobio de som metálico alienígena e talvez outras adversidades como as holografias, as camuflagens em nuvens, os agroglifos, a abdução, a dor, a telepatia, as contaminações e as invasões de territórios, de modo a minimizar a ação destes eventos paranormais e alienígenas.
MOYERS: Então esses mitos têm algo a dizer sobre o envelhecimento. Pergunto isso porque muitos deles falam do esplendor da juventude.
CAMPBELL: Os mitos gregos falam disso. Quando pensamos em mitologia, normalmente pensamos ou na mitologia grega ou na mitologia bíblica. Há uma espécie de humanização do material mítico em ambas essas culturas. Elas dão uma ênfase especial ao humano e, principalmente nos mitos gregos, à humanidade e glória do esplendor da juventude.
Mas eles também sabem apreciar a idade. O velho sábio e o prudente são figuras respeitadas no mundo grego.
MATTANÓ: Eu pessoalmente acredito que um mito retrata o que faz sentido numa necessidade de uma comunidade com significados e conceitos, elaborando comportamentos e respostas inconscientes, simbologias, por isso os mitos falam da juventude, da beleza e do velho sábio, do prudente, que são essenciais para a manutenção de suas comunidades e culturas, até mesmo quando eles, os mitos abordam o poder da música no Universo através do som do assobio metálico alienígena e com a produção, posterior, de significados e sentidos, que parece ficar interrompida e obtusa, bloqueada por um lapso de tempo.
MOYERS: E nas outras culturas?
CAMPBELL: Elas não enfatizam a beleza da juventude até esse ponto.
MOYERS: Você diz que a imagem da morte está no início da mitologia. O que você quer dizer com isso?
CAMPBELL: A primeira evidência de qualquer coisa parecida com pensamento mítico está associada à sepultura.
MOYERS: E ela sugere que homens e mulheres viam a vida, e quando não mais a viam começavam a questionar a respeito disso?
CAMPBELL: Deve ter sido algo assim. Tudo o que você tem a fazer é imaginar como seria a sua própria experiência. Os sepultamentos que recorrem a armas e sacrifícios para garantir a continuidade da vida... eles certamente sugerem que havia uma pessoa que estava viva e animada diante de você e agora jaz, ali, fria, começando a se decompor. Alguma coisa estava ali e já não está. Onde se encontra agora?
MATTANÓ: Provavelmente os mitos e sua experiência começaram com a morte e o sepultamento, pois adquiriu-se o comportamento de recorrer a armas e sacrifícios para garantir a continuidade da vida, que estava ali e agora não estava mais, onde estaria? Num reino de significados e de sentidos, de símbolos e de contextos, de funcionalidades, de comportamentos e de relações conscientes e inconscientes, de um novo estilo de vida. Talvez também mediado pelo poder da música no Universo, como o do som metálico alienígena que se transforma num símbolo com significado e sentido originais, nos avisando também que essas criaturas alienígenas estavam alí conosco e de repente não estão mais, como em suas naves espaciais – o que elas querem nos dizer do Universo? Que ele está alí e de repente não está mais? Estão nos falando de Viagens no Tempo e no Espaço, da Criação e do Apocalipse?!
MOYERS: Na sua opinião, quando é que os seres humanos se deram conta da morte, pela primeira vez?
CAMPBELL: Eles descobriram a morte pela primeira vez quando concluíram que eram humanos porque morriam. Ora, os animais vivem a experiência de observar a morte dos companheiros, mas, até onde sabemos, não nutrem, a respeito, qualquer pensamento ulterior. E não existe evidência de que os seres humanos pensassem a respeito da morte, de maneira significativa, até o período de Neandertal, quando armas e sacrifícios de animais acompanhavam os sepultamentos.
MOYERS: O que esses sacrifícios representam?
CAMPBELL: Isso eu não saberia dizer.
MOYERS: Por que não arrisca um palpite?
CAMPBELL: Eu faço o possível para não dar palpites. Você sabe, nós temos um portentoso acervo de informações sobre esse assunto, mas existe um ponto a partir do qual já não há informação alguma. Antes do aparecimento da escrita, você não tem condições de saber o que as pessoas pensavam. Tudo o que você terá serão vestígios, apreciáveis, dessa ou daquela espécie. Você pode extrapolar a respeito do passado, mas isso é perigoso. No entanto, sabemos que os sepultamentos sempre implicam a idéia de uma vida que prossegue para além da vida visível, de um plano de ser subjacente ao plano visível, e que de algum modo sustenta esse visível a que temos de nos vincular. Eu diria que esse é o tema básico de toda mitologia: o de que existe um plano invisível sustentando o visível.
MOYERS: O que não sabemos sustenta o que sabemos.
CAMPBELL: Sim. E essa idéia de uma sustentação invisível se relaciona também à sociedade. A sociedade aí estava, antes de você; continua aí, depois que você se vai, e você é um membro dela. Os mitos que o ligam ao seu grupo social, os mitos tribais, afirmam que você é um órgão de um organismo maior. E a própria sociedade, por sua vez, também é um órgão de um organismo ainda maior, que é a paisagem, o mundo no qual a tribo se move. O tema básico do ritual é a vinculação do indivíduo a uma estrutura morfológica maior que a do seu próprio corpo físico.
O homem vive de matar e há um senso de culpabilidade decorrente disso. Sepultamentos sugerem que o meu amigo morreu e sobrevive. Os animais que eu matei também devem sobreviver. Os caçadores primitivos normalmente tinham uma espécie de divindade animal
– o nome técnico deveria ser o mestre animal, o animal que é o mestre animal. O mestre animal envia os rebanhos para serem mortos.
Como você vê, o mito básico da caçada traduz uma espécie de acordo entre o mundo animal e o mundo humano. O animal entrega sua vida voluntariamente, compreendendo que essa vida transcende sua entidade física e retornará ao solo ou à matriz, por meio de algum ritual de restauração. E esse ritual de restauração se associa ao animal que, na caça, ocupa a posição mais elevada. Para os índios das planícies americanas, era o búfalo. Na costa noroeste, as grandes festas têm a ver com a chegada do salmão. No sul da África, o magnífico antílope é o animal principal.
MATTANÓ: Podemos entender que o invisível sustenta e cria o visível através da ideia que tudo isto, o meio ambiente, o grupo social, a sociedade, a paisagem, o mundo, a tribo, a cidade estava aí antes de você, e continuará aí, depois que você se for, e que isto significa que você é um membro de tudo isto, pois na ausência do estímulo surge a ideia do próprio estímulo em seu comportamento encoberto reforçando seu vínculo com o estímulo.
O homem é um macaco assassino, ou seja, vive de matar e os sepultamentos sugerem que o
meu amigo morreu e sobrevive, no meu comportamento encoberto e verbal, que se transforma em rito espiritual. Os animais que eu matei também deveriam sobreviver, em meu comportamento encoberto e verbal, que se transforma em rito espiritual. Os caçadores primitivos tinham uma espécie de divindade animal - o mestre animal, que envia os rebanhos para serem mortos.
O mito básico da caçada traduz uma espécie de acordo entre o mundo animal e o mundo
humano. O animal se entrega voluntariamente e sua vida transcende sua entidade física e retornará ao solo ou à matriz, por meio de um ritual que é elaborado a partir do meu comportamento encoberto e verbal de restauração.
Talvez o mistério do poder da música no Universo e do som no universo, da voz humana e do som do assobio metálico alienígena ou de outros seres vivos deste mundo encontra-se justamente no mistério da vida e da sobrevivência, da luta pela evolução, seleção natural e competição entre espécies e indivíduos da mesma espécie, onde o estímulo determina a realidade ambiental interior do organismo, da sua consciência, cultura, conhecimento e realidade, seja um estímulo interoceptor, exteroceptor, proprioceptor ou ambiental, sua função é contingenciar o comportamento oferecendo a ele uma funcionalidade, que traduz-se em sobrevivência, em homeostase.
MOYERS: E o animal principal é...
CAMPBELL: ...aquele que fornece o alimento.
MOYERS: Quer dizer que nas primeiras sociedades caçadoras desenvolveu-se entre os seres humanos e os animais um compromisso segundo o qual uns deviam ser consumidos pelos outros?
CAMPBELL: Assim é a vida. O homem é um caçador, e o caçador é uma besta predatória. Nos mitos, a besta predatória e o animal que é predado desempenham dois papéis significativos. Representam dois aspectos da vida – o agressivo, mortífero, conquistador, criativo; e, do outro lado, a matéria ou a matéria subjugada, você poderia dizer.
MATTANÓ: A vida se alimenta da própria vida e assim, nos mitos o homem é um caçador ou uma besta predatória com dois aspectos da vida: de um lado, o agressivo, mortífero, conquistador, criativo; e do outro lado, a matéria ou a matéria subjugada. O homem vem de seus ancestrais os macacos que eram assassinos, que adquiriram este comportamento ao deixarem as florestas e terem que caçar e matar para comer e sobreviver. Da mesma forma o homem continua sendo uma besta predatória em relação ao poder da música no Universo, pois deseja ser conquistador, mortífero e criativo, agressivo, mas também materialista e ter uma atitude de subjugar a matéria, colocando-se numa posição de adoração ou veneração, de culto ao poder da música no Universo, inclusive perante o som do assobio de som metálico alienígena, criando significados e sentidos, conceitos e contextos, comportamentos e linguagens, símbolos e simbologias, uma topografia visual e acústica cerebral para esses estímulos, relações sociais, Gestalt e insights, funcionalidades, trabalho e educação, cultura e religião, fé e crença, superstição voltada e orientada pela criação de totens e tabus, onde a música torna-se um totem e um tabu com motivo disciplinador, educador e castrador, religioso e sobrenatural, capaz de trazer sorte ou azar, abundância ou escassez para o seu povo, até mesmo vida ou morte, guerra ou paz, ou seja, distorção das leis da evolução das espécies, da seleção natural e da competição entre espécies diferentes e indivíduos da mesma espécie.
MOYERS: A própria vida. O que acontece na relação entre o caçador e a caça?
CAMPBELL: Pelo que sabemos da vida dos bosquímanos primitivos, e da ligação dos índios americanos com o búfalo, é uma relação de reverência, de respeito. Por exemplo, o bosquímano da África vive num mundo deserto.
É uma vida duríssima, e a caçada, em tal ambiente, é uma tarefa extremamente árdua. Há pouca madeira para arcos fortes, poderosos. O bosquímano dispõe de arcos minúsculos e o alcance da flecha é de pouco mais de trinta jardas. A flecha tem fraco poder de penetração. Não faz nada além de romper a pele do animal. Mas o bosquímano aplica um veneno prodigiosamente eficaz na ponta da flecha, de modo que aqueles belos animais, os antílopes, morrem em agonia, ao longo de um dia e meio. Depois que o animal foi ferido e começa a morrer dolorosamente por causa do veneno, os caçadores devem respeitar certos tabus, fazer isso, não fazer aquilo, numa espécie de participação mística na morte do animal, cuja carne se tornou a vida deles, e cuja morte eles provocaram. Há uma identificação, uma identificação mitológica. Matar não é simplesmente abater, é urri ato ritual, como é comer, quando você rende graças antes da refeição. Um ato ritual é o reconhecimento da sua dependência à voluntária doação desse alimento, a você, pelo animal, que cedeu a própria vida. A caçada é um ritual.
MATTANÓ: Com a evolução a ligação do homem com a caça foi se desenvolvendo e se aperfeiçoando, o homem foi criando novas técnicas para otimizar sua caçada, como colocar veneno na ponta das flechas e alongar os rituais, cuja carne se tornaria a própria carne deles, e cuja a morte provocaram; havendo uma identificação mitológica, que permitia ao homem agradecer ao animal que cedeu a sua própria vida por se fazer alimento para ele, assim a caçada se tornou um ritual. Da mesma forma o poder da música no Universo se tornou o som do próprio homem que tenta reproduzi-lo fielmente, até mesmo o som do assobio metálico alienígena que passa a pertencer a mitologia humana, de modo a enriquecer a dramaturgia do dia-a-dia mundial.
MOYERS: E um ritual expressa uma realidade espiritual.
CAMPBELL: Expressa o fato de que isso está de acordo com o rumo da natureza, e não apenas com meus impulsos pessoais.
Ouvi dizer que, quando contam histórias sobre seus animais, os bosquímanos realmente imitam as vozes dos diferentes animais, pronunciando as palavras como se os próprios animais as estivessem pronunciando. Eles possuem um conhecimento íntimo dessas criaturas, com as quais mantêm amigáveis relações de vizinhança.
E então matam alguns deles, para se alimentar. Conheço rancheiros que têm uma vaca de estimação, além dos animais do rancho, propriamente ditos. Eles não comerão a carne desse animal, porque seria uma espécie de canibalismo comer a carne de um amigo. Mas os aborígines comiam a carne dos seus amigos, o tempo todo. Alguma espécie de compensação psicológica precisa ser obtida, e os mitos ajudam quanto a isso.
MOYERS: Como?
CAMPBELL: Esses mitos primitivos ajudam a psique a participar, sem culpa ou receio, no ato necessário da vida.
MOYERS: E essas grandes histórias se referem repetidamente a essa dinâmica, de um modo ou de outro – a caça, o caçador, o caçado, e o animal como amigo, como mensageiro de deus.
CAMPBELL: Correto. Normalmente, o animal predado se torna o mensageiro do divino.
MOYERS: E você termina como o caçador matando o mensageiro.
CAMPBELL: Matando deus.
MOYERS: Isso não traz culpa?
CAMPBELL: Não, culpa é aquilo que é banido pelo mito. Matar o animal não é um ato pessoal. Você está realizando uma tarefa da natureza.
MOYERS: A culpa é banida pelo mito?
CAMPBELL: Sim.
MATTANÓ: Matar para comer é próprio de cada animal, de cada ser vivo, a vida se alimenta da morte, a natureza é a morte que se torna vida a todo momento, por isso o mito alimenta o caçador que mata o animal para come-lo depois de tê-lo como amigo, a natureza é o nosso melhor amigo, aquele que se desfaz de sua própria pele e evolui, cresce e se desenvolve para se reproduzir e manter a própria natureza em seu ciclo mitológico, que por assim bane a culpa, pela necessidade, pelo instinto. Da mesma forma o mito do poder da música no Universo se alimenta e mata o som que existe no universo ou no planeta Terra para se revigorar comendo-o como um canibal que come seu próprio amigo pois não o reconhece de outra forma, senão como parte da natureza e da sua própria natureza, construindo um ciclo mitológico que se perpetua através dos instintos, já que a fome é um padrão de comportamento instintual inerente a vida, assim a culpa acaba sendo excluída das suas relações através do mito, do tabu e dos totens.
MOYERS: Mas em algum momento você deve sentir alguma relutância ao se aproximar do animal para o matar. Na verdade, você não quer matá-lo.
CAMPBELL: O animal é o pai. Você sabe o que os freudianos dizem, que o primeiro inimigo é o pai, se você for homem. Quando você é criança, todo inimigo é potencialmente, psicologicamente associado à imagem do pai.
MOYERS: Você acha que o animal se tornou a imagem paterna de Deus?
CAMPBELL: Sim. Não há dúvida de que a atitude religiosa em relação ao animal principal é de reverência e respeito, e também de submissão à inspiração desse animal. O animal é aquele que traz as dádivas – tabaco, o cachimbo místico, e assim por diante.
MOYERS: Você não acha que isso perturbava o homem primitivo matar o animal que é um deus ou o mensageiro de um deus?
CAMPBELL: Em hipótese alguma – é para isso que existem os ritos.
MATTANÓ: O animal representa o pai, o primeiro inimigo da evolução e da seleção natural, tornando-se o objeto de reverência e de respeito, de submissão à inspiração desse animal originariamente de inimigo, que se converte e traz dádivas e presentes para o caçador, o indivíduo ou a criança, essa conversão ocorre por meio dos ritos. Os ritos tem a função de transformar o animal em objeto de desejo, reverência, respeito ou submissão, mesmo que originariamente sendo um inimigo. Da mesma forma o poder da música no Universo pode ser interpretado como uma ameaça e a partir daí e tê-lo com reverência, respeito ou submissão, até mesmo quando desempenhado por seres extraterrestres através do som metálico alienígena do assobio deles, um som que representa o pai, o animal, a vida e a Criação e o seu poder de ameaça, de luta pela sobrevivência, como em Adão e Eva que lutaram pela vida através do pecado, eles deixaram de lado a imortalidade e os seus prazeres para viverem, ou seja, deixaram o Útero do Mundo e nasceram para o mundo onde tiveram que lutar contra suas ameaças e perigos para sobreviver, ameaças e perigos, inclusive, psicológicos e comportamentais vislumbrados na personagem da serpente que representava o Demônio ou um delírio de perseguição ou mesmo um alienígena polimorfo manipulando a realidade e a humanidade com acontecimentos de grande notoriedade, contudo estes símbolos também representam o pai, o primeiro inimigo da evolução de uma criança ou de um bebê.
MOYERS: Que espécie de ritos?
CAMPBELL: Rituais de pacificação e agradecimento ao animal. Por exemplo, quando o urso é abatido, existe uma cerimônia em que se oferece a ele um naco da sua própria carne. Depois há uma breve cerimônia em que a pele do urso é estendida sobre uma espécie de engradado, como se ele estivesse presente – e ele está presente: serve sua própria carne para o jantar. Uma fogueira arde – e a fogueira é a deusa. Depois trava-se uma conversação entre o deus da montanha, que é o urso, e a deusa do fogo.
MOYERS: Que dizem eles?
CAMPBELL: Quem sabe? Ninguém os ouve, mas há um esboço de socialização em meio a tudo isso.
MOYERS: Se os ursos da caverna não tivessem sido pacificados, os animais não apareceriam e os caçadores primitivos morreriam de fome. Eles começaram a se dar conta de uma espécie de poder, do qual eram dependentes, um poder maior que o deles próprios.
CAMPBELL: Sim. Esse é o poder do mestre animal, que provém do fato de os animais participarem do jogo por sua vontade. Em toda parte, entre povos caçadores, existe uma relação muito íntima, compreensiva, com o principal animal fornecedor de alimento. Quando nos sentamos para uma refeição, agradecemos a Deus pelo alimento. Essa gente agradecia aos animais.
MATTANÓ: Agradecer a Deus pelo alimento e agradecer ao animal pelo alimento constituem parte de uma conversação entre o homem e Deus e o homem e o animal. Isto faz com que tanto Deus quanto o animal participem do jogo dos caçadores por sua própria vontade, de forma muito íntima e compreensiva, permitindo assim a caça ao caçador e esta relação fornecer o alimento de forma naturalística ao indivíduo e sua comunidade. Da mesma forma o homem pode ritualizar e agradecer pelo som e pelo poder da música no Universo, pelo som do assobio metálico alienígena, criando uma relação da qual alienígena e homem participam de igual para igual ou do mesmo contexto, da mesma historia, Zeitgeist ou vontade, permitindo assim as relações entre homem e ser alienígena, sem problemas morais ou legais, certificando e legitimando com autoridade estas condutas e relações, de modo que nada fuja do controle, até mesmo o pior dos eventos, pois cria-se um pacto de segurança institucional.
MOYERS: Então, pacificar o animal por meio desse ritual de honraria seria como subornar o açougueiro no supermercado.
CAMPBELL: Não, não creio que fosse suborno, de maneira alguma. É agradecer a um amigo por cooperar numa relação comum. E se você não agradecer, ele ficará ofendido.
Existem rituais descritos como preparatórios à caçada de animais. Antes de sair para matar, o caçador desenha, no topo da colina, uma figura do animal que está disposto a matar. E essa colina deve estar numa posição tal que os primeiros raios do sol nascente a atinjam. Quando o sol nasce, o caçador está lá, esperando, na companhia de algumas pessoas, para representar seus ritos. Quando a luz atinge a figura do animal, a flecha do caçador voa exatamente no caminho aberto pelo raio de luz e toca o desenho do animal, e a mulher, que está presente para ajudar o caçador, ergue as mãos e grita. Aí o caçador sai e mata o animal. E a flecha estará exatamente onde estava no desenho. Na manhã seguinte, quando o sol se ergue, o caçador apaga o desenho. Isso é feito por ele em nome da ordem natural, não em nome das suas intenções pessoais.
Eis outra história, de um tipo totalmente diferente de sociedade, a do samurai, o guerreiro japonês, que tinha o dever de vingar a morte do seu suserano. Quando ele encontrou o homem que havia assassinado seu suserano, e estava à beira de enfrentá-lo com sua espada de samurai, o homem, na exasperação do terror, cuspiu na sua face. O guerreiro embainhou a espada e foi embora.
MOYERS: Por quê?
CAMPBELL: Porque ele estava com raiva, e, se tivesse matado o homem nesse estado, esse teria sido um ato pessoal. E ele tinha vindo para realizar outro tipo de ato, um ato impessoal de vingança.
MATTANÓ: O caçador é impessoal e segue seus ritos, não por motivos pessoais ou vantagens quaisquer, mas porque a caça tem que ser assim, por que o animal caçado tem sua representação coletiva na psique do indivíduo e do seu grupo, por que não há outro modo de se caçar e obter o alimento e suportar os perigos da mente humana e primitiva que em conjunto com outros indivíduos pode ser bastante destrutiva e violenta ou perigosa, delirante e louca, só os rituais transformam os delírios e a loucura num processo sócio-educativo e de permanência coletiva. Os rituais transformam o poder da música no Universo, como o poder do som do assobio metálico alienígena, num processo sócio-educativo, cultural e legítimo, até mesmo filosófico, histórico, psicanalítico e psicológico, militar e ufológico, comunicacional e mercadológico, gerador de economia e de riquezas, humanístico e linguístico, antropológico, de arquitetura e engenharia, arqueológico, político, religioso, semântico, produtor de significados e de sentidos, de tecnologias, de teorias e de instrumentos mais avançados através de uma coletividade que há de permanecer em si mesma.
MOYERS: Você acredita que esse tipo de impessoalidade tenha desempenhado algum papel na psique do caçador das grandes planícies americanas?
CAMPBELL: Sem dúvida. Está claro que é um problema moral matar alguém e comer essa pessoa. Veja, esses indivíduos não pensavam nos animais do mesmo modo como nós pensamos, como subespécies. Os animais são pelo menos nossos iguais e, às vezes, nossos superiores.
O animal tem poderes que o ser humano não tem. O xamã, por exemplo, freqüentemente manterá um animal consigo, isto é, o espírito de alguma espécie animal, que lhe dará sustentação e o guiará.
MOYERS: Mas quando começam a ser capazes de imaginar e ver beleza, e a criar beleza, fora dessa relação, então os seres humanos se tornam superiores aos animais, não se tornam?
CAMPBELL: Bem, não creio que o xamã pense tanto em superioridade quanto em igualdade. Ele pede conselho aos animais, e o animal se torna um modelo para a vida. Nesse caso, é superior. Às vezes o animal se torna o doador de um ritual, como nas lendas sobre a origem do búfalo. Por exemplo, você pode ver essa igualdade na lenda básica da tribo dos pés negros, que é a lenda da origem das suas danças rituais do búfalo, por meio das quais eles invocam a cooperação dos animais no jogo da vida.
MOYERS: Que lenda é essa?
CAMPBELL: Bem, essa história se origina das dificuldades de encontrar alimento para um grupo tribal de grande porte. Um modo de conseguir carne para o inverno é conduzir uma manada de búfalos até o alto de um rochedo, de modo que todos eles caiam e possam ser facilmente esquartejados no pé do rochedo. Isso é conhecido como “cachoeira de búfalo”.
Esta história, muito, muito antiga, é sobre uma tribo de pés negros que não conseguia levar os búfalos até o alto do rochedo. Os búfalos se aproximavam e, então, mudavam de direção. Assim, parecia que a tribo não teria nada para comer, no inverno.
Um dia, uma jovem levantou-se cedo, para buscar água para a família, e por acaso olhou para o rochedo onde estavam os búfalos. Ela então disse: “Ah, se vocês chegarem lá em cima, eu me casarei com um de vocês”.
Para sua surpresa, todos se puseram em marcha. Bem, essa foi a surpresa número 1. A surpresa número 2 foi quando um dos búfalos, o xamã da manada, se aproximou e disse: “Muito bem, menininha, agora vamos”.
“Oh, não”, ela diz.
“Oh, sim”, diz ele, “você fez uma promessa. Nós mantivemos nossa parte do trato. Olhe para todos os meus parentes aqui – mortos. Agora nós iremos”.
Bem, quando a família acorda, olha ao redor e... onde está Minnehaha? O pai se abaixa para examinar o chão – você sabe, os índios podem ver pelas marcas dos pés – e diz: “Ela se foi com um búfalo. E eu vou trazê-la de volta”.
Então ele veste seus mocassins, apanha arco e flecha, e tudo o mais, e parte na direção das planícies. Já tinha caminhado uma boa distância quando acha melhor sentar e descansar um pouco. Ele então se senta, e enquanto pensa no que deveria fazer, aparece-lhe uma pega, um daqueles pássaros espertos que têm qualidades xamânicas.
MOYERS: Qualidades mágicas.
CAMPBELL: Sim. E o índio diz à pega: “Ó belo pássaro, minha filha fugiu com um búfalo? Você a viu? Poderia procurar aí ao redor, para ver se a encontra em algum lugar nas planícies?”
E a pega diz: “Bem, há uma bela jovem com um búfalo, agora mesmo, logo ali, bem perto”.
“Bem”, diz o homem, “você poderia ir dizer a ela que seu papai está aqui, no lamaçal do búfalo?”
Então a pega sai voando e encontra a jovem lá entre os búfalos, que estão todos dormindo, enquanto ela costura, ou algo parecido. A pega se aproxima e diz: “Seu pai está ali no lamaçal, à sua espera”.
“Oh”, ela diz, “isso é terrível. Isso é muito perigoso. Esses búfalos vão matar-nos. Diga-lhe para esperar, e eu aparecerei. Tentarei dar um jeito nisso.”
Então o búfalo seu esposo, que estava atrás dela, acorda, pega o próprio chifre e diz: “Vá até o lamaçal e me traga algo para beber”.
Ela apanha o chifre e vai, e ali está seu pai. Ele a toma pelo braço e diz:
“Venha!”
Mas ela diz: “Não, não, não! Isto é um tremendo perigo. Toda a manada viria logo atrás de nós. Eu vou dar um jeito nisso. Agora deixe-me voltar”.
Assim ela apanha a água e volta. E o búfalo diz: “Fe, fi, fo, fum, eu sinto o cheiro do
sangue de um índio” você sabe, esse tipo de coisas. E ela diz: “Não, nada disso”. E ele diz: “Ah, sim, com certeza!” Então ele dá um berro de búfalo, e todos os búfalos se levantam, começam a executar uma lenta dança de búfalos com as caudas erguidas, e depois se põem em marcha e pisoteiam aquele pobre homem até a morte, até que ele desapareça inteiramente, transformado num monte de pedaços. E se vão. A jovem chora e seu esposo búfalo diz: “Você está chorando?”
“Sim”, ela diz, “ele é meu papai”.
“Bem”, ele diz, “e nós? As nossas crianças lá estão, ao pé do rochedo, nossas esposas, nossos pais... e você chora por causa do seu paizinho.” Bem, ele aparentemente era um tipo de búfalo que se compadecia, e disse: “Está bem, se você conseguir trazer seu papai de volta à vida eu os deixarei ir”.
Então ela se volta para a pega e diz: “Por favor, saia bicando por aí e veja se encontra um pedacinho do papai”. A pega assim o faz e retorna, por fim, com uma vértebra, apenas um ossinho. E a jovem diz: “Isto é o bastante”. Então ela coloca o osso no chão, cobre o com sua manta e canta uma canção revificadora, uma canção mágica, muito poderosa. E então...
isso mesmo, surge um homem de sob a manta. Ela espia. “É papai, e está bem!” Mas ele ainda não está respirando. Ela canta mais algumas estrofes da canção que estava cantando e ele se ergue.
Os búfalos ficam espantados, e dizem: “Bem, por que você não faz isso para nós? Ensinaremos a vocês a nossa dança de búfalo, e quando vocês tiverem matado nossas famílias, vocês dançarão essa dança e cantarão essa canção, e todos voltaremos a viver de novo”.
E aí está a idéia básica – através do ritual, atinge se aquela dimensão que transcende a temporalidade, aquela dimensão da qual a vida provém e para a qual retorna.
MOYERS: O que aconteceu há cerca de cem anos, quando o homem branco veio e dizimou esse animal que era objeto de reverência?
CAMPBELL: Foi uma violação sacrílega. Em muitas das pinturas que George Catlin fez, no início do século passado, das grandes planícies do oeste, você vê centenas, milhares de búfalos, por toda parte. Então, em cinqüenta anos, os desbravadores de fronteiras, equipados com rifles de repetição, dizimaram manadas inteiras, tomando só as peles, para vender, e abandonando os corpos ali, apodrecendo. Isso foi um sacrilégio.
MOYERS: Isso transformou o búfalo, de “alguém”...
CAMPBELL: ...em “coisa”.
MOYERS: Os índios se dirigiam aos búfalos como “vós”, em sinal de reverência.
CAMPBELL: Os índios se dirigiam a todo ser vivente como “vós” – as árvores, as pedras, tudo. Você também pode se dirigir a qualquer coisa como “vós”, e se o fizer sentirá a mudança na sua própria psicologia. O ego que vê um “vós” não é o mesmo que vê uma “coisa”. E quando se entra em guerra com outro povo, o objetivo da imprensa é transformar esse povo em “coisas”.
MATTANÓ: O que aconteceu com os búfalos é que foram dizimados e tratados como ¨coisa¨, mas se tivessem sido tratados como ¨vós¨ da mesma forma como os índios os tratavam certamente a realidade seria outra, pois quando tratamos alguém como ¨coisa¨ entramos em guerra com ela e também transformamos o povo em ¨coisas¨, e quando tratamos alguém como ¨vós¨ mudamos e nos reconhecemos fraternalmente no outro evitando a guerra e a transformação do povo em ¨coisas¨, os búfalos de ontem, hoje, são os pobres e os miseráveis, os traficantes e os terroristas, os abandonados e os desempregados, os condenados e os incuráveis, os excluídos e tratados com o racismo que é fruto da transformação de uma ou outra raça em ¨coisa¨, devemos fazer sinal de reverência para Cristo – o que é Cristo para você? ¨Coisa ou vós¨? Descubra e entenderá se trata os outros como ¨coisa¨ ou como ¨vós¨! Da mesma forma, descubra como você trata o poder da música no Universo e por exemplo, o som do assobio metálico alienígena ou a música telepática paranormal que viaja no tempo e no espaço quando entramos em contato com contingências paranormais alienígenas, assim descubra se estes eventos são para você tratados como ¨coisa¨ ou como ¨vós¨ e entenderás o nível de significação e de sentido que eles possuem para você e para sua comunidade, talvez até para sua raça e espécie.
MOYERS: Isso acontece no casamento também, não é mesmo? E também com as crianças.
CAMPBELL: Quando o “vós” se transforma em “coisa”, você já não sabe de que relação se trata. A relação do índio com os animais difere dá nossa relação com eles, na medida em que vemos os animais como forma inferior de vida. Na Bíblia, somos informados de que somos os senhores da terra. Para povos caçadores, como eu disse, o animal é superior, em mais de um sentido. Um índio pawnee disse: “No início de todas as coisas, sabedoria e conhecimento estavam com o animal. Porque Tirawa, Aquele que está acima, não se dirigiu diretamente ao homem. Ele mandou alguns animais contarem à humanidade que Ele se mostrava através da besta. E que o homem deveria aprender com os animais, com as estrelas, com o sol e a lua”.
MATTANÓ: O homem normal aprende que ele é superior ao animal e o trata como ¨coisa¨, e o índio o vê como um ser superior a ele mesmo, onde há sabedoria e conhecimento, um ¨vós¨, da mesma forma com as estrelas, o sol e a lua, tudo depende de como foi sua formação espiritual, o homem normal aprende com a Bíblia que ele é superior ao animal e o índio aprende com sua sabedoria, contudo a ¨coisa¨ e o ¨vós¨ permanecem os mesmos. E as relações com o poder da música no Universo são contingenciadas pelo seu contexto, bem como pelo seu ator ou produtor da ação e da realidade, o homem, que pode ser o homem normal que aprende com a Bíblia seu conhecimento e como lidar com o mundo objetal, inclusive com o poder da música no Universo, ou pode ser o índio que aprende com a sua sabedoria a lidar com o seu mundo objetal e a lidar com o poder da música no Universo, tudo depende da consciência, da cultura, do conhecimento e da realidade de cada tipo de homem ou de cada homem.
MOYERS: Então é nesse período de homens caçadores que começamos a sentir um frêmito de imaginação mítica, a maravilha das coisas.
CAMPBELL: Sim. Há uma explosão de arte magnífica e todas as evidências necessárias a uma imaginação mítica, em sentido pleno.
MOYERS: Ao olhar para esses objetos de arte primitiva, você chega a pensar, não na arte, mas no homem ou na mulher ali parados, pintando ou criando? Acho que estou especulando, mas quem era ele ou ela?
CAMPBELL: Isso é exatamente o que nos toca, quando entramos numa dessas cavernas primitivas. O que estava na mente deles quando criaram essas imagens? Como eles se ergueram, ali? E como podiam enxergar qualquer coisa? A única luz que tinham era uma pequena tocha bruxuleante.
E quanto ao aspecto da beleza, seria ela intencional? Ou é alguma coisa como a expressão natural de um belo espírito? A beleza do canto do pássaro é intencional? Em que sentido é
intencional? Ou é a expressão do pássaro, a beleza do espírito do pássaro, pode se dizer? Essas questões me ocorrem com freqüência, a propósito da arte primitiva. Em que medida a intenção do artista é o que chamaríamos de “estética” ou expressiva? E em que medida a arte é algo que eles simplesmente aprenderam a fazer daquela maneira?
Quando uma aranha tece uma bela teia, a beleza provém da natureza da aranha. É beleza instintiva. Quanto da beleza das nossas próprias vidas diz respeito à beleza de estar vivo? Quanto disso é consciente e intencional? Esta é a grande questão.
MATTANÓ: A natureza das nossas próprias vidas muito provavelmente moldou a forma de expressão artística que chamamos de ¨estética¨ ou expressiva, já que condicionou o comportamento do homem e do homem primitivo, também marcou seu inconsciente oferecendo-lhe suas sublimações que são a tradução da arte e da arte primitiva, que é por assim dizer, tanto consciente e condicionada, e inconsciente e sublimada. A arte pode ter sua natureza instintiva, assim como a própria vida e o som do assobio metálico dos alienígenas ou o poder da música no Universo e a música paranormal, tudo depende da vida instintiva.
MOYERS: Diga-me o que lhe veio à mente na primeira vez em que viu essas pinturas nas cavernas.
CAMPBELL: Não queria ir embora. Você chega a uma câmara gigantesca, como uma imensa catedral, com todos esses animais pintados. A escuridão é difícil de conceber. Estamos ali com luz elétrica, mas logo em seguida o homem que nos guiava apaga as luzes e você se dá conta de que nunca tinha estado em escuridão maior, em toda a sua vida. Era, não sei, qualquer coisa como um nocaute. Você não sabe onde está, se está olhando para o norte, o sul, o leste, o oeste. Toda orientação se perde, e você está em meio a uma escuridão que nunca viu o sol. Então eles voltam a acender as luzes e você vê aquelas gloriosas pinturas de animais. E eles estão pintados com a vitalidade da tinta sobre seda, na pintura japonesa, sabe, qualquer coisa assim. Um touro que tem mais de seis metros de comprimento, pintado de modo que suas ancas sejam representadas por uma protuberância no rochedo. Eles estavam atentos ao conjunto.
MOYERS: Você as chama de cavernas templos.
CAMPBELL: É verdade.
MOYERS: Por quê?
CAMPBELL: Um templo é uma paisagem da alma. Ao entrar numa catedral, você penetra num mundo de imagens espirituais. É o ventre materno.
MATTANÓ: As cavernas templos são como os templos, pois são uma paisagem da alma, uma flor de um jardim paradisíaco que invade o deleite de núpcias, o cume de uma montanha mágica que penetra nos olhos do alpinista, o corpo de uma deusa virgem a te seduzir em núpcias como um violão encantador tocado pela violonista, são imagens espirituais e maternas que levam para o ventre materno, assim como o som do assobio metálico alienígena ou o poder da música no Universo e a música paranormal, mesmo que instintivas são como cavernas templos ou o ventre materno, pois nos levam de volta ao passado e a Criação do mundo.
MOYERS: Ou vai ao cinema.
CAMPBELL: Isso poderia ser a nossa contraparte das encenações mitológicas – exceto pelo fato de que não temos, na produção de um filme, o mesmo tipo de pensamento instilado na produção de um ritual de iniciação.
MOYERS: Não, mas dada a ausência de rituais de iniciação, que há muito desapareceram de nossa sociedade, o mundo imaginário, projetado nas telas, serve, ainda que de modo errôneo, para contar aquela história, não é mesmo?
CAMPBELL: Sim, mas o que é penoso, para nós, é que muitas das pessoas incumbidas de escrever as histórias não têm noção da sua responsabilidade. Essas histórias fazem e desfazem vidas. Mas os filmes são produzidos simplesmente para fazer dinheiro. Não se encontra aí aquela espécie de responsabilidade que impregna o sacerdócio, num ritual. Este é um dos nossos problemas, hoje em dia.
MATTANÓ: O cinema costuma emprestar seu tempo e talento para fazer filmes que não se preocupam com o futuro das pessoas, ou seja, com o ritual, hoje em dia os filmes tem se preocupado com o dinheiro e a violência, com a exploração e a guerra, muito pouco com a paz e o bem das pessoas e do mundo vendendo a imagem de um Amor de Deus que é satânico e tarado, homossexual e violento, mercenário e dinheirista, que é racista e pedófilo, vagabundo (que não trabalha) e louco, que é perdulário, que é escravagista e explorador, abusador e torturador, que é constrangedor, que não gosta de estudar, que se preocupa com sua fama, poder, dinheiro e vida sexual, ou seja, que quer realiza-la, mesmo não podendo. O cinema tem suas próprias leis. O cinema se preocupa em criar monstros e monstruosidades até mesmo em relação ao som do assobio alienígena e com relação ao poder da música no Universo ou em relação a música paranormal, criando certezas e verdades que são feitas de imagens e argumentos distorcidos, mais monstruosos do que muitas vezes, a própria realidade, gerando pânico e incertezas, criando tabus e totens que apenas geram mais limites e proibições, muitas vezes, desnecessárias e infundadas, que se transformam em ritos.
MOYERS: Hoje não temos nenhum daqueles ritos, temos?
CAMPBELL: Receio que não. Por isso os jovens os inventam, por sua conta, e temos aquelas gangues que apostam corridas, e assim por diante essa é uma iniciação auto-imposta.
MOYERS: Então o mito se relaciona diretamente à cerimônia e ao ritual tribal, e a ausência do mito pode significar o fim do ritual.
CAMPBELL: O ritual é o cumprimento de um mito. Ao participar de um ritual você participa de um mito.
MATTANÓ: Participar de um ritual significa participar de um mito, seja ele de mitologia, de política, de loucura ou de religião ou até mesmo de economia. Estes são os mitos que agregaram mais força e poder de concentração para desencadear comportamentos e atividades psicológicas entre os primitivos, a mitologia gerou mitos e ritos, a política gerou modos de se autogovernar, a loucura gerou modelos de sofrimento e desvios do comportamento que levaram a loucura, a religião forneceu modelos para a salvação e a estruturação social e familiar de suas comunidades, inclusive para trabalhar a terra e a vida comunitária, e a economia desenrolou-se a partir destes modelos que serviram para moldar e selecionar padrões de comportamento e de atividades psicológicas, inclusive sociais que geraram economia, ou seja, acumulação e distribuição de riquezas que se retroalimentou, temos também os tabus e os totens que geraram limitações, desejos e proibições que se reproduziram através dos ritos e dos mitos, que tem o poder até mesmo sobre os alienígenas e sobre o som do assobio metálico alienígena, a música paranormal e o poder da música no Universo, criando significados e sentidos inconscientes, comportamentais e sociais.
MOYERS: O que a ausência de mitos representa para os meninos de hoje?
CAMPBELL: Bem, o ritual de confirmação é a contraparte, hoje, desses ritos. Como menino católico, você escolhe confirmar o seu nome, um nome pelo qual você vai ser confirmado. Mas em vez de escarificá-lo ou arrancar-lhe os dentes, e tudo o mais, o bispo lhe dá um sorriso e um tapinha no queixo. A coisa foi reduzida a isso. Nada aconteceu a você. A contraparte judaica é o bar-mitzvah. Se isso de fato funciona, no sentido de operar uma transformação psicológica, depende de cada caso individual, suponho. Mas naqueles tempos não havia dúvida. O menino retornava com um corpo diferente, e tinha realmente passado por alguma coisa.
MATTANÓ: Participar de um ritual depende de quando você está preparado para assimilá-lo e acomodá-lo, para dar um significado e um sentido para ele, se você é um bebê o processo de atribuir um significado e um sentido vai demorar um pouco, vai vir lá na frente, quando você compreender o que aconteceu com você, quando você era um bebê, no dia e momento exato desse ritual, que nem mesmo foi nomeado pelo bebê, ou seja, não foi compreendido, não foi assimilado e nem acomodado como deveria ter sido, ou seja, o ritual é aqui uma marca e um símbolo para o bebê. Da mesma forma o ritual é uma forma de marcar, assimilar e acomodar dados e informações acerca da realidade, como o poder da música no Universo, a música paranormal ou o som do assobio metálico alienígena, mesmo que você não signifique algo no presente ficará a marca através do ritual que será acessado pela memória e pelas recordações que se associarão e comporão uma nova mensagem, dado ou informação acerca do evento marcado pelo ritual vivido em sua história de vida e agora relembrado e revivido, mesmo que através de uma releitura ou ressignificação.
MOYERS: E quanto à fêmea? Quase todas as figuras nas cavernas templos são machos. Essa era uma espécie de sociedade secreta de machos?
CAMPBELL: Não era uma sociedade secreta, é que os meninos precisavam passar por isso. é claro que não sabemos exatamente o que acontecia às fêmeas nesse período, devido à escassez de informações a respeito, mas hoje, nas culturas primárias, a menina se torna mulher com a primeira menstruação. É algo que acontece a ela, a natureza faz isso a ela. E assim ela supera a transformação – mas qual é a sua iniciação? Normalmente é sentar se no recesso de uma cabana, por alguns dias, e tomar consciência de quem é ela.
MOYERS: Como ela chega a isso?
CAMPBELL: Ela se senta lá. Agora é uma mulher. E o que é uma mulher? Uma mulher é um condutor de vida. A vida surpreendeu-a. A mulher é tudo o que importa à vida: conceder o nascimento e a nutrição. Seus poderes a tornam idêntica à deusa terra, e tem de tomar consciência disso. O menino não vive nenhum acontecimento desse tipo, por isso precisa ser transformado em homem e voluntariamente tornar se um servidor de algo maior do que ele.
MATTANÓ: A mulher toma consciência de si como um condutor da vida a partir de quando ela se percebe uma mulher e fundamental à vida, ao nascimento e a nutrição, a alimentação e a educação, aos cuidados maternos, como à deusa terra. Os meninos ou machos são encontrados em figuras nas cavernas templos e as mulheres em estatuetas de deusa mãe ou deusa terra, os meninos tem que servir a algo maior do que ele, enquanto que as meninas são os ventres de suas terras e comunidades. Já o som do assobio metálico alienígena serve a música paranormal e ao poder da música no Universo que também é de estabelecer contato imediato entre diferentes mundos e diferentes seres, criando um ambiente de descobertas, exploração, dominação, navegação, contato, esperança, aventura, caça, luta, desespero, medo, coragem, virtudes, heroísmo, loucura, criatividade, planejamento, controle, liberdade, fome, sede, desejos, vontades, motivações, interesses, habilidades, comportamentos, linguagem, topografia, socialização, Gestalt e insights, necessidades, dinâmica de grupo, valores e crenças, opiniões, questionamentos, adversidades, exigências, paranormalidade, trabalho e desenvolvimento de atividades programadas de caráter científico.
MOYERS: Aí é que começa a operar, até onde sabemos, a imaginação mítica?
CAMPBELL: Sim.
MOYERS: Quais eram os temas fundamentais daquela era? A morte?
CAMPBELL: O mistério da morte é um deles, e alterna com o tema do mistério da vida. É o mesmo mistério em seus dois aspectos. O tema seguinte é o da relação entre este e o tema do mundo animal, que morre e revive.
Aí entra o motivo da busca de alimento. É onde se situa a relação da mulher com a natureza do mundo exterior. Então é preciso considerar o problema da transformação da criança em adulto. Essa transformação é uma preocupação básica na vida ritual dos povos. Ainda hoje a enfrentamos. É o problema de transformar crianças desobedientes, que apenas expressam impulsos ingênuos da natureza, em membros da sociedade. Isso demanda um trabalho exaustivo. Aqueles povos não podiam aceitar ninguém que não seguisse as regras. A sociedade não podia sustentá-lo. Eles o matavam.
MATTANÓ: As mulheres eram a deusa terra e os meninos as figuras das cavernas, desobedientes e que assim necessitavam de uma educação e de contingências, de regras para sobreviver, nas cavernas eles encontravam estas regras através dos ritos e dos mitos, das figuras pintadas nas cavernas que representavam a morte e a vida, o mistério da vida, a transformação e a preocupação básica na vida ritual dos povos. Aqueles que não se ajustassem as regras eram mortos, a sociedade não podia sustenta-los, este era o trabalho dos ritos e dos mitos. Talvez o trabalho por ser desvendado ou desmascarado que se esconde nos ritos de assobio de som metálico alienígena, música paranormal e de poder da música no Universo, seja justamente esse, aceitar as regras do jogo ou do contato e estruturar sua sociedade e seu mundo segundo os interesses e desejos dos povos e culturas alienígenas que se mostrarem superiores e ameaças a nossa espécie, construindo uma relação social entre diferentes espécies de animais, num jogo de poder como costumamos fazer entre nossos diferentes povos e culturas para nos equilibrarmos e nos adaptarmos ao meio ambiente e sobrevivermos, sem nos destruirmos e nos expormos aos rituais da morte, da luta, da guerra, do conflito e da loucura, aceitando as novas regras do jogo da vida e do Universo, pois o quê podemos fazer para consolidar um sistema organizado e caótico de vida no Universo e que tem suas próprias leis, e que estas leis podem ser maiores não somente para nossa espécie mas para qualquer espécie do Universo, por isso saber evoluir, selecionar e competir dentro das regras do jogo que se adaptam e mudam conforme o Universo vai mudando e se transformando pode ser a melhor e única alternativa para continuarmos existindo com autonomia e domínio do nosso território ou planeta, numa guerra biológica e evolutiva.
MOYERS: Porque era uma ameaça à saúde do todo?
CAMPBELL: Sim, com certeza. Era como um câncer, algo que estaria separando os corpos em pedaços. Esses povos viviam o tempo todo na tangente.
MOYERS: Apesar disso, começaram a se colocar questões fundamentais.
CAMPBELL: Sim. Mas sua atitude em relação a morrer não se assemelhava à nossa. A noção de um mundo transcendente era realmente levada a sério.
MOYERS: Uma parte importante do antigo ritual é que ele fazia de você um membro da tribo, um membro da comunidade, um membro da sociedade. A história da cultura ocidental tem mostrado uma separação constante, profunda, entre o sujeito e a sociedade. Primeiro o “eu”, primeiro o indivíduo.
CAMPBELL: Eu não diria que essa é uma característica permanente da cultura ocidental, pois não se trata apenas da separação de uma entidade biológica desajustada. Sempre tem havido uma implicação espiritual, até muito recentemente. Pois bem, quando você vê velhas fotos da posse do presidente dos Estados Unidos, você o vê usando um chapéu alto. O presidente Wilson, ainda no seu tempo, usava um chapéu alto, coisa que não fazia na vida cotidiana. Mas, enquanto presidente, sua aparição obedece a um ritual. Agora é um João recém-chegado que cruza um campo de golfe, você sabe, senta se ao seu lado e conversa sobre bombas atômicas. E outro estilo. Houve uma redução do ritual. Até na Igreja Católica Romana, meu Deus, traduziram a missa, de uma linguagem ritual, numa linguagem repleta de associações com a vida cotidiana. O latim da missa era uma linguagem que o lançava para fora da esfera do cotidiano. O altar estava virado, para que as costas do sacerdote se voltassem para você; assim, junto com ele, você se dirigia para fora. Agora eles deram uma volta no altar parece um punhado de escolares fazendo uma demonstração – tudo caseiro e pequenino.
MOYERS: E tocam guitarra.
CAMPBELL: Tocam guitarra. Esqueceram-se de que a função do ritual é lançá-lo para fora, não levá-lo de volta ao lugar onde você tem estado o tempo todo.
MATTANÓ: Os rituais de hoje estão te levando para o lugar de onde você vem o tempo todo e não para fora, o fora é justamente o interior, para o místico, para o mistério ou misterioso e encoberto mundo desconhecido que só conhecemos com os rituais, os rituais de hoje não fazem isto, pois já sabemos para onde vão nos levar, conhecemos a sua função e o seu destino, não há mais mistério e nem místico algum no tempo atual, porém há uma luta com o mundo atual onde a Igreja e a sociedade defendem e luta pelo Amor de Deus como forma de expressão mística e do mistério de Deus e de Seu Amor e de Sua Mãe Virgem Maria, e de Seu Filho Jesus Cristo, voltando o indivíduo para dentro do ritual, pois ele não sabe como vai terminar esse ritual (mesmo sabendo com sua fé!). A função do ritual é fazer o indivíduo crescer e se desenvolver sendo lançado para fora do seu conforto doméstico, familiar, infantil ou social para que esse indivíduo encontre novamente o seu lugar onde esteve o tempo todo, isto é, no seu conteúdo recalcado com uma nova mensagem adquirida pela sua experiência de crescimento e de desenvolvimento doméstico, familiar, infantil ou social. Até mesmo quando a experiência é com o som do assobio metálico alienígena ou a música paranormal alienígena e o poder da música no Universo, o novo conteúdo é lançado para a experiência recalcada inconsciente infantil, doméstica, familiar ou social construindo uma nova mensagem com significado e sentido novos que fazem a consciência, a cultura, o conhecimento e a realidade movimentarem-se no desenvolvimento entrópico e neguentrópico, ou seja, organizador e reorganizador.
MOYERS: E o ritual do casamento lança-o para fora, para outro ritual de casamento.
CAMPBELL: É exatamente isso. Os rituais, que antes diziam respeito a uma realidade interior, hoje não passam de formalidade. Isso vale para os rituais coletivos e para os privados, como o casamento.
MATTANÓ: Os rituais estão hoje voltados para fora, mas com o Amor de Deus, até o casamento volta-se para dentro, para o seu mistério, para a esperança que é o objeto desconhecido do casamento, que ele se realize e seja eterno, eis o objeto dos rituais e dos mitos, a eternidade, porém, hoje a eternidade está direcionada para o enquanto dure. Até mesmo a esperança e o sentimento de eternidade quando deparamos com objetos como seres alienígenas e sons de assobios metálicos alienígenas ou músicas paranormais telepáticas, e o poder da música no Universo, reconhecemos que a eternidade do encontro se reduz ao momento e a experiência, porém essa experiência adquire uma memória alterada que torna-se mais seletiva e mais funcional do que as outras que ele dispõe, pois provavelmente desperta seu instinto de sobrevivência que através do contato alienígena seleciona os eventos e as contingências mais relevantes, importantes e adversas e que podem ajuda-lo a solucionar o seu problema com esses alienígenas, pois somos seres cognitivos e com comportamentos operantes, que resolvem problemas, até mesmo inconscientemente por meio das leis do inconsciente onde testemunhamos a capacidade de nossa mente e do nosso cérebro de resolver problemas através da formação de núcleos por meio da condensação que se deslocam e se comunicam entre si como numa linguagem que favorece o desempenho comportamental, as relações sociais, a produção de Gestalt e os insights como forma de resposta analítica e interpretável na produção de solução de problemas como os rituais.
MOYERS: Agora é possível entender por que vários aspectos da educação religiosa se tornaram obsoletos, para muita gente.
CAMPBELL: Quanto ao ritual, é preciso que ele se mantenha vivo. Muito do nosso ritual está morto. É extremamente interessante ler a respeito das culturas primitivas, elementares – como elas transformam os contos populares, os mitos, o tempo todo, em função das circunstâncias. Um povo se move de uma área em que, digamos, a vegetação era o suporte básico, para as planícies. Muitos dos nossos índios das planícies, do período em que andavam a cavalo, tinham pertencido originariamente à cultura do Mississipi. Eles viviam ao longo do Mississipi, tinham moradia fixa nas cidades e desenvolviam uma agricultura estável.
Então receberam os cavalos dos conquistadores espanhóis, o que tornou possível aventurar-se pelas planícies e praticar a grande caçada das manadas de búfalos. Por essa época, sua mitologia transformou se, de mitologia ligada à vegetação, em mitologia ligada ao búfalo. É possível detectar a estrutura das antigas mitologias, ligadas à vegetação, por detrás da mitologia mais recente dos índios dakota, pawnee, kiowa e assim por diante.
MATTANÓ: A mitologia segue o contexto e o meio ambiente, até mesmo quando se trata do poder da música no Universo, pois o som de um assobio metálico alienígena transforma o meio ambiente e toda a sua realidade, por meio do trabalho, da consciência, da cultura e do conhecimento, por meio do nosso cérebro e do nosso corpo.
MOYERS: Você está sugerindo que o meio ambiente modela a história?
CAMPBELL: As pessoas reagem ao meio ambiente, você sabe. Mas, no que nos diz respeito, nós temos uma tradição que não reage ao meio ambiente – uma tradição que se formou em algum outro lugar, no primeiro milênio antes de Cristo. Não chegou a assimilar as características da nossa cultura moderna, os novos caminhos possíveis e a nova visão do universo.
O mito deve ser mantido vivo. As pessoas capazes de o fazer são os artistas, de um tipo ou de outro. A função do artista é a mitologização do meio ambiente e do mundo.
MATTANÓ: A mitologização depende dos significados e dos sentidos que damos aos rituais e aos mitos, eles podem ser introjetados por qualquer um, não somente por artistas, depende da influência e da coerência desse indivíduo, de como ele argumenta e convence sua comunidade. A mitoligação pode ocorrer até mesmo através de seres alienígenas polimorfos que assumem a forma humana e se tornam indiscrimináveis, ora isto pode estar ocorrendo desde o início da Criação e da vida do Homo Sapiens, não sabemos, temos teorias e especulações, nos resta o trabalho de investigar e tentar comprovar e explicar a função deste evento?! Será que somos humanos ou alienígenas ou as duas coisas? E se o mundo e a realidade suportam estas contingências ambientais e por quanto tempo? O que devemos fazer para não nos destruirmos? Talvez o alienígena que assobie seu som metálico alienígena seja um artista fazendo a mitologização que constrói significados e sentidos e mantêm viva esta relação cooperativa, científica e cultural, mediada pelo poder da música no Universo.
MOYERS: Você quer dizer que os artistas são os fazedores de mitos dos nossos dias?
CAMPBELL: Os fazedores de mitos dos tempos primitivos eram a contraparte dos nossos artistas.
MOYERS: Eles pintam os muros, encenam rituais.
CAMPBELL: Sim. Existe um velho dito romântico, em alemão, “Das Volk dichtet” [O povo cria poesia], segundo o qual as idéias e a poesia nas culturas tradicionais vêm do povo. Isso não é verdade. Elas provêm de uma experiência de elite, a experiência de pessoas particularmente bem dotadas, de ouvidos sensíveis à música do universo. Essas
pessoas falam ao povo, que se manifesta em resposta, a partir daí tomada como interação. Mas o primeiro impulso na modelação de uma tradição folclórica vem de cima e não de baixo.
MATTANÓ: A influência e a modelação de uma tradição folclórica depende da influência e do poder daquele que modela e condiciona a sua comunidade com contingências, argumentos e coerência. Da mesma forma a maneira como compreendemos e compreenderemos o poder da música no Universo, do som do assobio metálico alienígena, das topografias acústicas virtuais e simuladas em interação com as contingências do Universo só terão significado e sentido quando as autoridades as institucionalizarem, ou seja, as comprovarem e anunciarem, senão continuarão vindo de baixo, da voz do povo, e mesmo que os olhos e os ouvidos vejam e escutem, a razão não compreenderá e nem aceitará, pois faltará sabedoria, faltará orientação reflexiva e consciência socioemocional!
MOYERS: Nessas primeiras culturas elementares, como você as chama, quais teriam sido os equivalentes dos poetas de hoje?
CAMPBELL: Os xamãs. O xamã é uma pessoa, homem ou mulher, que, no final da infância ou no início da juventude, passa por uma experiência psicológica transfiguradora, que a leva a se voltar inteiramente para dentro de si mesma. É uma espécie de ruptura esquizofrênica. O inconsciente inteiro se abre, e o xamã mergulha nele. Encontram-se descrições dessa experiência xamânica ao longo de todo o caminho que vai da Sibéria às Américas, até a Terra do Fogo.
MOYERS: E o êxtase faz parte dela?
CAMPBELL: Faz.
MOYERS: A dança do transe, por exemplo, entre os bosquímanos.
CAMPBELL: Ah, esse é um exemplo fantástico. Os bosquímanos vivem num mundo deserto. É uma vida duríssima, uma vida de grandes tensões. Os sexos masculino e feminino são separados de maneira muito disciplinada. Só se aproximam na dança – como vou descrever. As mulheres se sentam, formando um círculo ou um pequeno grupo, e golpeiam as próprias coxas, marcando o compasso para a dança dos homens, ao redor delas. Elas controlam a dança e os movimentos dos homens através do canto e das batidas nas coxas.
MOYERS: O que significa que as mulheres controlam a dança?
CAMPBELL: Bem, a mulher é a vida, e o homem é o servidor da vida. Esta é a idéia básica nesse tipo de coisas. No curso do movimento circular, que dura a noite toda, um dos homens subitamente se descontrolará. Ele experimenta o que chamaríamos de possessão, mas que é descrita como um clarão, uma espécie de relâmpago ou flecha luminosa, que sai da área pélvica e atravessa toda a espinha até a cabeça.
MOYERS: A experiência está descrita no seu livro O caminho dos poderes animais. Aqui está. Pode ler, por favor?
CAMPBELL: “Quando as pessoas cantam, eu danço. Eu entro na terra. Vou até um lugar como aquele onde as pessoas bebem água. Faço uma longa viagem, para muito longe.” Ele está em transe agora, e esta é uma descrição da experiência. “Quando emerjo, já estou escalando. Estou escalando os fios, os fios que repousam ali adiante, no sul. Escalo um e o abandono, depois escalo outro. Então o abandono e escalo mais outro ... E quando chega ao lugar de Deus, você se torna pequeno. Você se tornou pequeno. Você chega pequenino ao lugar de Deus. Lá você faz o que tem de fazer. Então você retorna até onde todos estão e esconde o rosto. Você esconde o rosto para não ver ninguém. Você vem vindo vem vindo e finalmente entra outra vez no seu corpo. Todas as pessoas que permaneceram ali estão esperando por você – elas têm medo de você. Você penetra, penetra na terra, e torna a entrar na pele do seu corpo . (...) Então você diz ‘hiii!’ e este é o som do seu retorno ao seu próprio corpo. Aí você começa a cantar. Os mestres ntum estão ali, ao redor.” Ntum é o poder sobrenatural. “Eles pegam pó e o espalham – pouco! pouco! – no seu rosto. Eles seguram sua cabeça e espalham o pó dos lados do seu rosto. É assim que você consegue ficar vivo outra vez. Amigos, se eles não fizerem isso, você morrerá. (...) Você simplesmente morre e fica morto. Amigos, é isto o que ele faz, este ntum que eu faço, este ntum aqui que eu danço.”
Meu Deus! Esse sujeito experimentou uma forma totalmente distinta de consciência! Nessas experiências, eles voam pelo ar, como esse voou.
MOYERS: Ele então se torna um xamã?
CAMPBELL: Não nessa cultura. Ele se torna um dançarino do transe. Todos os homens podem entrar em transe.
MATTANÓ: Nessa cultura a resposta obedece ao estímulo segundo as contingências do meio ambiente e do contexto, por isso tudo parece tão diferente, pois o estímulo, as contingências, o meio ambiente e o contexto são muito diferentes do que conhecemos. Da mesma forma respondemos em relação ao poder da música no Universo e ao som do assobio metálico alienígena e as topografias acústicas virtuais e simuladas em interação com as contingências do Universo, só depende do estímulo, do contexto ou do meio ambiente, somos controlados pelos estímulos, nosso inconsciente também é controlado pelos estímulos do meio ambiente e pelo contexto e vice-versa, da mesma maneira nosso subconsciente e a nossa consciência, cultura, conhecimento e realidade que organizam e reorganizam nossa homeostase corporal, para se conhecer uma cultura necessitamos do controle de estímulos ambientais, da mesma forma acontece com a realidade e assim com o poder da música no Universo ou o som do assobio metálico alienígena.