VOCABULÁRIO DE PSICANÁLISE MITOLÓGICA VIRTUAL
(Osny Mattanó Júnior – 2019).
AB-REAÇÃO *– Termo introduzido por Sigmund Freud e Josef Breuer, em 1893, para definir um processo de descarga emocional que, liberando o afeto ligado à lembrança de um trauma, anule seus efeitos patogênicos. Segundo Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a AB-REAÇÃO VIRTUAL se define como um processo de descarga emocional virtual que libera o afeto ligado à lembrança de um trauma que pode ser virtual, real ou imaginário, até mesmo por meio de Avatar(es), que podem anular os efeitos patogênicos ou que causem sintomas virtuais e transtornos mentais virtuais.
AFETO *– Termo que a psicanálise foi buscar na terminologia psicológica alemã e que exprime qualquer estado afetivo, penoso ou desagradável, vago ou qualificado, quer se apresente sob a forma de uma descarga maciça, quer como tonalidade geral. Segundo Freud, toda pulsão se exprime nos dois registros, do afeto e da representação. O afeto é a expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional e das suas variações. A noção de afeto assume grande importância logo nos primeiros trabalhos de Breuer e Freud sobre a psicoterapia da histeria e a descoberta do valor terapêutico da ab-reação. A origem de um sintoma histérico é procurada num acontecimento a que não correspondeu uma descarga adequada (afeto coartado). Somente quando a evocação da recordação provoca a revivescência do afeto que estava ligado a ela na origem é que a rememoração encontra a sua eficácia terapêutica. Segundo Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o afeto que se liga as representações virtuais é a expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional e das suas variações, podendo ser ele, qualquer estado afetivo, penoso ou desagradável, vago ou qualificado, quer se apresente sob a forma de uma descarga maciça, quer como tonalidade geral. As representações virtuais ligam-se a afetos e podem desencadear descargas maciças ou de comportamentos manifestos e encobertos.
Da consideração da histeria resulta portanto, para Freud, que o afeto não está necessariamente ligado à representação; a sua separação (afeto sem representação, representação sem afeto) garante a cada um diferentes destinos. Freud indica possibilidades diversas de transformação do afeto: “Conheço três mecanismos: 1º. o da conversão dos afetos (histeria de conversão); 2º. O do deslocamento do afeto (obsessões); e 3º. O da transformação do afeto (neurose de angústia, melancolia).”
AGRESSIVIDADE – Tendência ou conjunto de tendências que se atualizam em comportamentos reais ou fantasísticos que visam prejudicar o outro, destruí-lo, constrangê-lo, humilhá-lo, etc. A agressão conhece outras modalidades além da ação motora violenta e destruidora; não existe comportamento, quer negativo (recusa de auxílio, por exemplo) quer positivo simbólico (ironia, por exemplo) ou efetivamente concretizado, que não possa funcionar como agressão. A agressividade está em operação desde cedo no desenvolvimento do sujeito e sublinha o mecanismo complexo da sua união com a sexualidade e da sua separação dela. Freud encontra a resistência com a sua marca agressiva: “…o sujeito, até aquele instante tão bom, tão leal, torna-se grosseiro, falso ou revoltado, simulador”. À primeira vista, foi como resistência que a transferência surgiu a Freud, e essa resistência deve-se em grande medida àquilo a que ele chamará transferência negativa. A clínica impõe a ideia de que as tendências hostis são particularmente importantes em certas afecções (neurose obsessiva, paranoia). A noção de ambivalência vem exprimir a coexistência no mesmo plano do amor e do ódio. O chiste pode pôr-se a serviço de duas tendências: ou é um chiste hostil (que serve à agressão, à sátira, à defesa), ou então é um chiste obsceno. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a agressividade e a tendência virtual ou conjunto de tendências virtuais que se atualizam em comportamentos reais, virtuais ou fantasísticos que visam prejudicar o outro, destruí-lo, constrangê-lo, humilhá-lo, etc. A agressão virtual conhece outras modalidades além da ação motora violenta e destruidora; não existe comportamento, quer negativo (recusa de auxílio, por exemplo) quer positivo simbólico (ironia, por exemplo) ou efetivamente concretizado, que não possa funcionar como agressão. A agressividade virtual está em operação desde cedo no desenvolvimento do sujeito devido as contingências cinematográficas e sublinha o mecanismo complexo da sua união com a sexualidade e da sua separação dela. As contingências cinematográficas destacam-se a partir da linguagem falada, escrita, pensada e fotográfica que a concebem criando um novo mundo, o mundo virtual onde o sujeito se enxerga cinematograficamente. O sujeito cinematográfico é tão imprevisível quando as histórias dos filmes do cinema, incluindo as imagens e os sons.
Por fim o Complexo de Édipo é descoberto logo no início como conjunção de desejos amorosos e hostis.
Sabe-se que, na primeira teoria das pulsões, as pulsões sexuais tem como opostas as pulsões de autoconservação. Estas, de modo geral, tem por função a manutenção e a afirmação da existência individual. Nesse quadro teórico, a explicação de comportamentos ou de sentimentos tão manifestamente agressivos como o sadismo ou o ódio, por exemplo, é procurado num mecanismo complexo dos dois grandes tipos de pulsões. A teoria explícita de Freud a respeito da agressividade pode resumir-se assim: “Uma parte da pulsão de morte é posta diretamente a serviço da pulsão sexual, onde o seu papel é importante. É o sadismo propriamente dito. Outra parte não acompanha esse desvio para o exterior, mantém-se no organismo, onde está ligada libidinalmente pelo auxílio da excitação sexual de que se faz acompanhar…reconhecemos aí o masoquismo originário, erógeno. Segundo Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual as pulsões sexuais tem como opostas as pulsões de autoconservação que tem o papel de afirmação da existência individual. As pulsões sexuais e as pulsões de autoconservação geram o comportamento virtual e assim o mundo virtual que é a sede das contingências cinematográficas do indivíduo que se desenvolvem por aprendizagem e por condicionamento aliados ao desenvolvimento da psicossexualidade do mesmo.
AMBIVALÊNCIA – Presença simultânea, na relação com o mesmo objeto, de tendências, de atitudes e de sentimentos opostos, fundamentalmente o amor e o ódio. Freud emprestou o termo “ambivalência” de Bleuler, que o criou. Bleuler considera a ambivalência em três domínios. Voluntário: o sujeito quer ao mesmo tempo comer e não comer, por exemplo. Intelectual: o sujeito enuncia simultaneamente uma proposição e o seu contrário. Afetivo: ama e odeia em um mesmo movimento a mesma pessoa. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a ambivalência virtual é justamente querer e não querer, amar e odiar, ter uma proposição e o seu contrário em sua forma virtual.
AMNÉSIA INFANTIL – Amnésia que geralmente cobre os fatos dos primeiros anos da vida. Freud vê nela algo diferente do efeito de uma incapacidade funcional que a criança teria de registrar as suas impressões; ela resulta do recalque que incide na sexualidade infantil e se estende à quase totalidade dos acontecimentos da infância. O campo abrangido pela amnésia infantil encontraria o seu limite temporal no declínio do complexo de Édipo e entrada no período de latência. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a amnésia infantil virtual ocorre quando os fatos dos primeiros anos da vida virtual sofrem recalque que incide na sexualidade infantil e se estende à quase totalidade dos acontecimentos da infância, incluindo os virtuais. Seu declínio ocorre com o complexo de Édipo e a entrada no período de latência que voltam a manifestar a atividade virtual normal na criança.
APOIO – Termo que designa a relação original entre as pulsões sexuais e as pulsões de autoconservação, só vindo aquelas a se tornar independentes depois de se haverem apoiado nestas. É esse processo de apoio que se prolonga, no correr do desenvolvimento psicossexual, na fase da escolha do objeto de amor, que Freud esclarece falando de um tipo de escolha objetal por apoio. O primeiro exemplo observado é o da atividade oral do lactente. No próprio curso da satisfação orgânica da necessidade nutricional, obtida mediante a sucção do seio materno, o seio, objeto primário, torna-se fonte de prazer sexual, zona erógena. Efetua-se uma dissociação da qual nasce um prazer erótico, irredutível àquele que é obtido unicamente pela satisfação da necessidade. Nesse momento aparece uma necessidade de repetir a atividade de sucção, apesar de a satisfação orgânica ter sido alcançada, necessidade esta que vai se tornando autonomamente pulsional. Esse processo se repete em relação a todas as funções corporais a que correspondem as pulsões de autoconservação, com a constituição de zonas erógenas correspondentes, anal, genital, etc. No decorrer desse processo de diferenciação, a pulsão sexual abandona o objeto externo e passa progressivamente a funcionar de modo auto-erótico. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o apoio virtual fundamenta-se na relação original entre as pulsões sexuais e as pulsões de autoconservação, só vindo aquelas a se tornar independentes depois de se haverem apoiado nestas. É esse processo de apoio que se prolonga, no correr do desenvolvimento psicossexual, na fase da escolha do objeto de amor, que Freud esclarece falando de um tipo de escolha objetal por apoio, neste caso, o apoio virtual. Esse processo se repete em relação a todas as funções corporais a que correspondem às pulsões de autoconservação, com a constituição de zonas erógenas correspondentes, oral, anal, genital, etc. No decorrer desse processo de diferenciação, a pulsão sexual abandona o objeto externo e passa progressivamente a funcionar de modo auto-erótico. Este processo auto-erótico gera e organiza a linguagem falada, escrita, pensada e fotográfica que se auto-alimenta funcionando progressivamente moldando as contingências cinematográficas que primeiro se satisfazem no objeto externo e depois o abandonam funcionando de modo auto-erótico.
ASSOCIAÇÃO LIVRE *– Método que consiste em exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que ocorrem ao espírito, quer a partir de um elemento dado (palavra, número, imagem de um sonho, qualquer representação), quer de forma espontânea. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a associação livre virtual é um método que consiste em exprimir indiscriminadamente todos os conteúdos virtuais que ocorrem na mente virtual e no comportamento encoberto virtual, quer a partir de um dado elemento (palavra, número, imagem de um sonho, canção, poesia, livro ou texto, qualquer representação), quer de forma espontânea.
ATO-FALHO *– Ato pelo qual o sujeito, a despeito de si mesmo, substitui um projeto ao qual visa deliberadamente por uma ação ou uma conduta imprevistas. Tal como em relação ao lapso, Sigmund Freud foi o primeiro, a partir da Interpretação dos Sonhos, a atribuir uma verdadeira significação ao ato falho, mostrando que é preciso relacioná-lo aos motivos inconscientes de quem o comete. O ato falho ou acidental torna-se equivalente a um sintoma, na medida em que é um compromisso entre a intenção consciente do sujeito e seu desejo inconsciente. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o ato-falho virtual é o ato virtual pelo qual o sujeito, a despeito de si mesmo, substitui um projeto ao qual visa deliberadamente por uma ação virtual ou uma conduta virtual imprevistas. O ato falho virtual ou acidental virtual torna-se equivalente a um sintoma virtual, na medida em que é um compromisso entre a intenção virtual e consciente do sujeito e seu desejo virtual e inconsciente.
AUTO-EROTISMO *– Termo que designa um comportamento sexual de tipo infantil, em virtude do qual o sujeito encontra prazer unicamente com seu próprio corpo, sem recorrer a qualquer objeto externo. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o auto-erotismo virtual designa um comportamento sexual de tipo infantil, em virtude do qual o sujeito encontra prazer virtual unicamente com seu próprio corpo virtual, sem recorrer a qualquer objeto externo.
BENEFÍCIO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO DA DOENÇA – Benefício da doença designa de um modo geral qualquer satisfação direta ou indireta que um sujeito tira de sua doença. O benefício primário está ligado ao próprio determinismo dos sintomas. O benefício primário consiste na redução de tensão proporcionada pelo sintoma; este, por doloroso que seja, tem por objetivo evitar ao sujeito conflitos às vezes mais penosos: é o chamado mecanismo da “fuga para a doença”. Para Mattanó e sua Psicanálise Mitológica Virtual o benefício primário e secundário da doença virtual designa de um modo geral qualquer satisfação direta ou indireta que um sujeito tira de sua doença virtual. O benefício primário consiste na redução de tensão proporcionada pelo sintoma virtual; este, por doloroso que seja, tem por objetivo evitar ao sujeito conflitos às vezes mais penosos: é o chamado mecanismo da “fuga para a doença virtual”.
BISSEXUALIDADE – Noção que Freud introduziu na psicanálise onde todo o ser humano teria constitucionalmente disposições sexuais simultaneamente masculinas e femininas que surgem nos conflitos que o sujeito enfrenta para assumir o seu próprio sexo.
A teoria da bissexualidade fundamenta-se, em primeiro lugar, em dados da anatomia e da embriologia: “Um certo grau de hermafroditismo anatômico é normal. Em todo o indivíduo, macho ou fêmea, encontram-se vestígios do aparelho genital do sexo oposto…Desses fatos anatômicos, conhecidos já há muito tempo, decorre a noção de um organismo bissexual na sua origem, que, no decurso de sua evolução, orienta-se para a monossexualidade conservando alguns restos do sexo atrofiado”.
Existiria um conflito entre as tendências masculinas e femininas que seria recalcado em todos os indivíduos. O sexo que domina na pessoa teria recalcado no inconsciente a representação psíquica do sexo vencido. Para Mattanó e sua Psicanálise Mitológica Virtual a bissexualidade virtual origina-se de todo o ser humano ter constitucionalmente disposições sexuais simultaneamente masculinas e femininas que sugerem conflitos que o sujeito enfrenta para assumir o seu próprio sexo. A teoria da bissexualidade virtual fundamenta-se, em primeiro lugar, em dados da anatomia e da embriologia, e depois na cinematografia: “Um certo grau de hermafroditismo anatômico é normal. Em todo o indivíduo, macho ou fêmea, encontram-se vestígios do aparelho genital do sexo oposto…Desses fatos anatômicos, conhecidos já há muito tempo, decorre a noção de um organismo bissexual na sua origem, que, no decurso de sua evolução, orienta-se para a monossexualidade conservando alguns restos do sexo atrofiado”. Existiria um conflito entre as tendências masculinas e femininas que seria recalcado em todos os indivíduos. O sexo que domina na pessoa teria recalcado no inconsciente a representação psíquica do sexo vencido. Este conflito entre tendências masculinas e femininas que seria recalcado nos indivíduos e acaba por ser canalizado para as contingências cinematográficas devido a evolução da linguagem falada, escrita, pensada e da fotografia produzindo as contingências cinematográficas do mundo virtual, onde se encontram as contingências do bissexualismo virtual.
CANIBALESCO – Termo empregado por referência ao canibalismo praticado por certos povos – para qualificar relações de objeto e fantasias que estão em correlação com a atividade oral. O termo exprime de modo figurado as diferentes dimensões da incorporação oral: amor, destruição, conservação no interior de si mesmo e apropriação das qualidades do objeto. Fala-se por vezes de fase canibalesca como equivalente da fase oral ou, mais especialmente, como equivalente da segunda fase oral de Abraham (fase sádico-anal). Para Mattanó e sua Psicanálise Mitológica Virtual o canibalesco virtual refere-se ao canibalismo virtual praticado por certos povos – para qualificar relações de objeto e fantasias que estão em correlação com a atividade oral virtual. O termo exprime de modo figurado as diferentes dimensões da incorporação oral virtual: amor, destruição, conservação no interior de si mesmo e apropriação das qualidades do objeto.
CATÁRTICO (MÉTODO)* – Método de psicoterapia em que o efeito terapêutico visado é uma “purgação”, uma descarga adequada dos afetos patogênicos. O tratamento permite ao sujeito evocar e até reviver os acontecimentos traumáticos a que esses afetos estão ligados, e ab-reagí-los. Historicamente, o “método catártico” pertence ao período (1880-1895) em que a terapia psicanalítica se definia progressivamente a partir de tratamentos efetuados sob hipnose. Para Mattanó e sua Psicanálise Mitológica Virtual o método catártico virtual é um método de psicoterapia em que o efeito terapêutico visado é uma “purgação virtual”, uma descarga adequada dos afetos patogênicos. O tratamento permite ao sujeito evocar e até reviver os acontecimentos traumáticos a que esses afetos estão ligados, e ab-reagí-los, sejam eles reais, ou virtuais, por exemplo. Esse método é usual com a hipnose. O paciente pode ab-reagir sonhando com o método catártico virtual e assim reviver acontecimentos traumáticos a que esses afetos estão ligados de forma virtual, através dos sonhos por meio da telepatia e do conhecimento, da ¨lavagem cerebral¨.
CENA ORIGINÁRIA OU CENA PRIMÁRIA – Cena de relação sexual entre os pais, observada ou suposta segundo determinados índices e fantasiada pela criança, que é geralmente interpretada por ela como um ato de violência por parte do pai. Para Mattanó e sua Psicanálise Mitológica Virtual a cena originária virtual ou cena primária virtual é a cena de relação sexual entre os pais, observada ou suposta segundo determinados índices e fantasiada pela criança, inclusive virtualmente ou cinematograficamente, que é geralmente interpretada por ela como um ato de violência por parte do pai.
CENSURA – Função que tende a interditar aos desejos inconscientes e às formações que deles derivam o acesso ao sistema pré-consciente-consciente. Para Mattanó e sua Psicanálise Mitológica Virtual a censura virtual é a função que tende a interditar aos desejos inconscientes e às formações que deles derivam o acesso ao sistema pré-consciente-consciente.
CLIVAGEM DO EGO – Expressão usada por Freud para designar o fenômeno muito particular – que ele vê operar sobretudo no fetichismo e nas psicoses – da coexistência, no seio do ego, de duas atitudes psíquicas para com a realidade exterior quando esta contraria uma exigência pulsional. Uma leva em conta a realidade, a outra nega a realidade em causa e coloca em seu lugar uma produção do desejo. Estas duas atitudes persistem lado a lado sem se influenciarem reciprocamente. Para Mattanó e sua Psicanálise Mitológica Virtual a clivagem do ego virtual contraria uma exigência pulsional em duas atitudes psíquicas. Uma leva em conta a realidade virtual, a outra nega a realidade em causa e coloca em seu lugar uma produção do desejo virtual. Estas duas atitudes persistem lado a lado sem se influenciarem reciprocamente.
COMPLACÊNCIA SOMÁTICA – Expressão introduzida por Freud para referir a “escolha da neurose” histérica e a escolha do órgão ou do aparelho corporal sobre o qual se dá a conversão. O corpo – especialmente nos histéricos – ou determinado órgão em particular forneceria um material privilegiado à expressão simbólica do conflito inconsciente. Para Mattanó e sua Psicanálise Mitológica Virtual a complacência somática virtual refere-se a “escolha da neurose” histérica e a escolha do órgão ou do aparelho corporal sobre o qual se dá a conversão. O corpo – especialmente nos histéricos – ou determinado órgão em particular forneceria um material privilegiado à expressão simbólica do conflito inconsciente virtual.
COMPLEXO – Conjunto organizado de representações e recordações de forte valor afetivo, parcial ou totalmente inconscientes. Um complexo constitui-se a partir das relações interpessoais da história infantil, pode estruturar todos os níveis psicológicos: emoções, atitudes, comportamentos adaptados. Para Mattanó e sua Psicanálise Mitológica Virtual um complexo virtual é um conjunto organizado de representações virtuais e recordações virtuais de forte valor afetivo, parcial ou totalmente inconscientes. Um complexo virtual constitui-se a partir das relações interpessoais da história infantil, pode estruturar todos os níveis psicológicos: emoções, atitudes, comportamentos adaptados.
COMPLEXO DE CASTRAÇÃO – Complexo centrado na fantasia de castração, que proporciona uma resposta ao enigma que a diferença anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) coloca para a criança. Essa diferença é atribuída à amputação do pênis na menina. A estrutura e os efeitos do complexo de castração são diferentes no menino e na menina. O menino teme a castração como realização de uma ameaça paterna em resposta às suas atividades sexuais, surgindo daí uma intensa angústia de castração. Na menina, a ausência do pênis é sentida como um dano sofrido que ela procura negar, compensar ou reparar.
O complexo de castração está em estreita relação com o complexo de Édipo e, mais especialmente, com a função interditória e normativa. Para Mattanó e sua Psicanálise Mitológica Virtual o complexo de castração virtual é o complexo virtual centrado na fantasia de castração, que proporciona uma resposta ao enigma que a diferença anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) coloca para a criança. Essa diferença é atribuída à amputação do pênis na menina. A estrutura e os efeitos do complexo de castração são diferentes no menino e na menina. O menino teme a castração como realização de uma ameaça paterna em resposta às suas atividades sexuais, surgindo daí uma intensa angústia de castração. Na menina, a ausência do pênis é sentida como um dano sofrido que ela procura negar, compensar ou reparar.
COMPLEXO DE ÉDIPO * – Conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais. Sob a forma dita positiva, o complexo apresenta-se como na história de Édipo-Rei: desejo de morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto. Sob a forma negativa, apresenta-se de modo inverso: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto. Na realidade, essas duas formas encontram-se em graus diversos na chamada forma completa do complexo de Édipo. Segundo Freud, o apogeu do complexo de Édipo é vivido entre os três e os cinco anos, durante a fase fálica; o seu declínio marca a entrada no período de latência. É revivido na puberdade e é superado com maior ou menor êxito num tipo especial de escolha de objeto. O complexo de édipo desempenha papel fundamental na estrutura da personalidade e na orientação do desejo humano. Para os psicanalistas, ele é o principal eixo de referência da psicopatologia; para cada tipo patológico eles procuram determinar as formas particulares da sua posição e da sua solução. A antropologia psicanalítica procura encontrar a estrutura triangular do complexo de Édipo, afirmando a sua universalidade nas culturas mais diversas, e não apenas naquelas em que predomina a família conjugal. Para Mattanó e sua Psicanálise Mitológica Virtual o complexo de Édipo virtual é o conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais. Sob a forma dita positiva, o complexo apresenta-se como na história de Édipo-Rei: desejo de morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto. Sob a forma negativa, apresenta-se de modo inverso: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto. Na realidade, essas duas formas encontram-se em graus diversos na chamada forma completa do complexo de Édipo virtual. O complexo de Édipo virtual desempenha papel fundamental na estrutura da personalidade, no comportamento e na orientação do desejo humano.
COMPULSÃO À REPETIÇÃO – Ao nível da psicopatologia concreta, processo incoercível e de origem inconsciente, pelo qual o sujeito se coloca ativamente em situações penosas, repetindo assim experiências antigas sem se recordar do protótipo e tendo, pelo contrário, a impressão muito viva de que se trata de algo plenamente motivado na atualidade. É referida fundamentalmente ao caráter mais geral das pulsões: o seu caráter conservador.
É evidente que a psicanálise se viu confrontada desde a origem com fenômenos de repetição. Se focalizarmos particularmente os sintomas, por um lado alguns deles são manifestamente repetitivos (rituais obsessivos, por exemplo), e, por outro, o que define o sintoma em psicanálise é precisamente o fato de reproduzir, de maneira mais ou menos disfarçada, certos elementos de um conflito passado (é nesse sentido que Freud qualifica, no início da sua obra, o sintoma histérico como símbolo mnêmico). De um modo geral, o recalcado procura “retornar” ao presente, sob a forma de sonhos, de sintomas, de atuação…”o que permaneceu incompreendido retorna; como uma alma penada, não tem repouso até que seja encontrada solução e alívio. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a compulsão à repetição virtual é um processo incoercível e de origem inconsciente, pelo qual o sujeito se coloca ativamente em situações virtuais penosas, repetindo assim experiências antigas virtuais e reais transformadas em virtuais sem se recordar do protótipo e tendo, pelo contrário, a impressão muito viva de que se trata de algo plenamente motivado na atualidade. De um modo geral, o recalcado procura “retornar” ao presente, sob a forma de sonhos, de sintomas, de atuação…”, mas também em forma virtual, o que permaneceu incompreendido retorna; como uma alma penada, não tem repouso até que seja encontrada solução e alívio no mundo real, psíquico ou virtual.
COMPULSÃO, COMPULSIVO – Clinicamente falando, é o tipo de conduta que o sujeito é levado a realizar por uma imposição interna. Um pensamento (obsessão), uma ação, uma operação defensiva, mesmo uma sequência complexa de comportamentos, são qualificados de compulsivos quando a sua não-realização é sentida como tendo de acarretar um aumento de angústia. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a compulsão virtual, o compulsivo virtual trata-se do tipo de conduta virtual que o sujeito é levado a realizar por uma imposição interna. Um pensamento (obsessão), uma ação, uma operação defensiva, mesmo uma sequência complexa de comportamentos, e um comportamento virtual, são qualificados de compulsivos virtuais quando a sua não-realização é sentida como tendo de acarretar um aumento de angústia.
CONDENSAÇÃO* – Um dos modos essenciais do funcionamento dos processos inconscientes. Uma representação única representa por si só várias cadeias associativas. Vemos operar a condensação no sintoma e, de um modo geral, nas diversas formações do inconsciente. Foi no sonho que melhor se evidenciou. Traduz-se no sonho pelo fato de o relato manifesto, comparado com o conteúdo latente, ser lacônico: constitui uma tradução resumida. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a condensação virtual é um dos modos essenciais do funcionamento dos processos inconscientes virtuais. Uma representação única representa por si só várias cadeias associativas virtuais.
CONFLITO PSÍQUICO – Em psicanálise fala-se de conflito quando, no sujeito, opõe-se exigências internas contrárias. O conflito pode ser manifesto (entre um desejo e uma exigência moral, por exemplo, ou entre dois sentimentos contraditórios) ou latente, podendo este exprimir-se de forma deformada no conflito manifesto e traduzir-se, particularmente, pela formação de sintomas, desordens do comportamento, perturbações do caráter, etc. a psicanálise considera o conflito como constitutivo do ser humano, e isto em diversas perspectivas: conflito entre o desejo e a defesa, conflito entre os diferentes sistemas ou instancias, conflitos entre as pulsões, e por fim o conflito edipiano, onde não apenas se defrontam desejos contrários, mas onde estes enfrentam a interdição. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o conflito psíquico virtual opõe-se exigências internas contrárias. O conflito virtual pode ser manifesto (entre um desejo e uma exigência moral, por exemplo, ou entre dois sentimentos contraditórios) ou latente, podendo este exprimir-se de forma deformada no conflito manifesto e traduzir-se, particularmente, pela formação de sintomas, desordens do comportamento, perturbações do caráter, etc. a psicanálise mitológica virtual considera o conflito virtual como constitutivo do ser humano, e isto em diversas perspectivas: conflito virtual entre o desejo e a defesa, conflito virtual entre os diferentes sistemas ou instancias, conflitos virtuais entre as pulsões, e por fim o conflito virtual edipiano, onde não apenas se defrontam desejos contrários, mas onde estes enfrentam a interdição.
CONSCIÊNCIA PSICOLÓGICA – No sentido descritivo: qualidade momentânea que caracteriza as percepções externas e internas no conjunto dos fenômenos psíquicos. Segundo a teoria metapsicológica de Freud, a consciência seria função de um sistema, o sistema percepção-consciência (Pc-Cs). Do ponto de vista tópico, o sistema percepção-consciência está situado na periferia do aparelho psíquico, recebendo ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as provenientes do interior, isto é, as sensações que se inscrevem na série desprazer-prazer e as revivências mnésicos. Caracteriza-se pelo fato de dispor de uma energia livremente móvel, suscetível de sobre-investir este ou aquele elemento (mecanismo da atenção). Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a consciência psicológica virtual é a qualidade momentânea que caracteriza as percepções externas e internas no conjunto dos fenômenos psíquicos virtuais.
CONTEÚDO LATENTE – Conjunto de significações a que chega a análise de uma produção do inconsciente, particularmente do sonho. Uma vez decifrado, o sonho deixa de aparecer com uma narrativa em imagens para se tornar uma organização de pensamentos, um discurso, que exprime um ou vários desejos. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o conteúdo latente virtual é o conjunto de significações a que chega a análise de uma produção do inconsciente virtual, particularmente do sonho. Uma vez decifrado, o sonho deixa de aparecer com uma narrativa em imagens para se tornar uma organização de pensamentos, um discurso, que exprime um ou vários desejos, inclusive virtuais.
CONTEÚDO MANIFESTO – Designa o sonho antes de ser submetido à investigação analítica, tal como aparece ao sonhante que o relata. Por extensão, fala-se do conteúdo manifesto de qualquer produção verbalizada – desde a fantasia à obra literária – que se pretende interpretar segundo o método analítico. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o conteúdo manifesto virtual designa o sonho antes de ser submetido à investigação analítica, tal como aparece ao sonhante que o relata. Por extensão, fala-se do conteúdo manifesto virtual de qualquer produção verbalizada – desde a fantasia à obra literária – que se pretende interpretar segundo o método analítico.
CONTRACATEXIA (ou CONTRAINVESTIMENTO) – Processo econômico postulado por Freud como suporte de numerosas atividades defensivas do ego. Consiste no investimento pelo ego de representações, atitudes, etc., suscetíveis de criarem obstáculo para o acesso à consciência e à motilidade das representações e desejos inconscientes. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a contracatexia virtual ou contrainvestimento virtual designa o processo econômico como suporte de atividades defensivas do ego e do ego virtual. Consiste no contrainvestimento virtual pelo ego virtual de representações virtuais, atitudes virtuais, etc., suscetíveis de criarem obstáculo para o acesso à consciência e à motilidade das representações e desejos inconscientes da psique do indivíduo.
CONVERSÃO – Mecanismo de formação de sintomas que opera na histeria e mais especificamente na histeria de conversão. Consiste numa transposição de um conflito psíquico e numa tentativa de resolvê-lo em termos de sintomas somáticos, motores (paralisias, por exemplo) ou sensitivos (anestesias ou dores localizadas, por exemplo). O que especifica os sintomas de conversão é a sua significação simbólica: eles exprimem, pelo corpo, representações recalcadas. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a conversão virtual é o mecanismo de formação de sintomas virtuais que opera através da conversão, por exemplo, na histeria. Consiste numa transposição de um conflito psíquico e numa tentativa de resolvê-lo em termos de sintomas somáticos, motores ou sensitivos. O que especifica os sintomas de conversão virtual é a significação simbólica virtual: eles exprimem pelo corpo, representações recalcadas pelo mundo real e pelo mundo virtual.
DEFESA – Sigmund Freud designa por esse termo o conjunto das manifestações de proteção do eu contra as agressões internas (de ordem pulsional) e externas, suscetíveis de constituir fontes de excitação e, por conseguinte, de serem fatores de desprazer. As diversas formas de defesa costumam ser agrupadas na expressão “mecanismos de defesa”. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a defesa virtual designa o conjunto das manifestações de proteção do eu contra as agressões internas (de ordem pulsional) e externas, suscetíveis de constituir fontes de excitação e, por conseguinte, de serem fatores de desprazer. Temos também as agressões virtuais que derivam do meio telepático e da lavagem cerebral ou dos games e da informática e da tecnologia, do cinema, por exemplo, da arte, elas também podem ser fatores de desprazer. As diversas formas de defesa costumam ser agrupadas na expressão ¨mecanismos de defesa virtual¨.
DEFORMAÇÃO – Efeito global do trabalho do sonho: os pensamentos latentes são transformados em um produto manifesto dificilmente reconhecível. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a deformação virtual consiste no efeito global do trabalho do sonho onde os pensamentos são transformados em um produto manifesto ou virtual dificilmente reconhecível.
DESAMPARO (ESTADO DE) – Termo da linguagem comum que assume um sentido específico na teoria freudiana. Estado do lactente que, dependendo inteiramente de outrem para a satisfação das suas necessidades (sede, fome), é impotente para realizar a ação específica adequada para por fim à tensão interna. Para o adulto, o estado de desamparo é o protótipo da situação traumática geradora de angústia. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o desamparo virtual ou estado de desamparo virtual é o estado do lactente que, dependendo inteiramente de outrem para a satisfação de suas necessidades como a sede e a fome, é impotente para realizar a ação específica para por fim à tensão interna. Para o adulto, o estado de desamparo virtual é o protótipo da situação traumática geradora de angústia.
DESEJO – Na concepção dinâmica freudiana, um dos pólos do conflito defensivo. O desejo inconsciente tende a realizar-se restabelecendo, segundo as leis do processo primário, os sinais ligados às primeiras vivências de satisfação. A psicanálise mostrou, no modelo do sonho, como o desejo se encontra nos sintomas sob a forma de compromisso. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o desejo virtual é um dos pólos do conflito defensivo. O desejo virtual inconsciente tende a realizar-se restabelecendo, segundo suas leis do processo primário, os sinais ligados às primeiras vivências de satisfação. No modelo do sonho, o desejo virtual se encontra nos sintomas sob a forma de compromisso.
DESINVESTIMENTO – Retirada do investimento que estava ligado a uma representação, a um grupo de representações, a um objeto, a uma instância, etc. Substrato econômico de diversos processos psíquicos, e em particular do recalque. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o desinvestimento virtual é a retirada do investimento que estava ligado a uma representação, a um grupo de representações, a um objeto, a uma instância, etc.. substrato econômico de diversos processos psíquicos, e em particular do recalque.
DESLOCAMENTO *– Fato de a importância, o interesse, a intensidade de uma representação ser suscetível de se destacar dela para passar a outras representações originalmente pouco intensas, ligadas à primeira por uma cadeia associativa. Esse fenômeno, particularmente visível na análise do sonho, encontra-se na formação dos sintomas psiconeuróticos e, de um modo geral, em todas as formações do inconsciente. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o deslocamento virtual é o fato de uma representação virtual se deslocar virtualmente, ou seja, ser suscetível de se destacar para passar a outras representações virtuais originalmente pouco intensas ou menos intensas que a anterior na cadeia associativa. Fenômeno visível na análise virtual do sonho e em todas as formações do inconsciente.
ECONÔMICO *– Qualifica tudo o que se refere a hipótese de que os processos psíquicos consistem na circulação e repartição de uma energia quantificável (energia pulsional), isto é, suscetível de aumento, de diminuição, de equivalências. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o econômico virtual qualifica tudo o que se refere a hipótese de que os processos psíquicos virtuais consistem na circulação e repartição de uma energia pulsional suscetível de aumento e de diminuição, de equivalências, ou seja, quantificável.
EGO ou EU – Instância que Freud, na sua segunda teoria do aparelho psíquico, distingue do id e do superego. Do ponto de vista tópico, o ego está numa relação de dependência tanto para com as reivindicações do id, como para os imperativos do superego e exigências da realidade. Embora se situe como mediador, encarregado dos interesses da totalidade da pessoa, a sua autonomia é apenas relativa. Do ponto de vista dinâmico, o ego representa eminentemente, no conflito neurótico, o pólo defensivo da personalidade; põe em jogo uma série de mecanismos de defesa, estes motivados pela percepção de um afeto desagradável (sinal de angústia). Do ponto de vista econômico, o ego surge como um fator de ligação dos processos psíquicos; mas, nas operações defensivas, as tentativas de ligação da energia pulsional são contaminadas pelas características que especificam o processo primário. A teoria psicanalítica procura explicar a gênese do ego em dois registros relativamente heterogêneos, quer vendo nele um aparelho adaptativo, diferenciado a partir do id em contato com a realidade exterior, quer definindo-o como o produto de identificações que levam à formação no seio da pessoa de um objeto de amor investido pelo id. Relativamente à primeira teoria do aparelho psíquico, o ego é mais vasto do que o sistema pré-consiste-consciente, na medida em que as suas operações defensivas são em grande parte inconscientes. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o ego virtual ou o eu virtual distingue do id virtual e do superego virtual. O ego virtual está numa relação de dependência tanto para com as reivindicações do id virtual, como para os imperativos do superego virtual e exigências da realidade e do mundo virtual. Embora se situe como mediador, encarregado dos interesses da totalidade da pessoa, a sua autonomia é apenas relativa. O ego virtual representa eminentemente, no conflito neurótico, o pólo defensivo da personalidade virtual; põe em jogo uma série de mecanismos de defesa virtuais, estes motivados pela percepção de um afeto desagradável (sinal de angústia). Do ponto de vista econômico, o ego surge como um fator de ligação dos processos psíquicos virtuais; mas, nas operações defensivas, as tentativas de ligação da energia pulsional são contaminadas pelas características que especificam o processo primário. A teoria psicanalítica procura explicar a gênese do ego virtual em dois registros relativamente heterogêneos, quer vendo nele um aparelho adaptativo, diferenciado a partir do id virtual em contato com a realidade exterior e o mundo virtual, quer definindo-o como o produto de identificações que levam à formação no seio da pessoa de um objeto de amor investido pelo id virtual. Relativamente à primeira teoria do aparelho psíquico, o ego virtual é mais vasto do que o sistema pré-consiste-consciente, na medida em que as suas operações defensivas são em grande parte inconscientes.
EGO IDEAL ou EU IDEAL – Formação intrapsíquica que certos autores, diferenciando-a do ideal do ego, define como um ideal narcísico de onipotência forjado a partir do modelo do narcisismo infantil. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o ego ideal virtual ou o eu ideal virtual é a formação psíquica intrapsíquica que diferenciando-se do ideal do ego virtual, define como um ideal narcísico virtual de onipotência forjado a partir do modelo de narcisismo infantil.
ELABORAÇÃO SECUNDÁRIA – Remodelação do sonho destinada a apresenta-lo sob a forma de uma história relativamente coerente e compreensível. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a elaboração secundária virtual é a remodelação do sonho destinada a apresenta-la sob a forma de uma história relativamente coerente e compreensível.
ERÓGENO – O que se relaciona com a produção de uma excitação sexual. Este adjetivo é utilizado a maior parte das vezes na expressão zona erógena, mas também o encontramos em expressões como masoquismo erógeno, atividade erógena, etc. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o erógeno virtual se relaciona com a produção de uma excitação sexual virtual, ou seja, tem relação com a expressão zona erógena virtual. O erógeno virtual tem ligação com o erógeno real ou corporal pois o excita na maioria das vezes.
EROS – Termo pelo qual os gregos designavam o amor e o deus Amor. Freud utiliza-o na sua última teoria das pulsões para designar o conjunto das pulsões de vida em oposição às pulsões de morte. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o eros virtual designa o amor e o deus Amor. Designa o conjunto das pulsões de vida, inclusive as virtuais, em oposição às pulsões de morte, inclusive as virtuais.
EROTISMO URETRAL – Por um lado a enurese infantil é interpretada como um equivalente da masturbação. Por outro, as ligações simbólicas que podem existir entre a micção e o fogo são já apontadas. Freud escreve “Conheço a ambição desmesurada e ardente dos que outrora foram enuréticos. K. Abraham põe em evidência as fantasias infantis de onipotência que podem acompanhar o ato de micção: “…sensação de possuir um grande poder, quase ilimitado, de criar ou destruir todos os objetos”.
Melanie Klein sublinha a importância dessas fantasias, particularmente as de agressão e de destruição pela urina. Identifica o papel, segundo ela “…até agora muito pouco reconhecido, do sadismo uretral no desenvolvimento da criança”, e acrescenta “As análises de adultos, tal qual as análises de crianças, puseram-me constantemente na presença de fantasias em que a urina era imaginada como um agente de corrosão, de desagregação e de corrupção, e como um veneno secreto e insidioso. Essas fantasias de natureza sado-uretral contribuem em grande medida para a atribuição inconsciente de uma função cruel ao pênis, e para as perturbações da potencia sexual no homem.
Salientamos que diversos autores (Fenichel, por exemplo) distinguiram diferentes modalidades de prazer ligadas à função urinária (“deixar correr passivamente”, “reter-se”, etc.)
Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o erotismo uretral real e virtual onde a enurese infantil é interpretada como um equivalente da masturbação real e virtual. Por outro, as ligações simbólicas que podem existir entre a micção e o fogo são já apontadas, inclusive virtuais. Freud escreve “Conheço a ambição desmesurada e ardente dos que outrora foram enuréticos. K. Abraham põe em evidência as fantasias infantis de onipotência que podem acompanhar o ato de micção: “…sensação de possuir um grande poder, quase ilimitado, de criar ou destruir todos os objetos”. Mattanó aponta que através do virtual a criança pode representar a destruição de outras representação através da sua urina, do seu pênis, do seu poder, do seu falo, da sua masturbação, contribuindo em grande medida para a atribuição inconsciente de uma função cruel ao pênis, e para as perturbações da potencia sexual no homem.
ESCOLHA DE OBJETO OU ESCOLHA OBJETAL – Ato de eleger uma pessoa ou um tipo de pessoa como objeto de amor. Distingue-se uma escolha de objeto infantil e uma escolha de objeto pubertária, sendo que a primeira traça o caminho da segunda. Para Freud atuam na escolha de objeto duas modalidades principais: o tipo de escolha de objeto por apoio e o tipo narcísico de escolha de objeto.
O termo “escolha” não deve ser tomado aqui num sentido intelectualista. Evoca o que pode haver de irreversível e de determinante na eleição do sujeito, num momento decisivo da sua história, do seu tipo de objeto de amor. Note-se que a expressão “escolha de objeto” é utilizada para designar quer a escolha de uma pessoa determinada (exemplo: “a sua escolha de objeto incide sobre o pai”), quer a escolha de certo tipo de objeto (exemplo: “escolha de objeto homossexual”).
Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a escolha de objeto virtual ou escolha objetal virtual é o ato de eleger uma pessoa virtual ou um tipo de pessoa virtual como objeto de amor virtual. Distingue-se uma escolha de objeto infantil virtual e uma escolha de objeto pubertária virtual, sendo que a primeira traça o caminho da segunda. Para Freud atuam na escolha de objeto duas modalidades principais: o tipo de escolha de objeto por apoio virtual e o tipo narcísico de escolha de objeto virtual.
ESCOLHA DE OBJETO POR APOIO – Tipo de escolha de objeto em que o objeto de amor é eleito a partir do modelo das figuras parentais na medida em que estas asseguram à criança alimento, cuidados e proteção. Fundamenta-se no fato de as pulsões sexuais se apoiarem originalmente nas pulsões de autoconservação.
Freud fala de um ” tipo de escolha de objeto por apoio” para contrapô-la ao tipo de escolha narcísica de objeto”. Freud mostrava então como, na origem, as primeiras satisfações sexuais apareciam por ocasião do funcionamento dos aparelhos que servem para a conservação da vida e como deste apoio originário resulta que as funções de autoconservação indicam à sexualidade um primeiro objeto: o seio materno. Mais tarde, “…a criança aprende a amar outras pessoas que ajudam no seu estado de desamparo e que satisfazem as suas necessidades; e este amor forma-se inteiramente a partir do modelo das relações com a mãe que a alimenta durante o período de amamentação e no prolongamento dessas relações. Freud dirá: “ama-se segundo o tipo de escolha de objeto por apoio: a) a mulher que alimenta; b) o homem que protege e as linhagens de pessoas substitutivas que dele descendem.
Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a escolha de objeto por apoio virtual é o tipo de escolha de objeto virtual em que o objeto de amor virtual é eleito a partir do modelo das figuras parentais na medida em que estas asseguram à criança alimento, cuidados e proteção. Fundamenta-se no fato de as pulsões sexuais se apoiarem originalmente nas pulsões de autoconservação.
ESCOLHA NARCÍSICA DE OBJETO – Tipo de escolha de objeto que se faz com base no modelo de relação do sujeito com a sua própria pessoa, e em que o objeto representa a própria pessoa sob este ou aquele aspecto.
A descoberta de que determinados sujeitos, particularmente os homossexuais, “…escolhem o seu objeto de amor a partir do modelo da sua própria pessoa” é para Freud “o motivo mais forte que nos obrigou a admitir a existência do narcisismo. A escolha narcísica de objeto opõe-se à escolha de objeto por apoio na medida em que não é a reprodução de uma relação de objeto preexistente, mas a formação de uma relação de objeto a partir do modelo da relação do sujeito consigo mesmo. Nas suas primeiras elaborações sobre o narcisismo, Freud faz da escolha narcísica homossexual uma etapa que leva o sujeito do narcisismo à heterossexualidade: a criança escolheria a princípio um objeto de órgãos genitais semelhantes aos seus. Mas já no caso da homossexualidade a noção de escolha narcísica não é simples: o objeto é escolhido a partir do modelo da criança ou do adolescente que o sujeito foi um dia, e o sujeito identifica-se com a mãe que outrora tomava conta dele.
Freud amplia a noção de escolha narcísica e apresenta dela o quadro seguinte:
“Ama-se segundo o tipo narcísico:
Nos três primeiros casos, trata-se da escolha de um objeto semelhante à própria pessoa do sujeito. No item d Freud visa o amor narcísico que a mãe tem pelo filho que foi outrora “uma parte de sua própria pessoa”. Aqui o caso é muito diferente, visto que o objeto eleito não é semelhante à própria unidade do sujeito, mas sim o que lhe permite reencontrar, restaurar a sua unidade perdida.”
Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual a escolha narcísica de objeto virtual é o tipo de escolha de objeto virtual que se faz com base no modelo de relação do sujeito com a sua própria pessoa, e em que o objeto representa a própria pessoa sob este ou aquele aspecto.
EXIBICIONISMO – Dá-se o nome de “exibicionismo” à perversão sexual na qual a satisfação está ligada ao fato de mostrar, de exibir suas partes genitais. O exibicionismo é um dos componentes da vida pulsional, a saber, uma pulsão parcial que aparece com o seu oposto, o prazer escópico, o olho correspondendo então à zona erógena pertinente. Nessa perspectiva, o exibicionismo é uma regressão a uma fixação anterior da libido. A compulsão à exibição depende também estreitamente do complexo de castração; ela afirma sem descanso a integridade do órgão genital (masculino) do interessado e repete a satisfação infantil diante da ausência de membro do órgão feminino. Para Mattanó e a Psicanálise Mitológica Virtual o exibicionismo é à perversão sexual virtual na qual a satisfação está ligada ao fato de mostrar, de exibir suas partes genitais de forma virtual. O exibicionismo virtual é um dos componentes da vida pulsional, a saber, uma pulsão parcial que aparece com o seu oposto, o prazer escópico, o olho correspondendo então à zona erógena pertinente, inclusive virtual.