157. OBRAS COMPLETAS DE SIGMUND FREUD NUMA RELEITURA DE OSNY MATTANÓ JÚNIOR VOL. 9 (2022) (CONT....).
PÓS-ESCRITO À SEGUNDA EDIÇÃO (1912)
Nos cinco anos que decorreram desde o término deste estudo, a investigação psicanalítica encorajou-se a examinar as criações dos escritos imaginativos tendo em vista outro propósito. Não mais procura nelas somente uma confirmação das descobertas feitas em seres humanos neuróticos e banais; também quer conhecer o material de lembranças e impressões no qual o autor baseou a obra, e os métodos e processos pelos quais converteu esse material em obra de arte. Essas perguntas podem ser respondidas com maior facilidade no caso de escritores que (como Wilhelm Jensen, falecido em 1911) costumavam entregar-se inteiramente à sua imaginação pela simples alegria de criar. Pouco depois da publicação do meu exame analítico de Gradiva, tentei interessar seu idoso autor por essas novas tarefas da pesquisa psicanalítica. Ele, porém, recusou sua cooperação.
Mais tarde um amigo chamou minha atenção para dois outros contos do autor, com os quais Gradiva pode ter tido uma relação genética e que constituem estudos preliminares ou tentativas anteriores de uma solução poética satisfatória do mesmo problema da psicologia do amor. A primeira dessas histórias, ‘Der rote Schirm’, lembra Gradiva, não só pela recorrência de pequenos motivos, como as flores brancas dos mortos, um objeto esquecido (o caderno de esboços de Gradiva) e a importância de pequenos animais (a borboleta e o lagarto em Gradiva), mas também principalmente pela repetição da situação principal: a aparição ao sol ardente do meio-dia de uma jovem falecida (ou supostamente falecida). Em ‘Der rote Schirm’ a cena da aparição é um castelo em ruínas, tal como as ruínas das escavações de Pompéia em Gradiva. O outro conto, ‘Im gotischen Hause’, não se assemelha a Gradiva ou a ‘Der rote Schirm’ no conteúdo manifesto, mas o fato de lhe ter sido atribuída uma unidade externa com essa última, tendo as duas histórias sido publicadas num único volume sob um mesmo título, indica inegavelmente a existência de um sentido latente comum. É fácil perceber que essas três histórias tratam do mesmo tema: o desenvolvimento do amor (em ‘Der rote Schirm’, a inibição do amor) como conseqüência posterior de uma íntima ligação infantil de natureza fraternal. Através de uma resenha da condessa Eva Baudissin (no diário vienense Die Zeit, de 11 de fevereiro de 1912) soube que o último romance de Jensen, Fremdlinge unter den Menschen, que contém muito material da própria infância do autor, é a história de um homem que ‘vê uma irmã na mulher que ele ama.’ Em nenhuma dessas duas histórias anteriores existem vestígios do motivo principal de Gradiva: o singular e gracioso andar da jovem com a postura quase perpendicular do pé.
O relevo da jovem que caminha desse modo, a qual Jensen diz ser romana e à qual dá o nome de ‘Gradiva’, na verdade pertence ao período áureo da arte grega. Está no Museo Chiaramonti do Vaticano (në 644) e foi restaurado e interpretado por Hauser [1903]. Da união de ‘Gradiva’ com outros fragmentos, existentes em Florença e Munique, foram obtidos dois relevos, cada qual representando três figuras, identificadas como as Horas, as deusas da vegetação, e as divindades do orvalho fertilizador que são aliadas a elas.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que Gradiva se assemelha com outras duas obras literárias citadas por ele e que elas têm como tema o desenvolvimento do amor.
Mattanó aponta que Gradiva se assemelha com outras duas obras literárias citadas por Freud e que elas têm como tema o desenvolvimento do amor através dos delírios, ou seja, os delírios pertencem ao desenvolvimento do amor, a descoberta do amor, revelando que os delírios desenvolvem a personalidade e a afetividade daqueles que descortinam suas tramas inconscientes para a consciência e podem até fazer uma dessensibilização através da Teoria da Abundância de Mattanó, mostrando para o paciente que ele não é seus delírios e nem deve ficar controlado por eles, seja por razões, literalidades ou controles, nem tampouco por significados e sentidos ou contextos e comportamentos, funcionalidades, inconscientes, linguagens, símbolos e interpretações. É, pois, o amor, a própria consciência, a homeostase perfeita.
MATTANÓ
(11/01/2022)
A PSICANÁLISE E A DETERMINAÇÃO DOS FATOS
NOS PROCESSOS JURÍDICOS (1906)
NOTA DO EDITOR INGLÊS
TATBESTANDSDIAGNOSTIK UND PSYCHOANALYSE
(a) EDIÇÕES ALEMÃS:
1906 Arch. Krim. Anthrop., 26 (1), 1-10.
1909 S.K.S.N., 2, 111-21. (1912, 2ª ed.; 1921, 3ª ed.)
1924 G.S. 10, 197-209.
1941 G.W. 7, 3-15.
(b) TRADUÇÕES INGLESAS:
‘The Testimony of Witnesses and Psychoanalysis’
1920 S.P.H., 216-25. (Somente na 3ª ed.) (Trad. de A.A. Brill.)
‘Psycho-Analysis and the Ascertaining of Truth in Courts of Law’ 1924 C.P., 2, 13-24. (Trad. de E.B.M. Herford.)
A presente tradução, com título alterado, baseia-se na que foi publicada em 1924.
A pedido do professor Löffler (catedrático de jurisprudência em Viena), esta conferência foi pronunciada antes do seminário desse professor na Universidade, em junho de 1906. Existe uma certa confusão a respeito da data de publicação. O número do periódico em que esta conferência apareceu traz na primeira página a data de 21 de dezembro de 1907. Há aí, certamente, um erro de impressão para ‘1906’, pois os números seguintes trazem as datas de 6 de março de 1907 e 29 de abril 1907.
Esta conferência possui algum interesse histórico, pois é a primeira vez que num trabalho publicado de Freud se menciona o nome de Jung (ver em [1]). Freud começara a corresponder-se com Jung há apenas dois meses quando pronunciou esta conferência, vindo a conhecê-lo pessoalmente somente em fevereiro do ano seguinte.
Neste trabalho evidencia-se o impacto imediato de Jung. O propósito desta conferência foi apresentar aos estudantes vienenses as experiências de associação e a teoria dos complexos de Zurique. Os estudos de Zurique haviam começado a aparecer em periódicos dois anos antes (Jung e Riklin, 1904), e o próprio Jung publicara dois ou três estudos sobre a aplicação de seu processo
Mais tarde, após o afastamento de Jung, Freud, em suas notas sobre ‘A História do Movimento Psicanalítico’ (1914), reduziu a importância tanto das experiências de associação como da teoria dos complexos (ver em [1], 1974.) Mesmo neste trabalho, há uma certa crítica oculta sob a aprovação. Freud faz questão de mostrar que as descobertas de Zurique não passam, na verdade, de aplicações particulares de princípios básicos da psicanálise, indicando no penúltimo parágrafo o perigo de tirar conclusões apressadas dos resultados dos testes de associação.
Como esta é a primeira vez que nos trabalhos publicados de Freud aparece o termo de Zurique ‘complexo’, cabem aqui alguns comentários sobre o assunto. As primeiras experiências sistemáticas de associação foram realizadas por Wundt, e mais tarde foram introduzidas na psiquiatria por Kräpelin e particularmente por Aschaffenburg. Sob a direção de Bleuler, então diretor do hospício público Burghölzli de Zurique, e de Jung, seu primeiro assistente, foi levada a cabo uma série de experiências análogas, cujas conclusões foram publicadas a partir de 1904. Mais tarde foram reunidas em dois volumes (1906-1909) por Jung. Com exceção de uma nova classificação das formas assumidas pelas reações verbais às palavras-estímulo, o principal
interesse das descobertas de Zurique residia na ênfase dada à influência de um determinado fator sobre as reações. Esse fator era descrito na primeira dessas publicações (Jung e Riklin, 1904) como um ‘complexo ideativo com colorido emocional’. Numa nota de rodapé (ibid., 57) os autores o explicam como ‘a totalidade das idéias relativas a um evento de especial colorido emocional’, acrescentando que nesse sentido passarão a usar o termo ‘complexo’.
Note-se que não há qualquer referência direta a se essas idéias são ou inconscientes ou reprimidas, e fica claro no que se segue (e. g. ibid., 74) que um ‘complexo’ pode ou não constituir-se de material reprimido. Salvo sua conveniência como abreviatura, não parece haver mérito particular na palavra ‘complexo’ assim definida, sendo pouco provável que tenha sido esta, na verdade, a primeira vez em que foi utilizada em tal sentido. Ernest Jones revela-nos (1955, 34 e
Os contatos posteriores de Freud com a jurisprudência foram poucos e espaçados. O terceiro de seus estudos sobre tipos de caráter (1916d) relaciona-se diretamente com a psicologia do crime. Em duas outras ocasiões ele escreveu relatórios acerca de casos criminais. Em uma delas (1931d) pediram-lhe que examinasse o parecer de um especialista num caso de assassinato, e na outra fez um memorando para a defesa num caso de estupro (Jones, 1957, 93). Esse memorando (escrito em 1922) se perdeu. Nos dois casos expôs sua reprovação a uma aplicação inepta das teorias psicanalíticas nos processos legais.
A PSICANÁLISE E A DETERMINAÇÃO DOS FATOS NOS PROCESSOS JURÍDICOS
SENHORES:
Estamos cada vez mais convictos da falta de fidedignidade das declarações feitas por testemunhas, sobre as quais, entretanto, se apóiam tantas condenações nos tribunais. Esse fato levou-os, futuros juízes e defensores, a se interessar por um novo método de investigação, que se propõe a induzir o próprio réu a estabelecer sua culpa ou inocência por meio de sinais objetivos. Esse método consiste numa experiência psicológica e se baseia em pesquisas da mesma ordem. Está estreitamente ligado a certas concepções que só muito recentemente chegaram ao conhecimento da psicologia médica. Sei que os senhores, por meio do que poderíamos chamar de ‘exercícios simulados’, já se ocupam em testar as possibilidades e a utilização desse novo método,
e aceitei com prazer o convite do professor Löffler, que preside este seminário, para explicar-lhes de forma completa a relação entre esse método e a psicologia.
Todos conhecem aquele jogo de salão, também apreciado pelas crianças, em que alguém deve acrescentar a uma palavra escolhida ao acaso uma outra, sendo o resultado uma palavra composta; por exemplo ‘steam‘ (vapor) e ‘ship‘ (navio), dando ‘steam-ship‘ (navio a vapor). A ‘experiência de associação’ introduzida na psicologia pela escola de Wundt nada mais é do que uma modificação desse jogo infantil, do qual se suprime uma regra.
A experiência é a seguinte: apresenta-se uma palavra (denominada ‘palavra-estímulo’) ao indivíduo que se está submetendo à experiência e ele deverá responder com uma outra palavra (denominada ‘reação’) o mais depressa possível, não havendo nenhuma restrição em sua escolha dessa reação. Devem ser observados os seguintes detalhes: o tempo exigido para a ‘reação’ e a relação - que pode ser de diversos tipos - entre a palavra-estímulo e a palavra-reação. Como era de esperar, essas experiências não produziram inicialmente muitos frutos, tendo sido realizadas sem uma finalidade definida e sem uma diretriz pela qual se pudessem avaliar os resultados. Essas ‘experiências de associação’ só se tornaram significativas e proveitosas quando, em Zurique, Bleuler e seus discípulos, especialmente Jung, começaram a lhes dedicar atenção. O valor das experiências realizadas pelo grupo deriva-se de terem partido da hipótese de que a reação à palavra-estímulo não podia ser fruto do acaso, mas devia ser determinada pelo conteúdo ideativo presente na mente do sujeito que reagia.
Habituamo-nos a denominar de ‘complexo’ todo conteúdo ideativo que é capaz de influenciar a reação à palavra-estímulo. Essa influência ocorre quando a palavra-estímulo toca diretamente o complexo, ou quando o complexo estabelece contato com a palavra através de elos intermediários. A determinação da reação é realmente um fato muito singular, e a literatura do assunto reflete o indisfarçável assombro que a mesma tem provocado. Mas não há como duvidar de sua veracidade, pois, via de regra, perguntando ao próprio sujeito as razões de sua reação, é possível expor o complexo atuante e esclarecer relações que de outro modo não seriam inteligíveis. Exemplos como os que Jung nos apresenta (1906, 6 e 8-9) fazem-nos duvidar da incidência da casualidade nos eventos mentais ou de sua pretensa arbitrariedade.
Façamos agora um breve exame dos antecedentes dessa concepção de Bleuler e Jung de que a reação do sujeito submetido a exame é determinada pelo seu complexo. Publiquei em 1901 uma obra na qual demonstrei serem de determinação rígida toda uma série de atos que se acreditava imotivados, contribuindo assim, em certo grau, para limitar o fator arbitrário em psicologia. Usei como exemplos as pequenas falhas de memória, os lapsos de língua e de escrita, e o extrativo de objetos. Mostrei que o responsável por um lapso de língua não é o acaso, nem a semelhança no som, nem uma simples dificuldade de articulação, mas que em todos os casos podemos descobrir um conteúdo ideativo perturbador, isto é, um complexo, que alterou o sentido da fala intencionada sob a forma aparente de um lapso de língua. Além disso, examinei pequenos atos aparentemente casuais e gratuitos - por exemplo, o hábito de brincar ou de manusear um
objeto, e outros semelhantes - e demonstrei que são ‘atos sintomáticos’, ligados a um sentido oculto e cuja finalidade é expressar discretamente esse sentido. Descobri que nem mesmo um prenome nos vem à mente de forma arbitrária, tendo sido sua escolha determinada por algum poderoso complexo ideativo. Até mesmo números que acreditávamos ter escolhido ao acaso podem ser relacionados com a influência de um complexo oculto dessa espécie. Poucos anos depois disso, um colega, o Dr. Alfred Adler, pôde corroborar essa minha singularíssima afirmação com alguns exemplos notáveis (Adler, 1905). Depois que nos habituamos a essa concepção do determinismo na vida psíquica, sentimo-nos justificados em inferir das descobertas da psicopatologia da vida cotidiana que as idéias que ocorrem ao sujeito numa experiência de associação podem também não ser arbitrárias, mas determinadas por um conteúdo ideativo nele atuante.
Senhores, voltemos a examinar a experiência de associação. No tipo de experiência a que até agora nos referimos, era a própria pessoa submetida a exame que nos explicava a origem de suas reações, circunstância que subtrai dessas experiências qualquer interesse judicial. Mas o que sucederia se alterássemos a planificação da experiência? Não se poderia adotar processo semelhante ao da resolução de uma equação com várias grandezas, em que se pode optar por qualquer uma como ponto de partida, considerando-se ou o a ou o b como o x procurado? Até agora em nossas experiências a incógnita tem sido o complexo. Escolhemos a esmo as palavras-estímulo, e o sujeito submetido a exame revelou-nos o complexo, que veio a ser expresso através dessas palavras-estímulo. Mas agora vamos abordar a questão de forma diversa. Vamos tomar um complexo conhecido e reagir, nós mesmos, a esse complexo com palavras-estímulo deliberadamente escolhidas, transferindo então o x para a pessoa que está reagindo. Será acaso possível deduzir da maneira pela qual a mesma reage se o complexo escolhido também existe nela? Podem ver os senhores que essa forma de planificação da experiência corresponde exatamente ao método adotado pelo juiz de instrução ao tentar descobrir se o acusado também conhece, em sua qualidade de agente, alguma coisa de que ele, juiz, tem conhecimento. Wertheimer e Klein, dois discípulos de Hans Gross, professor de direito penal em Praga, parecem ter sido os primeiros a introduzir essa modificação, tão importante para os propósitos dos senhores, na planificação das experiências.
As suas próprias experiências já os levaram a concluir da necessidade de considerar vários pontos nas reações do sujeito para determinar se o mesmo possui o complexo ao qual os senhores estão reagindo com suas palavras-estímulo. Esses pontos são os seguintes: (1) O conteúdo da reação pode ser incomum, o que requer explicação. (2) O tempo de reação pode ser prolongado, pois parece que as palavras-estímulo que tocaram o complexo produzem uma reação apenas após considerável intervalo (intervalo que pode ser muito maior que o tempo de reação comum). (3) Pode haver um engano na reprodução da reação. Os senhores já conhecem o significado desse fato singular. Se o sujeito submeteu-se a uma experiência de associação com uma lista bastante longa de palavras-estímulo, e se depois de um curto espaço de tempo essa lista
for-lhe novamente apresentada, ele reproduzirá as mesmas reações anteriores, salvo nos casos em que a palavra-estímulo atingiu um complexo; nesse caso é muito provável que o sujeito substitua a sua primeira reação por outra. (4) O fenômeno da perseveração (ou talvez seja melhor empregar o termo ‘efeito secundário’) pode ocorrer. Quando um complexo é despertado, ao ser atingido por uma palavra-estímulo - palavra-estímulo ‘crítica’ -, com freqüência os efeitos disso (por exemplo, o prolongamento do tempo de reação) persistem e modificam as reações do sujeito ante as próximas palavras-estímulo não-críticas. A presença de várias dessas circunstâncias, ou de todas elas, comprova que o complexo conhecido está presente como fator perturbador na pessoa que está sendo interrogada. Tal perturbação significa que na mente do sujeito o complexo está catexizado com afeto, sendo capaz de desviar sua atenção da tarefa de reagir; assim, vê-se nessa perturbação uma ‘autotraição psíquica.’
Sei que no momento os senhores se ocupam das potencialidades e das dificuldades desse processo, cuja finalidade é levar o acusado a uma autotraição objetiva. Portanto, gostaria de chamar-lhes a atenção para o fato de que um método semelhante para trazer à tona material psíquico encoberto ou secreto vem sendo utilizado, há mais de uma década, em um outro campo. Pretendo expor-lhes as semelhanças e as diferenças entre as condições desses dois campos.
O campo que tenho em mente é, na verdade, muito diverso deste dos senhores. Refiro-me
A tarefa do terapeuta, entretanto, é a mesma do juiz de instrução. Temos de descobrir o material psíquico oculto, e para isso inventamos vários estratagemas detetivescos, alguns dos quais parece que os senhores, homens da lei, estão prestes a copiar de nós.
Ser-lhes-á profissionalmente interessante saber como nós, os médicos, procedemos na psicanálise. Depois que o paciente nos fez um primeiro relato de sua história, pedimos-lhes que se abandone aos pensamentos que lhe ocorrerem espontaneamente e que diga, sem qualquer
reserva crítica, tudo o que lhe vier à cabeça. Como vêem, partimos da hipótese, não compartilhada pelo paciente, de que esses pensamentos espontâneos não serão escolhidos de forma arbitrária, mas determinados pela relação com seu segredo - isto é, com seu ‘complexo’ -, podendo ser encarados como derivados desse complexo. Os senhores observarão que essa hipótese é semelhante à que os auxiliou a interpretar as experiências de associação. Embora tenhamos instruído o paciente a obedecer à regra de comunicar todos os pensamentos que lhe ocorrerem, ele não parece capaz de o fazer. Logo começa a reter pensamentos, dando várias razões para isso: ou o pensamento não era importante, ou não era pertinente, ou era totalmente sem sentido. A essa altura, insistimos que o revele e o acompanhe, a despeito dessas objeções, pois a presença dessa crítica demonstra que o pensamento pertence ao ‘complexo’ que procuramos descobrir. Vemos nesse comportamento do paciente uma manifestação da ‘resistência’ nele presente, que se faz notar durante todo o curso do tratamento. Limitar-me-ei a indicar que o conceito de resistência
Em suas experiências, os senhores não observam diretamente críticas como essas das idéias espontâneas do sujeito, ao passo que em nossas psicanálises podemos observar todas as indicações de um complexo que se dão a conhecer. Mesmo quando o paciente não mais se atreve a infringir a regra que lhe foi imposta, notamos que de vez em quando hesita ou se cala, ou faz pausas ao reproduzir suas idéias. Cada hesitação dessa espécie é, a nosso ver, uma expressão de sua resistência, e indica uma conexão com o ‘complexo’. Na verdade, nós a encaramos como o sinal mais importante dessa conexão, exatamente como nos casos dos senhores a prolongação análoga do tempo de reação. Habituamo-nos a interpretar desse modo qualquer hesitação, mesmo quando aparentemente o conteúdo da idéia retida nada tem de censurável e quando o paciente afirma reconhecer o motivo de sua hesitação. Via de regra, as pausas que ocorrem na psicanálise são muito mais prolongadas do que as observadas em experiências de reação.
Outro de seus indícios de um complexo - a alteração no conteúdo da reação - também desempenha seu papel na técnica da psicanálise. Em geral também encaramos os menores afastamentos das formas comuns de expressão, em nossos pacientes, como sinal de algum sentido oculto, e nos dispomos a ser ridicularizados por eles ao fazermos interpretações nesse sentido. Na verdade, ficamos à espreita de observações portadoras de qualquer ambigüidade, nas quais transparece, sob uma expressão inocente, um sentido oculto. Não só os pacientes, mas também colegas médicos, que desconhecem a técnica da psicanálise e seus aspectos especiais, não acreditam nesses fatos e nos acusam de exagero e de fazer jogo de palavras; quase sempre, porém, temos razão. Afinal, não é difícil compreender que a única maneira pela qual um segredo cuidadosamente guardado se trai é através de alusões muito sutis ou, quando muito, ambíguas. Por fim, o paciente acostuma-se a nos revelar, por meio do que chamamos de ‘representação indireta’, tudo aquilo de que necessitamos para descobrir o complexo.
O terceiro dos seus indícios de um complexo (enganos - isto é, alterações - na reprodução
[da reação]) também é utilizado, embora num setor mais restrito, na técnica da psicanálise. Uma tarefa que freqüentemente se nos apresenta é a interpretação de sonhos - isto é, a tradução do conteúdo lembrado de um sonho para o seu sentido oculto. Algumas vezes não temos certeza por onde devemos começar essa tarefa, e nesses casos empregamos uma regra, descoberta empiricamente, que consiste em fazer com que o sonhador torne a nos contar seu sonho. Nesse mister, em geral ele modifica em alguns pontos sua maneira de expressar-se, embora repetindo com fidelidade todo o resto. É justamente a esses pontos reproduzidos erroneamente, ou então omitidos, que nos prendemos, pois essa imprecisão indica uma conexão com o complexo e promete o melhor acesso ao sentido secreto do sonho.
Se eu agora admitir para os senhores que em psicanálise não se manifesta fenômeno semelhante à perseveração, não devem os senhores concluir que se esgotaram os pontos de concordância que estivemos examinando. Essa aparente divergência deriva-se apenas das condições especiais das suas experiências, pois nelas não se dá tempo para que se desenvolva o efeito do complexo. Sua ação apenas começou, quando os senhores distraem a atenção do sujeito com uma nova palavra-estímulo, provavelmente inocente; podem então observar que algumas vezes, apesar de sua interferência, ele continua ocupado com o complexo. Em psicanálise, por outro lado, evitamos tais interferências e mantemos o paciente ocupado com o complexo. Como em nosso trabalho, tudo, por assim dizer, é perseveração, não poderemos observar esse fenômeno como uma ocorrência isolada.
Podemos com justiça afirmar que, em princípio, técnicas como as que descrevi permitem-nos tornar o paciente consciente do que nele está reprimido, isto é, do seu segredo, assim removendo a causação psicológica dos sintomas de que ele sofre. Mas antes que os senhores retirem desses resultados positivos conclusões referentes às possibilidades de seu próprio trabalho, examinaremos alguns pontos de divergência entre as situações psicológicas dos dois casos.
Já apontamos a diferença principal: no neurótico o segredo está oculto de sua própria consciência; no criminoso, o segredo está oculto apenas dos senhores. No primeiro existe uma autêntica ignorância, embora não em todos os sentidos, enquanto no último só existe uma simulação de ignorância. Com essa diferença está em conexão uma outra que tem grande importância prática. Na psicanálise o paciente ajuda a combater sua resistência através de esforços conscientes, porque espera lucrar com essa investigação, isto é, curar-se. O criminoso, ao contrário, não cooperará com o trabalho dos senhores; se o fizesse, estaria trabalhando contra todo o seu próprio ego. Entretanto, em compensação, em suas investigações apenas os senhores necessitam obter uma convicção objetiva, ao passo que nossa terapia exige que o paciente também adquira essa mesma convicção. Contudo, resta ver até que ponto essa falta de cooperação do sujeito de seu exame irá dificultar ou alterar o desenrolar do mesmo. Tal situação não pode ser reconstituída em suas experiências num seminário, pois o colega que desempenha o papel de acusado continua, no fim das contas, a ser um companheiro, e os auxiliará, apesar da
determinação consciente dele de não se denunciar.
Se examinarem atentamente a comparação das duas situações, verão com clareza que a psicanálise se ocupa com uma forma mais simples e especial de descobrir o que está oculto na mente, ao passo que no trabalho dos senhores a tarefa é mais ampla. Embora não necessitem levar em consideração a diferença de que no caso do psiconeurótico sempre se trata de complexo sexual reprimido (no sentido mais amplo), existe um outro fato que não podem ignorar. O propósito da psicanálise é absolutamente uniforme em todos os casos: é preciso trazer à tona os complexos reprimidos por causa de sentimentos de desprazer e que produzem sinais de resistência ante as tentativas de levá-los à consciência. É como se essa resistência estivesse localizada; surge na fronteira entre o consciente e o inconsciente. Já no caso dos senhores, a resistência origina-se totalmente da consciência, não sendo possível deixar de lado essa diferença. Os senhores, em primeiro lugar, terão de determinar experimentalmente se a resistência consciente denuncia-se exatamente pelos mesmos indícios que a resistência inconsciente. Além disso, em minha opinião os senhores ainda não podem estar seguros de poder interpretar seus indícios objetivos de um complexo como sendo uma ‘resistência’, tal como nós psicoterapeutas fazemos. No caso dos sujeitos de suas experiências, pode acontecer que o complexo atingido seja de acento agradável - embora isso não seja muito freqüente em criminosos -, o que levará a indagar se tal complexo irá produzir a mesma reação que um complexo de acento desagradável.
Gostaria também de assinalar que o teste dos senhores pode estar sujeito a uma complicação que, em virtude de sua própria natureza, não ocorre na psicanálise. Os senhores, em sua investigação, podem ser induzidos a erro por um neurótico que, embora inocente, reage como culpado, devido a um oculto sentimento de culpa já existente nele e que se apodera da acusação. Não julguem essa possibilidade como uma invenção ociosa; lembrem-se que isso pode ser observado com freqüência na infância. Muitas vezes uma criança acusada de uma transgressão nega veementemente sua culpa, embora chore como um criminoso desmascarado. Talvez pensem que a criança mentiu ao afirmar sua inocência, mas isto nem sempre é verdade. Pode ser que, embora não tenha cometido uma falta de que a acusam, tenha cometido uma outra que permanece ignorada e que não lhe foi imputada. Assim, fala a verdade ao negar ser culpada da primeira transgressão, ao mesmo tempo que revela seu sentimento de culpa proveniente da outra falta. Nesse particular, como em muitos outros pontos, o adulto neurótico comporta-se exatamente como uma criança. Muitas pessoas são assim, e ainda é muito discutível se a sua técnica logrará distinguir tais indivíduos auto-acusadores daqueles que são realmente culpados. Finalmente, mais uma questão. Os senhores sabem que, pelas normas do direito penal, é vedado sujeitar o acusado a qualquer medida que o tome de surpresa; portanto, ele deverá ter sido advertido de que poderá denunciar-se nessa experiência. Isso leva a perguntar se podem ser esperadas as mesmas reações tanto quando a atenção do sujeito está dirigida para o complexo como quando está afastada desse mesmo complexo, e a que ponto a intenção de ocultar alguma coisa pode afetar os modos de reação em pessoas diferentes.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que usou como exemplos as pequenas falhas de memória, os lapsos de língua e de escrita, e o extrativo de objetos. Mostrou que o responsável por um lapso de língua não é o acaso, nem a semelhança no som, nem uma simples dificuldade de articulação, mas que em todos os casos podemos descobrir um conteúdo ideativo perturbador, isto é, um complexo, que alterou o sentido da fala intencionada sob a forma aparente de um lapso de língua. Além disso, examinou pequenos atos aparentemente casuais e gratuitos - por exemplo, o hábito de brincar ou de manusear um objeto, e outros semelhantes - e demonstrou que são ‘atos sintomáticos’, ligados a um sentido oculto e cuja finalidade é expressar discretamente esse sentido. Descobriu que nem mesmo um prenome nos vem à mente de forma arbitrária, tendo sido sua escolha determinada por algum poderoso complexo ideativo. Até mesmo números que acreditava ter escolhido ao acaso podem ser relacionados com a influência de um complexo oculto dessa espécie. Poucos anos depois disso, um colega, o Dr. Alfred Adler, pôde corroborar essa sua singularíssima afirmação com alguns exemplos notáveis (Adler, 1905). Depois que eles se habituaram a essa concepção do determinismo na vida psíquica, sentiram-se justificados em inferir das descobertas da psicopatologia da vida cotidiana que as idéias que ocorrem ao sujeito numa experiência de associação podem também não ser arbitrárias, mas determinadas por um conteúdo ideativo nele atuante.
Senhores, voltemos a examinar a experiência de associação. No tipo de experiência a que até agora nos referimos, era a própria pessoa submetida a exame que nos explicava a origem de suas reações, circunstância que subtrai dessas experiências qualquer interesse judicial. Mas o que sucederia se alterássemos a planificação da experiência? Não se poderia adotar processo semelhante ao da resolução de uma equação com várias grandezas, em que se pode optar por qualquer uma como ponto de partida, considerando-se ou o a ou o b como o x procurado? Até agora em nossas experiências a incógnita tem sido o complexo. Escolhemos a esmo as palavras-estímulo, e o sujeito submetido a exame revelou-nos o complexo, que veio a ser expresso através dessas palavras-estímulo. Mas agora vamos abordar a questão de forma diversa. Vamos tomar um complexo conhecido e reagir, nós mesmos, a esse complexo com palavras-estímulo deliberadamente escolhidas, transferindo então o x para a pessoa que está reagindo. Será acaso possível deduzir da maneira pela qual a mesma reage se o complexo escolhido também existe nela? Podem ver os senhores que essa forma de planificação da experiência corresponde exatamente ao método adotado pelo juiz de instrução ao tentar descobrir se o acusado também conhece, em sua qualidade de agente, alguma coisa de que ele, juiz, tem conhecimento. Wertheimer e Klein, dois discípulos de Hans Gross, professor de direito penal em Praga, parecem ter sido os primeiros a introduzir essa modificação, tão importante para os propósitos dos senhores, na planificação das experiências.
Diante do espanto dos senhores, devo estabelecer primeiramente uma analogia entre o criminoso
e o histérico. Em ambos defrontamos com um segredo, alguma coisa oculta. Para não incorrer num paradoxo, devo em seguida apontar a diferença. O criminoso conhece e oculta esse segredo, enquanto o histérico não conhece esse segredo, que está oculto para ele mesmo. Como é possível tal coisa? Ora, através de laboriosas pesquisas, sabemos que todas essas enfermidades resultam do êxito obtido pelo paciente na repressão de certas idéias e lembranças fortemente catexizadas com afeto, assim como dos desejos que delas se originam, de tal modo que não representam qualquer papel em seu pensamento, isto é, não penetram em sua consciência, permanecendo assim desconhecidos para ele. É desse material psíquico reprimido (desses ‘complexos’) que derivam os sintomas somáticos e psíquicos que atormentam o paciente, da mesma forma que uma consciência culpada. Nesse aspecto, portanto, é fundamental a diferença entre o criminoso e o histérico.
A tarefa do terapeuta, entretanto, é a mesma do juiz de instrução. Temos de descobrir o material psíquico oculto, e para isso inventamos vários estratagemas detetivescos, alguns dos quais parece que os senhores, homens da lei, estão prestes a copiar de nós.
Em suas experiências, os senhores não observam diretamente críticas como essas das idéias espontâneas do sujeito, ao passo que em nossas psicanálises podemos observar todas as indicações de um complexo que se dão a conhecer. Mesmo quando o paciente não mais se atreve a infringir a regra que lhe foi imposta, notamos que de vez em quando hesita ou se cala, ou faz pausas ao reproduzir suas idéias. Cada hesitação dessa espécie é, a nosso ver, uma expressão de sua resistência, e indica uma conexão com o ‘complexo’. Na verdade, nós a encaramos como o sinal mais importante dessa conexão, exatamente como nos casos dos senhores a prolongação análoga do tempo de reação. Habituamo-nos a interpretar desse modo qualquer hesitação, mesmo quando aparentemente o conteúdo da idéia retida nada tem de censurável e quando o paciente afirma reconhecer o motivo de sua hesitação. Via de regra, as pausas que ocorrem na psicanálise são muito mais prolongadas do que as observadas em experiências de reação.
Outro de seus indícios de um complexo - a alteração no conteúdo da reação - também desempenha seu papel na técnica da psicanálise. Em geral também encaramos os menores afastamentos das formas comuns de expressão, em nossos pacientes, como sinal de algum sentido oculto, e nos dispomos a ser ridicularizados por eles ao fazermos interpretações nesse sentido. Na verdade, ficamos à espreita de observações portadoras de qualquer ambigüidade, nas quais transparece, sob uma expressão inocente, um sentido oculto. Não só os pacientes, mas também colegas médicos, que desconhecem a técnica da psicanálise e seus aspectos especiais, não acreditam nesses fatos e nos acusam de exagero e de fazer jogo de palavras; quase sempre, porém, temos razão. Afinal, não é difícil compreender que a única maneira pela qual um segredo cuidadosamente guardado se trai é através de alusões muito sutis ou, quando muito, ambíguas. Por fim, o paciente acostuma-se a nos revelar, por meio do que chamamos de ‘representação indireta’, tudo aquilo de que necessitamos para descobrir o complexo.
O terceiro dos seus indícios de um complexo (enganos - isto é, alterações - na reprodução
[da reação]) também é utilizado, embora num setor mais restrito, na técnica da psicanálise. Uma tarefa que freqüentemente se nos apresenta é a interpretação de sonhos - isto é, a tradução do conteúdo lembrado de um sonho para o seu sentido oculto. Algumas vezes não temos certeza por onde devemos começar essa tarefa, e nesses casos empregamos uma regra, descoberta empiricamente, que consiste em fazer com que o sonhador torne a nos contar seu sonho. Nesse mister, em geral ele modifica em alguns pontos sua maneira de expressar-se, embora repetindo com fidelidade todo o resto. É justamente a esses pontos reproduzidos erroneamente, ou então omitidos, que nos prendemos, pois essa imprecisão indica uma conexão com o complexo e promete o melhor acesso ao sentido secreto do sonho.
Podemos com justiça afirmar que, em princípio, técnicas como as que descrevi permitem-nos tornar o paciente consciente do que nele está reprimido, isto é, do seu segredo, assim removendo a causação psicológica dos sintomas de que ele sofre. Mas antes que os senhores retirem desses resultados positivos conclusões referentes às possibilidades de seu próprio trabalho, examinaremos alguns pontos de divergência entre as situações psicológicas dos dois casos.
Já apontamos a diferença principal: no neurótico o segredo está oculto de sua própria consciência; no criminoso, o segredo está oculto apenas dos senhores. No primeiro existe uma autêntica ignorância, embora não em todos os sentidos, enquanto no último só existe uma simulação de ignorância. Com essa diferença está em conexão uma outra que tem grande importância prática. Na psicanálise o paciente ajuda a combater sua resistência através de esforços conscientes, porque espera lucrar com essa investigação, isto é, curar-se. O criminoso, ao contrário, não cooperará com o trabalho dos senhores; se o fizesse, estaria trabalhando contra todo o seu próprio ego. Entretanto, em compensação, em suas investigações apenas os senhores necessitam obter uma convicção objetiva, ao passo que nossa terapia exige que o paciente também adquira essa mesma convicção. Contudo, resta ver até que ponto essa falta de cooperação do sujeito de seu exame irá dificultar ou alterar o desenrolar do mesmo. Tal situação não pode ser reconstituída em suas experiências num seminário, pois o colega que desempenha o papel de acusado continua, no fim das contas, a ser um companheiro, e os auxiliará, apesar da determinação consciente dele de não se denunciar.
Gostaria também de assinalar que o teste dos senhores pode estar sujeito a uma complicação que, em virtude de sua própria natureza, não ocorre na psicanálise. Os senhores, em sua investigação, podem ser induzidos a erro por um neurótico que, embora inocente, reage como culpado, devido a um oculto sentimento de culpa já existente nele e que se apodera da acusação. Não julguem essa possibilidade como uma invenção ociosa; lembrem-se que isso pode ser observado com freqüência na infância. Muitas vezes uma criança acusada de uma transgressão nega veementemente sua culpa, embora chore como um criminoso desmascarado. Talvez pensem que a criança mentiu ao afirmar sua inocência, mas isto nem sempre é verdade. Pode ser que, embora não tenha cometido uma falta de que a acusam, tenha cometido uma outra que permanece ignorada e que não lhe foi imputada. Assim, fala a verdade ao negar ser culpada da primeira transgressão, ao mesmo tempo que revela seu sentimento de culpa proveniente da outra falta. Nesse particular, como em muitos outros pontos, o adulto neurótico comporta-se exatamente como uma criança. Muitas pessoas são assim, e ainda é muito discutível se a sua técnica logrará distinguir tais indivíduos auto-acusadores daqueles que são realmente culpados. Finalmente, mais uma questão. Os senhores sabem que, pelas normas do direito penal, é vedado sujeitar o acusado a qualquer medida que o tome de surpresa; portanto, ele deverá ter sido advertido de que poderá denunciar-se nessa experiência. Isso leva a perguntar se podem ser esperadas as mesmas reações tanto quando a atenção do sujeito está dirigida para o complexo como quando está afastada desse mesmo complexo, e a que ponto a intenção de ocultar alguma coisa pode afetar os modos de reação em pessoas diferente.
É justamente devido à diversidade de situações que subjazem ao trabalho de investigação dos senhores, que a psicologia se interessa tão vivamente por seus resultados. Gostaria de pedir-lhes que não se desiludissem prematuramente de sua utilidade prática. Embora meu campo esteja muito afastado da prática judicial, talvez me permitam mais uma sugestão. Por mais indispensáveis que sejam essas experiências realizadas em seminários, tanto como uma preparação quanto como formulação de problemas, os senhores não poderão jamais reproduzir a mesma situação psicológica existente no interrogatório do acusado numa investigação criminal. Essas experiências serão simples exercícios simulados, e nunca poderão fundamentar uma aplicação prática em casos criminais. Se insistirmos em tentar essa aplicação, um outro caminho se nos apresenta: consigam que lhes seja permitido - ou mesmo imposto como um dever - realizar tais investigações, durante um certo número de anos, em cada processo criminal real, impedindo que os seus resultados venham a influenciar o veredicto do tribunal. Na verdade, seria preferível que o tribunal não fosse informado da conclusão inferida pelos senhores a partir da investigação relativa à questão da culpa do acusado. Após alguns anos de compilação e comparação dos resultados assim obtidos, quaisquer dúvidas sobre a utilidade desse método psicológico de investigação serão esclarecidas. Sei, naturalmente, que a concretização de semelhante proposta não depende somente dos senhores, nem de seus ilustres professores.
Mattanó aponta que Freud usou como exemplos as pequenas falhas de memória, os lapsos de língua e de escrita, e o extrativo de objetos. Mostrou que o responsável por um lapso de língua não é o acaso, nem a semelhança no som, nem uma simples dificuldade de articulação, mas que em todos os casos podemos descobrir um conteúdo ideativo perturbador, isto é, um complexo, que alterou o sentido da fala intencionada sob a forma aparente de um lapso de língua. Contudo, hoje sabemos que o lapso de língua também se deve a significação e aos sentidos que empregamos e sobretudo as trocas, inversões e aglutinações que geram os lapsos de língua. Além disso, examinou pequenos atos aparentemente casuais e gratuitos - por exemplo, o hábito de brincar ou de manusear um objeto, e outros semelhantes - e demonstrou que são ‘atos sintomáticos’, ligados a um sentido oculto e cuja finalidade é expressar discretamente esse sentido. Descobriu que nem mesmo um prenome nos vem à mente de forma arbitrária, tendo sido sua escolha determinada por algum poderoso complexo ideativo. Até mesmo números que acreditava ter escolhido ao acaso podem ser relacionados com a influência de um complexo oculto dessa espécie. Poucos anos depois disso, um colega, o Dr. Alfred Adler, pôde corroborar essa sua singularíssima afirmação com alguns exemplos notáveis (Adler, 1905). Depois que eles se habituaram a essa concepção do determinismo na vida psíquica, sentiram-se justificados em inferir das descobertas da psicopatologia da vida cotidiana que as idéias que ocorrem ao sujeito numa experiência de associação podem também não ser arbitrárias, mas determinadas por um conteúdo ideativo nele atuante.
Senhores, voltemos a examinar a experiência de associação. No tipo de experiência a que até agora nos referimos, era a própria pessoa submetida a exame que nos explicava a origem de suas reações, circunstância que subtrai dessas experiências qualquer interesse judicial. Mas o que sucederia se alterássemos a planificação da experiência? Não se poderia adotar processo semelhante ao da resolução de uma equação com várias grandezas, em que se pode optar por qualquer uma como ponto de partida, considerando-se ou o a ou o b como o x procurado? Até agora em nossas experiências a incógnita tem sido o complexo. Escolhemos a esmo as palavras-estímulo, e o sujeito submetido a exame revelou-nos o complexo, que veio a ser expresso através dessas palavras-estímulo. Mas agora vamos abordar a questão de forma diversa. Vamos tomar um complexo conhecido e reagir, nós mesmos, a esse complexo com palavras-estímulo deliberadamente escolhidas, transferindo então o x para a pessoa que está reagindo. Será acaso possível deduzir da maneira pela qual a mesma reage se o complexo escolhido também existe nela? Podem ver os senhores que essa forma de planificação da experiência corresponde exatamente ao método adotado pelo juiz de instrução ao tentar descobrir se o acusado também conhece, em sua qualidade de agente, alguma coisa de que ele, juiz, tem conhecimento. Wertheimer e Klein, dois discípulos de Hans Gross, professor de direito penal em Praga, parecem ter sido os primeiros a introduzir essa modificação, tão importante para os propósitos dos senhores, na planificação das experiências. As associações desqualificam o testemunho da cena do crime.
Diante do espanto dos senhores, devo estabelecer primeiramente uma analogia entre o criminoso
e o histérico. Em ambos defrontamos com um segredo, alguma coisa oculta. Para não incorrer num paradoxo, devo em seguida apontar a diferença. O criminoso conhece e oculta esse segredo, enquanto o histérico não conhece esse segredo, que está oculto para ele mesmo. Como é possível tal coisa? Ora, através de laboriosas pesquisas, sabemos que todas essas enfermidades resultam do êxito obtido pelo paciente na repressão de certas idéias e lembranças fortemente catexizadas com afeto, assim como dos desejos que delas se originam, de tal modo que não representam qualquer papel em seu pensamento, isto é, não penetram em sua consciência, permanecendo assim desconhecidos para ele. É desse material psíquico reprimido (desses ‘complexos’) que derivam os sintomas somáticos e psíquicos que atormentam o paciente, da mesma forma que uma consciência culpada. Nesse aspecto, portanto, é fundamental a diferença entre o criminoso e o histérico.
A tarefa do terapeuta, entretanto, é a mesma do juiz de instrução. Temos de descobrir o material psíquico oculto, e para isso inventamos vários estratagemas detetivescos, alguns dos quais parece que os senhores, homens da lei, estão prestes a copiar de nós.
Em suas experiências, os senhores não observam diretamente críticas como essas das idéias espontâneas do sujeito, ao passo que em nossas psicanálises podemos observar todas as indicações de um complexo que se dão a conhecer. Mesmo quando o paciente não mais se atreve a infringir a regra que lhe foi imposta, notamos que de vez em quando hesita ou se cala, ou faz pausas ao reproduzir suas idéias. Cada hesitação dessa espécie é, a nosso ver, uma expressão de sua resistência, e indica uma conexão com o ‘complexo’. Na verdade, nós a encaramos como o sinal mais importante dessa conexão, exatamente como nos casos dos senhores a prolongação análoga do tempo de reação. Habituamo-nos a interpretar desse modo qualquer hesitação, mesmo quando aparentemente o conteúdo da idéia retida nada tem de censurável e quando o paciente afirma reconhecer o motivo de sua hesitação. Via de regra, as pausas que ocorrem na psicanálise são muito mais prolongadas do que as observadas em experiências de reação.
Outro de seus indícios de um complexo - a alteração no conteúdo da reação - também desempenha seu papel na técnica da psicanálise. Em geral também encaramos os menores afastamentos das formas comuns de expressão, em nossos pacientes, como sinal de algum sentido oculto, e nos dispomos a ser ridicularizados por eles ao fazermos interpretações nesse sentido. Na verdade, ficamos à espreita de observações portadoras de qualquer ambigüidade, nas quais transparece, sob uma expressão inocente, um sentido oculto. Não só os pacientes, mas também colegas médicos, que desconhecem a técnica da psicanálise e seus aspectos especiais, não acreditam nesses fatos e nos acusam de exagero e de fazer jogo de palavras; quase sempre, porém, temos razão. Afinal, não é difícil compreender que a única maneira pela qual um segredo cuidadosamente guardado se trai é através de alusões muito sutis ou, quando muito, ambíguas. Por fim, o paciente acostuma-se a nos revelar, por meio do que chamamos de ‘representação indireta’, tudo aquilo de que necessitamos para descobrir o complexo.
O terceiro dos seus indícios de um complexo (enganos - isto é, alterações - na reprodução
[da reação]) também é utilizado, embora num setor mais restrito, na técnica da psicanálise. Uma tarefa que freqüentemente se nos apresenta é a interpretação de sonhos - isto é, a tradução do conteúdo lembrado de um sonho para o seu sentido oculto. Algumas vezes não temos certeza por onde devemos começar essa tarefa, e nesses casos empregamos uma regra, descoberta empiricamente, que consiste em fazer com que o sonhador torne a nos contar seu sonho. Nesse mister, em geral ele modifica em alguns pontos sua maneira de expressar-se, embora repetindo com fidelidade todo o resto. É justamente a esses pontos reproduzidos erroneamente, ou então omitidos, que nos prendemos, pois essa imprecisão indica uma conexão com o complexo e promete o melhor acesso ao sentido secreto do sonho.
Podemos com justiça afirmar que, em princípio, técnicas como as que descrevi permitem-nos tornar o paciente consciente do que nele está reprimido, isto é, do seu segredo, assim removendo a causação psicológica dos sintomas de que ele sofre. Mas antes que os senhores retirem desses resultados positivos conclusões referentes às possibilidades de seu próprio trabalho, examinaremos alguns pontos de divergência entre as situações psicológicas dos dois casos.
Já apontamos a diferença principal: no neurótico o segredo está oculto de sua própria consciência; no criminoso, o segredo está oculto apenas dos senhores. No primeiro existe uma autêntica ignorância, embora não em todos os sentidos, enquanto no último só existe uma simulação de ignorância. Com essa diferença está em conexão uma outra que tem grande importância prática. Na psicanálise o paciente ajuda a combater sua resistência através de esforços conscientes, porque espera lucrar com essa investigação, isto é, curar-se. O criminoso, ao contrário, não cooperará com o trabalho dos senhores; se o fizesse, estaria trabalhando contra todo o seu próprio ego. Entretanto, em compensação, em suas investigações apenas os senhores necessitam obter uma convicção objetiva, ao passo que nossa terapia exige que o paciente também adquira essa mesma convicção. Contudo, resta ver até que ponto essa falta de cooperação do sujeito de seu exame irá dificultar ou alterar o desenrolar do mesmo. Tal situação não pode ser reconstituída em suas experiências num seminário, pois o colega que desempenha o papel de acusado continua, no fim das contas, a ser um companheiro, e os auxiliará, apesar da determinação consciente dele de não se denunciar.
Gostaria também de assinalar que o teste dos senhores pode estar sujeito a uma complicação que, em virtude de sua própria natureza, não ocorre na psicanálise. Os senhores, em sua investigação, podem ser induzidos a erro por um neurótico que, embora inocente, reage como culpado, devido a um oculto sentimento de culpa já existente nele e que se apodera da acusação. Não julguem essa possibilidade como uma invenção ociosa; lembrem-se que isso pode ser observado com freqüência na infância. Muitas vezes uma criança acusada de uma transgressão nega veementemente sua culpa, embora chore como um criminoso desmascarado. Talvez pensem que a criança mentiu ao afirmar sua inocência, mas isto nem sempre é verdade. Pode ser que, embora não tenha cometido uma falta de que a acusam, tenha cometido uma outra que permanece ignorada e que não lhe foi imputada. Assim, fala a verdade ao negar ser culpada da primeira transgressão, ao mesmo tempo que revela seu sentimento de culpa proveniente da outra falta. Nesse particular, como em muitos outros pontos, o adulto neurótico comporta-se exatamente como uma criança. Muitas pessoas são assim, e ainda é muito discutível se a sua técnica logrará distinguir tais indivíduos auto-acusadores daqueles que são realmente culpados. Finalmente, mais uma questão. Os senhores sabem que, pelas normas do direito penal, é vedado sujeitar o acusado a qualquer medida que o tome de surpresa; portanto, ele deverá ter sido advertido de que poderá denunciar-se nessa experiência. Isso leva a perguntar se podem ser esperadas as mesmas reações tanto quando a atenção do sujeito está dirigida para o complexo como quando está afastada desse mesmo complexo, e a que ponto a intenção de ocultar alguma coisa pode afetar os modos de reação em pessoas diferente.
É justamente devido à diversidade de situações que subjazem ao trabalho de investigação dos senhores, que a psicologia se interessa tão vivamente por seus resultados. Gostaria de pedir-lhes que não se desiludissem prematuramente de sua utilidade prática. Embora meu campo esteja muito afastado da prática judicial, talvez me permitam mais uma sugestão. Por mais indispensáveis que sejam essas experiências realizadas em trabalhos, tanto como uma preparação quanto como formulação de problemas, os senhores não poderão jamais reproduzir a mesma situação psicológica existente no interrogatório do acusado numa investigação criminal. Essas experiências serão simples exercícios simulados, e nunca poderão fundamentar uma aplicação prática em casos criminais. Se insistirmos em tentar essa aplicação, um outro caminho se nos apresenta: consigam que lhes seja permitido - ou mesmo imposto como um dever - realizar tais investigações, durante um certo número de anos, em cada processo criminal real, impedindo que os seus resultados venham a influenciar o veredicto do tribunal. Na verdade, seria preferível que o tribunal não fosse informado da conclusão inferida pelos senhores a partir da investigação relativa à questão da culpa do acusado. Após alguns anos de compilação e comparação dos resultados assim obtidos, quaisquer dúvidas sobre a utilidade desse método psicológico de investigação serão esclarecidas. Sei, naturalmente, que a concretização de semelhante proposta não depende somente dos senhores, nem de seus ilustres professores.
A melhor contribuição para os processos judiciais através da Psicanálise Mitológica está na sua epistemologia ou Teoria do Conhecimento, em suas Novas Teorias e Epistemologias que formulam novos caminhos para o Psicólogo e sua prática institucional no meio Judiciário, com por exemplo, a epistemologia sobre o Novo Sistema Carcerário. A prática do Psicólogo no Judiciário difunde-se no meio institucional e pedagógico com seu corpo de conhecimento, de Teorias e de Epistemologias que enriquecem o seu saber e a sua prática, o seu repertório comportamental como bacharel e licenciado, criando uma nova abordagem da Psicologia do Judiciário, específica para o bacharel e o licenciado em Psicologia, segundo Mattanó.
MATTANÓ
(11/01/2022)
Mattanó aponta que mesmo que você mude o vocabulário e a linguagem ou o repertório verbal e assim o inconsciente que é, portanto, determinado pela cultura, você não muda a sexualidade, pois ela é determinada pela filogenética. Assim teorias como a da pulsão auditiva podem mudar o inconsciente através da linguagem por meio da lavagem cerebral e da despersonalização mas não podem mudar a sexualidade de um indivíduo consciente de si e do seu meio ambiente.
MATTANÓ
(12/01/2022)
Mattanó aponta que o Homo Sapiens é diferente dos macacos no que se refere a evolução cerebral e comportamental, inclusive reprodutiva, contudo anatomicamente é semelhante, revelando que a libido estacionou em sua história evolutiva, enquanto que o comportamento, a moral, a comunhão e a segurança se ergueram e se desenvolveram através do cérebro e que o conhecimento do Homo Sapiens pode ser orientado pela libido e pelo erotismo, por uma psicossexualidade se o Homo Sapiens aprender a nomear esses comportamentos e também pode ser, em comportamento, orientado pela comunhão e pela segurança, com uma simbologia próprias, com uma linguagem e imaginário próprios que são adquiridos nomeando esses comportamentos, e a partir daí ele vai adquirindo repertório comportamental inédito ou novo, ou seja, novas habilidades, novas motivações, novos interesses que passarão a definir o próprio Homo Sapiens.
MATTANÓ
(12/01/2022)
Mattanó aponta que outra forma de adquirir os transtornos decorrentes do comportamento da pulsão auditiva de Mattanó, é aprendendo a nomear os comportamentos, os estímulos e os eventos, e a sua funcionalidade. Para tratar isto o paciente pode usar a Teoria da Abundância de Mattanó onde ele aprende que ele não é seus S – R – C, estímulo – resposta – consequência, funcionalidade, significados e sentidos, conceitos e contextos, símbolos, linguagens, inconsciente, literalidade, razões e controle, interpretações, mas sim, sua consciência que é tempo e eternidade, atenção e intenção, como uma Hóstia Viva que age milagrosamente, como uma célula, que faz seus processos e sua homeostase para sua liberdade para viver e para aprender a viver através dessa homeostase que é também a sua consciência.
MATTANÓ
(12/01/2022)
ATOS OBSESSIVOS E PRÁTICAS RELIGIOSAS (1907)
NOTA DO EDITOR INGLÊS
ZWANGSHANDLUNGEN UND RELIGIONSÜBUNGEN
1907 Z. Religionspsychol., 1 (1) [Abril], 4-12.
1909 S.K.S.N., 2, 122-31. (1912, 2ª ed.; 1921, 3ª ed.)
1924 G.S., 10, 210-20.
1941 G.W., 7, 129-39.
‘Obsessive Acts and Religious Practices’
1924 C.P., 2, 25-35. (Trad. de R. C. McWatters.)
A presente tradução, com título ligeiramente alterado, é uma versão modificada da que foi publicada em 1924.
Este artigo foi escrito em fevereiro de 1907 para o primeiro número de um periódico dirigido por Bresler e Vordrobt. Na reunião de 27 de fevereiro da Sociedade Psicanalítica de Viena, Freud informou que enviara uma contribuição para o número de estréia desse novo periódico e também que Bresler o convidara para co-editor, convite por ele aceito. Na verdade seu nome
aparece na (longa) lista de consultores editoriais. A informação incorreta de que esse artigo foi lido por Freud para a Sociedade, a 2 de março, é proveniente da biografia de Jones (2, 380). De qualquer forma, 2 de março foi um sábado e não uma quarta-feira. Jung esteve presente à reunião de 6 de março, quando Adler leu um caso clínico. (Ver Minutes, 1.) Essa foi a incursão inicial de Freud na psicologia da religião e, como assinala na Seção V da sua ‘Uma Breve Descrição da Psicanálise’ (1924f), constituiu um passo decisivo em direção a um tratamento mais extenso do assunto, cinco anos depois, em Totem e Tabu. Além disso, o interesse deste artigo reside no fato de ser esta a primeira vez que Freud examina a neurose obsessiva desde o período de Breuer, cerca de dez anos antes. Aqui ele fornece um esboço do mecanismo dos sintomas obsessivos que iria elaborar no caso clínico do ‘Rat Man’ (1909d), cujo tratamento, entretanto, ainda não iniciara quando escreveu o presente trabalho.
ATOS OBSESSIVOS E PRÁTICAS RELIGIOSAS
Não sou certamente o primeiro a notar a semelhança existente entre os chamados atos obsessivos dos que sofrem de afecções venosas e as práticas pelas quais o crente expressa sua devoção. O termo ‘cerimonial’, que tem sido aplicado a alguns desses atos obsessivos, constitui uma evidência disso. Em minha opinião, entretanto, essa semelhança não é apenas superficial, de modo que a compreensão interna (insight) da origem do cerimonial neurótico pode, por analogia, estimular-nos a estabelecer inferências sobre os processos psicológicos da vida religiosa.
As pessoas que praticam atos obsessivos ou cerimoniais pertencem à mesma classe das que sofrem de pensamento obsessivo, idéias obsessivas, impulsos obsessivos e afins. Isso, em conjunto, constitui uma entidade clínica especial, que comumente se denomina de ‘neurose obsessiva’ [Zwangsneurose]. Mas não devemos tentar inferir de tal denominação a natureza da enfermidade, pois, a rigor, também outras espécies de fenômenos mentais mórbidos podem possuir características ‘obsessivas’. Em lugar de uma definição, contentemo-nos no momento em obter um conhecimento minucioso desses estados, pois ainda não chegamos ao critério distintivo da neurose obsessiva, que provavelmente se encontra oculto em camadas muito profundas, embora pareça revelar sua presença em todas as manifestações da doença.
Os cerimoniais neuróticos consistem em pequenas alterações em certos atos cotidianos, em pequenos acréscimos, restrições ou arranjos que devem ser sempre realizados numa mesma ordem, ou com variações regulares. Essas atividades, meras formalidades na aparência, afiguram-se destituídas de qualquer sentido. O próprio paciente não as julga diversamente, mas é incapaz de renunciar a elas, pois a qualquer afastamento do cerimonial manifesta-se uma intolerável ansiedade, que o obriga a retificar sua omissão. Tão triviais quanto os próprios atos cerimoniais
são as ocasiões e as atividades ornamentadas, complicadas e sempre prolongadas pelo cerimonial
Toda atividade pode converter-se em um ato obsessivo, no sentido mais amplo do termo, se for complicada por pequenos acréscimos ou se adquirir um caráter rítmico através de pausas e repetições. Não esperemos encontrar uma distinção nítida entre ‘cerimoniais’ e ‘atos obsessivos’. Em geral os atos obsessivos derivam-se de cerimoniais. Além desses, o conteúdo do distúrbio abrange proibições e impedimentos (abulias), que na realidade apenas levam adiante o trabalho dos atos obsessivos, portanto algumas coisas são completamente vedadas ao paciente e outras só permitidas após a realização de um determinado cerimonial.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que os atos cerimoniais e religiosos são semelhantes por uma lado aos atos obsessivos, pois os atos obsessivos derivam-se de cerimoniais, mas por outro lado são diferentes porque os cerimoniais neuróticos consistem em pequenas alterações em certos atos cotidianos, em pequenos acréscimos, restrições ou arranjos que devem ser sempre realizados numa mesma ordem, ou com variações regulares. Essas atividades, meras formalidades na aparência, afiguram-se destituídas de qualquer sentido. O próprio paciente não as julga diversamente, mas é incapaz de renunciar a elas, pois a qualquer afastamento do cerimonial manifesta-se uma intolerável ansiedade, que o obriga a retificar sua omissão. Tão triviais quanto os próprios atos cerimoniais são as ocasiões e as atividades ornamentadas, complicadas e sempre prolongadas pelo cerimonial - por exemplo, vestir e despir-se, o ato de deitar-se ou de satisfazer as necessidades fisiológicas. O cerimonial é sempre executado como se tivesse de obedecer a certas leis tácitas. Tomemos, por exemplo, um cerimonial relativo ao ato de deitar-se: a cadeira deve ficar numa determinada posição ao lado da cama, as roupas colocadas sobre a mesma numa determinada ordem, o cobertor preso embaixo do colchão e o lençol bem esticado, os travesseiros arrumados de maneira especial, e o corpo da pessoa deve adotar uma posição bem determinada. Só depois disso tudo ela poderá dormir. Em casos leves, o cerimonial parece ser nada mais do que a intensificação de hábitos ordeiros muito justificáveis; é a especial consciência que cerca sua execução e a ansiedade que surge com qualquer falha que lhe dão o caráter do ‘ato sagrado’. Em geral se suporta mal qualquer interrupção no cerimonial, sendo quase sempre excluída a presença de outras pessoas durante sua realização.
Mattanó aponta que os atos cerimoniais e religiosos são semelhantes por um lado aos atos obsessivos, pois os atos obsessivos derivam-se de cerimoniais, mas por outro lado são diferentes porque os cerimoniais neuróticos consistem em pequenas alterações em certos atos cotidianos, em pequenos acréscimos, restrições ou arranjos que devem ser sempre realizados numa mesma ordem, ou com variações regulares. Essas atividades, meras formalidades na aparência, afiguram-se destituídas de qualquer sentido. O próprio paciente não as julga diversamente, mas é incapaz de renunciar a elas, pois a qualquer afastamento do cerimonial manifesta-se uma intolerável ansiedade, que o obriga a retificar sua omissão. Tão triviais quanto os próprios atos cerimoniais são as ocasiões e as atividades ornamentadas, complicadas e sempre prolongadas pelo cerimonial - por exemplo, vestir e despir-se, o ato de deitar-se ou de satisfazer as necessidades fisiológicas. O cerimonial é sempre executado como se tivesse de obedecer a certas leis tácitas. Tomemos, por exemplo, um cerimonial relativo ao ato de deitar-se: a cadeira deve ficar numa determinada posição ao lado da cama, as roupas colocadas sobre a mesma numa determinada ordem, o cobertor preso embaixo do colchão e o lençol bem esticado, os travesseiros arrumados de maneira especial, e o corpo da pessoa deve adotar uma posição bem determinada. Só depois disso tudo ela poderá dormir. Em casos leves, o cerimonial parece ser nada mais do que a intensificação de hábitos ordeiros muito justificáveis; é a especial consciência que cerca sua execução e a ansiedade que surge com qualquer falha que lhe dão o caráter do ‘ato sagrado’. Em geral se suporta mal qualquer interrupção no cerimonial, sendo quase sempre excluída a presença de outras pessoas durante sua realização. Um exemplo atual de atos cerimoniais e religiosos é como a Igreja e os fiéis lidam com as contingências de contexto do Amor de Deus, sejam elas, de crucificação, de morte, de paixão, de prisão (cárcere privado), de loucura, de estupro e de estupro virtual, de nudez e violência, de pedofilia, de racismo, de abuso e exploração, de tortura, de dor, de ódio e de intolerância, de ameaças e de perseguição, de guerras e conflitos, de terror, de catástrofes, de calamidades, de tragédias, de acidentes, de holocaustos, de horrores, de milagres e de Amor e Misericórdia, de Graça e Piedade, de Paz, e por outro lado como as pessoas lidam com os atos obsessivos que se derivam desses cerimoniais, são eles comportamentos obsessivos e também compulsivos que consistem em pequenas alterações em certos atos cotidianos, em pequenos acréscimos, restrições ou arranjos que devem ser sempre realizados numa mesma ordem, ou com variações regulares. Atualmente nomeamos estes comportamentos de transtorno obsessivo-compulsivo ou TOC.
MATTANÓ
(12/01/2022)
Mattanó aponta que a adaptação tem um papel singular no inconsciente e no comportamento, ela é responsável pela assimilação e pela acomodação fisiológica, morfológica, comportamental e do inconsciente junto ao meio ambiente e o contexto, convertendo os estímulos em respostas elaboradas a partir do niilismo, condensamento, deslocamento, comportamento, relações sociais, gestalts e insights, e transformando os seus processos e elementos em realidade, em realidade e prazer, no princípio da realidade e no princípio do prazer, ou em relações fundamentadas no real e no ideal, e também no imaginário e no simbólico.
MATTANÓ
(13/01/2022)
Mattanó, Osny Mattanó Júnior ou o Amor de Deus, testemunha que já ouviu telepaticamente que para efetuarem o sequestro da Lucrécia (minha parente) e depois sequestrarem minha mãe e eu, fizeram 10 (dez) reuniões virtuais os agentes de segurança ou policiais que sabiam disto, também testemunhei que os mass mídias como a Rede Globo e a Globonews sabiam de tudo, que iriam sequestrar a Lucrécia e depois minha mãe e eu, e deixaram acontecer à primeira etapa do sequestro. Também já testemunhei que o Ministério Público do Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo também sabiam do sequestro e deixaram acontecer. Depois deste sequestro aconteceu de tentarem matar eu, minha mãe e minha avó com dois cães assassinos em frente da casa da minha avó. Ontem eu ouvi que este último problema pode ter sido causado por causa da Ministra que julgou e autorizou o ataque dos cães assassinos, pois era dia de jogo de futebol da seleção brasileira de futebol contra a Argentina e o jogo foi cancelado e eu fui condenado por atrapalhar um jogo cancelado, isso pode? Nem começou ou teve o jogo! Então prepararam para a Ministra esse esquema do jogo de futebol onde haveria um crime contra o jogo, mas nem teve crime e nem teve jogo, torcida barulhenta e violenta dentro de casa ou no Estádio é normal, torcida falando besteiras ou pensando bobagens é normal também! Então armaram para a Ministra que antes, quando meses antes eu havia denunciado uma tentativa de sequestro contra mim e minha mãe na ULTRAMED de Londrina em 2021, e ela disse para mim telepaticamente que a culpa era do Presidente Bolsonaro e das polícias, que eram estes os que armavam esquemas de sequestro contra mim e minha família desde a Lucrécia que é minha familiar e o objetivo era o de roubarem minha obra e música, mas não conseguiram e ela foi assassinada! Então ouvi ontem também que a Rede Globo armou para a Ministra que me julgou e me condenou, pois depois ela mudou seu julgamento e me salvou, e a Rede Globo disse telepaticamente, a apresentadora do Bom Dia Brasil, que ficaria do lado do Presidente do Brasil e que se tivesse que matar até mesmo uma Ministra, ela e a Rede Globo, mataria ou ajudaria a matar! Então ouvi os EUA e seu exército investigando seu a Rede Globo fazia isto desde o 11 de setembro de 2001 e eu vi que sim, então a apresentadora do telejornal ficou desesperada e os EUA, seu exército disse que iria responder a isso, pois estavam atacando os EUA e as vítimas do 11 de setembro de 2001 através do ataque contra Osny Mattanó Júnior no CAPS de Londrina em 11 de setembro de 2001. Escutei que eu, Osny Mattanó Júnior, também sou vítima desses atos de terrorismo da Rede Globo e de quem mais estiver por detrás disto! Então imagine uma empresa ou organização que assim te ameaçar, estuprar virtualmente, extorquir e torturar e depois oferecer ajuda com propostas de trabalho indecente, imoral e satânicas e altamente lucrativas construídas no abuso, na exploração, na tortura e na lavagem cerebral, na despersonalização e no estupro virtual do qual eu e minha família somos vítimas através de ameaças de morte, de sequestro e de chacinas, algo assim pode oferecer trabalho para suas vítimas e as polícias aceitarem isto normalmente? Isto não caracteriza outros crimes? Crimes de roubo, de extorsão, de vingança, de trabalho escravo, de abuso de incapazes, de tentativas de roubo e de assassinato, de humilhação, de envergonhamento e de amedrontamento, de castigo cruel, de lavagem cerebral, de tortura, de periclitação da vida e da saúde, de satanismo, de práticas de rituais satânicos e de desrespeito as imagens e símbolos religiosos e sagrados? Nenhuma autoridade policial deve aceitar esse tipo de proposta, isso é estelionato e roubo, tentativa de roubo, também por parte dos artistas do Brasil e do mundo que aceitaram tentar roubar minhas músicas e canções, e meus livros e quadros! CADEIA!!!!! JUSTIÇA!!!!!
MATTANÓ
(13/01/2022)
Mattanó escreve que quem pensa com algo a mais na cabeça só arruma dor de cabeça. Que quem acredita no que pensa sem ter nada na cabeça só arruma problema para própria cabeça. E que quem dá ouvidos para o que se pensa sem saber como é que se pensa vai parar no mundo da lua. Que quem escuta sua própria voz interior sem saber interpretar essa língua e linguagem nada compreende e se torna um louco e alienado que se destrói e destrói o mundo ao seu redor, não por ódio, mas por incapacidade, que pode se converter em crime ou em tragédia.
MATTANÓ
(13/01/2022)
Mattanó aponta que no inconsciente nem tudo se associa, pois existe o niilismo e o condicionamento do comportamento que fraturam o inconsciente.
MATTANÓ
(14/01/2022)
Mattanó aponta que uma vida simples tende a loucura, pois tende à naturalística e à ancestralidade, ou seja, a primitividade. A educação aliada ao trabalho produz bem-estar e saúde bio-psico-social.
MATTANÓ
(14/01/2022)
Devo ilustrar com alguns exemplos essa minha asserção. Os que estão familiarizados com os achados da investigação psicanalítica das psiconeuroses não se surpreenderão ao saber que o que está sendo representado em atos obsessivos e em cerimoniais deriva das experiências mais íntimas do paciente, principalmente das sexuais.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica os atos obsessivos e os cerimoniais religiosos segundo sua psicanálise e conclui que o que está sendo representado nos atos obsessivos e nos cerimoniais religiosos deriva das experiências mais íntimas do paciente, principalmente das sexuais.
Mattanó aponta que os atos obsessivos e os cerimoniais religiosos, segundo sua psicanálise mitológica, e conclui que o que está sendo representado nos atos obsessivos e nos cerimoniais religiosos deriva das experiências mais íntimas do paciente, principalmente das sexuais, mais também as de comunhão e de segurança, conforme seus significados e sentidos, ou metáforas e metonímias.
MATTANÓ
(14/01/2022)
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que a jovem tinha a compulsão de fazer a água revolutear na bacia várias
vezes após se lavar. O significado desse ato cerimonial era: ¨não jogue fora a água suja até obter uma limpa¨. Ela pretendia advertir sua irmã para impedí-la de se divorciar do seu marido até encontrar um homem melhor.
Mattanó aponta que a jovem tinha a compulsão de fazer a água revolutear na bacia várias vezes após se lavar. O significado (a metáfora) desse ato cerimonial era: ¨não jogue fora a água suja até obter uma limpa¨. Ela pretendia advertir sua irmã para impedí-la de se divorciar do seu marido até encontrar um homem melhor, este era o sentido (a metonímia) do seu ato cerimonial. Está é a análise da libido. A análise da comunhão revela o significado desse ato cerimonial como ¨você vai se purificar¨ e o sentido era ¨você vai se purificar para encontrar outro homem¨. E a análise da segurança revela o significado de ¨não se exponha, fique em segurança até a hora certa¨ e o sentido era ¨fique como está sem se divorciar até encontrar a oportunidade segura, ideal ou outro homem¨.
MATTANÓ
(14/01/2022)
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que havia uma mulher com a compulsão de deixar intacta a melhor porção
de tudo aquilo que comia, só aproveitava as beiradas do que comia. A explicação dessa renúncia era que ela surgiu no dia seguinte àquele em que se recusara a ter relações maritais com seu marido, após ter renunciado ao melhor.
Mattanó aponta que havia uma mulher com a compulsão de deixar intacta a melhor porção de tudo aquilo que comia, só aproveitava as beiradas do que comia. A explicação dessa renúncia era que ela surgiu no dia seguinte àquele em que se recusara a ter relações maritais com seu marido, após ter renunciado ao melhor, está é a análise da libido. A análise da comunhão aponta que ela renunciara ao convívio e a fraternidade com seu marido e não somente as relações sexuais, pois relações maritais envolvem também convívio e renúncia, isto é, amor. E a análise da segurança aponta que ela renunciara ao melhor, ao amor, aos instintos, a agressividade experimentada na relação marital, pois este tipo de relação envolve uma topografia agressiva e por vezes hostil e violenta, tanto é que quando estes comportamentos são exibidos publicamente são considerados crimes, crimes sexuais e de estupro, de tentativa de estupro e de estupro virtual, de ato libidinoso, de atentado violento ao pudor, de ato obsceno, de abuso e exploração sexual, de violência sexual, de assédio sexual, de lascívia, de corrupção de menores, de pedofilia, de pornografia.
MATTANÓ
(14/01/2022)
Mattanó denuncia quem aceitou vantagem indevida sobre mim e minha família para efetuar esta investigação e processo judicial mediante provas cunhadas em invasões de domicílio, à intimidade e à privacidade, a tentativas de chacinas e de estupro, de extorsão, de vingança, de estupro virtual, de espancamento, de esfaqueamento, de tortura, de ameaças, de crimes sexuais, de ato libidinoso, de atentado violento ao pudor, de ato obsceno, de abuso e exploração sexual, de violência sexual, de assédio sexual, de lascívia, de corrupção de menores, de pedofilia, de pornografia, de curandeirismo, de charlatanismo, de erro médico, de negligência, de imprudência, de imperícia, de omissão, de organização criminosa, de terrorismo, de falsidade testemunhal, de falsidade ideológica (pois tenho provas como exames clínicos e laboratoriais com laudos médicos de que não tenho telepatia), de tráfico de informação e de associação para com o tráfico de drogas e de pessoas, de escravos e de sexo e pornografia por parte de quem me acusa de telepatia e de criminoso com minha família, sendo que já fomos julgados e inocentados em 2004 e continuam insistindo com tentativas de cunhar provas contra nós, onde não existem crimes, mas apenas atividade cerebral! Atividade cerebral nunca foi crime em lugar algum deste mundo, ainda mais atividade cerebral normal ou de gênio! CADEIA!!!!! JUSTIÇA!!!!! CADEIA PARA O FUTEBOL E PARA OS ATLETAS QUE ME PERSEGUEM E ME AMEAÇAM INVENTANDO PROVAS E CRIMES!!!!! Tem gente e Banda que é pior do que eu e a Polícia e as autoridades nada fazem, eles: os Titãs, a Legião Urbana, o Capital Inicial, o Roberto Carlos, os Rolling Stones, os Beatles, o Pink Floyd, o Roger Waters, o David Gilmour, o Paul McCartney, o Ringo Starr, a Yoko Ono, a Stella McCartney, atores e atrizes da Rede Globo e de Hollywood que me ameaçaram e me xingaram quando eu lhes pedi para pararem de me estuprarem virtualmente e a minha família, com os cantores e bandas internacionais eu pedi para pararem de me estuprarem e escutei que era para continuarem seguindo o Paul McCartney e depois de uns 2 ou 3, 4 anos descobri num Rock in Rio que as bandas internacionais estavam ajudando o Paul McCartney porque ele havia tentado me assassinar e isso tinha que ser encoberto, mas continuam tentando me assassinar e a minha família! CADEIA!!!!! JUSTIÇA!!!!! Se eu tivesse estuprado alguém como a Carolina Ferraz e lhe oferecesse trabalho e vantagens indevidas para ela me perdoar eu certamente seria preso e denunciado, por isso JUSTIÇA E CADEIA para quem oferece trabalho e vantagens indevidas como músicas e filmes para nos roubarem e assassinarem, para realizarem uma chacina em minha família e em muitas outras famílias que já podem ter sofrido este tipo de crime horrível e imperdoável! Ficam estuprando e torturando doentes e idosos a beira da morte em minha família desde 1999 até hoje, em 17 de janeiro de 2022. CADEIA E JUSTIÇA!!!!! Deus pode ou não pode fazer aparições em estádios e arenas de futebol e de esportes ou em estúdios de televisão e de rádio ou em locais públicos? Mesmo que por longuíssimos períodos?! De quem é a Criação e o mundo? De Deus ou do ser humano? Quem é maior? Quem é mais justo ou o único justo e o Salvador? O futebol e os esportes estão acima da Salvação e do Amor de Deus? E se eu fosse um alienígena eu seria um polimorfo, ou seja, eu mudaria de forma, teria forma de insetóide, de ser de luz, de humanoide, de ser invisível, etc., e eu não tenho estas propriedades comportamentais e nem genéticas, morfológicas e fisiológicas ou adaptativas, eu sou um Homo Sapiens.
MATTANÓ
(17/01/2022)
Mattanó denuncia para a ONU, OMS e o Ministério Público que existem profissionais da saúde e de outras áreas como da Comunicação Social, do Direito, da Medicina, da Biologia, da Administração, da Sociologia, das Letras, dos Esportes, etc., que praticam Psicanálise e Psicologia em mim e em minha família de forma ilegal, mesmo que tenham autoridade para exercerem este conhecimento mas se esquecem que não existe conhecimento científico que permita estas práticas por meio de telepatia, tortura, dor, lavagem cerebral, estupro e estupro virtual, extorsão e vingança, tentativas de homicídios, de terrorismo doméstico, de violência, de feminicídio e de infanticídio, de abuso de incapazes, de falsidade ideológica, de falso testemunho, de curandeirismo e de charlatanismo, de omissão, imprudência e negligência, de corrupção, de abuso de poder, de crueldade e falta de humanidade, de falta de respeito e de dignidade, de tratamento desumano tentando roubar ou retirar a humanidade de uma vítima alienando-a ou taxando-a de alienígena através de lavagem cerebral, tortura, dor e de despersonalização, pois estas práticas corrompem a Psicanálise e a Psicanálise Mitológica, a Psicanálise do Amor e as Psicologias que existem em nossa época, que tem por finalidade ajudar o indivíduo, a família e a comunidade em seu contexto a se equilibrar e se desenvolver, buscando o pleno desenvolvimento e equilíbrio bio-psico-social e humano e em interação com o meio ambiente, o contexto e o conhecimento e saber de sua pessoa, psique, comportamento, sociedade, relações sociais, de seu povo, comunidade, civilização e/ou humanidade, de forma que prepare este indivíduo ou comunidade, ou instituição, para dar continuidade na história evolutiva dos contatos extraterrestres ou do cosmos e do universo, ou dos poderes do espaço, para que não ocorram confusões e acusações infundadas como as que venho sofrendo a vários anos por causa da telepatia que me parece ser de origem sobrenatural e alienígena, mas eu não sou um alienígena pois não mudo de forma, não me transformo em ser de luz, insetóide, humanoide, ser invisível, ou seja, não sou um polimorfo e não contamino as pessoas que eu toco levando-as a morte em poucas horas como acontece com os que tocam os alienígenas, sou, pois, o Amor de Deus, símbolo religioso e Santo.
MATTANÓ
(18/01/2022)
Mattanó aponta que indivíduos adultos seduzidos por indivíduos adultos do mesmo sexo, que são guerreiros e lutam, disputam jogos, significa um desejo homossexual inconsciente e uma atração homossexual significada através de rituais e mitos que pertencem aos jogos, como os jogos de futebol, onde os homens se interessam por outros homens.
Mattanó aponta que indivíduos adultos seduzidos por indivíduos adultos do sexo oposto, que são guerreiros e lutam, disputam jogos, significam um desejo heterossexual inconsciente e uma atração heterossexual significada através de rituais e mitos que pertencem a esses jogos, como os Jogos Olímpicos, onde o homem se interessa pela mulher e a mulher se interessa pelo homem.
Portanto é de se especular que os povos que valorizam mais os jogos como o futebol e entram em luta, brigas de torcidas e de atletas e conflito inconsciente reproduzam um conteúdo recalcado homossexual que predomina em suas relações e que assim isso vai construindo e contaminando a sua cultura, instituições e valores pessoais, familiares e sociais, a ponto de influenciar a manifestação e predominância de comportamentos como os da pulsão auditiva de Mattanó que é justamente uma forma de explicar sua história de vida a partir de ¨algo¨ que substitui a realidade por meio do prazer que esse ¨algo¨ proporciona. O futebol e a pulsão auditiva de Mattanó são fenômenos semelhantes pois substituem a realidade por um prazer que desorienta e desgoverna a psique e o comportamento dos indivíduos, inclusive suas relações sociais, gerando uma involução por meio da violência e do significado de homossexualismo e de heterossexualismo para as classes mais baixas e pobres, tanto economicamente quanto culturalmente e socialmente.
MATTANÓ
(21/01/2022)
Mattanó aponta que mãe e filho são uma unidade dual psíquica, arquetípica, moral, social, individual, escolar, institucional, gestáltica, auto-atualizadora, auto-realizadora, biológica, filosófica, espiritual, cósmica, cognitiva, existencial, ritualística, mitológica, etc..
MATTANÓ
(21/01/2022)
Mattanó aponta que a televisão reproduz um apelo em sua mídias às alucinações e delírios,, pois escapa a normalidade, desde a sua função e criação, é um instrumento e um equipamento anormal, os outros seres vivos não têm televisão e não existem relatos de que existem televisores no Paraíso, no Purgatório ou no Inferno ou no universo, além das estrelas, a televisão expõe os seres humanos a picos de humor, de delírios, de alucinações e de fantasias que invadem sua psique e seu comportamento contaminando sua vida onírica e sua vida anímica, seus atos falos, lapsos de linguagem, seus esquecimentos, seu inconsciente, seu pré-consciente e seu consciente contaminando seu id, ego e superego e sua saúde-mental. A televisão é responsável por comportamentos insanos através de programas e de notícias como ¨o Garrincha morreu!¨ e existem aqueles que se comportam normalmente, outros ficando com raiva, outros chorando, outros gritando, outros agredindo as paredes, outros rezando, outros se agitando e se esquecem que isso é apenas uma mercadoria, um produto dos meios de comunicação, ou seja, o futebol é um produto dos meios de comunicação, se existe violência com lavagem cerebral hoje no futebol no Brasil e no mundo é por que esse produto está com problemas, pode estar com defeito ou estragado ou sendo consertado ou mesmo, investigado, e isso leva tempo e demanda paciência e compreensão de todos e não de violência, eu, Osny Mattanó Júnior, sou apenas um consumidor desse produto quando sou consumidor, raramente assisto e assisto pouco em função das ameaças e da violência que insistem contra mim e minha família desde 1999 – é dever do Ministério Público proteger o consumidor! Se fosse crime eu assistir televisão deveriam me proibir de assistir televisão e não me matarem, me ameaçarem e me prenderem, isso é corrupção e violência – CADEIA, JUSTIÇA!!!!! Temos um contrato para assistir televisão a cabo, não é crime assistir televisão!!!!! CADEIA!!!! JUSTIÇA!!!!!
MATTANÓ
(21/01/2022)
O DIREITO CRISTÃO SEGUNDO MATTANÓ (2022):
Mattanó aponta que para compreendermos algumas das Verdades Bíblicas precisaríamos de uma nova disciplina, ela o Direito Cristão. Este tem por princípio a capacidade de resignificar através do Direito de outro tempo ou era acontecimentos que até então eram imutáveis e absolutos. O Direito Cristão permite resignificar e compreender os fatos de uma época ou era com Amor e Amor de Deus acolhendo os pecadores e o próprio Cristo. Assim compreendendo o contexto e as suas variáveis, como a economia, a pobreza e a fome, a educação, o trabalho, a justiça, a igreja, o social, o estado, o indivíduo, a moral e o psicológico, o sexual e as necessidades básicas, nesse contexto de satisfação de necessidades, a família, a miséria, a loucura e a saúde bio-psico-social, as condições de sua habitação, a realidade, o prazer e o sofrimento que ela produz para o indivíduo e a família ao longo da história, os crimes e o combate a criminalidade historicamente, transformando tudo em e pelo Amor de Deus e pelo próprio Jesus Cristo. Deste modo podemos compreender algumas das Verdades Bíblicas como a Criação e o descobrimento dos dinossauros, Adão e Eva e o descobrimento dos hominídeos e da evolução das espécies, o grande dilúvio e a Arca de Noé e o possível contexto da sua época e história, o julgamento de Jesus Cristo e a insanidade mental daqueles que o julgaram com as palavras ¨crucifica-o¨ pois eram realmente insanos devido as suas condições bio-psico-sociais e culturais, filosóficas e religiosas, ou seja, não compreendiam a realidade e assim mandaram crucificar a Jesus Cristo. Ou seja, se o Direito de um tempo remoto deve prevalecer sobre o Direito de um tempo atual, pois temos desenvolvimento científico para compreender o tempo remoto e o tempo atual e compreender o que é realidade e o que é prazer! No caso de Jesus Cristo ter perdoado Ele seria escolher segundo a realidade, mas escolheram crucifica-lo de acordo com a loucura e o prazer que isso causava na época.
MATTANÓ
(24/01/2022)
MENSAGEM DE NOSSA SENHORA RAINHA DO AMOR (LONDRINA, 25 DE JANEIRO DE 2022 PARA O VIDENTE OSNY MATTANÓ JÚNIOR):
¨Você não é pedófilo! Seu pai não é pedófilo! Sua família não é pedófila!¨
INTERPRETAÇÃO:
Esta mensagem diz que o que escutamos e pensamos hoje é em função do sofrimento de Jesus Cristo e do Seu Amor em uma Cruz, ou seja, são chagas inconscientes, o Amor de Jesus tem um Sinal de Cruz na testa que comprova isto, e não em função de pedofilia.
Osny Mattanó Júnior
Londrina, 25 de janeiro de 2022.
2ª MENSAGEM DE NOSSA SENHORA RAINHA DO AMOR (LONDRINA, 25 DE JANEIRO DE 2022 PARA O VIDENTE OSNY MATTANÓ JÚNIOR) 17H23:
¨Você não tem que ser perfeito para falar com Deus!¨
INTERPRETAÇÃO:
Esta mensagem diz que eu quando era menino não era perfeito na época em que foram criados os Segredos de Medjugorje e que por eu não ser perfeito isso não interferiria na minha ¨escolha¨ ou dissertação de qual ou quais seriam os Segredos por mim desejados ou escolhidos, ou mesmo, preferidos, pois na época, nos anos 80 e 90 eu ¨conversava¨ com algo ou alguém sobre tragédias e catástrofes e outros acontecimentos. Atualmente eu converso com a Rainha do Amor, a Virgem Maria, que assim se descreveu para mim em Londrina em minha casa no meu quarto de dormir e trabalhar, e ela aceitou dar Segredos do Amor para mim, minha mãe, meu pai, meu irmão, minha irmã e minha avó (conforme eu lhe pedi em função do meu Amor por ela). Eu, Osny Mattanó Júnior, já recebi os 10 Segredos do Amor ou da Rainha do Amor. Para Deus tanto faz a sua educação e a sua consciência ou estado de consciência, e a sua idade, para Deus vale mesmo a sua fé e o Seu Amor por Ele.
Osny Mattanó Júnior
Londrina, 25 de janeiro de 2022.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que a mesma paciente mantinha sua compulsão na seguinte frase: ¨É tão difícil
nos separarmos de alguma coisa (um marido, uma cadeira) a que já nos fixamos.¨ A cadeira simbolizava o marido, a quem ela permanecia fiel e da qual se levantava com dificuldade.
Mattanó aponta que a mesma paciente mantinha sua compulsão na seguinte frase: ¨É tão difícil nos separarmos de alguma coisa (um marido, uma cadeira) a que já nos fixamos.¨ A cadeira simbolizava o marido, a quem ela permanecia fiel e da qual se levantava com dificuldade. Podemos compreender o sentido libidinal da sua compulsão na frase entendendo que sua fixação pela cadeira representa uma fixação pelo marido e por sua sexualidade. O sentido de comunhão da sua compulsão na frase pode ser entendido na sua fixação pela cadeira como apelo ao convívio com seu marido, ou seja, impossibilidade de se separar dele. E o sentido de segurança da sua compulsão na frase pode ser entendido na sua fixação pela cadeira como um apelo a sua segurança através do convívio com seu marido, ou seja, da permanência dele à sua presença lhe dando segurança como marido.
MATTANÓ
(26/01/2022)
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica outra compulsão da mesma cliente: ela repetiu um ato obsessivo especialmente
singular e absurdo: saía correndo do seu quarto para outro onde havia uma mesa de centro; arrumava a toalha dessa mesa duma determinada forma e, tocando a sineta, chamava a criada; fazia com que esta se aproximasse da mesa e a despedia após incumbi-la de alguma tarefa sem importância. Tentando encontrar uma explicação para tal compulsão, lembrou-se de que a toalha da mesa estava manchada e de que sempre a arrumava de maneira a que a mancha fosse forçosamente vista pela criada. Essa cena era a reprodução de uma experiência de sua vida conjugal que muito ocupara sua mente, constituindo-lhe um problema. Na noite de núpcias o marido sofrera um percalço bastante comum: vira-se impotente. Durante a noite ele correra várias vezes de seu quarto para o dela, em renovadas tentativas de obter sucesso; pela manhã, com vergonha da arrumadeira do hotel que faria as camas, derramou o conteúdo de um vidro de tinta vermelha no lençol, mas de forma tão canhestra que o manchou num local pouco adequado a seus propósitos. Portanto, com seu ato obsessivo ela representava a noite de núpcias. ‘Cama e mesa’ entre eles compõem o casamento.
Mattanó aponta outra compulsão da mesma cliente: ela repetiu um ato obsessivo especialmente singular e absurdo: saía correndo do seu quarto para outro onde havia uma mesa de centro; arrumava a toalha dessa mesa duma determinada forma e, tocando a sineta, chamava a criada; fazia com que esta se aproximasse da mesa e a despedia após incumbi-la de alguma tarefa sem importância. Tentando encontrar uma explicação para tal compulsão, lembrou-se de que a toalha da mesa estava manchada e de que sempre a arrumava de maneira a que a mancha fosse forçosamente vista pela criada. Essa cena era a reprodução de uma experiência de sua vida conjugal que muito ocupara sua mente, constituindo-lhe um problema. Na noite de núpcias o marido sofrera um percalço bastante comum: vira-se impotente. Durante a noite ele correra várias vezes de seu quarto para o dela, em renovadas tentativas de obter sucesso; pela manhã, com vergonha da arrumadeira do hotel que faria as camas, derramou o conteúdo de um vidro de tinta vermelha no lençol, mas de forma tão canhestra que o manchou num local pouco adequado a seus propósitos. Portanto, com seu ato obsessivo ela representava a noite de núpcias. ‘Cama e mesa’ entre eles compõem o casamento. O sentido libidinal desse ato compulsivo está em representar o ato sexual marcando a cama num processo primário e num processo secundário, a mesa do casal, como um ritual de transformação psicológica e comportamental. O sentido da comunhão desse ato compulsivo está em representar através do desejo do ato sexual que terminou em frustração o tipo de relação conjugal entre os dois. E o sentido da segurança desse ato compulsivo está em representar através do ato sexual frustrado como era a relação de segurança entre os dois, ou seja, se a frustração sexual ou a impotência corromperia a relação e levaria a agressividade ou levaria a afetividade e as carícias e afagos de ternura e amor entre eles, ou seja, se os afastariam ou se os manteriam unidos? O ato obsessivo serviu para manter unido o casal em sua libido, comunhão e segurança. A consciência destas relações causaria alívio e abertura para a aprendizagem conjugal, onde poderiam aprender a Teoria da Abundância de Mattanó e compreender que os atos obsessivos não devem controlar o indivíduo, nem por razões, controle ou literalidade, nem por significados e sentidos, conceitos ou contextos, funcionalidades ou comportamentos, simbologias, inconscientes, análises, sonhos e linguagens, nem por interpretações ou história de vida, mas através de uma consciência que age como uma Hóstia Viva ou uma célula que age milagrosamente através do tempo e da eternidade, da atenção e da intenção, enriquecendo-se através da liberdade para viver e para se ensinar a viver, através da homeostase que é o equilíbrio da mente, do comportamento, é a própria consciência, que luta entre variáveis que produzem evolução e involução das espécies como substituir por ¨algo¨ diferente a própria natureza psíquica a explicação da natureza psíquica e da história de vida, como por exemplo, as ideias e teorias erradas da pulsão auditiva de Mattanó, a telepatia e a lavagem cerebral que produzem despersonalização, extorsão, vingança e estupro virtual.
MATTANÓ
(26/01/2022)
Mattanó aponta que o método da investigação por telepatia é semelhante ao método da hipnose, pois ambos os métodos sugerem e induzem determinada resposta. Na telepatia a resposta evocada é emitida devido ao conteúdo do mapa cognitivo, e na hipnose a resposta evocada e emitida deve-se a uma sugestão, essa sugestão evoca o conteúdo do mapa cognitivo da mesma forma que a telepatia com sua despersonalização com lavagem cerebral, extorsão, vingança e estupro virtual mediado pelo conhecimento e pelo comportamento, inclusive na vida onírica.
MATTANÓ
(27/01/2022)
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica outra compulsão que ela adquiriu - a de anotar o número de todas as décadas
de papel-moeda antes de se desfazer das mesmas, comportamento que teve que ser interpretado historicamente. Numa época em que ainda tencionava separar-se do marido, se encontrasse outro homem mais digno de confiança, permitiu-se receber as atenções de um cavalheiro que conhecera numa estação de águas, mas de cuja seriedade duvidava. Certo dia, com falta de dinheiro miúdo, pedira-lhe para trocar uma moeda de cinco coroas. Ele a satisfez, e guardando a moeda declarou galantemente que jamais se separaria da mesma, pois estivera nas mãos dela. Em encontros posteriores, ela com freqüência sentiu a tentação de desafiá-lo a mostrar a moeda de cinco coroas, como se quisesse convencer-se de que podia acreditar em suas intenções, mas conteve-se tendo em vista que é impossível distinguir uma determinada moeda entre outras do mesmo valor. Assim, sua dúvida não foi resolvida, deixando-lhe a compulsão de anotar os números das notas, de modo a poder distinguir umas das outras.
Mattanó aponta outra compulsão que ela adquiriu - a de anotar o número de todas as décadas de papel-moeda antes de se desfazer das mesmas, comportamento que teve que ser interpretado historicamente. Numa época em que ainda tencionava separar-se do marido, se encontrasse outro homem mais digno de confiança, permitiu-se receber as atenções de um cavalheiro que conhecera numa estação de águas, mas de cuja seriedade duvidava. Certo dia, com falta de dinheiro miúdo, pedira-lhe para trocar uma moeda de cinco coroas. Ele a satisfez, e guardando a moeda declarou galantemente que jamais se separaria da mesma, pois estivera nas mãos dela. Em encontros posteriores, ela com freqüência sentiu a tentação de desafiá-lo a mostrar a moeda de cinco coroas, como se quisesse convencer-se de que podia acreditar em suas intenções, mas conteve-se tendo em vista que é impossível distinguir uma determinada moeda entre outras do mesmo valor. Assim, sua dúvida não foi resolvida, deixando-lhe a compulsão de anotar os números das notas, de modo a poder distinguir umas das outras. Nota-se que a compulsão de anotar o número de todas as décadas de papel-moeda antes de se desfazer das mesmas representava o comportamento de não se separar de novo cavalheiro que a pouco conhecera, mas que duvidara de sua seriedade, por isso se desfizera da nota de papel-moeda guardando apenas a lembrança ou recordação, satisfeita na sua compulsão, a análise da libido leva-nos a entender que ela tencionava-se a separar-se do seu marido, ou seja, das suas relações matrimoniais, conjugais ou sexuais e para isso adquiriu uma compulsão de anotar o número de todas as décadas de papel-moeda antes de se desfazer das mesmas, comportamento que teve que ser interpretado historicamente, representando a dúvida na seriedade do novo cavalheiro que a pouco conhecera para satisfazer sua libido convertendo sua funcionalidade em lembrança ou recordação. A análise da comunhão leva-nos a entender que ela tencionava-se a separar-se do seu marido, ou seja, das suas relações matrimoniais, conjugais ou sexuais que denotam também uma comunhão de interesses e de valores, uma convivência e para isso adquiriu uma compulsão de anotar o número de todas as décadas de papel-moeda antes de se desfazer das mesmas, comportamento que teve que ser interpretado historicamente, representando a dúvida na seriedade do novo cavalheiro que a pouco conhecera para satisfazer sua comunhão convertendo sua funcionalidade em lembrança ou recordação. A análise da segurança leva-nos a entender que ela tencionava-se a separar-se do seu marido, ou seja, das suas relações matrimoniais, conjugais ou sexuais que denotam também uma segurança pessoal e familiar, para isso adquiriu uma compulsão de anotar o número de todas as décadas de papel-moeda antes de se desfazer das mesmas, comportamento que teve que ser interpretado historicamente, representando a dúvida na seriedade do novo cavalheiro que a pouco conhecera para satisfazer sua segurança convertendo sua funcionalidade em lembrança ou recordação.
MATTANÓ
(28/01/2022)
Com esses poucos exemplos, escolhidos entre os muitos que reuni, tenciono simplesmente ilustrar minha afirmativa de que nos atos obsessivos tudo tem sentido e pode ser interpretado. O mesmo se pode dizer dos cerimoniais propriamente ditos, só que para corroborar tal asserção seriam necessárias maiores provas. Estou cônscio de que nossas explicações acerca dos atos obsessivos aparentemente nos estão afastando da esfera do pensamento religioso.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que com os exemplos que ele nos deu nos afastamos do pensamento religioso acerca da explicação dos atos obsessivos.
Mattanó aponta que com os exemplos que Freud nos deu nos afastamos do pensamento religioso acerca da explicação dos atos obsessivos, pois compreendemos a diferença entre superstição e atos obsessivos.
MATTANÓ
(28/01/2022)
Uma das condições da doença é o fato de que a pessoa que obedece a uma compulsão, o faz sem compreender-lhe o sentido - ou, pelo menos, o sentido principal. É somente através dos esforços do tratamento psicanalítico que ela se torna consciente do sentido do seu ato obsessivo e, simultaneamente, dos motivos que a compelem ao mesmo. Esse fato importante pode ser expresso da seguinte forma: o ato obsessivo serve para expressar motivos e idéias inconscientes. Com essa afirmação, parece que nos afastamos ainda mais das práticas religiosas, mas devemos recordar que em geral também o indivíduo normalmente piedoso executa o cerimonial sem ocupar-se de seu significado, embora os sacerdotes e os investigadores científicos estejam familiarizados com o significado, em grande parte simbólico, do ritual. Para os crentes, entretanto, os motivos que os impelem às práticas religiosas são desconhecidos ou estão representados na consciência por outros que são desenvolvidos em seu lugar.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que quem obedece a uma compulsão o faz sem compreender-lhe o seu sentido. O ato obsessivo serve para expressar motivos e ideias inconscientes. Já os cerimoniais religiosos tem seu significado para os sacerdotes e os investigadores científicos, mas para os indivíduos normais geralmente não tem significado ou em sua consciência estão representados e desenvolvidos por outros eventos em seu lugar.
Mattanó aponta que quem obedece a uma compulsão o faz sem compreender-lhe o seu sentido. O ato obsessivo serve para expressar motivos e ideias inconscientes. Já os cerimoniais religiosos tem seu significado para os sacerdotes e os investigadores científicos, mas para os indivíduos normais geralmente não tem significado ou em sua consciência estão representados e desenvolvidos por outros eventos em seu lugar. O tipo de ritual, seja ele um ato obsessivo ou um cerimonial religioso tem sua funcionalidade para o comportamento, contudo o ato obsessivo expressa motivos e ideias inconscientes, pois representa ritos que vem de dentro para fora ou do seu inconsciente para o seu comportamento e assim para o meio ambiente, e o cerimonial religioso expressa ritos simbólicos de iniciação e de passagem que vem de fora para dentro ou do meio ambiente para o comportamento do indivíduo, os significados e os sentidos ou as metáforas e as metonímias são aprendidas por caminhos diferentes, de dentro para fora nos atos obsessivos, e de fora para dentro nos cerimoniais religiosos.
MATTANÓ
(28/01/2022)
A análise de atos obsessivos já nos possibilitou alguma compreensão interna (insight) de suas causas e da seqüência de motivos que os tornam ativos. Podemos dizer que aquele que sofre de compulsões e proibições comporta-se como se estivesse dominado por um sentimento de culpa, do qual, entretanto, nada sabe, de modo que podemos denominá-lo de sentimento inconsciente de culpa, apesar da aparente contradição dos termos. Esse sentimento de culpa origina-se de certos eventos mentais primitivos, mas é constantemente revivido pelas repetidas tentações que resultavam de cada nova provocação. Além disso, acarreta um furtivo sentimento de ansiedade expectante, uma expectativa de infortúnio ligada, através da idéia de punição, à percepção interna da tentação. Quando o cerimonial é formado, o paciente ainda tem consciência de que deve fazer isso ou aquilo para evitar algum mal, e em geral a natureza desse mal que é esperado ainda é conhecida de sua consciência. Contudo, o que já está oculto dele é a conexão - sempre demonstrável - entre a ocasião em que essa ansiedade expectante surge e o perigo que ela provoca. Assim o cerimonial surge com um ato de defesa ou de segurança, uma medida protetora.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que os que sofrem de compulsões comportam-se como se estivessem dominados por um sentimento de culpa, originado por certos eventos mentais mais primitivos. E no caso dos cerimoniais, o paciente ainda tem consciência de que deve fazer isso ou aquilo para evitar algum mal, e em geral a natureza desse mal que é esperado é conhecida em sua consciência, contudo o que está oculto é a conexão entre a ocasião e o perigo que ela provoca. Assim o cerimonial surge como um ato de defesa ou de segurança, uma medida protetora.
Mattanó aponta que os que sofrem de compulsões comportam-se como se estivessem dominados por um sentimento de culpa, originado por certos eventos mentais mais primitivos, pois estão controlados por contingências internas que exprimem literalidade, controle e razões. E no caso dos cerimoniais, o paciente ainda tem consciência de que deve fazer isso ou aquilo para evitar algum mal, e em geral a natureza desse mal que é esperado é conhecida em sua consciência, contudo o que está oculto é a conexão entre a ocasião e o perigo que ela provoca. Assim o cerimonial surge como um ato de defesa ou de segurança, uma medida protetora, pois estão controlados por contingências externas ou do meio ambiente que controlam o comportamento através do reforço negativo.
MATTANÓ
(29/01/2022)
O sentimento de culpa dos neuróticos obsessivos corresponde à convicção dos indivíduos piedosos de serem, no íntimo, apenas miseráveis pecadores; e as práticas devotas (tais como orações, invocações, etc.) com que tais indivíduos precedem cada ato cotidiano, especialmente os empreendimentos não habituais, parecem ter o valor de medidas protetoras ou de defesa.
Obteremos uma compreensão interna (insight) mais profunda do mecanismo da neurose obsessiva se considerarmos o fato fundamental que a mesma oculta. Há sempre a repressão de um impulso instintual (um componente do instinto sexual) presente na constituição do sujeito e que pôde expressar-se durante algum tempo em sua infância, sucumbindo posteriormente à pressão. No decurso da repressão do instinto cria-se uma consciência especial, dirigida contra os objetivos do instinto; essa formação reativa psíquica, porém, sente-se insegura e constantemente ameaçada pelo instinto emboscado no inconsciente. A influência do instinto reprimido é sentida como uma tentação, e durante o próprio processo de repressão gera-se a ansiedade que adquire controle sobre o futuro, sob a forma de ansiedade expectante. O processo de repressão que acarreta a neurose obsessiva deve ser considerado como um processo que só obtém êxito parcial, estando constantemente sob a ameaça de um fracasso. Podemos, pois, compará-lo a um conflito interminável; reiterados esforços psíquicos são necessários para contrabalançar a pressão constante do instinto. Assim, os atos cerimoniais e obsessivos surgem, em parte, como uma proteção contra a tentação e, em parte, como proteção contra o mal esperado. Essas medidas de proteção logo parecem tornar-se insuficientes contra a tentação, surgindo então as proibições, cuja finalidade é manter à distância as situações que podem originar tentações. Veremos que as proibições substituem os atos obsessivos assim como uma fobia evita um ataque histérico. Assim, um cerimonial é um conjunto de condições que devem ser preenchidas, da mesma forma que uma cerimônia matrimonial da Igreja significa para o crente uma permissão para desfrutar os prazeres sexuais, que de outra maneira seriam pecaminosos. Uma outra característica da neurose obsessiva, e de todas as enfermidades semelhantes, é que suas manifestações (seus sintomas, inclusive os atos obsessivos) preenchem a condição de ser uma conciliação entre as forças antagônicas da mente. Essas manifestações reproduzem, assim, uma parcela daquele mesmo prazer que pretendiam evitar, e servem ao instinto reprimido tanto quanto às instâncias que o estão reprimindo. Na verdade, ao passo que a enfermidade progride, os atos que de início se destinavam principalmente a manter a defesa aproximam-se progressivamente dos atos proibidos pelos quais o instinto pôde expressar-se na infância.
Também na esfera da vida religiosa encontraremos alguns aspectos desse estado de coisas. A formação de uma religião parece basear-se igualmente na supressão, na renúncia, de certos impulsos instintuais. Entretanto, esses impulsos não são componentes exclusivamente do instinto sexual, como no caso das neuroses; são instintos egoístas, socialmente perigosos, embora geralmente abriguem um componente sexual. Afinal, o sentimento de culpa resultante de uma tentação contínua e a ansiedade expectante sob a forma de temor da punição divina nos são familiares há mais tempo no campo da religião do que no da neurose. Talvez devido à intromissão de componentes sexuais, talvez pelas características gerais dos instintos, também na vida religiosa a supressão do instinto revela-se um processo inadequado e interminável. Na realidade, as recaídas totais no pecado são mais comuns entre os indivíduos piedosos do que entre os neuróticos, dando origem a uma nova forma de atividade religiosa: os atos de penitência, que têm seu correlato na neurose obsessiva.
Já assinalamos, como característica curiosa e menosprezável da neurose obsessiva, que seus cerimoniais se prendem aos atos menores da vida cotidiana e se expressam através de restrições e regulamentações tolas em conexão com eles. Só compreendemos esse singular aspecto do quadro clínico quando percebemos que os mecanismos do deslocamento psíquico, por mim descoberto inicialmente na construção de sonhos, dominam os processos mentais da neurose obsessiva. Os poucos exemplos de atos obsessivos já citados tornam claro que o simbolismo e os pormenores desses mesmos atos resultam de um deslocamento, da substituição do elemento real e importante por um trivial - por exemplo, do marido pela cadeira. É essa tendência para o deslocamento que modifica progressivamente o quadro clínico, terminando por transformar um fato extremamente banal em algo da maior urgência e importância. É inegável que também no campo religioso existe uma tendência para o deslocamento de valores psíquicos, e em sentido análogo, de forma que os cerimoniais triviais da prática religiosa gradualmente adquirem um caráter essencial, tomando o lugar dos pensamentos fundamentais. Por isso é que as religiões sofrem reformas de caráter retroativo, que visam restabelecer o equilíbrio original dos valores.
O caráter de conciliação que os atos obsessivos possuem em sua qualidade de sintomas neuróticos não é tão evidente nas práticas religiosas correspondentes. Mas também nestas descobrimos esse aspecto das neuroses quando lembramos a freqüência com que são cometidos, justamente em nome da religião e aparentemente por sua causa, todos os atos proibidos pela mesma - ou seja, as expressões dos instintos por ela reprimidos.
Diante desses paralelos e analogias podemos atrever-nos a considerar a neurose obsessiva com o correlato patológico da formação de uma religião, descrevendo a neurose como uma religiosidade individual e a religião como uma neurose obsessiva universal. A semelhança fundamental residiria na renúncia implícita à ativação dos instintos constitucionalmente presentes; e a principal diferença residiria na natureza desses instintos, que na neurose são exclusivamente sexuais em sua origem, enquanto na religião procedem de fontes egoístas.
A renúncia progressiva aos instintos constitucionais, cuja ativação proporcionaria o prazer primário do ego, parece ser uma das bases do desenvolvimento da civilização humana. Uma parcela dessa repressão instintual é efetuada por suas religiões, ao exigirem do indivíduo que sacrifique à divindade seu prazer instintual: ‘A vingança é minha, diz o Senhor’. No desenvolvimento das religiões antigas, pode-se ver que muitas coisas a que a humanidade renunciou como sendo ‘iniqüidades’ haviam sido abandonadas à divindade e ainda eram permitidas em seu nome, de modo que a atribuição a ela dos instintos maus e socialmente nocivos era o meio como o homem se libertava da dominação deles. Por isso, e não por casualidade, todos os atributos humanos, inclusive os crimes que deles derivam, foram imputados, num grau ilimitado, aos deuses antigos. Nem tampouco é uma contradição que, apesar disso, não fosse permitido ao homem justificar suas próprias iniqüidades com o exemplo divino.
Viena, fevereiro de 1907.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que as compulsões surgem do sentimento de culpa e os cerimoniais surgem
como um ato de defesa ou de segurança, uma medida protetora, e que a neurose obsessiva surge como formadora da religião. Assim a renúncia progressiva aos instintos constitucionais, que causam prazer ao ego, parece ser uma das bases do desenvolvimento da civilização humana. Uma parte dessa renúncia é realizada pelas religiões que pedem ao indivíduo que sacrifique à divindade seu prazer instintual, assim as inequidades do homem passaram a ser justificadas pelo divino.
Mattanó aponta que as compulsões surgem do sentimento de culpa através do reforço e das contingências internas e os cerimoniais surgem como um ato de defesa ou de segurança, uma medida protetora através do reforço negativo através do meio ambiente externo, e que a neurose obsessiva surge como formadora da religião. Assim a renúncia progressiva aos instintos constitucionais, que causam prazer ao ego, parece ser uma das bases do desenvolvimento da civilização humana. Uma parte dessa renúncia é realizada pelas religiões que pedem ao indivíduo que sacrifique à divindade seu prazer instintual, assim as inequidades do homem passaram a ser justificadas pelo divino, através da Cruz de Jesus Cristo e do Seu Amor, por exemplo.
MATTANÓ
(29/01/2022)
O ESCLARECIMENTO SEXUAL DAS CRIANÇAS (CARTA ABERTA AO DR. M. FÜRST) (1907)
NOTA DO EDITOR INGLÊS
ZUR SEXUELLEN AUFKLÄRUNG DER KINDER
(OFFENER BRIEF AN DR. M. FÜRST)
1907 Soz. Med. Hyg., 2 (6) [junho], 360-7.
1909 S.K.S.N., 2, 151-8. (1912, 2ª ed.; 1921, 3ª ed.)
1924 G.S., 5, 134-42.
1931 Sexualtheorie und Traumlehre, 7-16.
1941 G.W., 7, 19-27.
‘The Sexual Enlightenment of Children.An Open Letter to Dr. M. Fürst’ 1924 C.P., 2, 36-44. (Trad. de E. B. M. Herford.)
A presente tradução baseia-se na que foi publicada em 1924.
Esta carta foi escrita a pedido de um médico de Hamburgo, o Dr. M. Fürst, para ser publicada num periódico dedicado à higiene e à medicina social, de que o mesmo era editor. Ernest Jones (1955, 327-8) conta-nos que Freud expôs o assunto de forma mais detalhada num debate realizado na Sociedade Psicanalítica de Viena a 12 de maio de 1909, já tendo discutido o assunto na reunião de 18 de dezembro de 1907. (Ver Minutes, 1.) Trinta anos mais tarde, ele volta ao tópico da instrução sexual das crianças no último parágrafo da Seção IV do seu artigo ‘Análise Terminável e Interminável’ (1937c), mostrando que a questão é consideravelmente menos simples do que como aparece na presente abordagem.
O ESCLARECIMENTO SEXUAL DAS CRIANÇAS (CARTA ABERTA AO DR. M. FÜRST)
Caro Dr. Fürst,
Ao solicitar minha opinião sobre ‘o esclarecimento sexual das crianças’, presumo que não deseja um tratado formal e completo do assunto que leve em conta a extensa literatura existente sobre a questão, mas o juízo independente de um médico a quem a atividade profissional concedeu oportunidades especiais para ocupar-se dos problemas sexuais. Sei que tem acompanhado meus esforços científicos com interesse, não refutando minhas idéias sem examiná-las, como fizeram muitos de nossos colegas, por eu considerar a constituição psicossexual e certos males da vida sexual como as causas primordiais das perturbações neuróticas, que são tão
comuns. Há pouco seu periódico também acolheu amavelmente os meus Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade [1905d], nos quais descrevi como o instinto sexual se compõe e os distúrbios que podem ocorrer, em seu desenvolvimento, na função da sexualidade.
Todavia, o senhor espera que eu responda aos seguintes quesitos: devem as crianças ser esclarecidas sobre os fatos da vida sexual, em que idade isso deve ocorrer e de que modo isso deve ser realizado. Permita-me dizer, inicialmente, que acho perfeitamente razoável o exame dos dois últimos pontos, mas que me é de todo incompreensível que existam divergências sobre o primeiro. Que propósito se visa atingir negando às crianças, ou aos jovens, esclarecimento desse tipo sobre a vida sexual dos seres humanos? Será por medo de despertar prematuramente seu interesse por tais assuntos, antes que o mesmo irrompa de forma espontânea? Será na esperança de que o ocultamento possa retardar o aparecimento do instinto sexual por completo, até que este possa encontrar seu caminho pelos únicos canais que lhe são abertos em nossa sociedade de classe média? Será que acreditamos que as crianças não se interessarão pelos fatos e mistérios da vida sexual, e não os compreenderão, se não forem impelidos a tal por influências externas? Será possível que o conhecimento que lhes é negado não as alcançará por outros meios? Ou será que se pretende genuína e seriamente que mais tarde elas venham a considerar degradante e desprezível tudo que se relacione com o sexo, já que seus pais e professores quiseram mantê-las afastadas dessas questões o maior tempo possível?
Na verdade ignoro em qual dessas proposições se deve procurar o motivo de se ocultar das crianças aquilo que é sexual, ocultação que de fato é levada a cabo. Sei apenas que são todas igualmente absurdas e indignas de uma contestação judiciosa. Lembro-me, porém, de que encontrei na correspondência familiar do grande pensador e filantropo Multatuli, algumas linhas que constituem uma resposta mais do que adequada:
‘A meu ver, certas coisas são, em geral, exageradamente encobertas. É justo conservar pura a imaginação de uma criança, mas não é a ignorância que irá preservar essa pureza. Ao contrário, acho que a ocultação conduz o menino ou menina a suspeitar mais do que nunca da verdade. A curiosidade nos leva a esmiuçar coisas que teriam pouco ou nenhum interesse para nós, se tivéssemos sido informados com simplicidade. Se fosse possível manter essa ignorância inalterada, eu poderia aceitá-la, mas isso é impossível. O convívio com outras crianças, as leituras que induzem à reflexão e o mistério com que os pais cercam fatos que terminam por vir à tona, tudo isso na verdade intensifica o desejo de conhecimento. Esse desejo, satisfeito apenas parcialmente e em segredo, excita seu sentimento e corrompe sua imaginação, de forma que a criança já peca enquanto os pais ainda acreditam que ela desconhece o pecado.’
Eu não sei como a questão poderia ser mais bem expressa, mas talvez possa acrescentar algumas observações. Certamente são apenas a pudicícia usual dos adultos e sua má consciência em relação a assuntos sexuais que os induzem a criar todo esse mistério diante das crianças, mas é possível que também uma certa ignorância teórica desempenhe seu papel nessa atitude,
ignorância que pode ser remediada dando aos adultos algum esclarecimento. É crença geral que o instinto sexual inexiste nas crianças, só começando a irromper na puberdade, com a maturação dos órgãos sexuais. Esse erro grosseiro que acarreta sérias conseqüências, tanto no conhecimento quanto na prática, é tão facilmente corrigido pela observação que é de admirar que alguém possa incorrer no mesmo. Na realidade o recém-nascido já vem ao mundo com sua sexualidade, sendo seu desenvolvimento na lactância e na primeira infância acompanhado de sensações sexuais; só muito poucas crianças alcançam a puberdade sem ter tido sensações e atividades sexuais. Quem se interessar por um exame detalhado dessas asserções, poderá encontrá-lo em meus Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, a que me referi acima. Ali verá que os órgãos de reprodução propriamente ditos não são as únicas partes do corpo que geram sensações de prazer sexual, e que a natureza dispôs as coisas de tal forma que as estimulações reais dos genitais são inevitáveis na primeira infância. Esse período de vida, durante o qual uma certa cota do que é sem dúvida prazer sexual é produzida pela excitação de várias partes da pele (zonas erógenas), pela atividade de certos instintos biológicos e pela excitação concomitante de muitos estados afetivos, é conhecido como o período de auto-erotismo, para usar um termo introduzido por Havelock Ellis [1898]. A puberdade apenas concede aos genitais a primazia entre todas as outras zonas e fontes produtoras de prazer, assim forçando o erotismo a colocar-se a serviço da função reprodutora. Naturalmente esse processo pode sofrer certas inibições, e em muitas pessoas (que tendem a se tornar mais tarde pervertidas ou neuróticas) não se completa senão imperfeitamente. Por outro lado, muito antes da puberdade a criança já é capaz da maior parte das manifestações psíquicas do amor - por exemplo, a ternura, a dedicação e o ciúme. Com freqüência, uma irrupção desses estados mentais associa-se às sensações físicas de excitação sexual, de modo que a criança não pode ficar em dúvida quanto à conexão entre ambos. Em resumo, com exceção do seu poder de reprodução, muito antes da puberdade já está completamente desenvolvida na criança a capacidade de amar; e pode-se afirmar que o clima de mistério apenas a impede de apreender intelectualmente as atividades para as quais já está psiquicamente preparada e fisicamente apta.
O interesse intelectual da criança pelos enigmas do sexo, o seu desejo de conhecimento sexual, revela-se numa idade surpreendentemente tenra. Se observações como as que exporei a seguir não são feitas com maior freqüência, é apenas por estarem os pais cegos a esse interesse de seus filhos ou porque, se não o conseguem ignorar, tentam imediatamente abafá-lo. Conheço um encantador menino de quatro anos, filho de pais compreensivos que se abstiveram de reprimir uma parte de seu desenvolvimento. O pequeno Hans certamente não foi exposto a nada da natureza de uma sedução pela babá, mas, apesar disso, já há algum tempo demonstrava um vivo interesse por aquela parte do seu corpo que ele chama de ‘pipi’. Aos três anos, perguntou à mãe: ‘Mamãe, você também tem um pipi?’ Ela respondeu: ‘Naturalmente. O que é que você acha?’ Também ao pai ele perguntou várias vezes a mesma coisa. Nessa época, ao entrar pela primeira vez num estábulo, viu uma vaca ser ordenhada. ‘Olhe só!’ exclamou surpreso, ‘sai leite do pipi
dela’. Aos três anos e nove meses parecia a caminho de por si mesmo fazer a descoberta de categorias corretas, através de suas observações. Ao ver sair água de uma locomotiva, exclamou: ‘Veja, a máquina está fazendo pipi. Onde está o pipi dela?’ E acrescentou, depois de refletir: ‘O cachorro e o cavalo têm pipis; a mesa e a cadeira não têm.’ Recentemente, olhava a irmãzinha de sete dias tomar banho, quando comentou: ‘O pipi dela é muito pequeno, mas vai ficar grande quando ela crescer.’ (Sei da mesma atitude em relação ao problema da diferença dos sexos em outros meninos da mesma idade.) Gostaria de deixar claro que o pequeno Hans não é uma criança sensual, nem com disposição patológica. A meu ver, o que acontece é que, não tendo sofrido intimidações e não tendo sido oprimido por nenhum sentimento de culpa, ele expressa candidamente aquilo que pensa.
O segundo grande problema a ocupar a mente de uma criança - um pouco mais tarde, sem dúvida - é o da origem dos bebês. Isso geralmente é despertado pelo indesejado nascimento de um irmão ou de uma irmã. Trata-se da questão mais remota e premente a atormentar a humanidade imatura. Os que sabem interpretar os mitos e as lendas podem identificá-lo no enigma que a Esfinge de Tebas apresenta a Édipo. As respostas usualmente concedidas à criança danificam seu genuíno instinto de investigação e, via de regra, também desferem o primeiro golpe na confiança que ela deposita em seus pais. Dessa data em diante, geralmente começa a desconfiar dos adultos e a esconder deles seus interesses mais íntimos. O pequeno documento que se segue mostra como essa curiosidade pode ser aflitiva em crianças mais velhas. Trata-se de uma carta escrita por uma menina de onze anos, órfã de mãe, que havia debatido o problema com sua irmã mais nova.
‘Cara tia Mali,
‘Será que a senhora poderia fazer o favor de me dizer como teve Christel e Paul? A senhora deve saber, pois é casada. Nós estávamos discutindo sobre isso ontem e queríamos saber a verdade. Não sabemos a quem mais perguntar. Quando a senhora virá a Salzburg? Sabe, tia Mali, não conseguimos compreender como as cegonhas trazem os bebês. Trudel achava que ela os trazia numa camisa. Também queremos saber se as cegonhas apanham os bebês no lago, e por que nunca vimos nenhum bebê no lago. E, por favor, diga-me como é que a gente sabe de antemão quando vai ter um bebê. Escreva-me contando tudo sobre isso.
‘Com mil beijos e abraços de todos,
‘Sua sobrinha curiosa,
Lili.’
Não acredito que essa enternecedora carta tenha trazido às duas irmãs o esclarecimento desejado. Posteriormente a autora da mesma adoeceu, vítima da neurose que surge de perguntas inconscientes não respondidas - da meditação obsessiva.
Não me parece haver uma única razão de peso para negar às crianças o esclarecimento que sua sede de saber exige. Certamente se a intenção dos educadores é sufocar a capacidade da criança de pensamento independente, em favor de uma pretensa ‘bondade’ que tanto
valorizam, não poderiam escolher melhor caminho do que ludibriá-la em questões sexuais e intimidá-la pela religião. As naturezas mais fortes, é verdade, resistirão a tais influências e se tornarão rebeldes contra a autoridade dos pais e, mais tarde, contra qualquer outra autoridade. Se as dúvidas que as crianças levam aos mais velhos não são satisfeitas, elas continuam a atormentá-las em segredo, levando-as a procurar soluções nas quais a verdade advinhada mescla-se da forma mais extravagante a grotescas falsidades, e a trocar entre si informações furtivas em que o sexo é apresentado como uma coisa horrível e nauseante, em conseqüência do sentimento de culpa dos jovens curiosos. Valeria a pena coletar e examinar essas teorias sexuais infantis. Daí em diante as crianças, em geral, deixam de ter diante do sexo a única atitude adequada, e muitas nunca irão recuperá-la.
Parece que a grande maioria dos autores, homens e mulheres, que escrevem sobre o esclarecimento sexual da juventude, conclui em seu favor. Contudo, a inépcia da maior parte de suas propostas quanto ao momento e ao modo de realizar esse esclarecimento leva-nos a pensar que tiveram dificuldade de chegar a uma conclusão. Entre as obras que conheço sobre o assunto, distingue-se, com brilhante exceção, a encantadora carta de explicação que uma certa Frau Emma Eckstein cita como tendo sido escrita por ela ao filho de dez anos. O método habitualmente utilizado não é, obviamente, o correto: oculta-se das crianças todo conhecimento sexual pelo maior tempo possível, e então, em termos pomposos e solenes, a verdade, ou melhor, uma meia verdade, lhes é revelada de uma só vez, em geral demasiado tarde. A maior parte das respostas à pergunta ‘Como contar a meus filhos?’ dá, pelo menos a mim, uma impressão tão lamentável que eu preferiria que os pais não se ocupassem desse esclarecimento. O que realmente importa é que as crianças nunca sejam levadas a pensar que desejamos fazer mais mistério dos fatos da vida sexual do que de qualquer outro assunto ainda não acessível à sua compreensão; para nos assegurarmos disso, é necessário que, de início, tudo que se referir à sexualidade seja tratado como os demais fatos dignos de conhecimento. Acima de tudo, é dever das escolas não evitar a menção dos assuntos sexuais. Os fatos básicos da reprodução e sua significação deviam ser incluídos nas lições sobre o reino animal, e ao mesmo tempo deveria ser enfatizado que o homem compartilha o essencial de sua organização com os animais superiores. Então, desde que o ambiente familiar da criança não tenda a refrear diretamente o pensamento infantil através da intimidação, é provável que ocorra com maior freqüência o que certa vez ouvi por acaso entre crianças. Um menino disse à irmãzinha: ‘Como é que você pode acreditar que as cegonhas trazem os bebês? Não sabe que o homem é mamífero? Será que você também acredita que a cegonha traga os filhotes de todos os mamíferos?’
A curiosidade da criança nunca atingirá uma intensidade exagerada se for adequadamente satisfeita a cada etapa de sua aprendizagem. Assim, no final do curso elementar [Volksschule], antes que inicie o curso intermediário [Mittelschule], isto é, em torno dos dez anos de idade, a criança deveria ser esclarecida sobre os fatos específicos da sexualidade humana e sobre a significação social desta. A época da confirmação seria a mais adequada para instruir a criança,
que a essa altura deverá ter um completo conhecimento de todos os fatos físicos, sobre as obrigações morais que estão associadas à satisfação real do instinto. Um esclarecimento sobre a vida sexual que se desenvolva de forma gradual, nos moldes que acima descrevemos, sem interrupções e por iniciativa da própria escola, parece-nos ser o único que leva em conta o desenvolvimento da criança e que consegue evitar os perigos que estão envolvidos.
Considero um avanço muito significativo na educação infantil que na França o Estado tenha introduzido, em lugar do catecismo, um manual que dá à criança as primeiras noções de sua situação como cidadão e dos deveres éticos que deverá assumir mais tarde. No entanto, essa educação elementar continuará com sérias deficiências enquanto não abranger o campo da sexualidade. Esta é uma lacuna que deveria merecer a atenção dos educadores e reformadores. Nos países onde colocaram a educação das crianças total ou parcialmente nas mãos do clero será, naturalmente, impossível levantar o problema. Um sacerdote nunca admitirá que os homens e os animais tenham a mesma natureza, pois não pode abdicar da imortalidade da alma, que lhe é necessária como base de seus preceitos morais. Mais uma vez vemos aqui a insensatez de colocar um único remendo de seda num casaco esfarrapado, isto é, a impossibilidade de efetuar uma reforma isolada sem alterar as bases de todo o sistema.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que é crença geral que o instinto sexual inexiste nas crianças, só começando a irromper na puberdade, com a maturação dos órgãos sexuais. Esse erro grosseiro que acarreta sérias conseqüências, tanto no conhecimento quanto na prática, é tão facilmente corrigido pela observação que é de admirar que alguém possa incorrer no mesmo. Na realidade o recém-nascido já vem ao mundo com sua sexualidade, sendo seu desenvolvimento na lactância e na primeira infância acompanhado de sensações sexuais; só muito poucas crianças alcançam a puberdade sem ter tido sensações e atividades sexuais. Quem se interessar por um exame detalhado dessas asserções, poderá encontrá-lo em meus Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, a que me referi acima. Ali verá que os órgãos de reprodução propriamente ditos não são as únicas partes do corpo que geram sensações de prazer sexual, e que a natureza dispôs as coisas de tal forma que as estimulações reais dos genitais são inevitáveis na primeira infância. Esse período de vida, durante o qual uma certa cota do que é sem dúvida prazer sexual é produzida pela excitação de várias partes da pele (zonas erógenas), pela atividade de certos instintos biológicos e pela excitação concomitante de muitos estados afetivos, é conhecido como o período de auto-erotismo, para usar um termo introduzido por Havelock Ellis [1898]. A puberdade apenas concede aos genitais a primazia entre todas as outras zonas e fontes produtoras de prazer, assim forçando o erotismo a colocar-se a serviço da função reprodutora. Freud explica que a criança vive em meio a um contexto sexual e por isso está exposta a estímulos e respostas sexuais e que por isso acredita em sua teoria sexual para as crianças.
Mattanó aponta que Freud explica que é crença geral que o instinto sexual inexiste nas crianças, só começando a irromper na puberdade, com a maturação dos órgãos sexuais. Esse erro grosseiro que acarreta sérias conseqüências, tanto no conhecimento quanto na prática, é tão facilmente corrigido pela observação que é de admirar que alguém possa incorrer no mesmo. Na realidade o recém-nascido já vem ao mundo com sua sexualidade, sendo seu desenvolvimento na lactância e na primeira infância acompanhado de sensações sexuais; só muito poucas crianças alcançam a puberdade sem ter tido sensações e atividades sexuais. Quem se interessar por um exame detalhado dessas asserções, poderá encontrá-lo em meus Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, a que me referi acima. Ali verá que os órgãos de reprodução propriamente ditos não são as únicas partes do corpo que geram sensações de prazer sexual, e que a natureza dispôs as coisas de tal forma que as estimulações reais dos genitais são inevitáveis na primeira infância. Esse período de vida, durante o qual uma certa cota do que é sem dúvida prazer sexual é produzida pela excitação de várias partes da pele (zonas erógenas), pela atividade de certos instintos biológicos e pela excitação concomitante de muitos estados afetivos, é conhecido como o período de auto-erotismo, para usar um termo introduzido por Havelock Ellis [1898]. A puberdade apenas concede aos genitais a primazia entre todas as outras zonas e fontes produtoras de prazer, assim forçando o erotismo a colocar-se a serviço da função reprodutora. Freud explica que a criança vive em meio a um contexto sexual e por isso está exposta a estímulos e respostas sexuais e que por isso acredita em sua teoria sexual para as crianças. Contudo para Mattanó as crianças antes dos 14 anos de idade não têm malícia e por isso não compreendem a sexualidade e a vida sexual da mesma forma que os adultos, com sua malícia e erotismo adultos, já as crianças possuem um erotismo infantil e uma sexualidade infantil sem malícia que lhes faculta a ingenuidade e a pureza, a insensibilidade às contingências maliciosas dos adultos no caso de violência sexual, estupro e pedofilia, corrupção de menores, abuso de incapazes, sequestro, extorsão, vingança e estupro virtual, lavagem cerebral, despersonalização e tortura, curandeirismo e charlatanismo, etc., tornando-as vulneráveis e carentes de cuidadores ou responsáveis até a juventude ou vida adulta. A Teoria Freudiana carrega em sua estrutura uma sexualidade infantil inconsciente e um erotismo infantil inconsciente, um complexo de Édipo e uma genitalidade que se afirmam a partir desse inconsciente infantil marcado por uma sexualidade e um erotismo infantis conforme argumenta e propõe Osny Mattanó Júnior. O recalcado se afirma num inconsciente infantil e se reproduz na vida adulta através de experiências infantis desse inconsciente infantil segundo Mattanó.
MATTANÓ
(30/01/2022)
Mattanó aponta que a dor destrói qualquer animal perigoso e violento, mas o animal medroso ou adaptado ela não destrói – que tipo de animal você é?
As palavras destróem o homem violento e louco mas ao homem inteligente e normal elas apenas servem para construir e edificar epistemologias e informações que ajudem a viver e a sua família e comunidade através da educação e do trabalho – que tipo de homem você é?
Os delírios destróem o homem louco lançando-o as loucuras, mas ao homem normal eles servem apenas para construir e edificar epistemologias e trabalhos que o ajudem a viver e a sua família e comunidade – que tipo de homem você é?
A Cruz destrói apenas aqueles que abusam dela querendo poder humano diante de contingências programadas ou falsas crucificações, ou Segredos que não são Segredos e nem mais Sagrados e assim o oposto do que Deus prefere pois foram cancelados.
Atear fogo numa Cruz significa que ela transmite algo de mal gosto ou de oposto ao Amor e ao próprio Deus, significa ser um morto de férias, significa sair mais caro o barato.
Não sepultar os mortos significa que não amamos os nossos mortos, que o dia 02 de novembro, dia de finados e de todos os Santos não tem valor para nós, que o problema dos mortos não nos causa tristeza e que Deus nada significa e nem o Seu Amor pois não o sepultamos quando ele morreu em sua Cruz Azul.
MATTANÓ
(30/01/2022)
ESCRITORES CRIATIVOS E DEVANEIO (1908 [1907])
NOTA DO EDITOR INGLÊS
DER DICHTER UND DAS PHANTASIEREN
(1907 6 de dezembro. Pronunciado como conferência)
1908 Neue Revue, 1 (10) [março], 716-2.
1909 S.K.S.N., 2,197-206 (1912, 2ª ed.; 1921, 3ª ed.)
1924 G.S. 10, 229-239.
1924 Dichtung und Kunst, 3-14.
1941 G.W., 7, 213-223.
(b) TRADUÇÃO INGLESA:
‘The Relation of the Poet to Day-Dreaming’
1925 C.P., 4, 172-183. (Trad. de I. F. Frant Duff.)
A presente tradução, com um título alterado, é uma versão modificada da publicada em
1925.
Este trabalho foi originalmente pronunciado como conferência a 6 de dezembro de 1907, diante de uma platéia de noventa pessoas, nos salões do editor e livreiro vienense Hugo Heller, que também era membro da Sociedade Psicanalítica de Viena. Um minucioso resumo da conferência apareceu, no dia seguinte, no diário vienense Die Zeit, mas a versão completa de Freud foi publicada pela primeira vez no início de 1908, num novo periódico literário de Berlim.
Alguns problemas da literatura criativa haviam sido mencionados pouco antes no estudo de Freud sobre Gradiva (por exemplo, em [1]), e cerca de um ou dois anos antes ele examinara a questão em um ensaio não publicado sobre ‘Tipos Psicopáticos no Palco’ (1924a [1905]). O interesse principal deste artigo, como do que se segue, escrito na mesma época, reside no exame das fantasias.
ESCRITORES CRIATIVOS E DEVANEIOS
Nós, leigos, sempre sentimos uma intensa curiosidade - como o Cardeal que fez uma idêntica indagação a Ariosto - em saber de que fontes esse estranho ser, o escritor criativo, retira seu material, e como consegue impressionar-nos com o mesmo e despertar-nos emoções das quais talvez nem nos julgássemos capazes. Nosso interesse intensifica-se ainda mais pelo fato de que, ao ser interrogado, o escritor não nos oferece uma explicação, ou pelo menos nenhuma satisfatória; e de forma alguma ele é enfraquecido por sabermos que nem a mais clara compreensão interna (insight) dos determinantes de sua escolha de material e da natureza da arte de criação imaginativa em nada irá contribuir para nos tornar escritores criativos.
Se ao menos pudéssemos descobrir em nós mesmos ou em nossos semelhantes uma atividade afim à criação literária! Uma investigação dessa atividade nos daria a esperança de obter as primeiras explicações do trabalho criador do escritor. E, na verdade, essa perspectiva é possível. Afinal, os próprios escritores criativos gostam de diminuir a distância entre a sua classe e o homem comum, assegurando-nos com muita freqüência de que todos, no íntimo, somos poetas, e de que só com o último homem morrerá o último poeta.
Será que deveríamos procurar já na infância os primeiros traços de atividade imaginativa? A ocupação favorita e mais intensa da criança é o brinquedo ou os jogos. Acaso não poderíamos
dizer que ao brincar toda criança se comporta como um escritor criativo, pois cria um mundo próprio, ou melhor, reajusta os elementos de seu mundo de uma nova forma que lhe agrade? Seria errado supor que a criança não leva esse mundo a sério; ao contrário, leva muito a sério a sua brincadeira e dispende na mesma muita emoção. A antítese de brincar não é o que é sério, mas o que é real. Apesar de toda a emoção com que a criança catexiza seu mundo de brinquedo, ela o distingue perfeitamente da realidade, e gosta de ligar seus objetos e situações imaginados às coisas visíveis e tangíveis do mundo real. Essa conexão é tudo o que diferencia o ‘brincar’ infantil do ‘fantasiar’.
O escritor criativo faz o mesmo que a criança que brinca. Cria um mundo de fantasia que ele leva muito a sério, isto é, no qual investe uma grande quantidade de emoção, enquanto mantém uma separação nítida entre o mesmo e a realidade. A linguagem preservou essa relação entre o brincar infantil e a criação poética. Dá [em alemão] o nome de ‘Spiel‘ [‘peça’] às formas literárias que são necessariamente ligadas a objetos tangíveis e que podem ser representadas. Fala em ‘Lustspiel‘ ou ‘Trauerspiel‘ [‘comédia’ e ‘tragédia’: literalmente, ‘brincadeira prazerosa’ e ‘brincadeira lutuosa’], chamando os que realizam a representação de ‘Schauspieler‘ [‘atores’: literalmente, ‘jogadores de espetáculo’]. A irrealidade do mundo imaginativo do escritor tem, porém, conseqüências importantes para a técnica de sua arte, pois muita coisa que, se fosse real, não causaria prazer, pode proporcioná-lo como jogo de fantasia, e muitos excitamentos que em si são realmente penosos, podem tornar-se uma fonte de prazer para os ouvintes e espectadores na representação da obra de um escritor.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica a atividade do escritor através da atividade de brincar das crianças e que quando essa atividade de brincar é lavada muito a sério, dispende muito na mesma muita emoção. A antítese de brincar não é o que é sério, mas o que é real. Apesar de toda a emoção com que a criança catexiza seu mundo de brinquedo, ela o distingue perfeitamente da realidade, e gosta de ligar seus objetos e situações imaginados às coisas visíveis e tangíveis do mundo real. Essa conexão é tudo o que diferencia o ‘brincar’ infantil do ‘fantasiar’.
O escritor criativo faz o mesmo que a criança que brinca. Cria um mundo de fantasia que ele leva muito a sério, isto é, no qual investe uma grande quantidade de emoção, enquanto mantém uma separação nítida entre o mesmo e a realidade. A linguagem preservou essa relação entre o brincar infantil e a criação poética. Dá [em alemão] o nome de ‘Spiel‘ [‘peça’] às formas literárias que são necessariamente ligadas a objetos tangíveis e que podem ser representadas. Fala em ‘Lustspiel‘ ou ‘Trauerspiel‘ [‘comédia’ e ‘tragédia’: literalmente, ‘brincadeira prazerosa’ e ‘brincadeira lutuosa’], chamando os que realizam a representação de ‘Schauspieler‘ [‘atores’: literalmente, ‘jogadores de espetáculo’]. A irrealidade do mundo imaginativo do escritor tem, porém, conseqüências importantes para a técnica de sua arte, pois muita coisa que, se fosse real, não causaria prazer, pode proporcioná-lo como jogo de fantasia, e muitos excitamentos que em si são realmente penosos, podem tornar-se uma fonte de prazer para os ouvintes e espectadores na representação da obra de um escritor.
Mattanó aponta a atividade do escritor se organiza através da atividade de brincar das crianças e que quando essa atividade de brincar é lavada muito a sério, dispende muito na mesma muita emoção. A antítese de brincar não é o que é sério, mas o que é real. Apesar de toda a emoção com que a criança catexiza seu mundo de brinquedo, ela o distingue perfeitamente da realidade, e gosta de ligar seus objetos e situações imaginados às coisas visíveis e tangíveis do mundo real. Essa conexão é tudo o que diferencia o ‘brincar’ infantil do ‘fantasiar’. Assim o brincar infantil é diferente do fantasiar, pois o fantasiar envolve uma criação de situação ou evento novo que não faz parte da história de vida desse indivíduo, ao qual o indivíduo se contextualiza e assim fantasia. Já o brincar pode envolver a história de vida da criança como, por exemplo, algum trauma.
O escritor criativo faz o mesmo que a criança que brinca. Cria um mundo de fantasia que ele leva muito a sério, isto é, no qual investe uma grande quantidade de emoção, enquanto mantém uma separação nítida entre o mesmo e a realidade. A linguagem preservou essa relação entre o brincar infantil e a criação poética. Dá [em alemão] o nome de ‘Spiel‘ [‘peça’] às formas literárias que são necessariamente ligadas a objetos tangíveis e que podem ser representadas. Fala em ‘Lustspiel‘ ou ‘Trauerspiel‘ [‘comédia’ e ‘tragédia’: literalmente, ‘brincadeira prazerosa’ e ‘brincadeira lutuosa’], chamando os que realizam a representação de ‘Schauspieler‘ [‘atores’: literalmente, ‘jogadores de espetáculo’]. A irrealidade do mundo imaginativo do escritor tem, porém, conseqüências importantes para a técnica de sua arte, pois muita coisa que, se fosse real, não causaria prazer, pode proporcioná-lo como jogo de fantasia, e muitos excitamentos que em si são realmente penosos, podem tornar-se uma fonte de prazer para os ouvintes e espectadores na representação da obra de um escritor. O escritor criativo consegue criar novos eventos e novos contextos sem conexão com sua história de vida e com o recalcado, investindo grande quantidade de emoção e mantendo uma separação nítida entre ela e a realidade. Seus dramas ou peças têm objetos tangíveis, porém representados através de uma brincadeira prazerosa ou uma brincadeira lutosa. A irrealidade do mundo imaginativo do escritor tem impacto na sua arte, pois se ela fosse real, produziria medo e terror, aflição e ansiedade, não causaria prazer. A literatura tem dois caminhos a seguir com base no mundo narrado e no mundo comentado, eles o mundo do prazer e o mundo da realidade e assim, o mundo do prazer de um lado, seja ele libidinal, de comunhão ou de segurança, e do outro lado o mundo da realidade, o mundo do medo e da aflição, da ansiedade, de tudo que não causa prazer através da libido, da comunhão e da segurança.
MATTANÓ
(31/01/2022)
A PSICANÁLISE MITOLÓGICA ATRAVÉS DAS CARTAS (2022):
Mattanó sugere que podemos realizar o tratamento psicanalítico através de cartas entre o paciente e o psicanalista como honorários, horas, dias, e queixa, fazendo a anamnese e o diagnóstico, até mesmo através de Testes Psicológicos e de Personalidade ou Projetivos, enviados pelos Correios ou mesmo pela internet e por e-mail, respeitando a privacidade, a intimidade e o sigilo ético, toda a ética profissional, pois as Cartas tratam de reproduzir o inconsciente através da linguagem que é a expressão do inconsciente, e seja ela comentada ou narrada, será real ou prazerosa, e assim dotada de intencionalidade por meio de argumentos que revelarão seu poder de persuasão, seu estilo de vida, sua aprendizagem, sua cognição, sua experiência, sua inteligência, sua moralidade e sexualidade, seu desenvolvimento, sua alfabetização, seu nível escolar e social, sua socialização, sua auto-atualização, sua auto-realização, sua individuação ou seu processo de individuação, sua institucionalização, rituais e mitos, seu discurso, e psicohigiene, sua capacidade para o trabalho e para cuidar das pessoas e de promover o bem-social, a paz social, a liberdade para se viver e para se ensinar a viver, a sua trajetória da vida, a sua cosmogênese, o seu trabalho de luto e de morte, e como lida com doenças como o novo coronavírus de 2019, pois através da escrita o paciente escreve a sua história real através dos seus traumas e dramas, peças e histórias e escreve suas fantasias através das suas fantasias que contam novidades e coisas nunca vividas, mas criativas e inovadoras e como ele, o paciente, lida com sua vida histórica e suas fantasias que de certo modo também pertencem a sua vida histórica mas não estão impressas em seu mapa cognitivo, estão por se fazer através do brincar e do trabalho. A Psicanálise Mitológica através das Cartas lida com o brincar e o trabalho entre outras coisas e auxilia o paciente e compreendê-los e a ter insights que promovam o seu bem-estar e desenvolvimento individual, familiar e social, inclusive escolar e profissional ou trabalhista e comunitário, religioso e universal. Este trabalho também acompanha a análise dos sonhos.
MATTANÓ
(31/01/2022)
A PSICANÁLISE MITOLÓGICA ATRAVÉS DA LEITURA E REORGANIZAÇÃO DAS OBRAS DE SIGMUND FREUD E OSNY MATTANÓ JÚNIOR (2022):
Mattanó aponta que a Psicanálise Mitológica através da leitura e reorganização das Obras de Sigmund Freud e Osny Mattanó Jùnior em sua releitura particular revelam que pode ser feita uma psicanálise através da leitura dessas obras e de uma reorganização por meio de uma entropia e uma neguentropia, ou organização e reorganização, do material lido junto ao conteúdo consciente e inconsciente associado tanto conscientemente quanto inconscientemente a esta obra, debatendo e refletindo sua história de vida pessoal, seu problema e sua trajetória de vida, sua saúde mental e física, sua saúde familiar e social, escolar e profissional ou trabalhista, afetiva e cognitiva, individual, sua capacidade de superar e vencer obstáculos e de se reorganizar e de compreender novos eventos e novas regras e de assimilá-las e de acomodá-las através do seu desequilíbrio cognitivo que remarcará seu mapa cognitivo de modo a reconstruir seus caminhos cognitivos, ou seja, sua forma de encarar e de se comportar no mundo e com as pessoas, seja em que ambiente e contexto forem, pois adquiriu repertório comportamental para solucionar suas adversidades ambientais. Este trabalho também acompanha a análise dos sonhos. Porém este trabalho necessita de um orientador ou profissional.
MATTANÓ
(31/01/2022)
A PSICANÁLISE MITOLÓGICA ATRAVÉS DAS MÚSICAS (2022):
Mattanó aponta que quanto as músicas fica entendido que elas tem seu papel analítico e interpretativo, ou seja, psicanalítico, quando o paciente a usa como instrumento para a sua psicanálise, podendo fazer apenas uso delas se desejar, porém com recursos da Psicologia e da Psicanálise no trabalho analítico. Assim elas servem para o paciente dramatizar e representar tanto acontecimentos reais quanto acontecimentos novos e considerados irreais, mas que se tornam reais devido a psique do paciente, ou seja, devido a realidade psicológica, deste modo os acontecimentos reais podem ser evocados por S (estímulos) sonoros (músicas e canções, melodias e harmonias) que narram ou comentam peças ou dramas que por sua vez podem abordar a realidade por meio dos traumas e desejos associados as vivências reais desse paciente, vivências infantis que abordam o recalcado, e que por outro lado podem abordar o novo através das fantasias que tratam de acontecimentos novos e nunca vividos e que pertencem a esfera da criatividade e da literatura, dos escritores, dos compositores de letras de músicas. Deste jeito uma Psicanálise Mitológica através das Músicas teria como busca, a busca pelo prazer através das fantasias e a busca pela realidade através de peças e dramas que abordam o recalcado infantil, sendo cada música e a sua repetição uma catarse e expressão do conteúdo recalcado através de peças e dramas que retratam a vida do paciente por meio de narrativas e de comentários, e do conteúdo criativo do paciente através de fantasias que retratam o novo e a sua criatividade, nunca sua história ou experiência de vida, por meio de narrativas e comentários. Assim através da análise dos dramas e das peças de sua história de vida por meio das músicas e da análise do conteúdo novo e nunca vivido em sua história e experiência de vida por meio de fantasias suscitadas por meio das músicas, por meio, por exemplo, da substituição dos S (estímulos) sonoros por trocadilhos, ou seja, pela pulsão auditiva de Mattanó, porém sem o desejo associado, ou seja, chistes, onde os trocadilhos levariam a formações de pensamentos que se organizassem e se reorganizassem com ajuda da coerência textual e das ideias e dos argumentos, de modo que formassem conteúdos que pudessem suscitar peças e dramas que revelariam conteúdos recalcados infantis, por meio de narrativas e comentários coerentes, e por meio do novo e do absurdo onde se formariam conteúdos criativos e fantasiosos, nunca vividos e nunca experienciados, que não pertencem a história de vida do paciente, porém com coerência textual a fim de haver organização e ordem para a compreensão e insight da mensagem teríamos uma mensagem nova e uma mensagem recalcada para absorção, análise e interpretação em nossa Psicanálise Mitológica através das Músicas.
MATTANÓ
(31/01/2022)
Mattanó aponta que adoçante pode ser melhor do que açúcar para a inteligência! E que não comer carne vermelha também pode ser melhor para a inteligência! Pois a concentração de sangue é maior no cérebro e assim a de energia também é maior do que a do pâncreas e do estômago!
MATTANÓ
(31/01/2022)
Mattanó aponta que os teratógenos podem ser chamamos de agente teratogênico, que é tudo aquilo capaz de produzir dano ao embrião ou feto durante a gravidez. Estes danos podem se refletir como perda da gestação, malformações ou alterações funcionais (restrição de crescimento, por exemplo), ou ainda distúrbios neuro-comportamentais, como retardo mental. Contudo Mattanó especula que um agente teratogênico pode induzir num embrião ou feto através, por exemplo, de uma malformação e alteração funcional nos dentes que seria a dentinogênese imperfeita, a fim de capacitar este indivíduo de um coletivo de formações, funções e comportamentos mais evoluídos que a espécie Homo Sapiens, pois quanto mais evoluído o ser humano mais imperfeitos os seus dentes, para que sofram uma entropia e uma neguentropia, ou seja, uma organização e reorganização morfológica, fisiológica, e comportamental, apresentando ao mundo uma possível nova espécie de Homo Sapiens, a Homo Sapiens Telepath.
MATTANÓ
(01/02/2022)
MENSAGEM DA RAINHA DO AMOR SOBRE O AMOR E O SANTO TERÇO PARA O VIDENTE OSNY MATTANÓ JÚNIOR (O AMOR) EM 30 DE JANEIRO DE 2022 EM LONDRINA:
¨Reze o Terço, assim o Seu Amor não acabará.¨
MENSAGEM DA RAINHA DO AMOR SOBRE O AMOR E O SANTO TERÇO PARA O VIDENTE OSNY MATTANÓ JÚNIOR (O AMOR) EM 31 DE JANEIRO DE 2022 EM LONDRINA:
¨Você será amado com o Santo Terço.¨
MENSAGEM DA RAINHA DO AMOR SOBRE O AMOR E O SANTO TERÇO PARA O VIDENTE OSNY MATTANÓ JÚNIOR (O AMOR) EM 01 DE FEVEREIRO DE 2022 EM LONDRINA:
¨Você continua sendo amado.¨
Osny Mattanó Júnior
Londrina, 01 de fevereiro de 2022.
Existe uma outra circunstância que nos leva a examinar por mais alguns instantes essa oposição entre a realidade e o brincar. Quando a criança cresce e pára de brincar, após esforçar-se por algumas décadas para encarar as realidades da vida com a devida seriedade, pode colocar-se certo dia numa situação mental em que mais uma vez desaparece essa oposição entre o brincar e a realidade. Como adulto, pode refletir sobre a intensa seriedade com que realizava seus jogos na infância, equiparando suas ocupações do presente, aparentemente tão sérias, aos seus jogos de criança, pode livrar-se da pesada carga imposta pela vida e conquistar o intenso prazer proporcionado pelo humor.
Ao crescer, as pessoas param de brincar e parecem renunciar ao prazer que obtinham do brincar. Contudo, quem compreende a mente humana sabe que nada é tão difícil para o homem quanto abdicar de um prazer que já experimentou. Na realidade, nunca renunciamos a nada; apenas trocamos uma coisa por outra. O que parece ser uma renúncia é, na verdade, a formação de um substituto ou sub-rogado. Da mesma forma, a criança em crescimento, quando pára de brincar, só abdica do elo com os objetos reais; em vez de brincar, ela agora fantasia. Constrói castelos no ar e cria o que chamamos de devaneios. Acredito que a maioria das pessoas construa fantasias em algum período de suas vidas. Este é um fato a que, por muito tempo, não se deu atenção, e cuja importância não foi, assim, suficientemente considerada.
As fantasias das pessoas são menos fáceis de observar do que o brincar das crianças. A
criança, é verdade, brinca sozinha ou estabelece um sistema psíquico fechado com outras crianças, com vistas a um jogo, mas mesmo que não brinque em frente dos adultos, não lhes oculta seu brinquedo. O adulto, ao contrário, envergonha-se de suas fantasias, escondendo-as das outras pessoas. Acalenta suas fantasias como seu bem mais íntimo, e em geral preferiria confessar suas faltas do que confiar a outro suas fantasias. Pode acontecer, conseqüentemente, que acredite ser a única pessoa a inventar tais fantasias, ignorando que criações desse tipo são bem comuns nas outras pessoas. A diferença entre o comportamento da pessoa que brinca e da fantasia é explicada pelos motivos dessas duas atividades, que, entretanto, são subordinadas uma à outra.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica a diferença entre a realidade e o brincar. Quando a criança cresce e pára de brincar, após esforçar-se por algumas décadas para encarar as realidades da vida com a devida seriedade, pode colocar-se certo dia numa situação mental em que mais uma vez desaparece essa oposição entre o brincar e a realidade. Como adulto, pode refletir sobre a intensa seriedade com que realizava seus jogos na infância, equiparando suas ocupações do presente, aparentemente tão sérias, aos seus jogos de criança, pode livrar-se da pesada carga imposta pela vida e conquistar o intenso prazer proporcionado pelo humor.
Ao crescer, as pessoas param de brincar e parecem renunciar ao prazer que obtinham do
brincar. O que parece ser uma renúncia é, na verdade, a formação de um substituto ou sub-rogado. Da mesma forma, a criança em crescimento, quando pára de brincar, só abdica do elo com os objetos reais; em vez de brincar, ela agora fantasia. Constrói castelos no ar e cria o que chamamos de devaneios.
As fantasias das pessoas são menos fáceis de observar do que o brincar das crianças.
A criança, é verdade, brinca sozinha ou estabelece um sistema psíquico fechado com outras crianças, com vistas a um jogo, mas mesmo que não brinque em frente dos adultos, não lhes oculta seu brinquedo. O adulto, ao contrário, envergonha-se de suas fantasias, escondendo-as das outras pessoas. Acalenta suas fantasias como seu bem mais íntimo, e em geral preferiria confessar suas faltas do que confiar a outro suas fantasias. Pode acontecer, conseqüentemente, que acredite ser a única pessoa a inventar tais fantasias, ignorando que criações desse tipo são bem comuns nas outras pessoas. A diferença entre o comportamento da pessoa que brinca e da fantasia é explicada pelos motivos dessas duas atividades, que, entretanto, são subordinadas uma à outra.
Mattanó aponta a diferença entre a realidade e o brincar. Quando a criança cresce e pára de brincar, após esforçar-se por algumas décadas para encarar as realidades da vida com a devida seriedade, pode colocar-se certo dia numa situação mental em que mais uma vez desaparece essa oposição entre o brincar e a realidade. Como adulto, pode refletir sobre a intensa seriedade com que realizava seus jogos na infância, equiparando suas ocupações do presente, aparentemente tão sérias, aos seus jogos de criança, pode livrar-se da pesada carga imposta pela vida e conquistar o intenso prazer proporcionado pelo humor. O humor substitui o brincar na vida adulta, assim como a realidade, ambos os processos com seus significados e sentidos ou metáforas e metonímias, conceitos, comportamentos, contextos, funcionalidades, linguagens, simbologias, topografias, gestalts e insights, chistes, piadas e humor, caricaturas, charges, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, argumentos, inconsciente, arquétipos, estilo de vida, institucionalização, discurso, ritos e psicohigiene, que influenciam a fertilidade, os ciclos circadianos, a imunidade, a hereditariedade, os genótipos e fenótipos, a homeostase, a evolução e a involução, a consciência, as conclusões e as interpretações que podem ser reorganizadas a partir da Teoria da Abundância de Mattanó onde o paciente aprende que ele não é nem sua nomeada realidade, humor e nem o seu brincar, e nem seus processos psicológicos de significação e orientação psicológica, nem mesmo seu controle, literalidade ou razões, mas sim, torna-se uma Hóstia Viva ou uma célula que age milagrosamente por meio da atenção e da intenção que através da eternidade e do tempo constroem uma consciência livre e capaz de se organizar e se reorganizar através da liberdade para viver e para se aprender a viver, numa homeostase equilibrada, ou seja, numa consciência equilibrada.
Ao crescer, as pessoas param de brincar e parecem renunciar ao prazer que obtinham do
brincar. O que parece ser uma renúncia é, na verdade, a formação de um substituto ou sub-rogado. Da mesma forma, a criança em crescimento, quando pára de brincar, só abdica do elo com os objetos reais; em vez de brincar, ela agora fantasia. Constrói castelos no ar e cria o que chamamos de devaneios.
As fantasias das pessoas são menos fáceis de observar do que o brincar das crianças.
A criança, é verdade, brinca sozinha ou estabelece um sistema psíquico fechado com outras crianças, com vistas a um jogo, mas mesmo que não brinque em frente dos adultos, não lhes oculta seu brinquedo. O adulto, ao contrário, envergonha-se de suas fantasias, escondendo-as das outras pessoas. Acalenta suas fantasias como seu bem mais íntimo, e em geral preferiria confessar suas faltas do que confiar a outro suas fantasias. Pode acontecer, conseqüentemente, que acredite ser a única pessoa a inventar tais fantasias, ignorando que criações desse tipo são bem comuns nas outras pessoas. A diferença entre o comportamento da pessoa que brinca e da fantasia é explicada pelos motivos dessas duas atividades, que, entretanto, são subordinadas uma à outra. Para compreendermos os motivos dessas duas atividades proponho a análise e a interpretação dos significados e sentidos ou metáforas e metonímias, conceitos, comportamentos, contextos, funcionalidades, linguagens, simbologias, topografias, gestalts e insights, chistes, piadas e humor, caricaturas, charges, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, argumentos, inconsciente, arquétipos, estilo de vida, institucionalização, discurso, ritos, mitos, a família e sua dinâmica, a espiritualidade e a psicohigiene, que influenciam a fertilidade, os ciclos circadianos, a imunidade, a hereditariedade, os genótipos e fenótipos, a homeostase, a evolução e a involução, a consciência, as conclusões e as interpretações. Assim poderemos compreender os motivos dessas duas atividades, brincar e fantasiar, segundo Mattanó.
MATTANÓ
(02/02/2022)
MENSAGEM DA RAINHA DO AMOR SOBRE O AMOR E O SANTO TERÇO PARA O VIDENTE OSNY MATTANÓ JÚNIOR (O AMOR) EM 02 DE FEVEREIRO DE 2022 EM LONDRINA:
¨Você pode amar.¨
Osny Mattanó Júnior
Londrina, 02 de fevereiro de 2022.
Mattanó aponta um exemplo de sua análise psicanalítica mitológica:
Eu estava com minha mãe no seu quarto ouvindo o telefone celular que continha a descrição sonora de um programa sobre modelo mental e comportamental acerca do dinheiro e suas relações com o mundo, ou seja, o que significa enriquecer. Então eu sai do quarto e disse para minha mãe ¨que preferia a outra coisa do que a que estava aí comigo¨, isso provocou em mim um conflito e uma solução desse conflito: o conflito inconsciente quando substitui a coisa que estava aí comigo pela minha mãe que agora é idosa, tem 75 anos de idade e está acamada e doente, e a solução do conflito quando percebi que tenho o domínio comportamental da argumentação e da significação e do sentido oferecendo coerência e significado e sentido que eu desejar devido as minhas motivações, interesses, habilidades e vontades, completando a frase ¨que preferia a outra coisa do que a que estava aí comigo¨ com ¨mas essa coisa que estava aí comigo era justamente o telefone celular com o programa sobre modelo mental e comportamental acerca do dinheiro e suas relações com o mundo, ou seja, o que significa enriquecer, pois eu já possuo repertório comportamental suficiente para lidar com essas regras acerca do dinheiro e das riquezas, ou seja, do enriquecimento, não tenho preconceitos acerca de enriquecer e não compreendo que o dinheiro seja criação do Demônio, mas do próprio Homo Sapiens com o estudo, pesquisa, trabalho e desenvolvimento da Economia. O dinheiro ajuda na socialização e na convivência dos indivíduos e dos grupos, das comunidades e das nações, cria relações de dependência e de independência, de valor e de desvalorização, de riquezas e de pobreza, de miséria e de fortunas, de trabalho e de pesquisas, de Economias, e de religiosidade, de religião, e de administração, de ciências e de ciências contábeis, de políticas e de sociologias, de estudos antropológicos e de história, de filosofia, de psicologia, de psicanálise, de mercado e de teorias sociais e de modos de organizações sociais, de estudo do universo e de seres do universo como os alienígenas e as pedras do espaço, das relações do homem com o tráfico e o terror e o dinheiro e a exploração e o abuso, a violência, a loucura, a lavagem cerebral e a despersonalização e a lavagem de dinheiro, a extorsão e a vingança e o estupro de mulheres e de crianças em vários contextos como os de escravidão e de esportes ou de artes e de traficados, e o estupro virtual de nossos tempos praticado pelas artes, pelas ciências, pelos mass mídias e pelas mídias, pelo conhecimento e pelo mundo virtual – ou seja, o dinheiro tem tentado comprar tudo direta ou indiretamente através das relações entre os indivíduos e as comunidades, as famílias e os grupos, os poderes que se veem ameaçados e lutando contra o dinheiro e as Economias em suas relações inconscientes.
MATTANÓ
(03/02/2022)
TRATAMENTO DOS DELÍRIOS E ALUCINAÇÕES SEGUNDO MATTANÓ (2022):
Mattanó aponta que podemos fazer uma entropia e uma neguentropia com nossos delírios e alucinações promovendo por meio da ação da vontade, dos interesses, das motivações e das habilidades cognitivas uma coerência textual em nossos delírios e alucinações, que deste modo poderão ser encarados como recalcado e conteúdo infantil ou como conteúdo inédito e novo, ou seja, como fantasias, faz-se necessário salientar que o conteúdo recalcado torna-se peça ou drama, história de vida. Assim os delírios e as alucinações como peças e dramas, como história de vida retratam o vivido e o conhecimento, e os delírios e as alucinações como fantasias retratam o novo e o inédito estampado em histórias de vida da criança que em núcleos que desencadeiam o novo e o inédito e estes o comportamento novo, de um novo conhecimento.
MATTANÓ
(03/02/2022)
MENSAGEM DA RAINHA DO AMOR SOBRE O AMOR E O SANTO TERÇO PARA O VIDENTE OSNY MATTANÓ JÚNIOR (O AMOR) EM 03 DE FEVEREIRO DE 2022 EM LONDRINA:
¨Silêncio¨.
Osny Mattanó Júnior
Londrina, 04 de fevereiro de 2022.
MENSAGEM DA RAINHA DO AMOR SOBRE O AMOR E O SANTO TERÇO PARA O VIDENTE OSNY MATTANÓ JÚNIOR (O AMOR) EM 04 DE FEVEREIRO DE 2022 EM LONDRINA:
¨Agora você pode amar¨.
Osny Mattanó Júnior
Londrina, 04 de fevereiro de 2022.
Mattanó pergunta:
Que tipo de Amor de Deus estamos procurando? O tipo fantasia e que não existe, que pode ser comprado e comparado a monstros e super-heróis do cinema ou criaturas da literatura, como o Saci Pererê, a Mula-sem-cabeça, o Minotauro, o Homem-Aranha, o Super-Homem, o Batman, o Homem de Ferro, etc., ou do tipo realidade e que não pode ser comprado e que existe, como a Eucaristia, o Pão descido do Céu? Preferimos um Deus que é monstro ou fantasia ou preferimos um Deus que é Eucaristia? O que faz a ¨cabeça¨, a psique, e o comportamento da humanidade? Histórias de monstros e de super-heróis onde se fantasia um Deus ou Santas Missas com a Eucaristia? Onde gastamos mais dinheiro? Com um Deus que é fantasia e monstro ou com um Deus que é Eucaristia e Amor ao próximo? O madeiro se transformou em bênção e Salvação e depois em Amor! No que gastamos mais o nosso tempo e dinheiro? Com a Salvação e com o Amor ou com monstros e fantasias? O que preferimos para nossas famílias e filhos? Pureza e Salvação, Amor ou monstruosidades e fantasias sexuais e morais, peças, dramas e humor?
MATTANÓ
(04/02/2022)
NINGUÉM TE AMA COMO EU (2022):
Mattanó escutando e orando com a canção de Martín Valverde, Ninguém Te Ama Como Eu, teve uma visão onde Jesus deu um soco no Seu Amor como na época em que este Amor era esmurrado e espancado em sua loucura, para justificar isso, esse comportamento, esse contexto, isto porque somos animais e não há animal algum neste mundo que escape da violência e das brigas, das lutas pela sobrevivência, do encontro com Jesus Cristo e o Seu Amor.
MATTANÓ
(04/02/2022)
Mattanó aponta que esse inconsciente telepático de conhecimento e mundo virtual de lavagem cerebral, extorsão, vingança, estupro virtual e despersonalização é expressão fiel do mundo animal selvagem, pois exprime a luta pela sobrevivência de sua espécie em interação com as outras espécies e a sua própria, sua luta pela sobrevivência, de sua cultura, de sua espiritualidade, e de sua vida, somos, pois, tão mais animais e selvagens quando mais evoluídos ou do que antes, mesmo com este novo comportamento telepático que induz a pensar numa superioridade mental ou existencial. Deus é o animal mais evoluído, está acima dos selvagens e dos espirituais, Ele é divino!
MATTANÓ
(05/02/2022)
MENSAGEM DA RAINHA DO AMOR SOBRE O AMOR E O SANTO TERÇO PARA O VIDENTE OSNY MATTANÓ JÚNIOR (O AMOR) EM 05 DE FEVEREIRO DE 2022 EM LONDRINA:
¨Ame sempre¨.
Osny Mattanó Júnior
Londrina, 07 de fevereiro de 2022.
MENSAGEM DA RAINHA DO AMOR SOBRE O AMOR E O SANTO TERÇO PARA O VIDENTE OSNY MATTANÓ JÚNIOR (O AMOR) EM 06 DE FEVEREIRO DE 2022 EM LONDRINA:
¨O Amor supera tudo¨.
Osny Mattanó Júnior
Londrina, 07 de fevereiro de 2022.
Mattanó aponta que o Homo Sapiens não é perfeito, pois não existem animais perfeitos! Que animal é perfeito na Criação, desde os dinossauros, desde antes de Adão e Eva?
MATTANÓ
(07/02/2022)
MENSAGEM DA RAINHA DO AMOR SOBRE O AMOR E O SANTO TERÇO PARA O VIDENTE OSNY MATTANÓ JÚNIOR (O AMOR) EM 05 DE FEVEREIRO DE 2022 EM LONDRINA:
¨Ame sempre¨.
Osny Mattanó Júnior
Londrina, 07 de fevereiro de 2022.
MENSAGEM DA RAINHA DO AMOR SOBRE O AMOR E O SANTO TERÇO PARA O VIDENTE OSNY MATTANÓ JÚNIOR (O AMOR) EM 07 DE FEVEREIRO DE 2022 EM LONDRINA:
¨Você deve Amar sempre¨.
Osny Mattanó Júnior
Londrina, 07 de fevereiro de 2022.
MENSAGEM DA RAINHA DO AMOR SOBRE O AMOR E A ORAÇÃO DAS DEZ CORDAS (2022):
Às 7h45 de 07 de fevereiro de 2022 recebi a mensagem de que estas mensagens a respeito de um novo Terço Mariano para o Amor não são para isso, mas para a Oração das Dez Cordas.
As Dez Cordas amarraram e prenderam o Amor de Deus em sua Paixão e Morte de Cruz até a sua Ressurreição.
As Dez Cordas fazem parte da Trajetória da Vida do Amor de Deus, desde a sua concepção no útero com o cordão umbilical e os problemas da gestação e os eventuais problemas e sofrimentos com teratógenos, até sua morte preso a Cruz Invisível por Cordas que o levam a Morte num Hospício doente e criminoso, julgado e influenciado por criminosos da Saúde, por um longo período de sofrimento.
Osny Mattanó Júnior
Londrina, 07 de fevereiro de 2022.
Mattanó relata que de seus olhos saem raios luminosos que provavelmente emitem energia e calor, pois reenergizam baterias de energia de phones de ouvido mp3 e pilhas convencionais são reenergizadas com o toque de seus dedos, elaborando a teoria de que Mattanó emite energia de seus olhos e dedos, capaz de reenergizar pilhas e baterias de dispositivos, isto só seria possível seu o corpo humano sediasse alguma carga elétrica como a dos SNC (Sistema Nervoso Central) e do coração, isto, pois desencadeia processos de condução nervosa que causam dor no SNP (Sistema Nervoso Periférico) e inchaço de estruturas nervosas, como as das solas dos pés que assim causam dor. O SNC funciona por despolarização e repolarização dos neurônios que conduzem a energia elétrica e a informação que é basicamente energia elétrica, ou seja, o conhecimento é energia elétrica, o mundo subjetivo é energia elétrica, o mundo virtual é energia elétrica, e essa energia elétrica pode ser emitida através dos olhos e dos dedos para instrumentos como pilhas e baterias, como equipamentos de mass mídias, especulo!
MATTANÓ
(07/02/2022)
O brincar da criança é determinado por desejos: de fato, por um único desejo - que auxilia o seu desenvolvimento -, o desejo de ser grande e adulto. A criança está sempre brincando ‘de adulto’, imitando em seus jogos aquilo que conhece da vida dos mais velhos. Ela não tem motivos para ocultar esse desejo. Já com o adulto o caso é diferente. Por um lado, sabe que dele se espera que não continue a brincar ou a fantasiar, mas que atue no mundo real; por outro lado, alguns dos desejos que provocaram suas fantasias são de tal gênero que é essencial ocultá-las. Assim, o adulto envergonha-se de suas fantasias por serem infantis e proibidas.
Mas, indagarão os senhores, se as pessoas fazem tanto mistério a respeito do seu fantasiar, como os conhecemos tão bem? É que existe uma classe de seres humanos a quem, não um deus, mas uma deusa severa - a Necessidade - delegou a tarefa de revelar aquilo de que sofrem e aquilo que lhes dá felicidade. São as vítimas de doenças nervosas, obrigadas a revelar suas fantasias, entre outras coisas, ao médico por quem esperam ser curadas através de tratamento mental. É esta a nossa melhor fonte de conhecimento, e desde então sentimo-nos justificados em supor que os nossos pacientes nada nos revelam que não possamos também ouvir de pessoas saudáveis.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que o brincar é determinado por desejos, por um único desejo, que auxilia no desenvolvimento da criança, o desejo de ser grande e adulto. A criança está sempre brincando de adulto, imitando em seus jogos aquilo que conhece da vida dos mais velhos. Ela não tem motivos para ocultar esse desejo. Já com o adulto o caso é diferente. Por um lado, sabe que dele se espera que não continue a brincar ou a fantasiar, mas que atue no mundo real; por outro lado, alguns dos desejos que provocaram suas fantasias são de tal gênero que é essencial ocultá-las. Assim, o adulto envergonha-se de suas fantasias por serem infantis e proibidas.
Contudo Freud explica que as vítimas de doenças mentais revelam suas fantasias, entre outras coisas, para o psicanalista por quem esperam ser curadas através de tratamento mental, mas podemos ouvir também as pessoas saudáveis.
Mattanó aponta que o brincar é determinado por desejos, por um único desejo, que auxilia no desenvolvimento da criança, o desejo de ser grande e adulto. A criança está sempre brincando de adulto, imitando em seus jogos aquilo que conhece da vida dos mais velhos. Ela não tem motivos para ocultar esse desejo. Já com o adulto o caso é diferente. Por um lado, sabe que dele se espera que não continue a brincar ou a fantasiar, mas que atue no mundo real; por outro lado, alguns dos desejos que provocaram suas fantasias são de tal gênero que é essencial ocultá-las. Assim, o adulto envergonha-se de suas fantasias por serem infantis e proibidas. Este comportamento das crianças e dos adultos pode ser explicado pelo simples fato das crianças não possuírem malícia e os adultos a possuírem, tornando seu comportamento infantil, ingênuo e proibido através dos seus significados e sentidos, conceitos, contextos, comportamentos, funcionalidades, simbologias, topografias, linguagens, gestalts e insights, relações sociais, desejos, sonhos, conteúdos manifestos e conteúdos latentes, vida anímica, chistes, lapsos de linguagem, atos falhos, esquecimentos, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, piadas e humor, caricaturas e charges, espiritualidade, arquétipos, inconsciente, consciência, homeostase, fertilidade, ciclos circadianos, imunidade, genótipo e fenótipo, evolução e involução, história de vida, conclusões e interpretações.
Contudo Freud explica que as vítimas de doenças mentais revelam suas fantasias, entre outras coisas, para o psicanalista por quem esperam ser curadas através de tratamento mental, mas podemos ouvir também as pessoas saudáveis.
MATTANÓ
(12/02/2022)
Vamos agora examinar algumas características do fantasiar. Podemos partir da tese de que a pessoa feliz nunca fantasia, somente a insatisfeita. As forças motivadoras das fantasias são os desejos insatisfeitos, e toda fantasia é a realização de um desejo, uma correção da realidade insatisfatória. Os desejos motivadores variam de acordo com o sexo, o caráter e as circunstâncias da pessoa que fantasia, dividindo-se naturalmente em dois grupos principais: ou são desejos ambiciosos, que se destinam a elevar a personalidade do sujeito, ou são desejos eróticos. Nas mulheres jovens predominam, quase com exclusividade, os desejos eróticos, sendo em geral sua ambição absorvida pelas tendências eróticas. Nos homens jovens os desejos egoístas e ambiciosos ocupam o primeiro plano, de forma bem clara, ao lado dos desejos eróticos. Mas não acentuaremos a oposição entre essas duas tendências, preferindo salientar o fato de que estão freqüentemente unidas. Assim como em muitos retábulos em que é visível num canto qualquer o retrato do doador, na maioria das fantasias de ambição podemos descobrir em algum canto a dama a que seu criador dedicou todos aqueles feitos heróicos e a cujos pés deposita seus triunfos. Veremos que aqui existem motivos bem fortes para ocultamento; à jovem bem educada só é
permitido um mínimo de desejos eróticos, e o rapaz tem de aprender a suprimir o excesso de auto-estima remanescente de sua infância mimada, para que possa encontrar seu lugar numa sociedade repleta de outros indivíduos com idênticas reivindicações.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que a pessoa feliz nunca fantasia, somente a insatisfeita. As forças motivadoras das fantasias são os desejos insatisfeitos, e toda fantasia é a realização de um desejo, uma correção da realidade insatisfatória. Os desejos motivadores variam de acordo com o sexo, o caráter e as circunstâncias da pessoa que fantasia, dividindo-se naturalmente em dois grupos principais: ou são desejos ambiciosos, que se destinam a elevar a personalidade do sujeito, ou são desejos eróticos. Nas mulheres jovens predominam, quase com exclusividade, os desejos eróticos, sendo em geral sua ambição absorvida pelas tendências eróticas. Nos homens jovens os desejos egoístas e ambiciosos ocupam o primeiro plano, de forma bem clara, ao lado dos desejos eróticos. Mas não acentuaremos a oposição entre essas duas tendências, preferindo salientar o fato de que estão freqüentemente unidas.
Mattanó aponta que a pessoa feliz nunca fantasia, somente a insatisfeita. As forças motivadoras das fantasias são os desejos insatisfeitos, e toda fantasia é a realização de um desejo, uma correção da realidade insatisfatória. Os desejos motivadores variam de acordo com o sexo, o caráter e as circunstâncias da pessoa que fantasia, dividindo-se naturalmente em dois grupos principais: ou são desejos ambiciosos, que se destinam a elevar a personalidade do sujeito, ou são desejos eróticos. Nas mulheres jovens predominam, quase com exclusividade, os desejos eróticos, sendo em geral sua ambição absorvida pelas tendências eróticas. Nos homens jovens os desejos egoístas e ambiciosos ocupam o primeiro plano, de forma bem clara, ao lado dos desejos eróticos. Mas não acentuaremos a oposição entre essas duas tendências, preferindo salientar o fato de que estão freqüentemente unidas. Os desejos de uma fantasia decorrem do contexto ao qual ela é formada e desencadeada com seus significados e sentidos, metáforas e metonímias, que controlam o comportamento do homem ou da mulher através do seguimento de regras, por meio de uma literalidade, controle e razões que predominam quando as contingências predominantes são fantasiosas, nas mulheres jovens predominantemente desejos eróticos, e nos homens jovens predominantemente desejos egoístas e ambiciosos, ao lado de desejos eróticos que controlam a organização e a reorganização, entropia e neguentropia, dos significados e sentidos, conceitos, contextos, comportamentos, funcionalidades, simbologias, topografias, linguagens, gestalts e insights, relações sociais, desejos, sonhos, conteúdos manifestos e conteúdos latentes, vida anímica, chistes, fantasias, lapsos de linguagem, atos falhos, esquecimentos, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, piadas e humor, caricaturas e charges, espiritualidade, arquétipos, inconsciente, consciência, homeostase, fertilidade, ciclos circadianos, imunidade, genótipo e fenótipo, evolução e involução, história de vida, conclusões e interpretações.
MATTANÓ
(12/02/2022)
Não devemos supor que os produtos dessa atividade imaginativa - as diversas fantasias, castelos no ar e devaneios - sejam estereotipados ou inalteráveis. Ao contrário, adaptam-se às impressões mutáveis que o sujeito tem da vida, alterando-se a cada mudança de sua situação e recebendo de cada nova impressão ativa uma espécie de ‘carimbo de data de fabricação.’ A relação entre a fantasia e o tempo é, em geral, muito importante. É como se ela flutuasse entre três tempos - os três momentos abrangidos pela nossa ideação. O trabalho mental vincula-se a uma impressão atual, a alguma ocasião motivadora no presente que foi capaz de despertar um dos desejos principais do sujeito. Dali, retrocede à lembrança de uma experiência anterior (geralmente da infância) na qual esse desejo foi realizado, criando uma situação referente ao futuro que representa a realização do desejo. O que se cria então é um devaneio ou fantasia, que encerra traços de sua origem a partir da ocasião que o provocou e a partir da lembrança. Dessa forma o passado, o presente e o futuro são entrelaçados pelo fio do desejo que os une.
Um exemplo bastante comum pode servir para tornar claro o que eu disse. Tomemos o caso de um pobre órfão que se dirige a uma firma onde talvez encontre trabalho. A caminho, permite-se um devaneio adequado à situação da qual este surge. O conteúdo de sua fantasia talvez seja, mais ou menos, o que se segue. Ele consegue o emprego, conquista as boas graças do novo patrão, torna-se indispensável, é recebido pela família do patrão, casa-se com sua encantadora filha, é promovido a diretor da firma, primeiro na posição de sócio do seu chefe, e depois como seu sucessor. Nessa fantasia, o sonhador reconquista o que possui em sua feliz infância: o lar protetor, os pais amantíssimos e os primeiros objetos do seu afeto. Esse exemplo mostra como o desejo utiliza uma ocasião do presente para construir, segundo moldes do passado, um quadro do futuro.
Há muito mais a dizer sobre as fantasias, mas limitar-me-ei a salientar aqui, de forma sucinta, mais alguns aspectos. Quando as fantasias se tornam exageradamente profusas e poderosas, estão assentes as condições para o desencadeamento da neurose ou da psicose. As fantasias também são precursoras mentais imediatas dos penosos sintomas que afligem nossos pacientes, abrindo-se aqui um amplo desvio que conduz à patologia.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que não devemos supor que os produtos dessa atividade imaginativa - as diversas fantasias, castelos no ar e devaneios - sejam estereotipados ou inalteráveis. Ao contrário, adaptam-se às impressões mutáveis que o sujeito tem da vida, alterando-se a cada mudança de sua situação e recebendo de cada nova impressão ativa uma espécie de ‘carimbo de data de fabricação.’ Dessa forma o passado, o presente e o futuro são entrelaçados pelo fio do desejo que os une.
Um exemplo bastante comum pode servir para tornar claro o que eu disse. Tomemos o caso de um pobre órfão que se dirige a uma firma onde talvez encontre trabalho. A caminho, permite-se um devaneio adequado à situação da qual este surge. O conteúdo de sua fantasia talvez seja, mais ou menos, o que se segue. Ele consegue o emprego, conquista as boas graças do novo patrão, torna-se indispensável, é recebido pela família do patrão, casa-se com sua encantadora filha, é promovido a diretor da firma, primeiro na posição de sócio do seu chefe, e depois como seu sucessor. Nessa fantasia, o sonhador reconquista o que possui em sua feliz infância: o lar protetor, os pais amantíssimos e os primeiros objetos do seu afeto. Esse exemplo mostra como o desejo utiliza uma ocasião do presente para construir, segundo moldes do passado, um quadro do futuro.
Quando as fantasias se tornam exageradamente profusas e poderosas, estão assentes as condições para o desencadeamento da neurose ou da psicose.
Mattanó aponta que não devemos supor que os produtos dessa atividade imaginativa - as diversas fantasias, castelos no ar e devaneios - sejam estereotipados ou inalteráveis. Ao contrário, adaptam-se às impressões mutáveis que o sujeito tem da vida, alterando-se a cada mudança de sua situação e recebendo de cada nova impressão ativa uma espécie de ‘carimbo de data de fabricação.’ Dessa forma o passado, o presente e o futuro são entrelaçados pelo fio do desejo que os une. Ou seja, o contexto, participa da formação e elaboração das fantasias, dos seus significados e sentidos, dos seus conceitos, da sua funcionalidade, comportamento, topografia, Gestalt e insight, linguagem, interpretação.
Um exemplo bastante comum pode servir para tornar claro o que eu disse. Tomemos o caso de um pobre órfão que se dirige a uma firma onde talvez encontre trabalho. A caminho, permite-se um devaneio adequado à situação da qual este surge. O conteúdo de sua fantasia talvez seja, mais ou menos, o que se segue. Ele consegue o emprego, conquista as boas graças do novo patrão, torna-se indispensável, é recebido pela família do patrão, casa-se com sua encantadora filha, é promovido a diretor da firma, primeiro na posição de sócio do seu chefe, e depois como seu sucessor. Nessa fantasia, o sonhador reconquista o que possui em sua feliz infância: o lar protetor, os pais amantíssimos e os primeiros objetos do seu afeto. Esse exemplo mostra como o desejo utiliza uma ocasião do presente para construir, segundo moldes do passado, um quadro do futuro.
Quando as fantasias se tornam exageradamente profusas e poderosas, estão assentes as condições para o desencadeamento da neurose ou da psicose, pois podem controlar o comportamento através do seguimento de suas regras por meio da literalidade, razões e/ou controle. O que podemos sugerir seria a Teoria da Abundância de Mattanó para lidar com as fantasias, assim o paciente não seria mais controlado pelas suas fantasias, mais pela sua consciência, que é atenção e intenção, eternidade e tempo, não mais sendo controlado pela literalidade, razões ou controle, pelos significados e sentidos, conceitos, contextos, comportamentos, funcionalidades, simbologias, topografias, linguagens, gestalts e insights, relações sociais, desejos, sonhos, conteúdos manifestos e conteúdos latentes, vida anímica, chistes, fantasias, lapsos de linguagem, atos falhos, esquecimentos, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, piadas e humor, caricaturas e charges, espiritualidade, arquétipos, inconsciente, homeostase, fertilidade, ciclos circadianos, imunidade, genótipo e fenótipo, evolução e involução, história de vida, conclusões e interpretações, mas pela sua consciência que age como uma Hóstia Viva ou uma célula viva que age milagrosamente e transforma tudo pela atenção e intenção, eternidade e tempo, promovendo liberdade para viver e ensinar a viver, para que haja uma homeostase, sinônimo de consciência, de equilíbrio cognitivo, moral, sexual e social. Assim as fantasias não controlam mais o comportamento do paciente e nem promoverão neuroses e psicoses, segundo Mattanó.
MATTANÓ
(12/02/2022)
Não posso ignorar a relação entre as fantasias e os sonhos. Nossos sonhos noturnos nada mais são do que fantasias dessa espécie, como podemos demonstrar pela interpretação de sonhos. A linguagem, com sua inigualável sabedoria, há muito lançou luz sobre a natureza básica dos sonhos, denominando de ‘devaneios’ as etéreas criações da fantasia. Se, apesar desse indício, geralmente permanece obscuro o significado de nossos sonhos, isto é por causa da circunstância de que à noite também surgem em nós desejos de que nos envergonhamos; têm de ser ocultos de nós mesmos, e foram conseqüentemente reprimidos, empurrados para o inconsciente. Tais desejos reprimidos e seus derivados só podem ser expressos de forma muito
distorcida. Depois que trabalhos científicos conseguiram elucidar o fator de distorção onírica, foi fácil constatar que os sonhos noturnos são realização de desejos, da mesma forma que os devaneios - as fantasias que todos conhecemos tão bem.
Deixemos agora as fantasias e passemos ao escritor criativo. Acaso é realmente válido comparar o escritor imaginativo ao ‘sonhador em plena luz do dia’, e suas criações com os devaneios? Inicialmente devemos estabelecer uma distinção, separando os escritores que, como os antigos poetas egípcios e trágicos, utilizam temas preexistentes, daqueles que parecem criar o próprio material. Vamos examinar esses últimos, e, para os nossos fins, não escolheremos os mais aplaudidos pelos críticos, mas os menos pretensiosos autores de novelas, romances e contos, que gozam, entretanto, da estima de um amplo círculo de leitores entusiastas de ambos os sexos. Nas criações desses escritores um aspecto salienta-se de forma irrefutável: todas possuem um herói, centro do interesse, para quem o autor procura de todas as maneiras possíveis dirigir a nossa simpatia, e que parece estar sob a proteção de uma Providência especial. Se ao fim de um capítulo deixamos o herói ferido, inconsciente e esvaindo-se em sangue, com certeza o encontraremos no próximo cuidadosamente assistido e próximo da recuperação. Se o primeiro volume termina com o naufrágio do herói, no segundo logo o veremos milagrosamente salvo, sem o que a história não poderia prosseguir. O sentimento de segurança com que acompanhamos o herói através de suas perigosas aventuras é o mesmo com que o herói da vida real atira-se à água para salvar um homem que se afoga, ou se expõe à artilharia inimiga para investir contra uma bateria. Este é o genuíno sentimento heróico, expresso por um dos nossos melhores escritores numa frase inimitável. ‘Nada me pode acontecer’! Parece-me que através desse sinal revelador de invulnerabilidade, podemos reconhecer de imediato Sua Majestade o Ego, o herói de todo devaneio e de todas as histórias.
Outros traços típicos dessas histórias egocêntricas revelam idêntica afinidade. O fato de que todas as personagens femininas se apaixonam invariavelmente pelo herói não pode ser encarado como um retrato da realidade, mas será de fácil compreensão se o encararmos como um componente necessário do devaneio. O mesmo aplica-se ao fato de todos os demais personagens da história dividirem-se rigidamente em bons e maus, em flagrante oposição à verdade de caracteres humanos observáveis na vida real. Os ‘bons’ são aliados do ego que se tornou o herói da história, e os ‘maus’ são seus inimigos e rivais.
Sabemos que muitas obras imaginativas guardam boa distância do modelo do devaneio ingênuo, mas não posso deixar de suspeitar que até mesmo os exemplos mais afastados daquele modelo podem ser ligados ao mesmo através de uma seqüência ininterrupta de casos transicionais. Notei que, na maioria dos chamados ‘romances psicológicos’, só uma pessoa - o herói - é descrita anteriormente, como se o autor se colocasse em sua mente e observasse as outras personagens de fora. O romance psicológico, sem dúvida, deve sua singularidade à inclinação do escritor moderno de dividir seu ego, pela auto-observação, em muitos egos parciais, e em conseqüência personificar as correntes conflitantes de sua própria vida mental por vários
heróis. Certos romances, que poderíamos classificar de ‘excêntricos’, parecem contrapor-se ao devaneio modelo. Nestes, a pessoa apresentada como herói desempenha um papel muito pouco ativo; vê os atos e sofrimentos das demais pessoas como espectador. Muitos dos últimos romances de Zola pertencem a essa categoria. Mas devo assinalar que a análise psicológica de indivíduos que não são escritores criativos, e que em alguns aspectos se afastam da norma, mostrou-nos variações análogas do devaneio, nos quais o ego se contenta com o papel de espectador.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica a relação entre as fantasias e os sonhos. Nossos sonhos noturnos nada mais são do que fantasias dessa espécie, como podemos demonstrar pela interpretação de sonhos. A linguagem, com sua inigualável sabedoria, há muito lançou luz sobre a natureza básica dos sonhos, denominando de ‘devaneios’ as etéreas criações da fantasia. Se, apesar desse indício, geralmente permanece obscuro o significado de nossos sonhos, isto é por causa da circunstância de que à noite também surgem em nós desejos de que nos envergonhamos; têm de ser ocultos de nós mesmos, e foram conseqüentemente reprimidos, empurrados para o inconsciente. Tais desejos reprimidos e seus derivados só podem ser expressos de forma muito distorcida. Depois que trabalhos científicos conseguiram elucidar o fator de distorção onírica, foi fácil constatar que os sonhos noturnos são realização de desejos, da mesma forma que os devaneios - as fantasias que todos conhecemos tão bem.
Deixemos agora as fantasias e passemos ao escritor criativo. Acaso é realmente válido comparar o escritor imaginativo ao ‘sonhador em plena luz do dia’, e suas criações com os devaneios? Inicialmente devemos estabelecer uma distinção, separando os escritores que, como os antigos poetas egípcios e trágicos, utilizam temas preexistentes, daqueles que parecem criar o próprio material. Vamos examinar esses últimos, e, para os nossos fins, não escolheremos os mais aplaudidos pelos críticos, mas os menos pretensiosos autores de novelas, romances e contos, que gozam, entretanto, da estima de um amplo círculo de leitores entusiastas de ambos os sexos. Nas criações desses escritores um aspecto salienta-se de forma irrefutável: todas possuem um herói, centro do interesse, para quem o autor procura de todas as maneiras possíveis dirigir a nossa simpatia, e que parece estar sob a proteção de uma Providência especial. Se ao fim de um capítulo deixamos o herói ferido, inconsciente e esvaindo-se em sangue, com certeza o encontraremos no próximo cuidadosamente assistido e próximo da recuperação. Se o primeiro volume termina com o naufrágio do herói, no segundo logo o veremos milagrosamente salvo, sem o que a história não poderia prosseguir. O sentimento de segurança com que acompanhamos o herói através de suas perigosas aventuras é o mesmo com que o herói da vida real atira-se à água para salvar um homem que se afoga, ou se expõe à artilharia inimiga para investir contra uma bateria. Este é o genuíno sentimento heróico, expresso por um dos nossos melhores escritores numa frase inimitável. ‘Nada me pode acontecer’! Parece-me que através desse sinal revelador de invulnerabilidade, podemos reconhecer de imediato Sua Majestade o Ego, o herói de todo devaneio e de todas as histórias.
Outros traços típicos dessas histórias egocêntricas revelam idêntica afinidade. O fato de que todas as personagens femininas se apaixonam invariavelmente pelo herói não pode ser encarado como um retrato da realidade, mas será de fácil compreensão se o encararmos como um componente necessário do devaneio. O mesmo aplica-se ao fato de todos os demais personagens da história dividirem-se rigidamente em bons e maus, em flagrante oposição à verdade de caracteres humanos observáveis na vida real. Os ‘bons’ são aliados do ego que se tornou o herói da história, e os ‘maus’ são seus inimigos e rivais.
Notei que, na maioria dos chamados ‘romances psicológicos’, só uma pessoa - o herói - é descrita anteriormente, como se o autor se colocasse em sua mente e observasse as outras personagens de fora. O romance psicológico, sem dúvida, deve sua singularidade à inclinação do escritor moderno de dividir seu ego, pela auto-observação, em muitos egos parciais, e em conseqüência personificar as correntes conflitantes de sua própria vida mental por vários
heróis.
Mattanó aponta a relação entre as fantasias e os sonhos. Nossos sonhos noturnos nada mais são do que fantasias dessa espécie, como podemos demonstrar pela interpretação de sonhos. A linguagem, com sua inigualável sabedoria, há muito lançou luz sobre a natureza básica dos sonhos, denominando de ‘devaneios’ as etéreas criações da fantasia. Se, apesar desse indício, geralmente permanece obscuro o significado de nossos sonhos, isto é por causa da circunstância de que à noite também surgem em nós desejos de que nos envergonhamos; têm de ser ocultos de nós mesmos, e foram conseqüentemente reprimidos, empurrados para o inconsciente. Tais desejos reprimidos e seus derivados só podem ser expressos de forma muito distorcida. Depois que trabalhos científicos conseguiram elucidar o fator de distorção onírica, foi fácil constatar que os sonhos noturnos são realização de desejos, da mesma forma que os devaneios - as fantasias que todos conhecemos tão bem. Contudo os sonhos e os desejos das crianças não possuem malícia e mesmo assim são ocultos no inconsciente por conterem conteúdos com significado e sentido insuportável a sua consciência, e os sonhos e desejos dos adultos já possuem a malícia e continuam o processo de se ocultarem no inconsciente com seus significados e sentidos que se tornam insuportáveis a sua consciência, fenômenos que nos revelam não ser a malícia e nem a sexualidade maliciosa a causadora dos processos inconscientes, pois as crianças não tem este comportamento até a sua puberdade.
Deixemos agora as fantasias e passemos ao escritor criativo. Acaso é realmente válido comparar o escritor imaginativo ao ‘sonhador em plena luz do dia’, e suas criações com os devaneios? Inicialmente devemos estabelecer uma distinção, separando os escritores que, como os antigos poetas egípcios e trágicos, utilizam temas preexistentes, daqueles que parecem criar o próprio material. Vamos examinar esses últimos, e, para os nossos fins, não escolheremos os mais aplaudidos pelos críticos, mas os menos pretensiosos autores de novelas, romances e contos, que gozam, entretanto, da estima de um amplo círculo de leitores entusiastas de ambos os sexos. Nas criações desses escritores um aspecto salienta-se de forma irrefutável: todas possuem um herói, centro do interesse, para quem o autor procura de todas as maneiras possíveis dirigir a nossa simpatia, e que parece estar sob a proteção de uma Providência especial. Se ao fim de um capítulo deixamos o herói ferido, inconsciente e esvaindo-se em sangue, com certeza o encontraremos no próximo cuidadosamente assistido e próximo da recuperação. Se o primeiro volume termina com o naufrágio do herói, no segundo logo o veremos milagrosamente salvo, sem o que a história não poderia prosseguir. O sentimento de segurança com que acompanhamos o herói através de suas perigosas aventuras é o mesmo com que o herói da vida real atira-se à água para salvar um homem que se afoga, ou se expõe à artilharia inimiga para investir contra uma bateria. Este é o genuíno sentimento heróico, expresso por um dos nossos melhores escritores numa frase inimitável. ‘Nada me pode acontecer’! Parece-me que através desse sinal revelador de invulnerabilidade, podemos reconhecer de imediato Sua Majestade o Ego, o herói de todo devaneio e de todas as histórias. É o Ego o herói da Trajetória dos Heróis das Novas Teorias e Epistemologias de Osny Mattanó Júnior.
Outros traços típicos dessas histórias egocêntricas revelam idêntica afinidade. O fato de que todas as personagens femininas se apaixonam invariavelmente pelo herói não pode ser encarado como um retrato da realidade, mas será de fácil compreensão se o encararmos como um componente necessário do devaneio. O mesmo aplica-se ao fato de todos os demais personagens da história dividirem-se rigidamente em bons e maus, em flagrante oposição à verdade de caracteres humanos observáveis na vida real. Os ‘bons’ são aliados do ego que se tornou o herói da história, e os ‘maus’ são seus inimigos e rivais. Em Osny Mattanó Júnior os ¨bons¨ são os Heróis e os ¨maus¨ são os Monstros, incluindo como ¨rivais¨ os Escravos.
Notei que, na maioria dos chamados ‘romances psicológicos’, só uma pessoa - o herói - é descrita anteriormente, como se o autor se colocasse em sua mente e observasse as outras personagens de fora. O romance psicológico, sem dúvida, deve sua singularidade à inclinação do escritor moderno de dividir seu ego, pela auto-observação, em muitos egos parciais, e em conseqüência personificar as correntes conflitantes de sua própria vida mental por vários heróis. Osny Mattanó Júnior trata a vida e a sua análise e interpretação como a um ¨romance psicológico¨, onde existem Heróis, Monstros e Escravos.
MATTANÓ
(12/02/2022)
Para que nossa comparação do escritor imaginativo com o homem que devaneia e da criação poética com o devaneio tenha algum valor é necessário, acima de tudo, que se revele frutuosa, de uma forma ou de outra. Tentemos, por exemplo, aplicar à obra desses autores a nossa tese anterior referente à relação entre a fantasia e os três períodos de tempo, e o desejo que o entrelaça; e com seu auxílio estudemos as conexões existentes entre a vida do escritor e suas obras. Em geral, até agora não se formou uma idéia concreta da natureza dos resultados dessa investigação, e com freqüência fez-se da mesma uma concepção simplista. À luz da compreensão interna (insight) de tais fantasias, podemos encarar a situação como se segue. Uma poderosa experiência no presente desperta no escritor criativo uma lembrança de uma experiência anterior (geralmente de sua infância), da qual se origina então um desejo que encontra realização na obra criativa. A própria obra revela elementos da ocasião motivadora do presente e da lembrança antiga.
Não se alarmem ante a complexidade dessa fórmula. Na verdade suspeito que a mesma irá revelar-se como um esquema muito insuficiente. Entretanto, mesmo assim talvez ofereça uma primeira aproximação do verdadeiro estado de coisas; por experiências que realizei, inclino-me a pensar que essa visão das obras criativas pode produzir seus frutos. Não se esqueçam que a ênfase colocada nas lembranças infantis da vida do escritor - ênfase talvez desconcertante - deriva-se basicamente da suposição de que a obra literária, como o devaneio, é uma continuação, ou um substituto, do que foi o brincar infantil.
Não devemos esquecer, entretanto, de examinar aquele outro gênero de obras imaginativas, que não são uma criação original do autor, mas uma reformulação de material preexistente e conhecido (ver em [1]). Mesmo nessas obras o escritor conserva uma certa independência que se manifesta na escolha do material e nas alterações do mesmo, às vezes muito amplas. Embora esse material não seja novo, procede do tesouro popular dos mitos, lendas e contos de fadas. Ainda está incompleto o estudo de tais construções da psicologia dos povos, mas é muito provável que os mitos, por exemplo, sejam vestígios distorcidos de fantasias plenas de desejos de nações inteiras, os sonhos seculares da humanidade jovem.
Poderão dizer que, embora eu tenha colocado o escritor criativo em primeiro lugar no título deste artigo, me ocupei menos dele que das fantasias. Reconheço o fato, e devo tentar desculpar-me alegando o estado atual de nossos conhecimentos. Pude apenas oferecer certos encorajamentos e sugestões que, partindo do estudo das fantasias, levaram ao problema da
escolha do material literário pelo escritor. Quanto ao outro problema - como o escritor criativo consegue em nós os efeitos emocionais provocados por suas criações -, ainda não o tocamos. Mas gostaria, ao menos, de indicar-lhes o caminho que do nosso exame das fantasias conduz aos problemas dos efeitos poéticos.
Devem estar lembrados de que eu disse (ver a partir de [1]) que o indivíduo que devaneia oculta cuidadosamente suas fantasias dos demais, porque sente ter razões para se envergonhar das mesmas. Devo acrescentar agora que, mesmo que ele as comunicasse para nós, o relato não nos causaria prazer. Sentiríamos repulsa, ou permaneceríamos indiferentes ao tomar conhecimento de tais fantasias. Mas quando um escritor criativo nos apresenta suas peças, ou nos relata o que julgamos ser seus próprios devaneios, sentimos um grande prazer, provavelmente originário da confluência de muitas fontes. Como o escritor o consegue constitui seu segredo mais íntimo. A verdadeira ars poetica está na técnica de superar esse nosso sentimento de repulsa, sem dúvida ligado às barreiras que separam cada ego dos demais. Podemos perceber dois dos métodos empregados por essa técnica. O escritor suaviza o caráter de seus devaneios egoístas por meio de alterações e disfarces, e nos suborna com o prazer puramente formal, isto é, estético, que nos oferece na apresentação de suas fantasias. Denominamos de prêmio de estímulo ou de prazer preliminar ao prazer desse gênero, que nos é oferecido para possibilitar a liberação de um prazer ainda maior, proveniente de fontes psíquicas mais profundas. Em minha opinião, todo prazer estético que o escritor criativo nos proporciona é da mesma natureza desse prazer preliminar, e a verdadeira satisfação que usufruímos de uma obra literária procede de uma libertação de tensões em nossas mentes. Talvez até grande parte desse efeito seja devida à possibilidade que o escritor nos oferece de, dali em diante, nos deleitarmos com nossos próprios devaneios, sem auto-acusações ou vergonha. Isso nos leva ao limiar de novas e complexas investigações, mas também, pelo menos no momento, ao fim deste exame.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que a obra literária, como o devaneio, é uma continuação, ou um substituto, do que foi o brincar infantil. Não devemos esquecer, entretanto, de examinar aquele outro gênero de obras imaginativas, que não são uma criação original do autor, mas uma reformulação de material preexistente e conhecido (ver em [1]). o indivíduo que devaneia oculta cuidadosamente suas fantasias dos demais, porque sente ter razões para se envergonhar das mesmas. Mas quando um escritor criativo nos apresenta suas peças, ou nos relata o que julgamos ser seus próprios devaneios, sentimos um grande prazer, provavelmente originário da confluência de muitas fontes. Como o escritor o consegue constitui seu segredo mais íntimo. A verdadeira ars poetica está na técnica de superar esse nosso sentimento de repulsa, sem dúvida ligado às barreiras que separam cada ego dos demais. Podemos perceber dois dos métodos empregados por essa técnica. O escritor suaviza o caráter de seus devaneios egoístas por meio de alterações e disfarces, e nos suborna com o prazer puramente formal, isto é, estético, que nos oferece na apresentação de suas fantasias. Denominamos de prêmio de estímulo ou de prazer preliminar ao prazer desse gênero, que nos é oferecido para possibilitar a liberação de um prazer ainda maior, proveniente de fontes psíquicas mais profundas. Em minha opinião, todo prazer estético que o escritor criativo nos proporciona é da mesma natureza desse prazer preliminar, e a verdadeira satisfação que usufruímos de uma obra literária procede de uma libertação de tensões em nossas mentes. Talvez até grande parte desse efeito seja devida à possibilidade que o escritor nos oferece de, dali em diante, nos deleitarmos com nossos próprios devaneios, sem auto-acusações ou vergonha. Isso nos leva ao limiar de novas e complexas investigações, mas também, pelo menos no momento, ao fim deste exame.
Mattanó aponta que a obra literária, como o devaneio, é uma continuação, ou um substituto, do que foi o brincar infantil. Não devemos esquecer, entretanto, de examinar aquele outro gênero de obras imaginativas, que não são uma criação original do autor, mas uma reformulação de material preexistente e conhecido (ver em [1]). Assim como o brincar a obra literária é uma reprodução social transmitida pelo social. O indivíduo que devaneia oculta cuidadosamente suas fantasias dos demais, porque sente ter razões para se envergonhar das mesmas. Mas quando um escritor criativo nos apresenta suas peças, ou nos relata o que julgamos ser seus próprios devaneios, sentimos um grande prazer, provavelmente originário da confluência de muitas fontes. Como o escritor o consegue constitui seu segredo mais íntimo. Isto também ocorre em função das contingências do evento e do contexto, da capacidade de discriminação e generalização do paciente. A verdadeira ars poetica está na técnica de superar esse nosso sentimento de repulsa, sem dúvida ligado às barreiras que separam cada ego dos demais. Podemos perceber dois dos métodos empregados por essa técnica. O escritor suaviza o caráter de seus devaneios egoístas por meio de alterações e disfarces, e nos suborna com o prazer puramente formal, isto é, estético, que nos oferece na apresentação de suas fantasias. Denominamos de prêmio de estímulo ou de prazer preliminar ao prazer desse gênero, que nos é oferecido para possibilitar a liberação de um prazer ainda maior, proveniente de fontes psíquicas mais profundas. Em minha opinião, todo prazer estético que o escritor criativo nos proporciona é da mesma natureza desse prazer preliminar, e a verdadeira satisfação que usufruímos de uma obra literária procede de uma libertação de tensões em nossas mentes, ou seja, de não sermos controlados e desfrutarmos de alguma liberdade, de livre-arbítrio, de movimentarmos a nossa consciência, os nossos significados e sentidos, metáforas e metonímias, conceitos, contextos, funcionalidades, comportamentos, linguagem, simbologias, gestalts e insights, percepção e auto-conhecimento, maneiras de analisar e de interpretar o mundo e a nós mesmos. Talvez até grande parte desse efeito seja devida à possibilidade que o escritor nos oferece de, dali em diante, nos deleitarmos com nossos próprios devaneios, sem auto-acusações ou vergonha. Isso nos leva ao limiar de novas e complexas investigações, mas também, pelo menos no momento, ao fim deste exame.
MATTANÓ
(12/02/2022)
FANTASIAS HISTÉRICAS E SUA RELAÇÃO COM A BISSEXUALIDADE (1908)
NOTA DO EDITOR INGLÊS
HYSTERISCHE PHANTASIEN UND IHRE BEZIEHUNG ZUR BISEXUALITÄT
1908 Z. Sexualwiss., 1 (1) [janeiro], 27-34.
1909 S.K.S.N., 2, 138-145. (1912, 2ª ed.; 1921, 3ª ed.)
1924 G.S., 5, 246-254.
1941 G.W., 7, 191-199.
(b) TRADUÇÕES INGLESAS:
‘Hysterical Fancies and their Relation to Bisexuality’
1909 S.P.H; 194-200. (Trad. de A.A.Brill.) (1912, 2ª ed.; 1920, 3ª ed.)
‘Hysterical Phantasies and their Relation to Bisexuality’
1924 C.P., 2, 51-48. (Trad. de D. Bryan.)
A presente tradução é uma revisão da publicada em 1924.
Este artigo foi escrito originalmente para o Jahrbuch für sexuelle Zwischenstufen de Hirschfeld, sendo transferido para um novo periódico recém-lançado pelo mesmo editor. Em 1897, no decurso de sua auto-análise, Freud percebera pela primeira vez a importância das fantasias
como bases dos sintomas histéricos. Embora fizesse uma comunicação particular de suas descobertas a Fliess (ver, por exemplo, suas cartas de 7 de julho e 21 de setembro de 1897: Freud, 1950a, Cartas 66 e 69), só as publicou integralmente dois anos antes de escrever o presente artigo. (Ver Freud, 1906a), em [1], 1972.) A parte principal deste artigo é um novo exame da relação entre fantasias e sintomas; apesar do título, o tópico da bissexualidade surge quase como uma reflexão secundária. Deve ser assinalado, aliás, que o assunto das fantasias parece ser um tema dominante na mente de Freud na época deste artigo. Elas são novamente abordadas nos artigos sobre ‘As Teorias Sexuais das Crianças’ (ver em [2]), sobre ‘Romances Familiares’ (ver em [3]), sobre ‘Escritores Criativos e Devaneio’ (ver em [4]) e sobre ‘Ataques Histéricos’ (ver em [5]), assim como em muitos trechos do estudo de Gradiva (e.g. em [6]). Grande parte do material do presente artigo naturalmente já fora examinada. Ver, por exemplo, a análise de ‘Dora’ (1905e [1901]), ver a partir de [7], 1972, e os Três Ensaios (1905d), ver a partir de [8].
FANTASIAS HISTÉRICAS E SUA RELAÇÃO COM A BISSEXUALIDADE
Estamos familiarizados com as imaginações delirantes do paranóico acerca da grandeza ou dos sofrimentos do seu próprio eu (self), que aparecem em formas bem típicas e quase monótonas. Conhecemos também, através de numerosos relatos, os estranhos desempenhos pelos quais certos pervertidos encerram sua satisfação sexual, ou em idéia ou na realidade. Entretanto, talvez seja novidade para alguns leitores o fato de que estruturas psíquicas análogas estão presentes regularmente em todas as psiconeuroses, em particular na histeria, e de que podemos demonstrar terem essas estruturas - conhecidas como fantasias histéricas - importantes ligações com a acusação dos sintomas neuróticos.
Todas essas criações de fantasia têm sua fonte comum e seu protótipo normal nos chamados devaneios da juventude. Estes já foram examinados, embora insuficientemente, na literatura do assunto. Ocorrem talvez com igual freqüência em ambos os sexos, sendo invariavelmente de natureza erótica nas jovens e mulheres, enquanto nos homens são tanto ambiciosos como eróticos. Não se deve, entretanto, atribuir uma importância secundária ao fator erótico nos homens; se investigarmos mais de perto os devaneios de um homem, veremos que seus feitos heróicos e seus triunfos só têm por finalidade agradar a uma mulher para que ela o prefira aos outros homens. Essas fantasias são satisfações de desejos originários de privações e anelos. São com justiça denominadas de ‘devaneios’, já que nos dão a chave para uma compreensão dos sonhos noturnos - nos quais o núcleo da formação onírica não consiste em nada mais do que em fantasias diurnas complicadas, que foram distorcidas e que são mal compreendidas pela instância psíquica consciente.
Esses devaneios são catexizados com um vivo interesse; são acalentados carinhosamente pelo sujeito e em geral ocultos com muita sensibilidade. É fácil perceber na rua uma pessoa absorta num devaneio: fala sozinha, sorri subitamente distraída ou apressa o passo no momento em que a situação imaginada atinge o clímax. Todo ataque histérico que até hoje investiguei
revelou a irrupção involuntária de tais devaneios, pois nossas observações não deixam dúvidas que tais fantasias tanto podem ser inconscientes como conscientes. Quando as últimas tornam-se inconscientes, podem tornar-se também patogênicas, isto é, podem expressar-se através de sintomas e ataques. Em circunstâncias favoráveis o sujeito ainda logra apreender uma tal fantasia inconsciente na consciência. Depois que chamei a atenção de uma das minhas pacientes para suas fantasias, ela me contou ter-se surpreendido em lágrimas na rua e, ao refletir no mesmo instante sobre o motivo deste pranto, ter conseguido capturar a fantasia que se segue. Em sua imaginação, ligara-se amorosamente a um conhecido pianista de sua cidade (embora não o conhecesse pessoalmente); em seguida fora abandonada, com o filho que tivera com ele (na verdade não tinha filhos), ficando na miséria. Fora nesse momento de sua fantasia que irrompera em lágrimas.
As fantasias inconscientes podem ter sido sempre inconscientes e formadas no inconsciente; ou, o que acontece com maior freqüência, foram inicialmente fantasias conscientes, devaneios, desde então deliberadamente esquecidas, tornando-se inconscientes através da ‘repressão’. O conteúdo delas pode, posteriormente, ter permanecido o mesmo ou sofrido alterações, de modo que as fantasias inconscientes atuais são derivadas das conscientes. Uma fantasia inconsciente tem uma conexão muito importante com a vida sexual do sujeito, pois é idêntica à fantasia que serviu para lhe dar satisfação sexual durante um período de masturbação. Nesse período, o ato masturbatório (no sentido mais amplo da palavra) compunha-se de duas partes. Uma era a evocação de uma fantasia e a outra um comportamento ativo para, no momento culminante da fantasia, obter autogratificação. Como sabemos, esse composto estava em si simplesmente soldado junto. Originalmente o ato era um processo puramente auto-erótico que visava obter prazer de uma determinada parte do corpo, que pode ser denominada de erógena. Mais tarde, esse ato fundiu-se a uma idéia plena de desejo pertencente à esfera do amor objetal, e serviu como realização parcial da situação em que culminou a fantasia. Quando, posteriormente, o sujeito renuncia a esse tipo de satisfação, composto de masturbação e fantasia, o ato é abandonado, e a fantasia passa de consciente a inconsciente. Se não obtém outro tipo de satisfação sexual, o sujeito permanece abstinente; se não consegue sublimar sua libido - isto é, se não consegue defletir sua excitação sexual para fins mais elevados - estará preenchida a condição para que sua fantasia inconsciente reviva e se desenvolva, começando a atuar, pelo menos no que diz respeito a parte de seu conteúdo, com todo o vigor da sua necessidade de amor, sob a forma de sintoma patológico.
Dessa forma as fantasias inconscientes são os precursores psíquicos imediatos de toda uma série de sintomas histéricos. Estes nada mais são do que fantasias inconscientes exteriorizadas por meio da ‘conversão’; quando os sintomas são somáticos, com freqüência são retirados do círculo das mesmas sensações sexuais e inervações motoras que originalmente acompanhavam as fantasias quando estas ainda eram inconscientes. Assim é anulada a renúncia ao hábito da masturbação e atingido o propósito de todo o processo patológico, que é o
restabelecimento da satisfação sexual primária original - embora nunca, é verdade, de forma completa, mas numa espécie de aproximação.
Quem estudar a histeria, portanto, logo transferirá seu interesse dos sintomas para as fantasias que lhes deram origem. A técnica da psicanálise nos permite em primeiro lugar inferir dos sintomas o que essas fantasias inconscientes são, e então torná-las conscientes para o paciente. Dessa maneira descobriu-se que o conteúdo das fantasias inconscientes do histérico corresponde em sua totalidade às situações nas quais os pervertidos obtêm conscientemente satisfação; e se alguém desejar exemplos de tais situações, basta recordar-se das mundialmente famosas proezas dos imperadores romanos, cujos selvagens excessos eram determinados, naturalmente, pelo enorme e irrestrito poder dos autores das fantasias. Os delírios dos paranóicos são fantasias da mesma natureza, embora se tenham tornado diretamente conscientes. Dependem dos componentes sadomasoquistas do instinto sexual, e também podem encontrar um correspondente completo em certas fantasias inconscientes de sujeitos histéricos. Também conhecemos casos, com sua importância prática, nos quais os histéricos não dão expressão às suas fantasias sob a forma de sintomas, mas como realizações conscientes, e assim tramam e encenam estupros, ataques ou atos de agressão sexual.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que as imaginações delirantes do paranóico acerca da grandeza ou dos sofrimentos do seu próprio eu (self), que aparecem em formas bem típicas e quase monótonas. Conhecemos também, através de numerosos relatos, os estranhos desempenhos pelos quais certos pervertidos encerram sua satisfação sexual, ou em idéia ou na realidade. Entretanto, talvez seja novidade para alguns leitores o fato de que estruturas psíquicas análogas estão presentes regularmente em todas as psiconeuroses, em particular na histeria, e de que podemos demonstrar terem essas estruturas - conhecidas como fantasias histéricas - importantes ligações com a acusação dos sintomas neuróticos.
Todas essas criações de fantasia têm sua fonte comum e seu protótipo normal nos chamados devaneios da juventude.
Esses devaneios são catexizados com um vivo interesse; são acalentados carinhosamente pelo sujeito e em geral ocultos com muita sensibilidade. É fácil perceber na rua uma pessoa absorta num devaneio: fala sozinha, sorri subitamente distraída ou apressa o passo no momento em que a situação imaginada atinge o clímax. Todo ataque histérico que até hoje investiguei revelou a irrupção involuntária de tais devaneios, pois nossas observações não deixam dúvidas que tais fantasias tanto podem ser inconscientes como conscientes. Quando as últimas tornam-se inconscientes, podem tornar-se também patogênicas, isto é, podem expressar-se através de sintomas e ataques.
As fantasias inconscientes podem ter sido sempre inconscientes e formadas no inconsciente; ou, o que acontece com maior freqüência, foram inicialmente fantasias conscientes, devaneios, desde então deliberadamente esquecidas, tornando-se inconscientes através da ‘repressão’. O conteúdo delas pode, posteriormente, ter permanecido o mesmo ou sofrido alterações, de modo que as fantasias inconscientes atuais são derivadas das conscientes. Uma fantasia inconsciente tem uma conexão muito importante com a vida sexual do sujeito, pois é idêntica à fantasia que serviu para lhe dar satisfação sexual durante um período de masturbação. Nesse período, o ato masturbatório (no sentido mais amplo da palavra) compunha-se de duas partes. Uma era a evocação de uma fantasia e a outra um comportamento ativo para, no momento culminante da fantasia, obter autogratificação. Como sabemos, esse composto estava em si simplesmente soldado junto. Originalmente o ato era um processo puramente auto-erótico que visava obter prazer de uma determinada parte do corpo, que pode ser denominada de erógena. Mais tarde, esse ato fundiu-se a uma idéia plena de desejo pertencente à esfera do amor objetal, e serviu como realização parcial da situação em que culminou a fantasia. Quando, posteriormente, o sujeito renuncia a esse tipo de satisfação, composto de masturbação e fantasia, o ato é abandonado, e a fantasia passa de consciente a inconsciente. Se não obtém outro tipo de satisfação sexual, o sujeito permanece abstinente; se não consegue sublimar sua libido - isto é, se não consegue defletir sua excitação sexual para fins mais elevados - estará preenchida a condição para que sua fantasia inconsciente reviva e se desenvolva, começando a atuar, pelo menos no que diz respeito a parte de seu conteúdo, com todo o vigor da sua necessidade de amor, sob a forma de sintoma patológico.
Dessa forma as fantasias inconscientes são os precursores psíquicos imediatos de toda uma série de sintomas histéricos. Estes nada mais são do que fantasias inconscientes exteriorizadas por meio da ‘conversão’; quando os sintomas são somáticos, com freqüência são retirados do círculo das mesmas sensações sexuais e inervações motoras que originalmente acompanhavam as fantasias quando estas ainda eram inconscientes. Assim é anulada a renúncia ao hábito da masturbação e atingido o propósito de todo o processo patológico, que é o restabelecimento da satisfação sexual primária original - embora nunca, é verdade, de forma completa, mas numa espécie de aproximação.
Quem estudar a histeria, portanto, logo transferirá seu interesse dos sintomas para as fantasias que lhes deram origem. A técnica da psicanálise nos permite em primeiro lugar inferir dos sintomas o que essas fantasias inconscientes são, e então torná-las conscientes para o paciente.
Descobriu-se que o conteúdo das fantasias inconscientes do histérico corresponde em sua totalidade às situações nas quais os pervertidos obtêm conscientemente satisfação; e se alguém desejar exemplos de tais situações, basta recordar-se das mundialmente famosas proezas dos imperadores romanos, cujos selvagens excessos eram determinados, naturalmente, pelo enorme e irrestrito poder dos autores das fantasias. Os delírios dos paranóicos são fantasias da mesma natureza, embora se tenham tornado diretamente conscientes. Dependem dos componentes sadomasoquistas do instinto sexual, e também podem encontrar um correspondente completo em certas fantasias inconscientes de sujeitos histéricos. Também conhecemos casos, com sua importância prática, nos quais os histéricos não dão expressão às suas fantasias sob a forma de sintomas, mas como realizações conscientes, e assim tramam e encenam estupros, ataques ou atos de agressão sexual.
Mattanó aponta que as imaginações delirantes do paranóico acerca da grandeza ou dos sofrimentos do seu próprio eu (self), que aparecem em formas bem típicas e quase monótonas. Conhecemos também, através de numerosos relatos, os estranhos desempenhos pelos quais certos pervertidos encerram sua satisfação sexual, ou em idéia ou na realidade. Entretanto, talvez seja novidade para alguns leitores o fato de que estruturas psíquicas análogas estão presentes regularmente em todas as psiconeuroses, em particular na histeria, e de que podemos demonstrar terem essas estruturas - conhecidas como fantasias histéricas - importantes ligações com a acusação dos sintomas neuróticos. Os pervertidos encerram sua satisfação sexual, ou no imaginário ou no simbólico, ou na realidade ou no ideal e dentro destas relações construindo significados e sentidos, metáforas e metonímias, conceitos e contextos, comportamentos e funcionalidades, linguagens e simbologias, topografias, relações sociais, gestalts e insights, sonhos e desejos, vida anímica, chistes, fantasias, lapsos de linguagem, atos falhos, esquecimentos, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, piadas e humor, caricaturas e charges, espiritualidade, arquétipos, inconsciente, homeostase, fertilidade, ciclos circadianos, imunidade, genótipo e fenótipo, evolução e involução, história de vida, conclusões e interpretações, que por sua vez podem ser convertidas em consciência e em uma nova abordagem, a Teoria da Abundância de Mattanó para lidar com as imaginações delirantes do paranóico, assim o paciente não seria mais controlado pelas suas imaginações delirantes, mais pela sua consciência, que é atenção e intenção, eternidade e tempo, não mais sendo controlado pela literalidade, razões ou controle, pelos significados e sentidos, conceitos, contextos, comportamentos, funcionalidades, simbologias, topografias, linguagens, gestalts e insights, relações sociais, desejos, sonhos, conteúdos manifestos e conteúdos latentes, vida anímica, chistes, fantasias, lapsos de linguagem, atos falhos, esquecimentos, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, piadas e humor, caricaturas e charges, espiritualidade, arquétipos, inconsciente, homeostase, fertilidade, ciclos circadianos, imunidade, genótipo e fenótipo, evolução e involução, história de vida, conclusões e interpretações, mas pela sua consciência que age como uma Hóstia Viva ou uma célula viva que age milagrosamente e transforma tudo pela atenção e intenção, eternidade e tempo, promovendo liberdade para viver e ensinar a viver, para que haja uma homeostase, sinônimo de consciência, de equilíbrio cognitivo, moral, sexual e social. Assim as imaginações delirantes do paranóico não controlam mais o comportamento do paciente e nem promoverão neuroses e psicoses, segundo Mattanó.
Todas essas criações de fantasia têm sua fonte comum e seu protótipo normal nos chamados devaneios da juventude, pois é próprio da juventude está fase da vida psicológica. Eles ocorrem também no período de formação de grupos e de comunidades entre os jovens para irem se desprendendo de seus pais e mães, para ingressarem na vida adulta, por isso é típico que hajam rituais e mitos e outros, típicos desta fase, como heróis, monstros e escravos.
Esses devaneios são catexizados com um vivo interesse; são acalentados carinhosamente pelo sujeito e em geral ocultos com muita sensibilidade, pois envolvem ritos que geram mensagens para o jovem, mensagens que por vezes são necessárias um conselheiro para ajuda-lo a compreendê-las e como fazer uso delas, como buscar o que lhe foi prometido pelo mensageiro. É fácil perceber na rua uma pessoa absorta num devaneio: fala sozinha, sorri subitamente distraída ou apressa o passo no momento em que a situação imaginada atinge o clímax. Todo ataque histérico que até hoje investiguei revelou a irrupção involuntária de tais devaneios, pois nossas observações não deixam dúvidas que tais fantasias tanto podem ser inconscientes como conscientes. Quando as últimas tornam-se inconscientes, podem tornar-se também patogênicas, isto é, podem expressar-se através de sintomas e ataques.
As fantasias inconscientes podem ter sido sempre inconscientes e formadas no inconsciente; ou, o que acontece com maior freqüência, foram inicialmente fantasias conscientes, devaneios, desde então deliberadamente esquecidas, tornando-se inconscientes através da ‘repressão’, ou seja, as mensagens podem se tornar inconscientes e sofrer alterações. O conteúdo delas pode, posteriormente, ter permanecido o mesmo ou sofrido alterações, de modo que as fantasias inconscientes atuais são derivadas das conscientes. Uma fantasia inconsciente tem uma conexão muito importante com a vida sexual do sujeito, pois é idêntica à fantasia que serviu para lhe dar satisfação sexual durante um período de masturbação. As mensagens nesse período de ritos tem relação com a sua satisfação sexual durante um período de masturbação. Nesse período, o ato masturbatório (no sentido mais amplo da palavra) compunha-se de duas partes. Uma era a evocação de uma fantasia e a outra um comportamento ativo para, no momento culminante da fantasia, obter autogratificação. A mensagem compõem-se de duas partes: de fantasia e de autogratificação, contudo no mesmo ritual quando ele não é interrompido. Como sabemos, esse composto estava em si simplesmente soldado junto. Originalmente o ato era um processo puramente auto-erótico que visava obter prazer de uma determinada parte do corpo, que pode ser denominada de erógena. Mais tarde, esse ato fundiu-se a uma idéia plena de desejo pertencente à esfera do amor objetal, e serviu como realização parcial da situação em que culminou a fantasia. Quando, posteriormente, o sujeito renuncia a esse tipo de satisfação, composto de masturbação e fantasia, o ato é abandonado, e a fantasia passa de consciente a inconsciente. Se não obtém outro tipo de satisfação sexual, o sujeito permanece abstinente; se não consegue sublimar sua libido - isto é, se não consegue defletir sua excitação sexual para fins mais elevados - estará preenchida a condição para que sua fantasia inconsciente reviva e se desenvolva, começando a atuar, pelo menos no que diz respeito a parte de seu conteúdo, com todo o vigor da sua necessidade de amor, sob a forma de sintoma patológico. Quando o sujeito renuncia a esse tipo de satisfação, composto de masturbação e fantasia, eclode o amor, num novo ritual de permanência como sua nova satisfação.
Dessa forma as fantasias inconscientes são os precursores psíquicos imediatos de toda uma série de sintomas histéricos. Estes nada mais são do que fantasias inconscientes exteriorizadas por meio da ‘conversão’; quando os sintomas são somáticos, com freqüência são retirados do círculo das mesmas sensações sexuais e inervações motoras que originalmente acompanhavam as fantasias quando estas ainda eram inconscientes. Assim é anulada a renúncia ao hábito da masturbação e atingido o propósito de todo o processo patológico, que é o restabelecimento da satisfação sexual primária original - embora nunca, é verdade, de forma completa, mas numa espécie de aproximação.
Quem estudar a histeria, portanto, logo transferirá seu interesse dos sintomas para as fantasias que lhes deram origem. A técnica da psicanálise nos permite em primeiro lugar inferir dos sintomas o que essas fantasias inconscientes são, e então torná-las conscientes para o paciente.
Descobriu-se que o conteúdo das fantasias inconscientes do histérico corresponde em sua totalidade às situações nas quais os pervertidos obtêm conscientemente satisfação; e se alguém desejar exemplos de tais situações, basta recordar-se das mundialmente famosas proezas dos imperadores romanos, cujos selvagens excessos eram determinados, naturalmente, pelo enorme e irrestrito poder dos autores das fantasias. Os delírios dos paranóicos são fantasias da mesma natureza, embora se tenham tornado diretamente conscientes. Dependem dos componentes sadomasoquistas do instinto sexual, e também podem encontrar um correspondente completo em certas fantasias inconscientes de sujeitos histéricos. Também conhecemos casos, com sua importância prática, nos quais os histéricos não dão expressão às suas fantasias sob a forma de sintomas, mas como realizações conscientes, e assim tramam e encenam estupros, ataques ou atos de agressão sexual. Construímos uma nova abordagem, com a Teoria da Abundância de Mattanó para lidar com as imaginações delirantes do paranoico e suas tramas que encenam estupros, ataques ou atos de agressão sexual, assim o paciente não seria mais controlado pelas suas imaginações delirantes, mais pela sua consciência, que é atenção e intenção, eternidade e tempo, não mais sendo controlado pela literalidade, razões ou controle, pelos significados e sentidos, conceitos, contextos, comportamentos, funcionalidades, simbologias, topografias, linguagens, gestalts e insights, relações sociais, desejos, sonhos, conteúdos manifestos e conteúdos latentes, vida anímica, chistes, fantasias, lapsos de linguagem, atos falhos, esquecimentos, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, piadas e humor, caricaturas e charges, espiritualidade, arquétipos, inconsciente, homeostase, fertilidade, ciclos circadianos, imunidade, genótipo e fenótipo, evolução e involução, história de vida, conclusões e interpretações, mas pela sua consciência que age como uma Hóstia Viva ou uma célula viva que age milagrosamente e transforma tudo pela atenção e intenção, eternidade e tempo, promovendo liberdade para viver e ensinar a viver, para que haja uma homeostase, sinônimo de consciência, de equilíbrio cognitivo, moral, sexual e social. Assim as imaginações delirantes do paranóico não controlam mais o comportamento do paciente e nem promoverão neuroses e psicoses nas suas comunidades e grupos como as famílias, e o significado e o sentido de imaginação delirante paranoica pode sofrer uma entropia e uma neguentropia, ou seja, uma organização e outra reorganização, tornando-se apenas transtorno mental e não sinônimo de plena incapacidade, promovendo liberdade e capacidade para algum trabalho, educação ou ocupação, para esses pacientes com a paralela administração de medicamentos, e acompanhamento de profissionais de saúde, segundo Mattanó.
MATTANÓ
(13/02/2022)
Esse método de investigação psicanalítica, que dos sintomas visíveis conduz às fantasias inconscientes ocultas, revela-nos tudo que é possível conhecer sobre a sexualidade dos psiconeuróticos, inclusive o fato que deve ser o tópico principal dessa breve publicação preliminar.
Provavelmente devido às dificuldades que as fantasias inconscientes encontram em seus esforços de expressão, a relação das fantasias com os sintomas não é simples, mas, ao contrário, bem complexa. Via de regra, quando a neurose está plenamente desenvolvida e persiste há algum tempo, um determinado sintoma não corresponde a uma única fantasia inconsciente, mas a várias fantasias desse gênero, e essa correspondência não é arbitrária, mas obedece a um padrão regular. Sem dúvida, no início da doença ainda não se desenvolveram de todo essas complicações.
Considerando o interesse geral, vou afastar-me neste ponto das diretrizes deste trabalho e interpolar aqui uma série de fórmulas que tentam oferecer uma visão progressiva da natureza dos sintomas histéricos. Essas fórmulas não se contradizem, mas enquanto algumas examinam os fatos de forma cada vez mais completa e precisa, outras representam a aplicação de pontos de vista diferentes.
realização de um desejo.
Dessas diversas definições, a sétima descreve de forma mais completa a natureza dos sintomas histéricos como sendo a realização de uma fantasia inconsciente, e a oitava concede ao fator sexual a sua devida significação. Algumas das fórmulas anteriores conduzem a essas duas últimas, estando nelas contidas.
Como demonstrei em meus Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade [1905d], a conexão entre os sintomas e as fantasias torna fácil chegar da psicanálise dos primeiros a um conhecimento dos componentes dos instintos sexuais que dominam o indivíduo. Em alguns casos, entretanto, uma investigação por esses meios produz resultado inesperado. Mostra que há muitos sintomas onde a exposição de uma fantasia sexual (ou de várias fantasias, uma das quais, a mais significativa e primitiva, é de natureza sexual) não é suficiente para efetuar a resolução dos sintomas. Para resolver isso é necessário ter duas fantasias sexuais, uma de caráter feminino e outra de caráter masculino. Assim uma dessas fantasias origina-se de um impulso homossexual. Essa nova descoberta não altera nossa sétima fórmula. Continua sendo verdade que um sintoma histérico deve necessariamente representar uma conciliação entre um impulso libidinal e um impulso repressor, mas pode também representar a união de duas fantasias libidinais de caráter sexual oposto.
Abster-me-ei de apresentar exemplos para comprovar essa tese. A experiência ensinou-me que análises curtas, condensadas em resumos, nunca possuem o efeito persuasório que desejaríamos que produzissem; por outro lado, relatos de casos longamente analisados devem ser deixados para outra ocasião.
Portanto, contentar-me-ei em expor uma nova fórmula e em explicar sua significação.
Devo ressalvar que não posso reivindicar para essa fórmula a mesma validade geral que atribuí às outras. A meu ver, ela não se aplica a todos os sintomas de um caso, nem a todos os casos. Ao contrário, não é difícil encontrar casos em que os impulsos pertencentes a sexos
opostos encontraram expressão sintomática independente, de modo que os sintomas de heterossexualidade e os de homossexualidade podem ser tão claramente diferenciados entre si como as fantasias ocultas por trás deles. Entretanto, a situação descrita na nova fórmula é bastante comum e suficientemente importante quando ocorre para merecer uma ênfase especial. Parece-me constituir o mais alto grau de complexidade que a determinação de um sintoma histérico pode atingir, e que só esperaríamos encontrar numa neurose de longa duração e já muito organizada.
A natureza bissexual dos sintomas histéricos, que pode ser demonstrada em numerosos casos, constitui uma interessante confirmação da minha concepção de que, na análise dos psiconeuróticos, se evidencia de modo especialmente claro a pressuposta exigência de uma disposição bissexual inata no homem. Uma situação exatamente análoga ocorre no mesmo campo quando uma pessoa que se masturba tenta em suas fantasias conscientes ter tanto os sentimentos do homem quanto os da mulher na situação por ela concebida. Encontraremos outros correlatos em certos ataques histéricos nos quais o paciente desempenha simultaneamente ambos os papéis na fantasia sexual subjacente. Em um caso que observei, por exemplo, a paciente pressionava o vestido contra o corpo com uma das mãos (como mulher), enquanto tentava arrancá-lo com a outra (como homem). Essa simultaneidade de atos contraditórios serve, em grande parte, para obscurecer a situação, que por outro lado é tão plasticamente retratada no ataque, estando assim em condições de ocultar a fantasia inconsciente que está em ação.
No tratamento psicanalítico é extremamente importante estar preparado para encontrar sintomas com significado bissexual. Assim não ficaremos surpresos ou confusos se um sintoma parece não diminuir, embora já tenhamos resolvido um dos seus significados sexuais, pois ele ainda é mantido por um, talvez insuspeito, que pertence ao sexo oposto. No tratamento de tais casos, além disso, podemos observar como o paciente se utiliza, durante a análise de um dos significados sexuais, da conveniente possibilidade de constantemente passar suas associações para o campo do significado oposto, tal como para uma trilha paralela.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica a natureza bissexual inata do ser humano através dos histéricos e da masturbação onde mostra que nas fantasias masturbatórias o indivíduo faz o papel masculino e feminino durante a masturbação para que tenha sucesso na sua prática masturbatória. E o quanto é importante estar preparado para encontrar sintomas com significado bissexual no tratamento psicanalítico.
Mattanó aponta a natureza bissexual inata do ser humano através dos histéricos e da masturbação onde mostra que nas fantasias masturbatórias o indivíduo faz o papel masculino e feminino durante a masturbação para que tenha sucesso na sua prática masturbatória, e além disso, possui em sua constituição embrionária, genética, morfológica, fisiológica, psicológica, moral e comportamental, elementos de seu pai (masculino) e de sua mãe (feminino) que influenciam suas relações com o mesmo sexo e o sexo oposto. E o quanto é importante estar preparado para encontrar sintomas com significado e sentido bissexual no tratamento psicanalítico, contudo o simples fato de haver sintomas com significado e sentido bissexual no tratamento psicanalítico não leva-nos a inferir que o paciente é bissexual, homossexual ou heterossexual, para isto devemos investigar sua sexualidade edipiana, sua sexualidade genital, sua intimidade, sua privacidade, seu amor e sua crise final.
MATTANÓ
(14/02/2022)
CARÁTER E EROTISMO ANAL (1908)
NOTA DO EDITOR INGLÊS
CHARAKTER UND ANALEROTIK
1908 Psychiat.-neurol. Wschr., 9 (52) [março], 465-7.
1909 S.K.S.N. 2, 132-7. (1912, 2ª ed.; 1921, 3ª ed.)
1924 G.S., 5, 261-7.
1931 Sexualtheorie und Traumlehre, 62-8.
1941 G.W., 7, 203-9.
(b) TRADUÇÃO INGLESA:
‘Character and Anal Erotism’
1924 C.P., 2, 45-50. (Trad. de R.C. McWatters.)
A presente tradução é uma versão modificada da publicada em 1924.
O tema deste artigo já se tornou tão familiar que é difícil conceber a indignação e o assombro que ele provocou quando de sua primeira publicação. Segundo Ernest Jones (1955, 331-2), os três traços de caráter que são aqui associados ao erotismo anal já haviam sido mencionados por Freud em sua carta a Jung de 2 de outubro de 1906. Também os mencionou em algumas observações dirigidas à Sociedade Psicanalítica de Viena a 6 de março de 1907. (Ver Minutes, 1.) Em sua carta a Fliess de 22 de dezembro de 1897 (Freud, 1950a, Carta 79), associara dinheiro e avareza com fezes. Foi a análise do ‘Rat Man’ (1909d), concluída pouco antes, que em parte, sem dúvida o estimulou a escrever este artigo. Entretanto, só alguns anos mais tarde viria a examinar a conexão especial entre o erotismo anal e a neurose obsessiva, em ‘A Disposição à Neurose Obsessiva’ (1913i). Outro caso clínico, o do ‘Homem dos Lobos’ (1918b [1914]) levou a uma outra ampliação do tema aqui tratado - o artigo ‘As Transformações do Instinto’ (1917c).
CARÁTER E EROTISMO ANAL
Entre aqueles que tentamos ajudar com nossos esforços psicanalíticos, freqüentemente encontramos um certo tipo de indivíduo que se distingue por possuir determinados traços de caráter, e simultaneamente nossa atenção é atraída pelo comportamento, em sua infância, de uma de suas funções corporais e pelo órgão nela envolvido. Não posso agora precisar em que ocasião comecei a ter a impressão de que havia uma conexão orgânica entre esse tipo de caráter e esse comportamento de um órgão, mas posso assegurar ao leitor que nessa impressão não pesou qualquer suposição teórica.
A experiência acumulada fortaleceu de tal maneira minha crença na existência dessa conexão que me aventuro agora a torná-la objeto de uma comunicação.
As pessoas que passarei a descrever distinguem-se por uma combinação regular das três características que se seguem. Elas são especialmente ordeiras, parcimoniosas e obstinadas. Cada um desses vocábulos abrange, na realidade, um pequeno grupo ou série de traços de caráter interligados. ‘Ordeiro’ tanto abrange a noção de esmero individual como o escrúpulo no cumprimento de pequenos deveres e a fidedignidade. O contrário de ordeiro seria ‘descuidado’ e ‘desordenado’. A parcimônia pode aparecer de forma exagerada como avareza, e a obstinação pode transformar-se em rebeldia, à qual podem facilmente associar-se a cólera e os ímpetos vingativos. Essas duas últimas características, a parcimônia e a obstinação, possuem entre si uma ligação mais estreita do que com a primeira - a ordem. Elas constituem também o elemento mais constante de todo o complexo. Parece-me, entretanto, que essas três características estão indubitavelmente ligadas entre si.
Sei que ninguém está disposto a dar crédito a uma situação enquanto a mesma se afigura ininteligível e não passível de explicação. Contudo, com a ajuda dos postulados que expus em 1905 em meus Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, podemos ao menos nos aproximar dos seus fatores básicos. Tentei demonstrar nesses ensaios que o instinto sexual do homem é altamente complexo e resultante da contribuição de numerosos constituintes e instintos
componentes. A ‘excitação sexual’ recebe importantes contribuições das excitações periféricas de determinadas partes do corpo (os genitais, a boca, o ânus, a uretra), que assim merecem a designação especial de ‘zonas erógenas’. Mas as quantidades de excitação que provêm dessas partes do corpo não sofrem as mesmas vicissitudes, nem têm destino igual em todos os períodos da vida. De modo geral, só uma parcela dela é utilizada na vida sexual; outra parte é defletida dos fins sexuais e dirigida para outros - um processo que denominamos de ‘sublimação’. Durante o período de vida que vai do final do quinto ano às primeiras manifestações da puberdade (por volta dos onze anos) e que pode ser chamado de período de ‘latência sexual’, criam-se na mente formações reativas, ou contraforças, como a vergonha, a repugnância e a moralidade. Na verdade surgem às expensas das excitações provenientes das zonas erógenas e erguem-se como diques para opor-se às atividades posteriores dos instintos sexuais. Ora, o erotismo anal é um dos componentes do instinto [sexual] que, no decurso do desenvolimento e de acordo com a educação que a nossa atual civilização exige, se tornarão inúteis para os fins sexuais. Portanto, é plausível a suposição de que esses traços de caráter - a ordem, a parcimônia e a obstinação -, com freqüência relevantes nos indivíduos que anteriormente eram anal-eróticos, sejam os primeiros e mais constantes resultados da sublimação do erotismo anal. A limpeza, a ordem e a fidedignidade dão exatamente a impressão de uma formação reativa contra um interesse pela imundície perturbadora que não deveria pertencer ao corpo. (‘Dirt is matter in the wrong place.’). Já não é fácil a tarefa de relacionar a obstinação com um interesse pela defecação, mas devíamos lembrar que até mesmo um bebê pode mostrar vontade própria quando se trata do ato de defecar, como vimos acima (ver em [1]), e que é costume bastante difundido na educação da criança administrar estímulos dolorosos à pele das nádegas - ligada à zona erógena anal - para quebrar a obstinação da criança e torná-la submissa. Ainda persiste hoje o convite a uma carícia na zona anal, como expressão de desafio ou desprezo, convite esse que corresponde na realidade a um ato de ternura que sucumbiu à repressão. A exibição das nádegas representa um abrandamento em gesto desse convite verbal. No Götz von Berlichingen de Goethe aparecem tanto as palavras como o gesto, em momento apropriado, como expressão de desafio.
As conexões entre os complexos do apego ao dinheiro e da defecação, aparentemente tão diversos, afiguram-se as mais extensas. Todo médico que já praticou a psicanálise sabe que os casos mais antigos e rebeldes daquilo que é descrito como constipação podem ser curados em neuróticos por essa forma de tratamento, fato menos surpreendente se recordarmos que essa função também se mostrou tratável pela sugestão hipnótica. Mas só alcançaremos esse resultado com a psicanálise se nos ocuparmos do complexo monetário dos pacientes e os induzirmos a trazê-lo à consciência, como todas as suas conexões. Talvez a neurose aqui apenas siga um indício fornecido pela linguagem popular, que qualifica o indivíduo muito apegado ao seu dinheiro de ‘sujo’ ou ‘imundo’. Mas essa explicação seria demasiadamente superficial. Na realidade, onde quer que tenham predominado ou ainda persistam as formas arcaicas do pensamento - nas antigas civilizações, nos mitos, nos contos de fadas e superstições, no pensamento inconsciente,
nos sonhos e nas neuroses - o dinheiro é intimamente relacionado com a sujeira. Sabemos que o ouro entregue pelo diabo a seus bem-amados converte-se em excremento após sua partida, e o diabo nada mais é do que a personificação da vida instintual inconsciente reprimida. Também conhecemos a superstição que liga a descoberta de um tesouro com a defecação, e todos estão familiarizados com a figura do ‘cagador de ducados’ [Dukatenscheisser]’. Na verdade, segundo as antigas doutrinas da Babilônia, o ouro são ‘as fezes do Inferno’ (Mammon = ilu manman). Assim, aqui como em outras ocasiões, a neurose, acompanhando os usos da linguagem, toma as palavras no seu sentido original e significativo; parecendo utilizá-las em seu sentido figurado, está na realidade simplesmente devolvendo a elas seu sentido primitivo.
Ainda uma outra circunstância facilita essa equação no pensamento neurótico. Sabemos que o interesse erótico original na defecação está destinado a extinguir-se em anos posteriores. Nessa ocasião aparece o interesse pelo dinheiro, que não existia na infância. Isso facilita a transferência da impulsão primitiva, que estava em processo de perder seu objetivo, para o nosso objetivo emergente.
Se houver realmente alguma base para a relação que aqui estabelecemos entre o erotismo anal e essa tríade de traços de caráter, provavelmente não encontraremos um acentuado grau de ‘caráter anal’ nos indivíduos que conservaram na vida adulta o caráter erógeno da zona anal, como acontece, por exemplo, com certos homossexuais. A menos que esteja enganado, a experiência comprova amplamente essa conclusão.
Devíamos apreciar se os outros complexos de caráter não revelam também uma conexão com a excitação de zonas erógenas específicas. Atualmente só tenho conhecimento da intensa e ‘ardente’ ambição de indivíduos que sofreram anteriormente de enurese. De qualquer modo, podemos estabelecer uma fórmula para o modo como o caráter, em sua configuração final, se forma a partir dos instintos constituintes: os traços de caráter permanentes, são ou prolongamentos inalterados dos instintos originais, ou sublimação desses instintos, ou formações reativas contra os mesmos.
O RELEITOR (MATTANÓ:
Freud explica que o erotismo anal é um dos componentes do instinto [sexual] que, no decurso do desenvolvimento e de acordo com a educação que a nossa atual civilização exige, se tornarão inúteis para os fins sexuais. Portanto, é plausível a suposição de que esses traços de caráter - a ordem, a parcimônia e a obstinação -, com freqüência relevantes nos indivíduos que anteriormente eram anal-eróticos, sejam os primeiros e mais constantes resultados da sublimação do erotismo anal. A limpeza, a ordem e a fidedignidade dão exatamente a impressão de uma formação reativa contra um interesse pela imundície perturbadora que não deveria pertencer ao corpo.
As conexões entre os complexos do apego ao dinheiro e da defecação, aparentemente tão diversos, afiguram-se as mais extensas. Talvez a neurose aqui apenas siga um indício fornecido pela linguagem popular, que qualifica o indivíduo muito apegado ao seu dinheiro de ‘sujo’ ou ‘imundo’. Na realidade, onde quer que tenham predominado ou ainda persistam as formas arcaicas do pensamento - nas antigas civilizações, nos mitos, nos contos de fadas e superstições, no pensamento inconsciente, nos sonhos e nas neuroses - o dinheiro é intimamente relacionado com a sujeira. Também conhecemos a superstição que liga a descoberta de um tesouro com a defecação, e todos estão familiarizados com a figura do ‘cagador de ducados’ [Dukatenscheisser]’. Na verdade, segundo as antigas doutrinas da Babilônia, o ouro são ‘as fezes do Inferno’ (Mammon = ilu manman). Assim, aqui como em outras ocasiões, a neurose, acompanhando os usos da linguagem, toma as palavras no seu sentido original e significativo; parecendo utilizá-las em seu sentido figurado, está na realidade simplesmente devolvendo a elas seu sentido primitivo.
Mattanó aponta que o erotismo anal é um dos componentes do instinto [sexual] que, no decurso do desenvolvimento e de acordo com a educação que a nossa atual civilização exige, se tornarão inúteis para os fins sexuais. Portanto, é plausível a suposição de que esses traços de caráter - a ordem, a parcimônia e a obstinação -, com freqüência relevantes nos indivíduos que anteriormente eram anal-eróticos, sejam os primeiros e mais constantes resultados da sublimação do erotismo anal. A limpeza, a ordem e a fidedignidade dão exatamente a impressão de uma formação reativa contra um interesse pela imundície perturbadora que não deveria pertencer ao corpo. Essa imundície perturbadora é apreendida pela criança através da linguagem, das palavras no seu sentido original e significativo, inclusive no seu sentido figurado, que assim devolve a elas seu sentido primitivo, desencadeando comportamentos e processos comportamentais como aproximações sucessivas para condicionamento e reforço, modelagem do comportamento, processos psíquicos, sociais e cognitivos.
As conexões entre os complexos do apego ao dinheiro e da defecação, aparentemente tão diversos, afiguram-se as mais extensas. Talvez a neurose aqui apenas siga um indício fornecido pela linguagem popular, que qualifica o indivíduo muito apegado ao seu dinheiro de ‘sujo’ ou ‘imundo’. Na realidade, onde quer que tenham predominado ou ainda persistam as formas arcaicas do pensamento - nas antigas civilizações, nos mitos, nos contos de fadas e superstições, no pensamento inconsciente, nos sonhos e nas neuroses - o dinheiro é intimamente relacionado com a sujeira. Também conhecemos a superstição que liga a descoberta de um tesouro com a defecação, e todos estão familiarizados com a figura do ‘cagador de ducados’ [Dukatenscheisser]’. Na verdade, segundo as antigas doutrinas da Babilônia, o ouro são ‘as fezes do Inferno’ (Mammon = ilu manman). Assim, aqui como em outras ocasiões, a neurose, acompanhando os usos da linguagem, toma as palavras no seu sentido original e significativo; parecendo utilizá-las em seu sentido figurado, está na realidade simplesmente devolvendo a elas seu sentido primitivo. O dinheiro continua relacionado a sujeira nos nossos tempos, a sujeira política, administrativa, familiar, social, escolar, esportiva, trabalhista, profissional, ocupacional, de carreira, na saúde, na justiça, na cidadania, nas guerras e nos conflitos, nos combates e nas batalhas, sejam elas quais forem, hoje em dia falamos que ¨o dinheiro compra tudo¨, ou seja, ¨as fezes compram tudo ou estão em tudo, ou está tudo uma merda, está tudo uma porcaria, está tudo um Inferno¨, as relações do Homo Sapiens estão condicionadas a Economia e ao dinheiro, estão, assim, significando uma imundície perturbadora, pois o dinheiro continua sendo significado com coisa impura e demoníaca pelo Homo Sapiens, pela sua sociedade, sobretudo pelas suas comunidades religiosas e pelas Igrejas. Ser apegado ao dinheiro não significa ser apegado a algum dinheiro ¨sujo¨ mas a defecação, esta é a imundície perturbadora de nosso inconsciente que nos leva a ter problemas com o dinheiro e a Economia, e assim com a miséria, a pobreza e as riquezas, e sobretudo com as formas de acumulação e distribuição de riquezas que dispomos em nossa civilização.
MATTANÓ
(15/02/2022)
MORAL SEXUAL CIVILIZADA E DOENÇA NERVOSA MODERNA (1908)
NOTA DO EDITOR INGLÊS
DIE ‘KULTURELLE’ SEXUALMORAL UND DIE MODERNE NERVOSITÄT
1908 Sexual-Probleme 4 (3) [março], 107-129.
1909 S.K.S.N., 2, 175-196. (1912, 2ª ed.; 1921, 3ª ed.)
1924 G.S., 5, 143-167.
1931 Sexualtheorie und Traumlehre, 17-42.
1941 G.W., 7, 143-167.
‘Modern Sexual Morality and Modern Nervousness’
1915 Amer. J. Urol., 11, 391-405. (Incompleta.)
‘“Civilized“ Sexual Morality and Modern Nervousness’
1924 C.P., 2, 76-99. (Trad. de E.B. Herford e E. C. Mayne.)
Uma reimpressão da tradução de 1915 apareceu em forma de panfleto (organizado por W.
Sexual-Probleme, o periódico em que apareceram este artigo e o próximo (ver em [1]), foi o sucessor da revista Mutterschutz, sob cujo título é às vezes catalogado. A numeração dos volumes não sofreu interrupção apesar da mudança de título.
Embora esta seja a primeira das longas exposições de Freud sobre o antagonismo entre civilização e vida instintual, suas convicções sobre o assunto são muito anteriores. Por exemplo, num memorando enviado a Fliess em 31 de maio de 1897, ele escreve que ‘o incesto é anti-social e a civilização consiste na renúncia progressiva ao mesmo’. (Freud, 1950a,Rascunho N.) Contudo, na verdade, esse antagonismo estava implícito em toda a sua teoria do impacto do período de latência sobre o desenvolvimento da sexualidade humana, e nas últimas páginas dos seus Três Ensaios (1905d) ele mencionou a ‘relação inversa que existe entre a civilização e o livre desenvolvimento da sexualidade’ (ver em [1], 1972). O presente artigo é em grande parte um sumário das descobertas do último trabalho mencionado, que fora publicado apenas três anos antes.
Os aspectos sociológicos desse antagonismo constituem o tema principal deste artigo, e Freud voltou freqüentemente ao assunto em seus escritos posteriores. Sem determo-nos nas alusões passageiras, podemos mencionar as duas últimas seções do seu segundo artigo sobre a psicologia do amor (1912d), ver a partir de [2], 1970, as páginas iniciais de O Futuro de uma Ilusão (1927c) e os parágrafos finais da carta aberta a Einstein, ‘Por que a Guerra?’ (1933b). No entanto, sua exposição mais longa e mais elaborada do assunto está, sem dúvida, em O Mal-Estar na Civilização (1930a).
O antigo problema da tradução da palavra alemã ‘Kultur‘ por ‘cultura’ ou por ‘civilização’ foi resolvido aqui pela escolha ora de um termo ora de outro. Na verdade os tradutores foram auxiliados por uma observação de Freud no terceiro parágrafo de O Futuro de uma Ilusão: ‘desprezo ter que distinguir entre cultura e civilização.’
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica o antagonismo entre civilização e vida instintual, que suas convicções sobre o assunto são muito anteriores. Por exemplo, num memorando enviado a Fliess em 31 de maio de 1897, ele escreve que ‘o incesto é anti-social e a civilização consiste na renúncia progressiva ao mesmo’. (Freud, 1950a,Rascunho N.) Contudo, na verdade, esse antagonismo estava implícito em toda a sua teoria do impacto do período de latência sobre o desenvolvimento da sexualidade humana, e nas últimas páginas dos seus Três Ensaios (1905d) ele mencionou a ‘relação inversa que existe entre a civilização e o livre desenvolvimento da sexualidade’ (ver em [1], 1972).
Mattanó aponta o antagonismo entre civilização e vida instintual estudado por Freud, que suas convicções sobre o assunto são muito anteriores. Por exemplo, num memorando enviado a Fliess em 31 de maio de 1897, ele escreve que ‘o incesto é anti-social e a civilização consiste na renúncia progressiva ao mesmo’. (Freud, 1950a,Rascunho N.) Contudo, na verdade, esse antagonismo estava implícito em toda a sua teoria do impacto do período de latência sobre o desenvolvimento da sexualidade humana, e nas últimas páginas dos seus Três Ensaios (1905d) ele mencionou a ‘relação inversa que existe entre a civilização e o livre desenvolvimento da sexualidade’ (ver em [1], 1972). Contudo Mattanó especula que o incesto é anti-social assim como a lavagem cerebral é anti-social no período da fase auditiva que começa na vida intra-uterina e continua após o nascimento sendo rompido com a renúncia ao mesmo no período de latência com o livre desenvolvimento da sexualidade que marca o nascimento da civilização. Vemos assim que o incesto, para Mattanó, começa na vida intra-uterina através do desenvolvimento embrionário que constitui o feto de estruturas, como ouvido, olhos, boca e de libido e de um SNC que recebe estímulos e os interpreta e os responde através das suas três camadas cerebrais e do seu córtex cerebral que é a sua primeira camada, deste modo o feto vai formando um mapa cognitivo inconsciente que governará seu comportamento e sua psique, já a partir deste enfrentamento do incesto que é pressentido apenas como aproximação e toque, estímulos auditivos e sonoros produzidos por esse contato que formam uma resposta e um mapa cognitivo inconsciente com um caminho cognitivo inconsciente que liga ou une o recém-nascido a sua mãe e ao seu pai de forma tão singular ou próxima. O anti-social começa na vida intra-uterina e continua após o nascimento sendo deslocado para a sua família, e só com a renúncia a esse comportamento é que ingressamos na civilização. A Teoria da Pulsão Auditiva de Mattanó evoca esse comportamento anti-social através do incesto induzido através da linguagem e do comportamento que altera e seduz pelo desejo e pela libido, pelos argumentos que atingem a psique e o comportamento, criando um mundo anti-social e marcado pela lavagem cerebral da vida intra-uterina e da fase auditiva do desenvolvimento psicossexual. Constitui um grave erro difundir essas ideias e teorias através do meio social e das mídias, pois poderemos estar difundindo o comportamento incestuoso e anti-social. Cabe as autoridades corrigir quem cometeu erros e crimes diante de minha questão em período letivo na UEL, no curso de Psicologia em 1995, que foi usada criminosamente por corruptos e violadores de direitos, para práticas anti-sociais e incestuosas.
MATTANÓ
(16/02/2022)
MORAL SEXUAL CIVILIZADA E DOENÇA NERVOSA MODERNA
Em seu livro recentemente publicado, Ética Sexual, Von Ehrenfels (1907) discorre sobre a diferença entre a moral sexual ‘natural’ e a ‘civilizada’. Segundo ele, devemos entender por moral sexual natural uma moral sexual sob cujo regime um grupo humano é capaz de conservar sua saúde e eficiência, e por moral sexual civilizada, uma obediência moral sexual àquilo que, por outro lado, estimula os homens a uma intensa e produtiva atividade cultural. Esse contraste é mais bem ilustrado, segundo ele, comparando-se o caráter inato de um povo com suas realizações culturais. Remeterei o leitor que deseje deter-se no exame dessas importantes proposições à obra de Von Ehrenfels, limitando-me a colher ali somente o necessário para alicerçar minha própria contribuição
ao assunto.
Não é arriscado supor que sob o regime de uma moral sexual civilizada a saúde e a eficiência dos indivíduos esteja sujeita a danos, e que tais prejuízos causados pelos sacrifícios que lhes são exigidos terminem por atingir um grau tão elevado, que indiretamente cheguem a colocar também em perigo os objetivos culturais. Von Ehrenfels atribui, de fato, à moral sexual que hoje rege a nossa sociedade ocidental numerosos prejuízos, pelos quais responsabiliza diretamente essa moral; embora reconheça plenamente sua vigorosa influência no desenvolvimento da civilização, não pode deixar de concluir da necessidade de uma reforma. Em sua opinião, a singularidade da moral sexual civilizada a que obedecemos é que as restrições feitas às mulheres por tal sistema são estendidas à vida sexual masculina, sendo proibida toda relação sexual exceto dentro do casamento monogâmico. No entanto, as diferenças naturais entre os sexos impõem sanções menos severas às transgressões masculinas, tornando mesmo necessário admitir uma moral dupla. Contudo, uma sociedade que aceita essa moral ambígua não pode levar muito longe o ‘amor à verdade, à honestidade e à humanidade’ (Von Ehrenfels, ibid., pág. 32 e segs.), e deverá induzir seus membros à ocultação da verdade, a um falso otimismo, e a enganarem a si próprios e aos demais. A moral sexual civilizada traz conseqüências ainda mais graves, pois, glorificando a monogamia, impossibilita a seleção pela virilidade - único fator que pode aperfeiçoar a constituição do homem, pois entre os povos civilizados a seleção pela vitalidade foi reduzida a um mínimo pelos princípios humanitários e pela higiene (ibid., 35).
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que existe uma diferença entre uma moral sexual natural e uma moral sexual civilizada, pois a moral sexual natural possibilita ao homem seleção pela virilidade e a moral sexual civilizada possibilita ao homem a monogamia.
Mattanó aponta que existe uma diferença entre uma moral sexual natural e uma moral sexual civilizada, pois a moral sexual natural possibilita ao homem seleção pela virilidade, pela seleção natural, através da competição natural e a moral sexual civilizada possibilita ao homem a monogamia, pela família, pela educação, pela religião e pelo trabalho, pela competição civilizada. As duas formas de competição, a natural e a civilizada constroem e alimentam significados e sentidos para o comportamento e suas relações psíquicas e funcionais, inclusive etológicas na vida de cada indivíduo e de cada família ou grupo.
MATTANÓ
(17/02/2022)
Entre os danos acima atribuídos a essa moral sexual civilizada, os médicos terão notado a falta justamente daquele cuja significação examinaremos no presente artigo. Refiro-me ao aumento, imputável a essa moral, da doença nervosa moderna, isto é, da doença nervosa que se difunde rapidamente na sociedade contemporânea. Ocasionalmente, um desses pacientes nervosos chamará, ele próprio, a atenção do médico para o papel que o antagonismo existente entre a sua constituição e as exigências da civilização desempenhou na gênese de sua enfermidade, dizendo: ‘Em nossa família todos tornamo-nos neuróticos porque queríamos ser melhores do que, com nossa origem, somos capazes de ser.’ Os médicos também encontram matéria para reflexão no fato de que os indivíduos vitimados por doenças nervosas são, com freqüência, justamente os filhos de casais procedentes de rudes e vigorosas famílias camponesas que viviam em condições simples e saudáveis, e que, fixando-se em cidades, num curto espaço de tempo elevaram seus filhos a um alto nível cultural. Os próprios neurologistas asseveram enfaticamente que existe uma relação entre a ‘alta incidência da doença nervosa’ e a moderna vida civilizada. As bases para tal afirmativa poderão ser encontradas nos testemunhos de alguns eminentes observadores transcritos a seguir:
‘A simples enumeração de uma série de fatos gerais já demonstra claramente a nossa proposição. As extraordinárias realizações dos tempos modernos, as descobertas e as investigações em todos os setores e a manutenção do progresso, apesar de crescente competição, só foram alcançados e só podem ser conservados por meio de um grande esforço mental. Cresceram as exigências impostas à eficiência do indivíduo, e só reunindo todos os seus poderes mentais ele pode atendê-las. Simultaneamente, em todas as classes aumentam as necessidades individuais e a ânsia de prazeres materiais; um luxo sem precedentes atingiu camadas da população a que até então era totalmente estranho; a irreligiosidade, o descontentamento e a cobiça intensificam-se em amplas esferas sociais. O incremento das comunicações resultante da rede telegráfica e telefônica que envolve o mundo alteraram completamente as condições do comércio. Tudo é pressa e agitação. A noite é aproveitada para viajar, o dia para os negócios, e até mesmo as ‘viagens de recreio’ colocam em tensão o sistema nervoso. As crises políticas, industriais e financeiras atingem círculos muito mais amplos do que anteriormente. Quase toda a população participa da vida política. Os conflitos religiosos, sociais e políticos, a atividade partidária, a agitação eleitoral e a grande expansão dos sindicalismos inflamam os espíritos, exigindo violentos esforços da mente e roubando tempo à recreação, ao sono e ao lazer. A vida urbana torna-se cada vez mais sofisticada e intranqüila. Os nervos exaustos buscam refúgio em maiores estímulos e em prazeres intensos, caindo em ainda maior exaustão. A literatura moderna ocupa-se de questões controvertidas, que despertam paixões e encorajam a sensualidade, a fome de prazeres, o desprezo por todos os princípios éticos e por todos os ideais, apresentando à mente do leitor personagens patológicas, propondo-lhe problemas de sexualidade psicopática, temas revolucionários e outros. Nossa audição é excitada e superestimada por grandes doses de música ruidosa e insistente. As artes cênicas cativam nossos sentidos com suas representações excitantes, enquanto as artes plásticas se voltam de preferência para o repulsivo, o feio e o estimulante, não hesitando em apresentar aos nossos olhos, com nauseante realismo, as imagens mais horríveis que a vida pode oferecer.
‘Esse quadro geral que nos indica os numerosos perigos inerentes à evolução da civilização moderna pode ser completado com alguns detalhes.’
Binswanger (1896): ‘Designa-se a neurastenia, em especial, como doença fundamentalmente moderna. Beard, a quem devemos sua primeira descrição minuciosa, acreditava ter descoberto uma nova doença nervosa oriunda do solo americano. Sem dúvida tal suposição era errônea; entretanto, o fato de ter sido um médico americano o primeiro a compreender e a expor os aspectos singulares dessa doença, devido a uma vasta experiência clínica, revela certamente a íntima conexão entre essa doença e a vida moderna, com sua desenfreada volúpia de bens materiais e seus enormes progressos no campo da tecnologia, que destruíram todos os entraves temporais ou espaciais à intercomunicação.’
Von Krafft-Ebin (1895): ‘O modo de vida de um sem-número de povos civilizados da atualidade apresenta uma grande quantidade de aspectos anti-higiênicos que explicam o nocivo
incremento de doenças nervosas, pois esses fatores atuam primordialmente sobre o cérebro. As transformações ocorridas nas últimas décadas nas condições políticas e sociais das nações civilizadas, especialmente no comércio, na indústria e na agricultura, acarretaram grandes mudanças nas atividades profissionais dos indivíduos, em sua posição social e na propriedade - tudo isso à custa do sistema nervoso, que deve atender ao aumento das exigências sociais e econômicas com um maior dispêndio de energia, do qual freqüentemente tem insuficientes oportunidades de recuperar-se.’
A meu ver, a deficiência destas e de outras teorias semelhantes está, não em sua imprecisão, mas no fato de se revelarem insuficientes para explicar as peculiaridades dos distúrbios nervosos, e de ignorarem justamente o fator etiológico mais importante. Se deixarmos de lado as modalidades mais leves de ‘nervosismo’ e nos atermos às doenças nervosas propriamente ditas, veremos que a influência prejudicial da civilização reduz-se principalmente à repressão nociva da vida sexual dos povos (ou classes) civilizados através da moral sexual ‘civilizada’ que os rege.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que a causa de parte das doenças mentais é justamente o desenvolvimento da civilização, onde o sistema nervoso não consegue atender ao aumento das exigências sociais e econômicas com um maior dispêndio de energia, do qual freqüentemente tem insuficientes oportunidades de recuperar-se.
Se deixarmos de lado as modalidades mais leves de ‘nervosismo’ e nos atermos às doenças nervosas propriamente ditas, veremos que a influência prejudicial da civilização reduz-se principalmente à repressão nociva da vida sexual dos povos (ou classes) civilizados através da moral sexual ‘civilizada’ que os rege.
Mattanó aponta que a causa de parte das doenças mentais é justamente o desenvolvimento da civilização, onde o sistema nervoso não consegue atender ao aumento das exigências sociais e econômicas com um maior dispêndio de energia, do qual freqüentemente tem insuficientes oportunidades de recuperar-se, pois parece que os indivíduos que recebem mais instrução acabam desenvolvendo alguma doença mental.
Se deixarmos de lado as modalidades mais leves de ‘nervosismo’ e nos atermos às doenças nervosas propriamente ditas, veremos que a influência prejudicial da civilização reduz-se principalmente à repressão nociva da vida sexual dos povos (ou classes) civilizados através da moral sexual ‘civilizada’ que os rege. Esta aqui o problema: a civilização com sua moral sexual civilizada reprime a moral sexual natural, pois existe uma diferença entre uma moral sexual natural e uma moral sexual civilizada, pois a moral sexual natural possibilita ao homem seleção pela virilidade, pela seleção natural, através da competição natural e a moral sexual civilizada possibilita ao homem a monogamia, pela família, pela educação, pela religião e pelo trabalho, pela competição civilizada, é a questão da educação sexual de nossos tempos, do papel dos instintos e da sexualidade no desenvolvimento de cada um, por toda a vida, suas lutas e seus direitos, suas conquistas e suas perdas, sua evolução histórica.
MATTANÓ
(17/02/2022)
Tentei expor a comprovação dessa minha afirmação em vários artigos técnicos. Não vou reapresentá-la aqui, mas farei um resumo dos argumentos mais importantes que resultaram de minhas investigações.
Cuidadosa observação clínica permitiu-nos distinguir dois grupos de distúrbios nervosos: as neuroses propriamente ditas e as psiconeuroses. Nas primeiras, os distúrbios (sintomas), com efeitos seja no funcionamento somático, seja no mental, parecem ser de natureza tóxica, comportando-se da mesma forma que os fenômenos que acompanham o excesso ou a escassez de certos tóxicos nervosos. Essas neuroses - comumente agrupadas sob a denominação de ‘neurastenia’ - podem resultar de influências nocivas na vida sexual, sem que seja necessária a presença de taras hereditárias; na verdade, a forma da doença corresponde à natureza desses males, de modo que, com freqüência, o fator etiológico sexual pode ser deduzido do quadro clínico. Por outro lado, não existe nenhuma correspondência entre as formas das doenças nervosas e as outras influências nocivas da civilização assinaladas por aquelas autoridades. Podemos, portanto, considerar o fator sexual como o fator básico na causação das neuroses propriamente ditas.
Nas psiconeuroses é mais evidente a influência da hereditariedade, e menos transparente a causação. Entretanto, um método peculiar de investigação, conhecido como psicanálise, possibilitou-nos perceber que os sintomas desses distúrbios (histeria, neurose obsessiva, etc.) são psicogênicos e dependem da atuação de complexos ideativos inconscientes (reprimidos). Esse mesmo método revelou-nos a natureza desses complexos inconscientes, mostrando que, de maneira geral, possuem um conteúdo sexual. Derivam das necessidades sexuais de indivíduos insatisfeitos, representando para os mesmos uma espécie de satisfação substitutiva. Portanto, todos os fatores que prejudicam a vida sexual, suprimem sua atividade ou distorcem seus fins devem também ser visto como fatores patogênicos das psiconeuroses.
Naturalmente o valor da diferenciação teórica entre as neuroses tóxicas e as neuroses psicogênicas não sofre restrição pelo fato de que podem ser observados distúrbios provenientes de ambas as fontes na maior parte das pessoas que sofrem de doenças nervosas.
O leitor que está disposto a procurar comigo a etiologia das doenças nervosas, principalmente em influências nocivas à vida sexual, também estará pronto a acompanhar meus próximos argumentos, cujo fim é inserir num contexto mais amplo o tema do aumento das doenças nervosas.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica as neuroses propriamente ditas e as psiconeuroses. Essas neuroses - comumente agrupadas sob a denominação de ‘neurastenia’ - podem resultar de influências nocivas na vida sexual, sem que seja necessária a presença de taras hereditárias; na verdade, a forma da doença corresponde à natureza desses males, de modo que, com freqüência, o fator etiológico sexual pode ser deduzido do quadro clínico. Por outro lado, não existe nenhuma correspondência entre as formas das doenças nervosas e as outras influências nocivas da civilização assinaladas por aquelas autoridades. Podemos, portanto, considerar o fator sexual como o fator básico na causação das neuroses propriamente ditas.
Nas psiconeuroses é mais evidente a influência da hereditariedade, e menos transparente a causação. Entretanto, um método peculiar de investigação, conhecido como psicanálise, possibilitou-nos perceber que os sintomas desses distúrbios (histeria, neurose obsessiva, etc.) são psicogênicos e dependem da atuação de complexos ideativos inconscientes (reprimidos). Esse mesmo método revelou-nos a natureza desses complexos inconscientes, mostrando que, de maneira geral, possuem um conteúdo sexual. Derivam das necessidades sexuais de indivíduos insatisfeitos, representando para os mesmos uma espécie de satisfação substitutiva.
Mattanó aponta as neuroses propriamente ditas e as psiconeuroses. Essas neuroses - comumente agrupadas sob a denominação de ‘neurastenia’ - podem resultar de influências nocivas na vida sexual, sem que seja necessária a presença de taras hereditárias; na verdade, a forma da doença corresponde à natureza desses males, de modo que, com freqüência, o fator etiológico sexual pode ser deduzido do quadro clínico. Por outro lado, não existe nenhuma correspondência entre as formas das doenças nervosas e as outras influências nocivas da civilização assinaladas por aquelas autoridades. Podemos, portanto, considerar o fator sexual como o fator básico na causação das neuroses propriamente ditas. Isto em função da sua funcionalidade, dos seus significados e sentidos, linguagem, interpretação, inteligência e cognição, da sua consciência e poder de elaboração.
Nas psiconeuroses é mais evidente a influência da hereditariedade, e menos transparente a causação. Entretanto, um método peculiar de investigação, conhecido como psicanálise, possibilitou-nos perceber que os sintomas desses distúrbios (histeria, neurose obsessiva, etc.) são psicogênicos e dependem da atuação de complexos ideativos inconscientes (reprimidos). Esse mesmo método revelou-nos a natureza desses complexos inconscientes, mostrando que, de maneira geral, possuem um conteúdo sexual. Derivam das necessidades sexuais de indivíduos insatisfeitos, representando para os mesmos uma espécie de satisfação substitutiva. Esta satisfação substitutiva ocorre através de uma funcionalidade comportamental, de significados e sentidos, de conceitos e contextos, de comportamentos, de simbologias e sinais, de uma linguagem, de gestalts e insights, desejos e desejos de dormir, de uma vida onírica e uma vida anímica, de conteúdos manifestos e conteúdos latentes, de chistes, charges, caricaturas, piadas e humor, fantasias, delírios, lapsos de linguagem, atos falhos, esquecimentos, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, arquétipos, filogênese, ontogênese, cultura, espiritualidade, vida e universo, imunidade, fertilidade, ciclos circadianos, homeostase, genótipo e fenótipo, consciência, inconsciente, história de vida, evolução e involução, conclusões e interpretações.
MATTANÓ
(17/02/2022)
Nossa civilização repousa, falando de modo geral, sobre a supressão dos instintos. Cada indivíduo renuncia a uma parte dos seus atributos: a uma parcela do seu sentimento de onipotência ou ainda das inclinações vingativas ou agressivas de sua personalidade. Dessas contribuições resulta o acervo cultural comum de bens materiais e ideais. Além das exigências da vida, foram sem dúvida os sentimentos familiares derivados do erotismo que levaram o homem a fazer essa renúncia, que tem progressivamente aumentado com a evolução da civilização. Cada nova conquista foi sancionada pela religião, cada renúncia do indivíduo à satisfação instintual foi oferecida à divindade como um sacrifício, e foi declarado ‘santo’ o proveito assim obtido pela comunidade. Aquele que em conseqüência de sua constituição indomável não consegue concordar com a supressão do instinto, torna-se um ‘criminoso’, um ‘outlaw‘, diante da sociedade - a menos que sua posição social ou suas capacidades excepcionais lhe permitam impor-se como um grande homem, um ‘herói’.
O instinto sexual - ou, mais corretamente, os instintos sexuais, pois a investigação analítica nos ensina que o instinto sexual é formado por muitos constituintes ou instintos componentes - apresenta-se provavelmente mais vigorosamente desenvolvido no homem do que na maioria dos animais superiores, sendo sem dúvida mais constante, desde que superou completamente a periodicidade à qual é sujeito nos animais. Esse instinto coloca à disposição da atividade civilizada uma extraordinária quantidade de energia, em virtude de uma singular e marcante característica: sua capacidade de deslocar seus objetivos sem restringir consideravelmente a sua intensidade. A essa capacidade de trocar seu objetivo sexual original por outro, não mais sexual, mas psiquicamente relacionado com o primeiro, chama-se capacidade de sublimação. Contrastando com essa motilidade, na qual reside seu valor para a civilização, o instinto sexual é passível também de fixar-se de uma forma particularmente obstinada, que o inutiliza e o leva algumas vezes a degenerar-se até as chamadas anormalidades. O vigor original do instinto sexual provavelmente varia com o indivíduo, o que sem dúvida também acontece com a parcela do instinto suscetível de sublimação. Parece-nos que a constituição inata de cada indivíduo é que irá decidir primeiramente qual parte do seu instinto sexual será possível sublimar e utilizar. Em acréscimo, os efeitos da experiência e das influências intelectuais sobre seu aparelho mental conseguem provocar a sublimação de uma outra parcela desse instinto. Entretanto, não é possível ampliar indefinidamente esse processo de deslocamento, da mesma forma que em nossas máquinas não é possível transformar todo o calor em energia mecânica. Para a grande maioria das organizações
parece ser indispensável uma certa quantidade de satisfação sexual direta, e qualquer restrição dessa quantidade, que varia de indivíduo para indivíduo, acarreta fenômenos que, devido aos prejuízos funcionais e ao seu caráter subjetivo de desprazer, devem ser considerados como uma doença.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que a civilização repousa, falando de modo geral, sobre a supressão dos instintos. Cada indivíduo renuncia a uma parte dos seus atributos: a uma parcela do seu sentimento de onipotência ou ainda das inclinações vingativas ou agressivas de sua personalidade. Dessas contribuições resulta o acervo cultural comum de bens materiais e ideais. Além das exigências da vida, foram sem dúvida os sentimentos familiares derivados do erotismo que levaram o homem a fazer essa renúncia, que tem progressivamente aumentado com a evolução da civilização. Cada nova conquista foi sancionada pela religião, cada renúncia do indivíduo à satisfação instintual foi oferecida à divindade como um sacrifício, e foi declarado ‘santo’ o proveito assim obtido pela comunidade. Aquele que em conseqüência de sua constituição indomável não consegue concordar com a supressão do instinto, torna-se um ‘criminoso’, um ‘outlaw‘, diante da sociedade - a menos que sua posição social ou suas capacidades excepcionais lhe permitam impor-se como um grande homem, um ‘herói’.
Para a grande maioria das organizações parece ser indispensável uma certa quantidade de satisfação sexual direta, e qualquer restrição dessa quantidade, que varia de indivíduo para indivíduo, acarreta fenômenos que, devido aos prejuízos funcionais e ao seu caráter subjetivo de desprazer, devem ser considerados como uma doença.
Mattanó aponta que a civilização repousa, falando de modo geral, sobre a supressão dos instintos. Cada indivíduo renuncia a uma parte dos seus atributos: a uma parcela do seu sentimento de onipotência ou ainda das inclinações vingativas ou agressivas de sua personalidade. Dessas contribuições resulta o acervo cultural comum de bens materiais e ideais. Além das exigências da vida, foram sem dúvida os sentimentos familiares derivados do erotismo que levaram o homem a fazer essa renúncia, que tem progressivamente aumentado com a evolução da civilização. Cada nova conquista foi sancionada pela religião, cada renúncia do indivíduo à satisfação instintual foi oferecida à divindade como um sacrifício, e foi declarado ‘santo’ o proveito assim obtido pela comunidade. Aquele que em conseqüência de sua constituição indomável não consegue concordar com a supressão do instinto, torna-se um ‘criminoso’, um ‘outlaw‘, diante da sociedade - a menos que sua posição social ou suas capacidades excepcionais lhe permitam impor-se como um grande homem, um ‘herói’.
Para a grande maioria das organizações parece ser indispensável uma certa quantidade de satisfação sexual direta, e qualquer restrição dessa quantidade, que varia de indivíduo para indivíduo, acarreta fenômenos que, devido aos prejuízos funcionais e ao seu caráter subjetivo de desprazer, devem ser considerados como uma doença (segundo Freud), mas para Mattanó devem ser considerados como um estilo de vida que pode levar ao sofrimento bio-psico-social, filosófico e espiritual e convertê-lo em bem-estar espiritual no caso da Igreja, dos Santos e de Deus, agregando num símbolo todo o seu sofrimento, ele, a Cruz, esse sofrimento não é apenas moral, é também físico e sexual.
Para Mattanó os instintos e assim, a libido e sua moral sexual natural foi sendo substituída pela comunhão e pela segurança e sua moral sexual civilizada e suas funcionalidades, significados e sentidos, conceitos e contextos, comportamentos, simbologias, linguagens, relações sociais, gestalts e insights, topografias, desejos e desejos de dormir, uma vida onírica e uma vida anímica, de conteúdos manifestos e conteúdos latentes, de chistes, charges, caricaturas, piadas e humor, fantasias, delírios, lapsos de linguagem, atos falhos, esquecimentos, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, arquétipos, filogênese, ontogênese, cultura, espiritualidade, vida e universo, imunidade, fertilidade, ciclos circadianos, homeostase, genótipo e fenótipo, consciência, inconsciente, história de vida, evolução e involução, conclusões e interpretações.
MATTANÓ
(17/02/2022)
Mattanó aponta que desde 1995 com o Dr. Luiz Lupi e depois o Dr. Fábio Tucunduva que eu, Osny Mattanó Júnior, até hoje, 18 de fevereiro de 2022, jamais tive algum prazer ou prazer libidinoso em função das minhas ideias e teorias da pulsão auditiva feitas a partir de outubro de 1995, muito pelo contrário, apenas sofrimento, dor e angústia, ansiedade e desconforto emocional e psíquico, desconforto comportamental e tristeza e muitas incertezas.
MATTANÓ
(18/02/2022)
Mattanó aponta que se você apresenta um S (estímulo) melhor e mais prazeroso, mais confortável ou mais desconfortável através da música, por exemplo, através das ideias e teorias da pulsão auditiva de Mattanó, do que o que você tem durante a telepatia e a lavagem cerebral em sua consciência e desencadeia o comportamento haverá o reforço e o condicionamento, e assim entropia e neguentropia, organização e reorganização, sua consciência e inconsciente sofrerão alterações, seu mapa cognitivo e seu caminho cognitivo sofrerá alterações.
MATTANÓ
(18/02/2022)
Mattanó aponta que deveriam criar um Curso Superior de Discografia para atender as necessidades de estudar, analisar e interpretar os álbuns e as discografias, e também as faixas de cada compositor e de cada artista, pois Arte não se compara, se aprecia! Arte se julga de acordo com a intenção do seu criador e do seu artista! Ela pode representar a intenção de transcender, de trazer insights, de elucidar o inconsciente, de construir contingências para o comportamento, de elaborar arquétipos para o seu plano de individuação ou processo de individuação, de ajudar na socialização, de facilitar e promover a educação, de ajudar na auto-atualização, de ajudar na auto-realização com seu deslumbre, de fornecer elementos para o desenvolvimento cognitivo, de participar da fenomenologia e assim da existência e das essências do comportamento e da psique, de participar do inconsciente do indivíduo, do grupo e da espécie construindo uma intenção e uma estética, um valor, de participar do estilo de vida e da luta contra a inferioridade através da luta pela superioridade que ela produz e desencadeia, de promover eventos institucionais, discursos, psicohigiene, rituais e mitos, de promover o trabalho e o seu desenvolvendo de modo a gerar saúde e bem-estar individual, coletivo e mundial através do seu bom uso, das suas boas intenções, por exemplo, não ter como intenção a pedofilia, o incesto e o comportamento anti-social, a violência, o roubo, a extorsão, a vingança, o estupro e o estupro virtual e as guerras e conflitos, ou seja, qualquer forma de desordem ou crime que por acidente ou intenção possa desencadear processos de involução bio-psico-social no Homo Sapiens e na Humanidade.
MATTANÓ
(19/02/2022)
Mattanó aponta que na mente inconsciente não existe descontinuidade, pode existir apenas o niilismo que interrompe o processo de continuidade de nosso inconsciente, mas parece existir outro processo: quando a mente inconsciente continua seu desenvolvimento e associamos pelo comportamento algum estímulo ou uma cadeia comportamental diferente, por exemplo, através de um álbum musical que promove diferentes estados de consciência e diferentes caminhos cognitivos e assim o inconsciente torna-se algo descontínuo ou ligado por razões, controles e literalidades que vão por meio do contexto organizando e reorganizando o inconsciente de modo que parece normal o nosso inconsciente, mas não o é, pois ele está descontínuo e movido por comportamentos, por leis do comportamento, elas, as razões, os controles e as literalidades, e até os contextos que modelam o comportamento e que por força da linguagem desencadeiam processos inconscientes. Fiquemos atentos, pois, o inconsciente não depende de suas próprias leis, mas agora de leis comportamentais, elas as razões, os controles, as literalidades e os contextos que modelam o comportamento e a linguagem atingindo o inconsciente. O bom psicanalista deve conhecer o behaviorismo e outras teorias e técnicas psicológicas que usamos nesta nova abordagem.
MATTANÓ
(19/02/2022)
Novas perspectivas se nos oferecem ao considerarmos que no homem o instinto sexual não serve originalmente aos propósitos da reprodução, mas à obtenção de determinados tipos de prazer. Manifesta-se desse modo na infância do homem, período em que atinge sua meta de obter prazer não só dos genitais, mas também de outras partes do corpo (zonas erógenas), podendo portanto prescindir de qualquer outro objeto menos cômodo. Chamamos a esse estádio de estádio de auto-erotismo, e a nosso ver a educação da criança tem como tarefa restringi-lo, pois a permanência nele tornaria o instinto sexual incontrolável, inutilizando-o posteriormente. O desenvolvimento do instinto sexual passa, então, do auto-erotismo ao amor objetal, e da autonomia das zonas erógenas à subordinação destas à primazia dos genitais, postos a serviço da reprodução.
Durante esse desenvolvimento, uma parte da excitação sexual fornecida pelo próprio corpo do indivíduo inibe-se por ser inútil à função reprodutora, sendo sublimada nos casos favoráveis. Assim, grande parte das forças suscetíveis de utilização em atividades culturais são obtidas pela supressão dos chamados elementos pervertidos da excitação sexual.
Considerando essa evolução do instinto sexual, podemos distinguir três estádios de civilização: um primeiro em que o instinto sexual pode manifestar-se livremente sem que sejam consideradas as metas de reprodução; um segundo em que tudo do instinto sexual é suprimido, exceto quando serve ao objetivo da reprodução; e um terceiro no qual só a reprodução legítima é admitida como meta sexual. A esse terceiro estádio corresponde a moral sexual ‘civilizada’ da atualidade.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que no homem o instinto sexual não serve originalmente aos propósitos da reprodução, mas à obtenção de determinados tipos de prazer. Manifesta-se desse modo na infância do homem, período em que atinge sua meta de obter prazer não só dos genitais, mas também de outras partes do corpo (zonas erógenas), podendo portanto prescindir de qualquer outro objeto menos cômodo. Chamamos a esse estádio de estádio de auto-erotismo, e a nosso ver a educação da criança tem como tarefa restringi-lo, pois a permanência nele tornaria o instinto sexual incontrolável, inutilizando-o posteriormente. O desenvolvimento do instinto sexual passa, então, do auto-erotismo ao amor objetal, e da autonomia das zonas erógenas à subordinação destas à primazia dos genitais, postos a serviço da reprodução. grande parte das forças suscetíveis de utilização em atividades culturais são obtidas pela supressão dos chamados elementos pervertidos da excitação sexual.
Considerando essa evolução do instinto sexual, podemos distinguir três estádios de civilização: um primeiro em que o instinto sexual pode manifestar-se livremente sem que sejam consideradas as metas de reprodução; um segundo em que tudo do instinto sexual é suprimido, exceto quando serve ao objetivo da reprodução; e um terceiro no qual só a reprodução legítima é admitida como meta sexual. A esse terceiro estádio corresponde a moral sexual ‘civilizada’ da atualidade.
Mattanó aponta que no homem o instinto sexual não serve originalmente aos propósitos da reprodução, mas à obtenção de determinados tipos de prazer. Manifesta-se desse modo na infância do homem, período em que atinge sua meta de obter prazer não só dos genitais, mas também de outras partes do corpo (zonas erógenas), podendo portanto prescindir de qualquer outro objeto menos cômodo. Chamamos a esse estádio de estádio de auto-erotismo, e a nosso ver a educação da criança tem como tarefa restringi-lo, pois a permanência nele tornaria o instinto sexual incontrolável, inutilizando-o posteriormente. O desenvolvimento do instinto sexual passa, então, do auto-erotismo ao amor objetal, e da autonomia das zonas erógenas à subordinação destas à primazia dos genitais, postos a serviço da reprodução. O desenvolvimento do instinto sexual passa da uretra para os genitais, passa da ingenuidade na fase fálica para a malícia na fase genital. Grande parte das forças suscetíveis de utilização em atividades culturais são obtidas pela supressão dos chamados elementos pervertidos da excitação sexual.
Considerando essa evolução do instinto sexual, podemos distinguir três estádios de civilização: um primeiro em que o instinto sexual pode manifestar-se livremente sem que sejam consideradas as metas de reprodução, ou seja, ingenuamente; um segundo em que tudo do instinto sexual é suprimido, exceto quando serve ao objetivo da reprodução, onde surge a educação e a convivência; e um terceiro no qual só a reprodução legítima é admitida como meta sexual, onde surge a malícia. A esse terceiro estádio corresponde a moral sexual ‘civilizada’ da atualidade, corresponde também a fase hipotético-dedutivo do desenvolvimento cognitivo e a fase da autonomia do desenvolvimento moral que asseguram a maioria dos adolescentes requisitos comportamentais, psíquicos, morais, sexuais e cognitivos para enfrentar as mudanças corporais e sociais enfrentadas nessa fase de suas vidas com a puberdade.
MATTANÓ
(20/02/2022)
Mesmo se tomarmos o segundo desses estádios como média, é preciso ressalvar que inúmeros indivíduos não se acham, devido à sua organização, capacitados a satisfazer suas exigências. Em toda uma série de pessoas o desenvolvimento do instinto sexual, acima descrito, do auto-erotismo ao amor objetal com seu objetivo de união dos genitais, não se realizou de forma perfeita e completa. Como resultado desses distúrbios de desenvolvimento, surgem dois tipos de desvios nocivos da sexualidade normal, isto é, da sexualidade que é útil à civilização - desvio esses que possuem entre si uma relação quase de positivo para negativo.
Em primeiro lugar (deixando de lado os indivíduos cujo instinto sexual é exagerado ou que resiste à inibição) estão diversas variedades de pervertidos, nos quais uma fixação infantil a um objetivo sexual preliminar impediu o estabelecimento da primazia da função reprodutora, e os homossexuais ou invertidos, nos quais, de maneira ainda não compreendida, o objetivo sexual foi defletido do sexo oposto. Se os efeitos nocivos desses dois gêneros de distúrbios do desenvolvimento são menores do que seria de esperar, tal se deve justamente à complexa constituição do instinto sexual, que possibilita à vida sexual do indivíduo atingir uma forma final útil,
mesmo que um ou mais componentes do instinto tenham sido alijados do seu desenvolvimento. A constituição das pessoas que sofrem de inversão - os homossexuais - distingue-se amiúde pela especial aptidão do seu instinto sexual para a sublimação cultural.
As formas mais acentuadas de perversão e de homossexualidade, especialmente quando exclusivas, sem dúvida tornam o indivíduo socialmente inútil e infeliz, sendo necessário reconhecer que as exigências culturais do segundo estádio constituem uma fonte de sofrimentos para uma certa parcela da humanidade. O destino desses indivíduos de constituição diversa da dos seus semelhantes é variável, dependendo de terem nascido com um instinto sexual forte ou comparativamente fraco, em relação a padrões absolutos. No segundo caso, quando o instinto sexual é em geral fraco, os pervertidos conseguem suprimir totalmente as inclinações que os colocam em conflito com as exigências morais do seu estádio de civilização. Do ponto de vista ideal, essa é a sua única realização, pois para reprimir seu instinto sexual, esgotam as forças que poderiam ser utilizadas em atividades culturais. É como se esses indivíduos estivessem interiormente inibidos e exteriormente paralisados. As apreciações que faremos mais adiante sobre a abstinência exigida de homens e mulheres pelo terceiro estádio de civilização aplicam-se também a esses indivíduos.
Quando o instinto sexual é muito intenso, mas pervertido, existem dois desfechos possíveis. No primeiro, que não examinaremos, o indivíduo afetado permanece pervertido e sofre as conseqüências do seu desvio dos padrões de civilização. No segundo, muito mais interessante, o sujeito consegue realmente, sob a influência da educação, e das exigências sociais, suprimir seus instintos pervertidos, mas essa supressão é falsa, ou melhor, frustrada. Os instintos sexuais inibidos não são mais, é verdade, expressos como tais - e nisto consiste o êxito do processo -, mas conseguem expressar-se de outras formas igualmente nocivas para o sujeito, e que o tornam tão inútil para a sociedade quanto o teria inutilizado a satisfação de seus instintos suprimidos. Aí reside o malogro do processo, malogro que um cômputo final mais do que contrabalança a sua parcela de êxito. Os fenômenos substitutivos surgidos em conseqüência da supressão do instinto constituem o que chamamos de doenças nervosas ou, mais precisamente, de psiconeuroses. Os neuróticos são uma classe de indivíduos que, por possuírem uma organização recalcitrante, apenas conseguem sob o influxo de exigências culturais efetuar uma supressão aparente de seus instintos, supressão essa que se torna cada vez mais falha. Portanto, eles só conseguem continuar a colaborar com as atividades culturais com um grande dispêndio de energia e às expensas de um empobrecimento interno, sendo às vezes obrigados a interromper sua colaboração e a adoecer. Defini as neuroses como o ‘negativo’ das perversões (ver em [1]) porque nas neuroses os impulsos pervertidos, após terem sido reprimidos, manifestam-se a partir da parte inconsciente da mente - porque as neuroses contêm as mesmas tendências, ainda que em estado de ‘repressão’, das perversões positivas.
A experiência nos ensina que existe para a imensa maioria das pessoas um limite além do qual suas constituições não podem atender às exigências da civilização. Aqueles que desejam ser
mais nobres do que suas constituições lhes permitem, são vitimados pela neurose. Esses indivíduos teriam sido mais saudáveis se lhes fosse possível ser menos bons. A descoberta de que as perversões e as neuroses guardem entre si uma relação de positivo para negativo é, com freqüência, confirmada inequivocamente pela observação de membros de uma mesma geração de uma família. É comum a irmã de um pervertido sexual, a qual em sua condição de mulher possui um instinto sexual mais débil, apresentar uma neurose cujos sintomas expressam as mesmas inclinações das perversões do seu irmão, mais ativo sexualmente. Correlatamente, em muitas famílias os homens são saudáveis, embora do ponto de vista social sejam altamente imorais, enquanto as mulheres, cultas e de elevados princípios, sucumbem a graves neuroses.
Uma das óbvias injustiças sociais é que os padrões de civilização exigem de todos uma idêntica conduta sexual, conduta esta que pode ser observada sem dificuldades por alguns indivíduos, graças às suas organizações, mas que impõe a outros os mais pesados sacrifícios psíquicos. Entretanto, na realidade, essa injustiça é geralmente sanada pela desobediência às junções morais.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica os pervertidos e os homossexuais ou invertidos segundo sua teoria psicanalítica e depois explica as óbvias injustiças sociais que os padrões de civilização exigem de todos com uma idêntica conduta sexual, entre homens e mulheres, conduta esta que pode ser observada sem dificuldades por alguns indivíduos, graças às suas organizações, mas que impõe a outros os mais pesados sacrifícios psíquicos. Entretanto, na realidade, essa injustiça é geralmente sanada pela desobediência às junções morais.
Mattanó aponta os pervertidos e os homossexuais ou invertidos segundo a teoria psicanalítica de Freud e depois aponta as óbvias injustiças sociais que os padrões de civilização exigem de todos com uma idêntica conduta sexual, entre homens e mulheres, excluindo os homossexuais e bissexuais, conduta esta que pode ser observada sem dificuldades por alguns indivíduos, graças às suas organizações, mas que impõe a outros os mais pesados sacrifícios psíquicos. Entretanto, na realidade, essa injustiça é geralmente sanada pela desobediência às junções morais. A desobediência às junções morais da sociedade e do superego facilitam o homossexualismo e o bissexualismo e outros comportamentos como os dos gays, travestis, lésbicas, transexuais, etc., revelando que estes comportamentos são apenas comportamentos orientados por uma desobediência as junções morais e do superego que se constituem através da família, da escola, do trabalho, do Estado, da Igreja e dos mass mídias que geralmente impõem junções morais a família, com direitos, deveres, obrigações e privilégios diante da informação e do seu conteúdo que é formador de opinião pública, de caráter, de temperamento e de personalidade.
MATTANÓ
(20/02/2022)
Até aqui essas considerações referiram-se às exigências impostas pelo segundo dos estádios de civilização por nós definidos, exigências que proíbem toda atividade sexual descrita como pervertida, ao mesmo tempo que concedem ampla liberdade às relações sexuais chamadas normais. Vemos que, mesmo quando o limite entre a liberdade sexual e as restrições é assim fixado, um certo número de indivíduos é marginalizado como pervertido, e outro grupo, que se esforça para não ser pervertido, embora por constituição o devesse ser, é impelido às doenças nervosas. É fácil prever as conseqüências de uma maior redução da liberdade sexual, quando as exigências culturais se elevam ao terceiro estádio, que proíbe toda atividade sexual fora do matrimônio legítimo. O número de naturezas fortes que se colocará em franca oposição às exigências da civilização aumentará extraordinariamente, como também crescerá o número de naturezas mais débeis que, frente ao conflito entre as pressões culturais e a resistência de suas constituições, fugirão para a neurose.
Tentemos agora responder a três perguntas que aqui se apresentam:
A resposta à primeira pergunta envolve um problema que tem sido freqüentemente debatido e que não pode ser tratado aqui de forma exaustiva: o problema da abstinência sexual. O nosso terceiro estádio cultural exige dos indivíduos de ambos os sexos a prática da abstinência até o casamento, obrigando os que não contraem um casamento legítimo a permanecerem abstinentes por toda a sua vida. A posição, grata a todas as autoridades, de que a abstinência sexual não é nociva nem árdua também tem sido amplamente defendida pela classe médica.
Entretanto, podemos afirmar que a tarefa de dominar um instinto tão poderoso quanto o instinto sexual, por outro meio que não a sua satisfação, é de tal monta que consome todas as forças do indivíduo. O domínio do instinto pela sublimação, defletindo as forças instintuais sexuais do seu objetivo sexual para fins culturais mais elevados, só pode ser efetuado por uma minoria, e mesmo assim de forma intermitente, sendo mais difícil no período ardente e vigoroso da juventude. Os demais, tornam-se em grande maioria neuróticos, ou sofrem alguma espécie de prejuízo. A experiência demonstra que a maior parte dos indivíduos que constituem a nossa sociedade não possuem a constituição necessária para enfrentar com êxito a tarefa de uma abstinência. Os que teriam já adoecido sob restrições sexuais mais brandas, adoecem ainda mais rapidamente e com maior gravidade ante as exigências de nossa moral sexual cultural contemporânea. A meu ver, a satisfação sexual é a melhor proteção contra a ameaça que as disposições inatas anormais ou os distúrbios do desenvolvimento constituem para uma vida sexual normal. Quanto maior a disposição de um indivíduo para a neurose, menos ele tolerará a abstinência. Os instintos cujo desenvolvimento normal foi coibido, como vimos acima, tornam-se ainda mais indomáveis, e mesmo os indivíduos que conservariam a saúde sob as exigências do segundo estádio cultural mergulharão em grande número na neurose, pois o valor psíquico da satisfação sexual cresce com a sua frustração. A libido represada torna-se capaz de perceber os pontos fracos raramente ausentes da estrutura da vida sexual, e por ali abre caminho obtendo uma satisfação substitutiva neurótica na forma de sintomas patológicos. Quem penetrar nos determinantes das doenças nervosas cedo ficará convencido de que o incremento dessas doenças em nossa sociedade provém da intensificação das restrições sexuais.
Isso nos leva ao problema de determinarmos se as relações sexuais no casamento legítimo podem oferecer uma total compensação para as restrições impostas antes do casamento. Existe tanto material a favor de uma resposta negativa que será necessário expô-lo de forma muito condensada. Acima de tudo, não devemos esquecer que a nossa moral sexual restringe as relações sexuais mesmo dentro do casamento, pois em geral obriga o casal a contentar-se com uns poucos atos procriadores. Em conseqüência desse fato, as relações sexuais no casamento só são satisfatórias durante alguns poucos anos, e mesmo desse período é preciso subtrair os intervalos de abstenção exigidos pela saúde da esposa. Após esses três, quatro ou cinco anos, o casamento torna-se, pelo menos em relação à satisfação das necessidades sexuais, um fracasso, já que todos os artifícios até hoje inventados para impedir a concepção reduzem o prazer sexual, ferem a sensibilidade de ambos os cônjuges e podem até causar doenças. O medo das conseqüências do ato sexual acarreta, inicialmente, o término da afeição física do casal e, mais tarde, como efeito retardado, em geral também destrói a afinidade psíquica que os unia e que deveria substituir a paixão inicial. A desilusão espiritual e a privação física a que a maioria dos casamentos estão então condenados recolocam os cônjuges na situação anterior ao casamento, situação que é agora ainda mais penosa pela perda de uma ilusão, e na qual devem mais uma vez apelar para suas energias a fim de subjugar e defletir seu instinto sexual. Não é preciso que
investiguemos o grau de êxito obtido pelos homens, agora em sua maturidade, nessa tarefa. A experiência mostra que, com muita freqüência, eles recorrem - embora com relutância e em segredo - à parcela de liberdade sexual que lhes é concedida até mesmo pelo código sexual mais severo. Essa moral sexual ‘dupla’ que é válida em nossa sociedade para os homens é a melhor confissão de que a própria sociedade não acredita que seus preceitos possam ser obedecidos. Mas a experiência também mostra que as mulheres, em sua qualidade de verdadeiro instrumento dos interesses sexuais da humanidade, só possuem em pequeno grau o dom de sublimar seus instintos, e que, embora possam encontrar um substituto adequado do objeto sexual no filho que amamentam, mas não nas crianças maiores - a experiência mostra, insisto, que as mulheres ao sofrerem as desilusões do casamento contraem graves neuroses que lançam sombras duradouras sobre suas vidas. Nas presentes condições culturais, o casamento há muito deixou de ser uma panacéia para os distúrbios nervosos femininos; embora nós médicos ainda aconselhemos o casamento em tais casos, sabemos que, ao contrário, uma jovem precisa ser muito mais saudável para o tolerar, e enfaticamente aconselhamos nossos pacientes masculinos a não se casarem com moças que antes do casamento já sofriam de doenças nervosas. Ao contrário, a cura das doenças nervosas decorrentes do casamento estaria na infidelidade conjugal; porém, quanto mais severa houver sido a educação da jovem e mais seriamente ela se submeter às exigências da civilização, mais receará recorrer a essa saída; no conflito entre seus desejos e seu sentimento de dever, mais uma vez se refugiará na neurose. Nada protegerá sua virtude tão eficazmente quanto uma doença. Dessa forma o matrimônio, que é oferecido ao instinto sexual do jovem civilizado como uma consolação, mostra-se inadequado mesmo durante o seu decurso, não havendo sequer possibilidades de que possa compensar as privações anteriores.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que até aqui essas considerações referiram-se às exigências impostas pelo segundo dos estádios de civilização por nós definidos, exigências que proíbem toda atividade sexual descrita como pervertida, ao mesmo tempo que concedem ampla liberdade às relações sexuais chamadas normais. Vemos que, mesmo quando o limite entre a liberdade sexual e as restrições é assim fixado, um certo número de indivíduos é marginalizado como pervertido, e outro grupo, que se esforça para não ser pervertido, embora por constituição o devesse ser, é impelido às doenças nervosas. É fácil prever as conseqüências de uma maior redução da liberdade sexual, quando as exigências culturais se elevam ao terceiro estádio, que proíbe toda atividade sexual fora do matrimônio legítimo.
A posição, grata a todas as autoridades, de que a abstinência sexual não é nociva nem árdua também tem sido amplamente defendida pela classe médica. Entretanto, podemos afirmar que a tarefa de dominar um instinto tão poderoso quanto o instinto sexual, por outro meio que não a sua satisfação, é de tal monta que consome todas as forças do indivíduo. O domínio do instinto pela sublimação, defletindo as forças instintuais sexuais do seu objetivo sexual para fins culturais mais elevados, só pode ser efetuado por uma minoria, e mesmo assim de forma intermitente, sendo mais difícil no período ardente e vigoroso da juventude. Os demais, tornam-se em grande maioria neuróticos, ou sofrem alguma espécie de prejuízo. A experiência demonstra que a maior parte dos indivíduos que constituem a nossa sociedade não possuem a constituição necessária para enfrentar com êxito a tarefa de uma abstinência. Os que teriam já adoecido sob restrições sexuais mais brandas, adoecem ainda mais rapidamente e com maior gravidade ante as exigências de nossa moral sexual cultural contemporânea. A meu ver, a satisfação sexual é a melhor proteção contra a ameaça que as disposições inatas anormais ou os distúrbios do desenvolvimento constituem para uma vida sexual normal. Quanto maior a disposição de um indivíduo para a neurose, menos ele tolerará a abstinência. Os instintos cujo desenvolvimento normal foi coibido, como vimos acima, tornam-se ainda mais indomáveis, e mesmo os indivíduos que conservariam a saúde sob as exigências do segundo estádio cultural mergulharão em grande número na neurose, pois o valor psíquico da satisfação sexual cresce com a sua frustração.
Não devemos esquecer que a nossa moral sexual restringe as relações sexuais mesmo dentro do casamento, pois em geral obriga o casal a contentar-se com uns poucos atos procriadores. A desilusão espiritual e a privação física a que a maioria dos casamentos estão então condenados recolocam os cônjuges na situação anterior ao casamento, situação que é agora ainda mais penosa pela perda de uma ilusão, e na qual devem mais uma vez apelar para suas energias a fim de subjugar e defletir seu instinto sexual. Mas a experiência também mostra que as mulheres, em sua qualidade de verdadeiro instrumento dos interesses sexuais da humanidade, só possuem em pequeno grau o dom de sublimar seus instintos, e que, embora possam encontrar um substituto adequado do objeto sexual no filho que amamentam, mas não nas crianças maiores - a experiência mostra, insisto, que as mulheres ao sofrerem as desilusões do casamento contraem graves neuroses que lançam sombras duradouras sobre suas vidas. Nas presentes condições culturais, o casamento há muito deixou de ser uma panacéia para os distúrbios nervosos femininos; embora nós médicos ainda aconselhemos o casamento em tais casos, sabemos que, ao contrário, uma jovem precisa ser muito mais saudável para o tolerar, e enfaticamente aconselhamos nossos pacientes masculinos a não se casarem com moças que antes do casamento já sofriam de doenças nervosas. Ao contrário, a cura das doenças nervosas decorrentes do casamento estaria na infidelidade conjugal; porém, quanto mais severa houver sido a educação da jovem e mais seriamente ela se submeter às exigências da civilização, mais receará recorrer a essa saída; no conflito entre seus desejos e seu sentimento de dever, mais uma vez se refugiará na neurose. Nada protegerá sua virtude tão eficazmente quanto uma doença. Dessa forma o matrimônio, que é oferecido ao instinto sexual do jovem civilizado como uma consolação, mostra-se inadequado mesmo durante o seu decurso, não havendo sequer possibilidades de que possa compensar as privações anteriores.
Mattanó aponta que até aqui essas considerações referiram-se às exigências impostas pelo segundo dos estádios de civilização por nós definidos, exigências que proíbem toda atividade sexual descrita como pervertida, ao mesmo tempo que concedem ampla liberdade às relações sexuais chamadas normais. Vemos que, mesmo quando o limite entre a liberdade sexual e as restrições é assim fixado, um certo número de indivíduos é marginalizado como pervertido, e outro grupo, que se esforça para não ser pervertido, embora por constituição o devesse ser, é impelido às doenças nervosas. É fácil prever as conseqüências de uma maior redução da liberdade sexual, quando as exigências culturais se elevam ao terceiro estádio, que proíbe toda atividade sexual fora do matrimônio legítimo.
A posição, grata a todas as autoridades, de que a abstinência sexual não é nociva nem árdua também tem sido amplamente defendida pela classe médica. Entretanto, podemos afirmar que a tarefa de dominar um instinto tão poderoso quanto o instinto sexual, por outro meio que não a sua satisfação, é de tal monta que consome todas as forças do indivíduo. O domínio do instinto pela sublimação, defletindo as forças instintuais sexuais do seu objetivo sexual para fins culturais mais elevados, só pode ser efetuado por uma minoria, e mesmo assim de forma intermitente, sendo mais difícil no período ardente e vigoroso da juventude. Os demais, tornam-se em grande maioria neuróticos, ou sofrem alguma espécie de prejuízo. A experiência demonstra que a maior parte dos indivíduos que constituem a nossa sociedade não possuem a constituição necessária para enfrentar com êxito a tarefa de uma abstinência. Os que teriam já adoecido sob restrições sexuais mais brandas, adoecem ainda mais rapidamente e com maior gravidade ante as exigências de nossa moral sexual cultural contemporânea. A meu ver, a satisfação sexual é a melhor proteção contra a ameaça que as disposições inatas anormais ou os distúrbios do desenvolvimento constituem para uma vida sexual normal. Quanto maior a disposição de um indivíduo para a neurose, menos ele tolerará a abstinência. Os instintos cujo desenvolvimento normal foi coibido, como vimos acima, tornam-se ainda mais indomáveis, e mesmo os indivíduos que conservariam a saúde sob as exigências do segundo estádio cultural mergulharão em grande número na neurose, pois o valor psíquico da satisfação sexual cresce com a sua frustração. A abstinência dos Santos e de Deus é maior do que a neurose, ou seja, a satisfação sexual pode ser trocada pela masturbação como forma de proteção contra a ameaça que as disposições inatas anormais ou os distúrbios do desenvolvimento que continuem afetando a vida sexual normal através da abstinência.
Não devemos esquecer que a nossa moral sexual restringe as relações sexuais mesmo dentro do casamento, pois em geral obriga o casal a contentar-se com uns poucos atos procriadores. A desilusão espiritual e a privação física a que a maioria dos casamentos estão então condenados recolocam os cônjuges na situação anterior ao casamento, situação que é agora ainda mais penosa pela perda de uma ilusão, e na qual devem mais uma vez apelar para suas energias a fim de subjugar e defletir seu instinto sexual. Mas a experiência também mostra que as mulheres, em sua qualidade de verdadeiro instrumento dos interesses sexuais da humanidade, só possuem em pequeno grau o dom de sublimar seus instintos, e que, embora possam encontrar um substituto adequado do objeto sexual no filho que amamentam, mas não nas crianças maiores - a experiência mostra, insisto, que as mulheres ao sofrerem as desilusões do casamento contraem graves neuroses que lançam sombras duradouras sobre suas vidas. Nas presentes condições culturais, o casamento há muito deixou de ser uma panacéia para os distúrbios nervosos femininos; embora nós médicos ainda aconselhemos o casamento em tais casos, sabemos que, ao contrário, uma jovem precisa ser muito mais saudável para o tolerar, e enfaticamente aconselhamos nossos pacientes masculinos a não se casarem com moças que antes do casamento já sofriam de doenças nervosas. Ao contrário, a cura das doenças nervosas decorrentes do casamento estaria na infidelidade conjugal; porém, quanto mais severa houver sido a educação da jovem e mais seriamente ela se submeter às exigências da civilização, mais receará recorrer a essa saída; no conflito entre seus desejos e seu sentimento de dever, mais uma vez se refugiará na neurose. Nada protegerá sua virtude tão eficazmente quanto uma doença. Dessa forma o matrimônio, que é oferecido ao instinto sexual do jovem civilizado como uma consolação, mostra-se inadequado mesmo durante o seu decurso, não havendo sequer possibilidades de que possa compensar as privações anteriores. A neurose desencadeada pelo matrimônio no jovem consolida-se como uma proteção, como uma consolação, um refúgio, onde ele compensa a si mesmo e as suas privações anteriores com essa doença através de significados e sentidos, conceitos e comportamentos, contextos, funcionalidades, simbologias, linguagens, relações sociais, gestalts e insights, topografias, desejos e desejos de dormir, uma vida onírica e uma vida anímica, de conteúdos manifestos e conteúdos latentes, de chistes, charges, caricaturas, piadas e humor, fantasias, delírios, lapsos de linguagem, atos falhos, esquecimentos, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, arquétipos, filogênese, ontogênese, cultura, espiritualidade, vida e universo, imunidade, fertilidade, ciclos circadianos, homeostase, genótipo e fenótipo, consciência, inconsciente, história de vida, evolução e involução, conclusões e interpretações.
MATTANÓ
(20/02/2022)
TEORIA DA ABUNDÂNCIA DE MATTANÓ PARA A MENTE E O CORPO (2022):
Através da Teoria da Abundância de Mattanó podemos nos conscientizar de nossa própria psique e comportamento e agora, do nosso corpo, de modo que problemas psicossomáticos como dores oriundas de conversões sejam trabalhadas em nossa consciência, aliviando-as ou extinguido-as, fazendo com que o corpo seja organizado e reorganizado através da sua consciência que age milagrosamente por meio da atenção e da intenção junto a eternidade e ao tempo desse corpo com sua queixa, que serão elaboradas e deixarão de controlar o comportamento do indivíduo , do paciente e do seu organismo, tanto por meio de razões, do controle, da literalidade ou por meio do contexto e tornar-se-ão livres e farão correr livremente a energia corporal do organismo sem somatizações, psicosomatizações ou couraças, promovendo alívio e bem-estar e uma liberdade para se comportar e para se ensinar a comportar por estar agora, livre, e livre do seu problema, as dores, ou o intenso sofrimento, que tinham origem inconsciente, psicológica, comportamental e até consciente, pois estes fenômenos estão interligados, apenas o seu funcionamento, estruturação, função e elaboração é que são diferentes, mas estão ligados no SNC.
Deixar de contingenciar o seu próprio corpo através das razões, controle, literalidade e do contexto, significa dar espaço para a ressignificação e para a capacidade de dar novos sentidos para o seu corpo, suas funções e problemas, acreditando em novas soluções como a Teoria da Abundância de Mattanó para a Mente e o Corpo que cria e gera, desenvolve e aumenta contingências associadas a liberdade e a ressignificação, a capacidade de dar novos sentidos aos comportamentos, linguagens, símbolos e sinais, gestalts e insights, sonhos, consciência, inconsciente, desejos, arquétipos, processos corporais, genéticos e hereditários, fertilidade, evolução e involução, conclusões e interpretações de problemas, como as dores, através da consciência, da atenção e da intenção, da noção de eternidade e de tempo, como uma Hóstia Viva que age milagrosamente ou uma célula viva que tudo transforma e gera vida para que ela se reproduza e a tudo o que lhe pertence, como sua filogênese, ontogênese, cultura, espiritualidade, vida e universo.
MATTANÓ
(21/02/2022)
Mattanó aponta que a teoria freudiana especula um caminho para a humanidade e sua sexualidade calcada na bissexualidade e no adultério para que haja normalidade e bem-estar, ou seja, saúde-mental.
Mattanó aponta que a Psicanálise Mitológica e a Psicanálise do Amor especulam um caminho para a humanidade e sua sexualidade calcada na consciência e no ego para a construção de sua sexualidade e suas práticas de matrimônio, nunca de adultério, pois a consciência e o ego tem força e poder necessários para dotar o homem e a mulher de repertório comportamental suficiente e em constante e crescente desenvolvimento para o seu reforço e aprendizagem com entropia e neguentropia, ou seja, organização e reorganização, para melhor se adaptar as adversidades do meio ambiente, sabe-se, pois, que a família existe desde o início da humanidade e até desde as organizações de hominídeos com organização e rituais para caça, educação, higiene, alimentação, sexo e reprodução, cuidado dos filhos, morte e luto de animais e de seus próprios membros que passaram a ser enterrados com seus pertences durante a evolução de nossos ancestrais e para a agricultura, podemos falar também de ritos e mitos que geraram a política, a loucura e a esperança entre os nossos ancestrais e se desenvolvem até hoje, é pois a família, a célula da sociedade, desde os nossos ancestrais e ela permanecerá evoluindo, podemos falar que a bissexualidade e o adultério são heranças dos nossos ancestrais e de muito antes, dos primatas. Contudo a cultura do Homo Sapiens pode se organizar e reorganizar e dar um novo significado e um novo sentido para a bissexualidade, para o homossexualismo e para o adultério, mas não como modelo único para a saúde-mental e física, social e sexual da humanidade, a humanidade tem o poder de escolher o que deseja através da sua atenção e intenção, através da sua consciência que é modelada pela eternidade e pelo tempo e assim escolher uma sociedade que vive, escolhe e respeita o matrimônio e o heterossexualismo, mas também convive com as diferenças como os bissexuais e homossexuais e os adúlteros, mostrando um amor rico e pleno por todos e por suas diferenças sem se contaminar.
MATTANÓ
(21/02/2022)
Admitindo-se que a moral sexual civilizada cause danos, alguém poderia argumentar em resposta à terceira pergunta (ver em [1]) que o proveito cultural decorrente de tão ampla restrição da sexualidade compensa, provavelmente, esses sofrimentos, os quais afinal de contas só afligem de forma severa uma minoria. Devo confessar-me incapaz de contrapor corretamente os ganhos aos prejuízos, mas poderia oferecer maiores argumentos à causa das perdas. Voltando ao assunto da abstinência, devo insistir que a mesma acarreta também outros males além dos inclusos nas neuroses, e que a importância dessas ainda não foi, em geral, suficientemente apreciada.
A retardação do desenvolvimento e da atividade sexual a que aspiram nossa civilização e educação certamente não é nociva a princípio, parecendo até uma necessidade quando consideramos quão tarde os jovens das classes instruídas atingem a independência e são capazes de ganhar a vida. (Isso nos recorda a íntima interligação de todas as nossas instituições culturais e as dificuldades de alterar qualquer uma delas sem modificar o todo.) Mas a abstinência mantida por um longo período depois dos vinte anos já apresenta perigo para o jovem, e mesmo que não acarrete uma neurose, causa outros prejuízos. Costuma-se dizer que a luta contra um instinto tão poderoso, com a acentuação de todas as forças éticas e estéticas necessárias para tal, ‘enrijecem’ o caráter. Isso pode ser verdadeiro no caso de algumas naturezas de organização muito favorável. Devemos admitir também que a diferenciação do caráter individual, tão marcante hoje em dia, só se tornou possível com a existência da restrição sexual. Contudo, na imensa maioria dos casos, a luta contra a sexualidade consome toda a energia disponível do caráter, justamente quando o jovem precisa de suas forças para conquistar o seu quinhão e o seu lugar na sociedade. A relação entre a quantidade de sublimação possível e a quantidade de atividade sexual necessária varia muito, naturalmente, de indivíduo para indivíduo, e mesmo de profissão para profissão. É difícil conceber um artista abstinente, mas certamente não é nenhuma raridade um jovem savant abstinente. Este último consegue por sua autodisciplina liberar energias para seus estudos, enquanto naquele provavelmente as experiências sexuais estimulam as realizações artísticas. Em geral não me ficou a impressão de que a abstinência sexual contribuía para produzir homens de ação enérgicos e autoconfiantes, nem pensadores originais ou libertadores e reformistas audazes. Com freqüência bem maior produz homens fracos mas bem comportados, que mais tarde se perdem na multidão que tende a seguir, de má-vontade, os caminhos apontados por indivíduos fortes.
O fato de que, em geral, o instinto sexual se comporta de forma voluntariosa e inflexível evidencia-se também nos resultados da luta pela abstinência. A educação civilizada talvez apenas tencione suprimir temporariamente o instinto até o casamento, com o propósito de então utilizá-lo, concedendo-lhe ampla liberdade. Contudo, as medidas extremas são mais eficazes do que as tentativas moderadoras; assim, a supressão vai com freqüência longe demais, com o resultado indesejável de, quando o instinto é liberado, revelar danos permanentes. Por esse motivo, a abstinência total na juventude não é, muitas vezes, a melhor preparação para o casamento no caso do homem. As mulheres apercebem-se disto, preferindo pretendentes que já provaram sua masculinidade com outras mulheres. Os efeitos nocivos que as severas exigências da abstinência antes do casamento produzem nas naturezas femininas são especialmente evidentes. É óbvio que a educação não subestima as dificuldades de suprimir a sensualidade da jovem até o casamento, pois utiliza medidas drásticas. Não somente proíbe as relações sexuais e oferece altos prêmios à preservação da castidade feminina, mas também protege a jovem da tentação durante o seu desenvolvimento, conservando-a ignorante do papel que irá desempenhar e não tolerando nela qualquer impulso amoroso que não possa conduzir ao casamento. O resultado é que, quando a jovem recebe a súbita autorização de seus guardiões para apaixonar-se, não está apta a essa realização psíquica, e chega ao matrimônio insegura dos seus sentimentos. Em conseqüência dessa retardação artificial de suas funções eróticas, ela nada tem a oferecer além de desapontamentos ao homem que poupou todos os seus desejos para ela. Seus sentimentos mentais permanecem presos aos seus genitores, cuja autoridade acarretou a supressão de sua sexualidade, e em seu comportamento físico revela-se frígida, privando o homem de um maior prazer sexual. Não sei se esse tipo de mulher anestesiada aparece fora da educação civilizada, embora o considere muito provável, mas certamente essa educação o produz, e essas mulheres que concebem sem prazer mostram-se pouco dispostas a enfrentar as dores de partos freqüentes.
Assim, a própria preparação do casamento faz malograr os seus desígnios. Quando mais tarde esse atraso do desenvolvimento da esposa é superado e sua capacidade de amar é despertada no clímax de sua vida de mulher, há muito se deteriorou sua relação com o marido; e, como recompensa da docilidade anterior, resta-lhe a escolha entre o desejo insatisfeito, a infidelidade ou uma neurose.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que as mulheres apresentam como comportamento sexual e em seu casamento o que foi recalcado e reprimido, ou seja, seu modelo de relação sexual entre marido e mulher, onde inicialmente não há felicidade sexual ou há frigidez, que priva o marido de um maior prazer sexual, que só será oferecido mais a frente, porém quando o marido encontra-se com sua relação deteriorada com sua mulher, e desse processo resta-lhe a escolha entre o desejo insatisfeito, a infidelidade ou uma neurose.
Mattanó aponta que as mulheres apresentam como comportamento sexual e em seu casamento o que foi recalcado e reprimido, ou seja, seu modelo de relação sexual entre marido e mulher, onde inicialmente não há felicidade sexual ou há frigidez, que priva o marido de um maior prazer sexual, que só será oferecido mais a frente, porém quando o marido encontra-se com sua relação deteriorada com sua mulher, e desse processo resta-lhe a escolha entre o desejo insatisfeito, a infidelidade ou uma neurose. Todo este processo é modelado por contingências ambientais e governado por regras que se associam para formar o repertório comportamental das mulheres e dos maridos, inclusive o seu desejo insatisfeito, a infidelidade e a neurose ou transtorno mental, através de significados e sentidos que são construídos e elaborados, apreendidos após um desequilíbrio cognitivo, assimilados e acumulados, internalizados e interiorizados que desencadeiam a formação e compreensão de conceitos, contextos, comportamentos, funcionalidades, linguagens, relações sociais, gestalts e insights, topografias, desejos e desejos de dormir, uma vida onírica e uma vida anímica, de conteúdos manifestos e conteúdos latentes, de chistes, charges, caricaturas, piadas e humor, fantasias, delírios, lapsos de linguagem, atos falhos, esquecimentos, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, arquétipos, filogênese, ontogênese, cultura, espiritualidade, vida e universo, imunidade, fertilidade, ciclos circadianos, homeostase, genótipo e fenótipo, consciência, inconsciente, história de vida, evolução e involução, conclusões e interpretações.
MATTANÓ
(22/02/2022)
Mattanó aponta que a imunidade, a fertilidade, os ciclos circadianos, a homeostase, a nutrição, os processos evolutivos e involutivos em sua magnitude e intensidade, a consciência, o comportamento, o inconsciente, a gestalt e os insights, a linguagem, a topografia, a psicomotricidade, o comportamento motor e as relações sociais diminuem como o avanço da idade na 3ª idade e na 4ª idade (a partir dos 100 anos de idade) elas começam a entrar em colapso de forma progressiva, por vezes lenta, por vezes moderada, por vezes rápida. A auto-atualização e a auto-realização parecem se manifestar no orgulho desses idosos de superarem os 100 anos de idade de terem alguma cognição e consciência preservada, inclusive condições de continuar vivendo por mais algum tempo, a morte é imprevisível, pois são mais fortes do que ela e se orgulham mesmo exibindo algum cansaço que ao meu ver é fisiológico, físico e psíquico, por vezes social e familiar ou transferencial em sua demência, impossível de se analisar e de se interpretar. Quem o faz está cometendo crime de curandeirismo e de charlatanismo, de lavagem cerebral. O inconsciente de um idoso a partir dos seus 60 anos de idade começa a sofrer processos de degeneração e de demência e por vezes de gratidão, de amor a vida e aos seus, mas isto em função do seu envelhecimento e das suas perdas que ultrapassam o trabalho, o social, o familiar, o econômico, o financeiro, o transporte, a liberdade, a alimentação, o corpo e a ingestão de medicamentos, o gasto com medicamentos e profissionais de saúde, a sua moradia, as suas despesas pessoais e da sua família, da sua casa, os impostos e tributos, a perda de contato com as pessoas e o social, com o mundo e a realidade de forma progressiva, se fechando em sua casa e em seus aposentos, como que sendo empurrado para a morte e para o adeus cruel e sem significado e sem sentido, sendo abandonado em seu túmulo particular, a não ser que você acredite em Deus, em Jesus Cristo, em Nossa Senhora e no Seu Amor que venceram a morte e o abandono levando uma mensagem de Amor para a humanidade ¨Quem crer em mim jamais morrerá e jamais perderá o Amor de Deus, de Jesus e de Maria, e ainda que morra viverá, pois está em mim e em meu Amor!¨
MATTANÓ
(22/02/2022)
O comportamento sexual de um ser humano freqüentemente constitui o protótipo de suas demais reações ante a vida. Do homem que mostra firmeza na conquista do seu objeto amoroso, podemos esperar que revele igual energia e constância na luta pelos seus outros fins. Mas se, por toda uma série de motivos, ele renuncia à satisfação de seus fortes instintos sexuais, seu comportamento em outros setores da vida será, em vez de enérgico, conciliatório e resignado. No sexo feminino percebemos facilmente um caso especial dessa tese de que a vida sexual constitui um protótipo para o exercício de outras funções. A educação das mulheres impede que se ocupem intelectualmente dos problemas sexuais, embora o assunto lhes desperte uma extrema curiosidade, e as intimida condenando tal curiosidade como pouco feminina e como indício de disposição pecaminosa. Assim a educação as afasta de qualquer forma de pensar, e o conhecimento perde para elas o valor. Essa interdição do pensamento estende-se além do setor sexual, em parte através de associações inevitáveis, em parte automaticamente, como a interdição do pensamento religioso ou a proibição de idéias sobre a lealdade entre cidadãos fiéis. Não acredito que a ‘debilidade mental fisiológica’ feminina seja conseqüência de um antagonismo biológico entre o trabalho intelectual e a atividade sexual, como afirmou Moebius em sua discutida obra. Acredito que a inegável inferioridade intelectual de muitas mulheres pode antes ser atribuída à inibição do pensamento necessária à supressão sexual.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que o comportamento sexual do ser humano frequentemente constitui o protótipo de suas demais reações ante a vida. O homem que mostra firmeza na conquista do seu objeto amoroso revelará igual energia e constância na luta pelos seus outros afins. E a mulher que tem educação voltada para o impedimento da ocupação dos problemas sexuais condenando tal curiosidade como pouco feminina ou como pecado atribui à inibição do pensamento à supressão sexual.
Mattanó aponta que o comportamento sexual do ser humano frequentemente constitui o protótipo de suas demais reações ante a vida. O homem que mostra firmeza na conquista do seu objeto amoroso revelará igual energia e constância na luta pelos seus outros afins. E a mulher que tem educação voltada para o impedimento da ocupação dos problemas sexuais condenando tal curiosidade como pouco feminina ou como pecado atribui à inibição do pensamento à supressão sexual. Como vemos a educação e os fatores culturais podem determinar a satisfação sexual e as demais reações ante a vida que se ligam dependendo uma das outras, inclusive no desenvolvimento da comunhão e da segurança por meio da libido, que é quem aponta o comportamento sexual do ser humano a partir do erotismo a partir da vida intra-uterina que se funde com a malícia a partir da puberdade, da comunhão a partir do catecismo da Igreja e da segurança e seus processos desenvolvidos na Escola, contudo a base da libido, da comunhão e da segurança é a família, é a mãe e o pai como objetos de amor e de ódio transferencial que se desenvolvem e se transferem para outros objetos adquirindo outras formas e estruturas mais elaboradas e robustas. Tornam-se a mãe e o pai objetos de satisfação da libido, da comunhão e da segurança com os cuidados maternos e paternos, com a educação e com a socialização, com a convivência regrada em brincadeiras, jogos e afetos que se tornam o mundo psíquico da criança, assim, inicialmente, a libido, a comunhão e a segurança exprimem brincadeiras, jogos e afetos, a fome e a higiene, o banho reparador, o contato com seus pais e familiares. O banho torna-se reparador, pois a banheira torna-se o invólucro do útero materno com seus comportamentos sem significado e sem sentido, com brincadeiras ingênuas, jogos espontâneos e afetos que compõem o ambiente de banho de cada bebê, numa liberdade infantil e ingênua que através do amor recalcado se repete durante a vida com o direito aos comportamentos que formam novos significados e novos sentidos, transformando o bebê num adulto que ama e que cuida de seus filhos e filhas e até mesmo de seu pai e mãe, agora idosos e incapazes, mas merecedores de um banho reparador.
MATTANÓ
(23/02/2022)
Quanto à questão da abstinência, é preciso estabelecer a abstenção de qualquer atividade sexual e a abstenção de relações sexuais com o sexo oposto. Muitos indivíduos que se vangloriam de ser abstinentes, só o conseguiram com o auxílio da masturbação e satisfações análogas ligadas às atividades sexuais auto-eróticas da primeira infância. Entretanto, esses meios substitutivos de satisfação sexual não são em absoluto inofensivos, justamente devido a essa conexão, e predispõem às numerosas formas de neurose e psicose que podem resultar na involução da vida sexual a formas infantis. Tampouco a masturbação satisfaz as exigências ideais da moral sexual civilizada, conseqüentemente levando os jovens a travar com os ideais da educação aqueles mesmos conflitos que procuravam evitar pela abstinência. Além disso, ela corrompe em mais de um sentido o caráter, por meio da indulgência. Em primeiro lugar, acostuma o indivíduo a atingir objetivos importantes sem esforço e pelos meios mais fáceis, e não através de uma ação vigorosa, ou seja, obedece ao princípio de que a sexualidade constitui o protótipo do comportamento (ver em [1]). Em segundo lugar, nas fantasias que acompanham a satisfação o objeto sexual é levado a níveis de perfeição dificilmente encontrados na realidade. Um espirituoso escritor (Karl Kraus, no jornal vienense Die Fackel) expressou essa mesma verdade, invertendo os seus termos, numa cínica observação: ‘A copulação nada mais é do que um substituto insatisfatório da masturbação.’
A severidade das exigências da civilização e as dificuldades da abstinência converteram a proibição da união de genitais de sexos opostos no cerne do problema da abstinência, favorecendo outros tipos de atividade sexual, equivalentes, por assim dizer, a uma semi-obediência. Como o coito normal tem sido tão implacavelmente perseguido pela moral e também pela higiene devido às possibilidades de infecção, as práticas sexuais chamadas pervertidas, nas quais outras partes do corpo assumem o papel de genitais, aumentaram sem dúvida sua importância social. Entretanto, essas atividades não podem ser consideradas tão inofensivas como outras extensões análogas [da meta sexual] nas relações amorosas. São condenáveis do ponto de vista ético, pois degradam as relações amorosas de dois seres humanos, rebaixando-as de uma questão fundamental a um jogo cômodo, livre de riscos e sem nenhuma participação espiritual. Outra conseqüência desse incremento das dificuldades da vida sexual normal é a expansão da satisfação homossexual: àqueles que são homossexuais devido à sua organização, e aos que passaram a sê-lo na infância, junta-se um grande número de indivíduos em que a obstrução do curso principal de sua libido causou, em anos posteriores, o alargamento do canal secundário da homossexualidade.
Todas essas conseqüências inevitáveis e indesejadas do preceito da abstinência convergem para um único resultado: o completo malogro da preparação para o casamento, casamento esse que a moral sexual civilizada pensa ser o único herdeiro das impulsões sexuais. Todo homem cuja libido, em conseqüência de práticas sexuais masturbatórias ou pervertidas, acostumou-se a situações e condições de satisfação anormais apresenta no casamento uma potência diminuída. Também as mulheres que puderam preservar sua virgindade com o auxílio de recursos análogos mostram-se anestesiadas às relações sexuais normais do casamento, que assim tem início com ambos os cônjuges apresentando uma reduzida capacidade erótica que irá sucumbir ao processo de dissolução com uma rapidez maior do que os demais. Em conseqüência da fraca potência do marido, a mulher não se satisfaz, permanecendo anestesiada mesmo nos casos onde uma poderosa experiência sexual poderia ter superado sua predisposição para a frigidez decorrente de sua educação. Tal casal encontrará maiores dificuldades para impedir a concepção do que um casal saudável, pois a reduzida potência do marido suporta mal o uso de anticoncepcionais. Nesse embaraço, sendo o ato sexual a fonte de todas as suas dificuldades, logo o casal renuncia ao mesmo, e com isso abre mão da base de sua vida conjugal.
As pessoas bem informadas sabem que não exagero nessa descrição, e que muitos casos igualmente desastrosos podem ser encontrados a cada momento. É difícil para o não iniciado acreditar quão rara é a potência normal num marido e quão freqüente é a frigidez feminina no casal que vive sob o império da nossa moral sexual civilizada, que grau de renúncia exige freqüentemente de ambos os cônjuges o casamento e a que limites estreitos fica reduzida a vida conjugal - aquela felicidade tão ardentemente desejada. Já expliquei que nessas circunstâncias o desenlace mais óbvio é a doença nervosa, mas é preciso também assinalar que esse tipo de
casamento continua a exercer sua influência sobre os poucos filhos, ou o filho único, gerado pelo mesmo. À primeira vista, parece um caso de hereditariedade, mas a um exame mais apurado comprova-se ser na realidade o efeito de poderosas impressões infantis. Uma esposa neurótica, insatisfeita, torna-se uma mãe excessivamente terna e ansiosa, transferindo para o filho sua necessidade de amor. Dessa forma ela o desperta para a precocidade sexual. Além disso, o mau relacionamento dos pais excita a vida emocional da criança, fazendo-a sentir amor e ódio em graus muito elevados ainda em tenra idade. Sua educação rígida, que não tolera qualquer atividade dessa vida sexual precocemente despertada, vai em auxílio da força supressora e esse conflito, em idade tão tenra, fornece todos os elementos necessários ao aparecimento de uma doença nervosa que durará toda a vida.
Retorno agora à minha afirmativa anterior (ver em [1]) de que em geral não se concede às neuroses sua real importância. Não me refiro à subestimação desses estados revelada no leviano menosprezo dos parentes e nas presunçosas afirmações dos médicos de que algumas semanas de tratamento hidroterápico, ou alguns meses de repouso e convalescença, produzirão a cura. Essas atitudes simplistas de leigos e médicos ignorantes podem, no máximo, dar ao doente uma ilusória esperança. Já é sabido, muito ao contrário, que uma neurose crônica, mesmo que não destrua por completo a capacidade vital do indivíduo, representa em sua vida uma séria desvantagem, talvez de grau idêntico a uma tuberculose ou um defeito cardíaco. A situação poderia ser tolerável se as neuroses subtraíssem às atividades civilizadas só um certo grupo de indivíduos mais débeis, permitindo aos demais participar dessas atividades ao pequeno preço de alguns incômodos subjetivos. Mas como a realidade é bem diversa, devo insistir em meu ponto de vista de que as neuroses, quaisquer que sejam sua extensão e sua vítima, sempre conseguem frustrar os objetivos da civilização, efetuando assim a obra das forças mentais suprimidas que são hostis à civilização. Dessa forma, se uma sociedade paga pela obediência a suas normas severas com um incremento de doenças nervosas, essa sociedade não pode vangloriar-se de ter obtido lucros à custa de sacrifícios; e nem ao menos pode falar em lucros. Consideremos, por exemplo, o caso muito comum da esposa que não ama seu marido, pois as condições em que se iniciou seu casamento não lhe deram motivos para estimá-lo. Ela, porém, deseja intensamente amar esse marido, pois só isso corresponderia ao ideal de casamento em que foi educada. Tal esposa suprimirá qualquer impulso que visasse expressar aquela verdade e contrariar seu empenho para satisfazer seu ideal, e fará intensos esforços para desempenhar o papel de uma esposa amante, terna e cuidadosa. O resultado dessa auto-supressão será uma doença neurótica, e com essa neurose em curto espaço de tempo desforrar-se-á do marido não amado, causando-lhe tanta insatisfação e incômodo quanto lhe teria causado a franca admissão da verdade. Este é um exemplo bem típico dos efeitos de uma neurose. A supressão dos impulsos hostis à civilização que não são diretamente sexuais acarreta, também, um fracasso semelhante na obtenção de compensação. Por exemplo, se um homem tornou-se excessivamente bondoso em resultado de uma violenta supressão de uma inclinação constitucional para a aspereza e a crueldade,
freqüentemente perde tanta energia ao realizar isso que não consegue fazer tudo que os seus impulsos compensadores exigem, podendo, no final das contas, fazer pior do que teria feito sem a supressão.
Acrescentemos que a restrição da atividade sexual numa comunidade é, em geral, acompanhada de uma intensificação do medo da morte e da ansiedade ante a vida que perturba a capacidade do indivíduo para o prazer, assim como a disposição de enfrentar a morte por uma causa. O resultado é uma redução no desejo de gerar filhos, privando assim esse grupo ou comunidade de uma participação no futuro. Em vista disso, é justo que indaguemos se a nossa moral sexual ‘civilizada’ vale o sacrifício que nos impõe, já que estamos ainda tão escravizados ao hedonismo a ponto de incluir entre os objetivos de nosso desenvolvimento cultural uma certa dose de satisfação da felicidade individual. Certamente não é atribuição do médico propor reformas, mas me pareceu que eu poderia defender a necessidade de tais reformas se ampliasse a exposição de Von Ehrenfels sobre os efeitos nocivos de nossa moral sexual ‘civilizada’, indicando o importante papel que essa moral desempenha no incremento da doença nervosa moderna.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que as neuroses são consequência ou resposta do indivíduo à civilização. Este é um exemplo bem típico dos efeitos de uma neurose. A supressão dos impulsos hostis à civilização que não são diretamente sexuais acarreta, também, um fracasso semelhante na obtenção de compensação. Por exemplo, se um homem tornou-se excessivamente bondoso em resultado de uma violenta supressão de uma inclinação constitucional para a aspereza e a crueldade, freqüentemente perde tanta energia ao realizar isso que não consegue fazer tudo que os seus impulsos compensadores exigem, podendo, no final das contas, fazer pior do que teria feito sem a supressão.
Acrescentemos que a restrição da atividade sexual numa comunidade é, em geral, acompanhada de uma intensificação do medo da morte e da ansiedade ante a vida que perturba a capacidade do indivíduo para o prazer, assim como a disposição de enfrentar a morte por uma causa. O resultado é uma redução no desejo de gerar filhos, privando assim esse grupo ou comunidade de uma participação no futuro. Em vista disso, é justo que indaguemos se a nossa moral sexual ‘civilizada’ vale o sacrifício que nos impõe, já que estamos ainda tão escravizados ao hedonismo a ponto de incluir entre os objetivos de nosso desenvolvimento cultural uma certa dose de satisfação da felicidade individual. Certamente não é atribuição do médico propor reformas, mas me pareceu que eu poderia defender a necessidade de tais reformas se ampliasse a exposição de Von Ehrenfels sobre os efeitos nocivos de nossa moral sexual ‘civilizada’, indicando o importante papel que essa moral desempenha no incremento da doença nervosa moderna.
Mattanó aponta que as neuroses são consequência ou resposta do indivíduo à civilização. Este é um exemplo bem típico dos efeitos de uma neurose. A supressão dos impulsos hostis à civilização que não são diretamente sexuais acarreta, também, um fracasso semelhante na obtenção de compensação. Por exemplo, se um homem tornou-se excessivamente bondoso em resultado de uma violenta supressão de uma inclinação constitucional para a aspereza e a crueldade, freqüentemente perde tanta energia ao realizar isso que não consegue fazer tudo que os seus impulsos compensadores exigem, podendo, no final das contas, fazer pior do que teria feito sem a supressão. Neste caso o homem não consegue realizar a sua tarefa nem com a ajuda da supressão e ele gastou muito mais energia do que sem a supressão ou impulsos compensadores.
Acrescentemos que a restrição da atividade sexual numa comunidade é, em geral, acompanhada de uma intensificação do medo da morte e da ansiedade ante a vida que perturba a capacidade do indivíduo para o prazer, assim como a disposição de enfrentar a morte por uma causa. O resultado é uma redução no desejo de gerar filhos, privando assim esse grupo ou comunidade de uma participação no futuro. Em vista disso, é justo que indaguemos se a nossa moral sexual ‘civilizada’ vale o sacrifício que nos impõe, já que estamos ainda tão escravizados ao hedonismo a ponto de incluir entre os objetivos de nosso desenvolvimento cultural uma certa dose de satisfação da felicidade individual. Certamente não é atribuição do médico propor reformas, mas me pareceu que eu poderia defender a necessidade de tais reformas se ampliasse a exposição de Von Ehrenfels sobre os efeitos nocivos de nossa moral sexual ‘civilizada’, indicando o importante papel que essa moral desempenha no incremento da doença nervosa moderna. A restrição da atividade sexual numa comunidade pode acompanhar a intensificação do medo de morte e da ansiedade ante a vida e ante o prazer e ante o enfrentamento da morte por uma causa devido aos significados e sentidos que temos destas relações, devido aos conceitos e contextos vividos e aprendidos, apreendidos e reproduzidos, devido aos comportamentos e a funcionalidade destas relações, devido aos símbolos inconscientes e aos sinais conscientes destas relações, devido a linguagem, a gestalts e aos insights destas relações, devido as relações sociais destas relações e estruturas, devido a topografia destas relações, devido aos desejos e vida onírica, a vida anímica, ao conteúdo manifesto e ao conteúdo latente de nossos sonhos em meio a estas relações ou contextos, devido aos fenômenos como chistes, atos falhos, esquecimentos, lapsos de linguagem, atos ilocucionários e atos perlocucionários, pressupostos e subentendidos, fantasias, delírios, arquétipos, filogênese, ontogênese, cultura, espiritualidade, vida e universo nestas relações, devido a imunidade, aos ciclos circadianos, a homeostase, a fertilidade, a nutrição, a genética, evolução e involução, história de vida, consciência, inconsciente, contingências, mundo governado por regras e mundo controlado por contingências, análises, conclusões e interpretações destas relações sobre a vida e a morte e sua satisfação.
MATTANÓ
(23/02/2022)
SOBRE AS TEORIAS SEXUAIS DAS CRIANÇAS (1908)
NOTA DO EDITOR INGLÊS
ÜBER INFANTILE SEXUALTHEORIEN
1908 Sexual-Probleme, 4 (12) [dezembro], 763-779.
1909 S.K.S.N. 2, 159-174. (1912, 2ª ed.; 1921, 3ª ed.)
1924 G.S. 5, 168-185.
1931 Sexualtheorie und Traumlehre, 43-61.
1941 G.K., 7, 171-188.
‘On the Sexual Theories of Children’
1924 C.P., 2, 59-75. (Trad. de D. Bryan.)
A presente tradução é uma versão modificada da publicada em 1924.
Este artigo foi publicado pela primeira vez num número posterior do mesmo periódico em que apareceu o artigo precedente (ver em [1]). Embora tenha vindo a público de forma discreta, e embora contenha muito poucas surpresas para o leitor moderno, na verdade apresentou ao mundo uma quantidade apreciável de idéias novas. Esse paradoxo torna-se compreensível ao verificarmos que este artigo foi publicado alguns meses antes do caso clínico do ‘Little Hands’ (1909b) (embora, como revela em [1], esse trabalho já estivesse em revisão) e que a seção dos Três Ensaios (1905d) sobre ‘As Pesquisas Sexuais da Infância’ (ver a partir de [2], 1972) só tenha sido acrescentada a essa obra em 1915, oito anos depois da publicação deste artigo, do qual, na realidade, aquela seção é apenas pouco mais que um resumo. É verdade que, num artigo anterior sobre ‘O Esclarecimento Sexual das Crianças’ (1907c), Freud transcreveu algum material do ‘Litle Hans’ (ver a partir de [1]) e fez um breve exame da curiosidade infantil sobre o sexo, chegando a mencionar a existência de ’teorias sexuais infantis’ (ver em [2]) sem discorrer entretanto sobre a sua natureza.
Aqui os primeiros leitores deste trabalho, quase sem uma preparação, defrontam-se com as idéias da fertilização pela boca, do nascimento pelo ânus, das relações sexuais dos pais como algo sádico e da posse de um pênis por membros de ambos os sexos. Essa última noção envolveria as implicações mais extensas, também mencionadas pela primeira vez nestas páginas: a importância do pênis para as crianças dos dois sexos, os resultados da descoberta de que um dos sexos não o possui, o aparecimento na menina da ‘inveja do pênis’ e nos meninos do conceito da ‘mulher com um pênis’, e o papel desse conceito numa forma de homossexualidade. Por fim, encontramos aqui a primeira menção e o primeiro exame explícito do ‘complexo de castração’, cujo
único prenúncio fora uma obscura referência a uma ameaça de castração em A Interpretação de Sonhos (1900a, ver em [1], 1972).
O riquíssimo material aqui exposto pode, sem dúvida, ser em grande parte atribuído às descobertas da análise do ‘Little Hans’, cujo relato, recentemente terminado, ilustrava e ampliava grande parte do conteúdo deste artigo.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica em sua teoria que as crianças possuem uma sexualidade e que as provas disso são as perguntas sobre a sexualidade que elas fazem para os adultos.
Mattanó aponta que em sua teoria as crianças possuem uma aprendizagem sobre o seu próprio corpo, seu corpo vivido e seu corpo representado e da mesma forma pergunta para os adultos sobre o corpo dos outros homens e mulheres e seres vivos, inclusive da sua intimidade que por vezes pode ser sinal de violência sexual, abuso sexual, abuso de incapazes ou estupro de menores, de vulneráveis, ou de exploração sexual e que essas perguntas podem indicar de onde surgiu e se mantêm o problema dessa criança, pois ela ainda, antes da sua puberdade, não possuiu uma sexualidade e uma malícia que a defina, por isso é ingênua e incapaz de compreender a si mesma diante desse evento que pode ser traumático.
MATTANÓ
(23/02/2022)
SOBRE AS TEORIAS SEXUAIS DAS CRIANÇAS
O material que serve de base a esta síntese procede de várias fontes. Em primeiro lugar, da observação direta do que as crianças dizem e fazem; em segundo, do que neuróticos adultos conscientemente lembram de sua infância e relatam durante o tratamento psicanalítico; e, em terceiro lugar, das traduções e conclusões, e das lembranças inconscientes traduzidas em material consciente, que resultam da psicanálise de neuróticos.
O fato de que a primeira dessas três fontes não tenha sido suficiente para fornecer todos os elementos necessários para o esclarecimento do assunto deve-se à atitude do adulto em relação à vida sexual das crianças. Não lhes atribuindo nenhuma atividade sexual, o adulto não se esforça por observar seus indícios, suprimindo, por outro lado, qualquer manifestação dessa atividade que lhe chame a atenção. Conseqüentemente, são muito mais restritas as oportunidades de obter informações dessa que seria a mais fértil e inequívoca das fontes. O que provém das comunicações espontâneas dos adultos a respeito de suas lembranças infantis conscientes está, na melhor das hipóteses, sujeito à suspeita de uma adulteração no processo de rememoração; ademais, no seu exame deve ser levado em conta que os informantes se tornaram neuróticos. Já o material procedente da terceira fonte será objeto daquelas críticas usualmente dirigidas contra a fidedignidade da psicanálise e de suas conclusões. Não me é possível tentar aqui justificá-la; e posso apenas assegurar que os que conhecem e praticam a técnica psicanalítica adquirem uma ampla confiança em suas descobertas.
Não garanto ter alcançado resultados perfeitos, mas asseguro que empreguei o máximo cuidado para chegar a eles.
Uma questão difícil é determinar até que ponto se deve supor que as observações aqui relatadas a respeito de algumas crianças seja verdade para todas as crianças. As pressões da educação e a variável intensidade do instinto sexual certamente permitem grandes variações individuais no comportamento sexual das crianças, e sobretudo influenciam a época do aparecimento do interesse sexual da criança. Por esse motivo não dividi minha apresentação do material de acordo com os sucessivos períodos da infância, mas reuni numa única exposição fatos que ocorrem ou mais cedo ou mais tarde em cada criança. Estou convicto de que nenhuma criança - pelo menos nenhuma que seja mentalmente normal e menos ainda as bem dotadas intelectualmente - pode evitar o interesse pelos problemas do sexo nos anos anteriores à puberdade.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que em nenhuma das crianças bem dotadas intelectualmente que ele examinou, ele constatou a falta de interesse pelos problemas do sexo nos anos anteriores à puberdade.
Mattanó aponta que mesmo que em nenhuma das crianças bem dotadas intelectualmente que Freud examinou, não fora constatada a falta de interesse pelos problemas do sexo nos anos anteriores à puberdade, Mattanó ressalta que isso pode ter origem de experiências traumáticas, como pedofilia, abuso sexual, estupro de vulnerável, violência sexual, exploração sexual ou corrupção de menores e suas consequências para a vida psíquica e comportamental da criança, modelando seus significados e sentidos a respeito do assunto, mesmo sem malícia, mas através do trauma no mapa cognitivo, construindo caminhos cognitivos que levarão a essas respostas e interesses anteriores à puberdade.
MATTANÓ
(23/02/2022)
Não dou valor à objeção de que os neuróticos constituem uma classe especial, marcada por uma disposição inata ‘degenerada’, e de cuja vida infantil não podemos tirar qualquer conclusão sobre a infância de outras pessoas. Os neuróticos são muito semelhantes aos demais homens. Não se diferenciam acentuadamente das pessoas normais, e na infância não é fácil distingui-los dos que permanecerão sadios em sua vida posterior. Um dos resultados mais valiosos das investigações psicanalíticas é a descoberta de que as neuroses de tais indivíduos não possuem um conteúdo mental especial e peculiar, mas que, como Jung já analisou, eles adoecem devido aos mesmos complexos com que nós, as pessoas sadias, lutamos. A única diferença é que as sadias sabem superar esse complexos sem sofrer danos graves e visíveis na vida prática, enquanto nos casos nervosos a supressão dos complexos só obtém êxito à custa de dispendiosas formações substitutivas, isto é, do ponto de vista prático trata-se de um fracasso Na infância, as pessoas neuróticas e as normais estão naturalmente muito mais próximas do que posteriormente, e assim não considero um erro de metodologia utilizar as comunicações dos neuróticos a respeito de sua infância para delas inferir, por analogia, conclusões sobre a vida infantil normal. Mas como aqueles que posteriormente se tornam neuróticos com freqüência apresentam em sua constituição inata um instinto sexual particularmente forte e uma tendência à precocidade e à expressão prematura desse instinto, eles nos permitem perceber com maior clareza e precisão uma quantidade maior da atividade sexual infantil do que nossa embotada faculdade de observação poderia reconhecer em outras coisas. No entanto, certamente só poderemos avaliar de forma correta essas comunicações de adultos neuróticos quando, seguindo o exemplo de Havelock Ellis, consideramos proveitoso recolher as lembranças infantis também de adultos saudáveis.
Em conseqüência de circunstâncias desfavoráveis de natureza interna e externa, as observações que se seguem aplicam-se principalmente ao desenvolvimento sexual de apenas um sexo - isto é, o masculino. Entretanto, o valor de uma tal compilação não deve ser puramente de natureza descritiva. O conhecimento das teorias sexuais infantis, tais como as concebe a mente da criança, pode ter interesse em mais de um sentido - até mesmo, surpreendentemente, para a elucidação dos mitos e contos de fadas. Além disso, são indispensáveis para uma compreensão das próprias neuroses, já que nestas ainda atuam as teorias infantis, exercendo uma decisiva influência sobre a forma assumida pelos sintomas.
Se pudéssemos despojar-nos de nossa exigência corpórea e observar as coisas da terra com uma nova perspectiva, como seres puramente pensantes, de outro planeta por exemplo, talvez nada despertasse tanto a nossa atenção como o fato da existência de dois sexos entre os seres humanos, que, embora tão semelhantes em outros aspectos, assinalam suas diferenças com sinais externos muito óbvios. No entanto, não me parece que as crianças também tomem esse fato fundamental como ponto de partida de suas pesquisas sobre os problemas sexuais. Como suas lembranças mais antigas já incluem um pai e uma mãe, aceitam a existência destes como uma realidade indiscutível, e um menino adotará a mesma atitude em relação a uma irmãzinha da qual
o separam apenas um ou dois anos. O desejo da criança por esse tipo de conhecimento não surge espontaneamente, em conseqüência talvez de alguma necessidade inata de causas estabelecidas; surge sob o aguilhão dos instintos egoístas que a dominam, quando é surpreendida - talvez ao fim do seu segundo ano - pela chegada de um novo bebê. Também a criança cuja família não aumentou pode colocar-se na mesma situação observando os outros lares. A perda, realmente experimentada ou justamente temida, dos carinhos dos pais e o pressentimento de que, de agora em diante, terá sempre de compartilhar seus bens com o recém-chegado despertam suas emoções e aguçam sua capacidade de pensamento. A criança mais velha expressa sua franca hostilidade ao rival através de críticas inamistosas, esperando que ‘a cegonha o leve de volta’, e às vezes até através de pequenas agressões à desamparada criatura que está no berço. Quando a diferença de idades é maior, a expressão dessa hostilidade primária é geralmente mais suave. Assim, em idade posterior, se não apareceu um irmão ou uma irmã menores, o desejo da criança por um companheiro de brinquedos, tal como viu em outras famílias, pode alcançar a primazia.
Sob a instigação desses sentimentos e preocupações, a criança começa a refletir sobre o primeiro grande problema da vida e pergunta a si mesma: ‘De onde vêm os bebês?’ - indagação cuja forma original certamente era: ’De onde veio esse bebê intrometido?’ Parece-nos que ouvimos os ecos desse primeiro enigma nos inúmeros enigmas dos mitos e lendas. Essa pergunta é, como toda pesquisa, o produto de uma exigência vital, como se ao pensamento fosse atribuída a tarefa de impedir a repetição de eventos tão temidos. Suponhamos, entretanto, que o pensamento infantil logo se torne independente dessa instigação e passe a operar como um instinto auto-sustentado de pesquisa. Quando a criança não foi demasiadamente intimidada, mais cedo ou mais tarde recorre ao método direto de exigir uma resposta dos pais ou dos que cuidam dela, que representam a seus olhos a fonte de todo o conhecimento. Esse método, entretanto, falha. A criança recebe respostas evasivas, ou repreensões por sua curiosidade, ou ainda é despedida com a explicação mitológica que, nos países germânicos, é a seguinte: ‘A cegonha traz os bebês; ela os retira da água.’ Tenho motivos para acreditar que o número de crianças que não se satisfazem com essa solução, recebendo-a com fortes dúvidas que entretanto não admitem abertamente, é bem maior do que os pais supõem. Sei de um menino de três anos que, após receber essa informação, desapareceu - para terror de sua ama. Foi encontrado à margem de um grande lago que ficava perto da casa, para onde acorrera a fim de ver os bebês que estavam dentro d’água.
Sei também de outro menino que só conseguiu expressar sua dúvida retrucando timidamente que não era uma cegonha que trazia os bebês, mas sim uma garça. De um grande número de informações que reuni, deduzi que as crianças se recusam a crer na teoria da cegonha e que, a partir dessa primeira decepção, começam a desconfiar dos adultos e a suspeitar que estes lhe escondem algo proibido, passando como resultado a manter em segredo suas investigações posteriores. Com isso, entretanto, a criança experimenta o seu primeiro ‘conflito psíquico’, pois certas concepções pelas quais sente uma preferência instintual não são consideradas corretas pelos adultos e contrapõem-se a outras defendidas pela autoridade dos
mais velhos, as quais, entretanto, não lhe parecem aceitáveis. Esse conflito psíquico logo pode transformar-se numa ‘dissociação psíquica’. O conjunto de concepções consideradas ‘boas’, mas que resultam numa cessação da reflexão, torna-se o conjunto das concepções dominantes e conscientes, enquanto o outro conjunto, a favor do qual o trabalho de investigação infantil coligiu novas provas, as quais entretanto não devem ser consideradas, torna-se o conjunto das opiniões reprimidas e inconscientes. Está assim formado o complexo nuclear de uma neurose.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que no entanto, não me parece que as crianças também tomem esse fato fundamental como ponto de partida de suas pesquisas sobre os problemas sexuais. Como suas lembranças mais antigas já incluem um pai e uma mãe, aceitam a existência destes como uma realidade indiscutível, e um menino adotará a mesma atitude em relação a uma irmãzinha da qual
o separam apenas um ou dois anos. O desejo da criança por esse tipo de conhecimento não surge espontaneamente, em conseqüência talvez de alguma necessidade inata de causas estabelecidas; surge sob o aguilhão dos instintos egoístas que a dominam, quando é surpreendida - talvez ao fim do seu segundo ano - pela chegada de um novo bebê. Também a criança cuja família não aumentou pode colocar-se na mesma situação observando os outros lares. A perda, realmente experimentada ou justamente temida, dos carinhos dos pais e o pressentimento de que, de agora em diante, terá sempre de compartilhar seus bens com o recém-chegado despertam suas emoções e aguçam sua capacidade de pensamento. A criança mais velha expressa sua franca hostilidade ao rival através de críticas inamistosas, esperando que ‘a cegonha o leve de volta’, e às vezes até através de pequenas agressões à desamparada criatura que está no berço. Quando a diferença de idades é maior, a expressão dessa hostilidade primária é geralmente mais suave. Assim, em idade posterior, se não apareceu um irmão ou uma irmã menores, o desejo da criança por um companheiro de brinquedos, tal como viu em outras famílias, pode alcançar a primazia.
Sob a instigação desses sentimentos e preocupações, a criança começa a refletir sobre o primeiro grande problema da vida e pergunta a si mesma: ‘De onde vêm os bebês?’ - indagação cuja forma original certamente era: ’De onde veio esse bebê intrometido?’ Parece-nos que ouvimos os ecos desse primeiro enigma nos inúmeros enigmas dos mitos e lendas. Essa pergunta é, como toda pesquisa, o produto de uma exigência vital, como se ao pensamento fosse atribuída a tarefa de impedir a repetição de eventos tão temidos. A criança recebe respostas evasivas, ou repreensões por sua curiosidade, ou ainda é despedida com a explicação mitológica que, nos países germânicos, é a seguinte: ‘A cegonha traz os bebês; ela os retira da água.’ Tenho motivos para acreditar que o número de crianças que não se satisfazem com essa solução, recebendo-a com fortes dúvidas que entretanto não admitem abertamente, é bem maior do que os pais supõem. Sei de um menino de três anos que, após receber essa informação, desapareceu - para terror de sua ama. Foi encontrado à margem de um grande lago que ficava perto da casa, para onde acorrera a fim de ver os bebês que estavam dentro d’água.
A criança experimenta o seu primeiro ‘conflito psíquico’, pois certas concepções pelas quais sente uma preferência instintual não são consideradas corretas pelos adultos e contrapõem-se a outras defendidas pela autoridade dos mais velhos, as quais, entretanto, não lhe parecem aceitáveis. Esse conflito psíquico logo pode transformar-se numa ‘dissociação psíquica’. O conjunto de concepções consideradas ‘boas’, mas que resultam numa cessação da reflexão, torna-se o conjunto das concepções dominantes e conscientes, enquanto o outro conjunto, a favor do qual o trabalho de investigação infantil coligiu novas provas, as quais entretanto não devem ser consideradas, torna-se o conjunto das opiniões reprimidas e inconscientes. Está assim formado o complexo nuclear de uma neurose.
Mattanó aponta que no entanto, não lhe parece que as crianças também tomem esse fato fundamental como ponto de partida de suas pesquisas sobre os problemas sexuais. Como suas lembranças mais antigas já incluem um pai e uma mãe, aceitam a existência destes como uma realidade indiscutível, e um menino adotará a mesma atitude em relação a uma irmãzinha da qual
o separam apenas um ou dois anos. O desejo da criança por esse tipo de conhecimento não surge espontaneamente, em conseqüência talvez de alguma necessidade inata de causas estabelecidas; surge sob o aguilhão dos instintos egoístas que a dominam, quando é surpreendida - talvez ao fim do seu segundo ano - pela chegada de um novo bebê. Também a criança cuja família não aumentou pode colocar-se na mesma situação observando os outros lares. A perda, realmente experimentada ou justamente temida, dos carinhos dos pais e o pressentimento de que, de agora em diante, terá sempre de compartilhar seus bens com o recém-chegado despertam suas emoções e aguçam sua capacidade de pensamento. A criança mais velha expressa sua franca hostilidade ao rival através de críticas inamistosas, esperando que ‘a cegonha o leve de volta’, e às vezes até através de pequenas agressões à desamparada criatura que está no berço. Quando a diferença de idades é maior, a expressão dessa hostilidade primária é geralmente mais suave. Assim, em idade posterior, se não apareceu um irmão ou uma irmã menores, o desejo da criança por um companheiro de brinquedos, tal como viu em outras famílias, pode alcançar a primazia.
Sob a instigação desses sentimentos e preocupações, a criança começa a refletir sobre o primeiro grande problema da vida e pergunta a si mesma: ‘De onde vêm os bebês?’ - indagação cuja forma original certamente era: ’De onde veio esse bebê intrometido?’ Parece-nos que ouvimos os ecos desse primeiro enigma nos inúmeros enigmas dos mitos e lendas. Essa pergunta é, como toda pesquisa, o produto de uma exigência vital, como se ao pensamento fosse atribuída a tarefa de impedir a repetição de eventos tão temidos. A criança recebe respostas evasivas, ou repreensões por sua curiosidade, ou ainda é despedida com a explicação mitológica que, nos países germânicos, é a seguinte: ‘A cegonha traz os bebês; ela os retira da água.’ Tenho motivos para acreditar que o número de crianças que não se satisfazem com essa solução, recebendo-a com fortes dúvidas que entretanto não admitem abertamente, é bem maior do que os pais supõem. Sei de um menino de três anos que, após receber essa informação, desapareceu - para terror de sua ama. Foi encontrado à margem de um grande lago que ficava perto da casa, para onde acorrera a fim de ver os bebês que estavam dentro d’água.
A criança experimenta o seu primeiro ‘conflito psíquico’, pois certas concepções pelas quais sente uma preferência instintual não são consideradas corretas pelos adultos e contrapõem-se a outras defendidas pela autoridade dos mais velhos, as quais, entretanto, não lhe parecem aceitáveis. Esse conflito psíquico logo pode transformar-se numa ‘dissociação psíquica’. O conjunto de concepções consideradas ‘boas’, mas que resultam numa cessação da reflexão, torna-se o conjunto das concepções dominantes e conscientes, enquanto o outro conjunto, a favor do qual o trabalho de investigação infantil coligiu novas provas, as quais entretanto não devem ser consideradas, torna-se o conjunto das opiniões reprimidas e inconscientes. Está assim formado o complexo nuclear de uma neurose. Contudo para Mattanó esse ¨conflito psíquico¨ vai sendo construído aos poucos assim como a sua linguagem e o seu inconsciente, comportamento e cognição, pois existem fenômenos como niilismo, incoerência, analfabetismo, ausência de repertório comportamental e ausência de capacidade funcional para o desempenho de determinada tarefa por meio da cognição, a linguagem tem o seu desenvolvimento próprio e ela depende destes fenômenos para existir e se estruturar, para gerar significado e sentido, por exemplo, através da alfabetização e da cognição, da coerência, do condensamento e do deslocamento, do comportamento, ainda não temos estudos sobre o desenvolvimento do niilismo, sua estruturação, manutenção e transformação em condensamento e deslocamento, não sabemos tudo a respeito das crianças e dos seus ¨conflitos psíquicos¨, até que ponto eles são significados e tem um sentido e qual a relevância disto para a criança, qual o papel do reforço e da aprendizagem sobre os ¨conflitos psíquicos¨, qual o papel da internalização e da interiorização, da cognição, da afetividade sobre os ¨conflitos psíquicos¨, qual o papel da alfabetização e da linguagem e dos seus recursos como os chistes sobre os ¨conflitos psíquicos¨, qual o papel da telepatia, da lavagem cerebral, da extorsão, da vingança e do estupro virtual, inclusive do estupro e da despersonalização sobre os ¨conflitos psíquicos¨, qual o papel das guerras, do terror, do conflito e da violência sobre os ¨conflitos psíquicos¨, qual o papel da gestalt e dos insights sobre os ¨conflitos psíquicos¨, qual o papel dos arquétipos sobre os ¨conflitos psíquicos¨, qual o papel da escola e da educação sobre os ¨conflitos psíquicos¨, qual o papel da loucura e dos transtornos mentais sobre os ¨conflitos psíquicos¨ das crianças a respeito da cegonha, todos estes fenômenos podem se alicerçar sobre o pai e a mãe da criança, sobre a sua psique e comportamento, sobre a sua identidade, consciência e atividade que influenciará seu modo de agir e falar sobre a cegonha para a criança levando-a a crer ou não crer ou desviar sua crença para outros motivos em função dessa argumentação. Crianças que enfrentam grandes desafios como lavagem cerebral, extorsão, vingança, estupro, estupro virtual, guerras, conflitos, mortes, tortura, tráfico, terror, escravidão, envenenamento, loucura, corrupção, espancamento, acidentes, tentativas de homicídios e de chacinas, tragédias, catástrofes, calamidades, horrores, incêndios, pandemias, doenças, doenças incuráveis, e tratamentos médicos errados, curandeirismo e charlatanismo, holocaustos, e tem que enfrentar esses ¨conflitos psíquicos¨ do seu desenvolvimento psíquico em função da fraternidade vivida com seu irmão ou sua irmã precisam de atenção especial para que a dissociação psíquica não provoque e a sociedade chame essas crianças de bandidos convertidos pela dor, que querendo ou não é sempre maior do que o amor e a sua gratificação, por isso mesmo que é dor e incomoda, deixa marcas e sequelas por onde passa e onde fere.
MATTANÓ
(24/02/2022)
Recentemente, a análise de um menino de cinco anos, feita pelo pai e a mim confiada para publicação, forneceu-me a confirmação irrefutável da correção de uma concepção que há muito inferi da psicanálise de adultos. Sei agora que as alterações sofridas pela mãe no decurso da gravidez não escapam aos olhos aguçados da criança, e que esta é perfeitamente capaz de logo estabelecer uma relação entre o aumento de volume materno e o aparecimento do bebê. No caso que citei acima, o menino tinha três anos e meio quando nasceu a irmã, e quatro anos e nove meses quando revelou o seu conhecimento por meio de claras alusões. Essa descoberta precoce, entretanto, é sempre conservada em segredo e mais tarde reprimida e esquecida, de acordo com as posteriores vicissitudes das pesquisas sexuais da criança.
A ‘fábula da cegonha’, portanto, não é uma das teorias sexuais da criança. Sua descrença nela é, ao contrário, fortalecida pela observação dos animais, que tão pouco dissimulam sua vida sexual e aos quais ela se sente tão intimamente ligada. Com o conhecimento de que os bebês crescem no interior do corpo da mãe, conhecimento a que chegou por si só, a criança estaria no caminho certo para solucionar o primeiro problema a que aplica suas energias mentais. No entanto, seu progresso é inibido pela ignorância que não pode ser confirmada (ver a partir de [1]) e pelas falsas teorias que lhe são impostas por sua própria sexualidade.
Essas teorias sexuais falsas, que agora examinei, possuem uma característica muito curiosa: embora cometam equívocos grotescos, cada uma delas contém um fragmento da verdade, no que se assemelham às tentativas dos adultos, que consideramos geniais, para decifrar os problemas do universo, que são tão complexos para a compreensão humana. A parte dessas teorias que é correta e atinge o alvo provém dos componentes do instinto sexual que já atuam no organismo infantil. Não surge de um ato mental arbitrário ou de impressões casuais, mas das necessidades da constituição psicossexual da criança, motivo pelo qual podemos falar de teorias sexuais infantis típicas, e pelo qual encontramos as mesmas crenças errôneas em todas as crianças a cuja vida sexual temos acesso.
A primeira dessas teorias deriva do desconhecimento das diferenças entre os sexos a que me referi no início deste artigo (ver a partir de [1]) como uma característica infantil. Consiste em atribuir a todos, inclusive às mulheres, a posse de um pênis, tal como o menino sabe a partir de seu próprio corpo. É justamente na constituição sexual que devemos encarar como ‘normal’ que, já na infância, o pênis é a principal zona erógena e o mais importante objeto sexual auto-erótico. O alto valor que o menino lhe concede reflete-se naturalmente em sua incapacidade de imaginar uma pessoa semelhante a ele que seja desprovida desse constituinte essencial. As palavras de um
menino pequeno quando vê os genitais de sua irmãzinha demonstram que o seu preconceito já é suficientemente forte para falsear uma percepção. Ele não se refere à ausência do pênis, mas comenta invariavelmente, com intenção consoladora: ‘O dela ainda é muito pequeno, mas vai aumentar quando ela crescer.’ A idéia de uma mulher com pênis retorna mais tarde, nos sonhos dos adultos; o indivíduo que sonha, num estado de excitação sexual noturna, subjuga a mulher, despoja-a de suas vestes, mas quando vai realizar o coito vê no lugar dos genitais femininos um pênis bem desenvolvido, e põe fim ao sonho e à excitação. Os numerosos hermafroditas da Antigüidade clássica reproduzem fielmente essa idéia generalizada na infância. Embora tais imagens não repugnem à maioria das pessoas normais, os exemplos reais de hermafroditismo que ocorrem na natureza despertam sempre o maior asco.
Se um indivíduo na infância ‘fixa’ essa idéia da mulher com um pênis, tornar-se-á, resistindo a todas as influências dos anos posteriores, incapaz de prescindir de um pênis no seu objeto sexual, e, embora em outros aspectos tenha uma vida sexual normal, está fadado a tornar-se um homossexual, indo procurar seu objeto sexual entre os homens que, devido a características físicas e mentais, lembram a mulher. Quando, mais tarde, vem a conhecer mulheres, elas já não podem mais ser para ele objetos sexuais porque carecem da atração sexual básica; na verdade, em conexão com uma outra impressão de sua vida infantil, elas podem causar-lhe repugnância. O menino, no qual dominam principalmente as excitações do pênis, costuma obter prazer estimulando esse órgão com a mão. Seus pais e sua ama o surpreenderam nesse ato e o intimidam com a ameaça de cortar-lhe o pênis. O efeito dessa ‘ameaça de castração’ é proporcional ao valor conferido ao órgão, sendo extraordinariamente profundo e persistente. As lendas e os mitos atestam o transtorno da vida emocional e todo o horror ligado ao complexo de castração, complexo este que será subseqüentemente lembrado com grande relutância pela consciência. Os genitais femininos, vistos mais tarde, são encarados como um órgão mutilado e trazem à lembrança aquela ameaça, despertando assim horror, em vez de prazer, no homossexual. Essa reação não sofre nenhuma alteração quando o homossexual, através da ciência, vem a saber que a suposição infantil que atribui um pênis à mulher não é assim tão errada. A anatomia reconheceu no clitóris situado no interior da vulva feminina um órgão homólogo ao pênis, e a fisiologia dos processos sexuais acrescenta que esse pequeno pênis, que não aumenta de tamanho, comporta-se na realidade, durante a infância, como um pênis genuíno - torna-se a sede de excitações que fazem com que ele seja tocado, e a sua excitabilidade confere à atividade sexual da menina um caráter masculino, sendo necessária uma vaga de repressão nos anos da puberdade para que desapareça essa sexualidade masculina e surja a mulher. Como a função sexual de muitas mulheres apresenta-se reduzida, seja por seu obstinado apego a essa excitabilidade do clitóris, de modo a permanecerem anestesiadas durante o coito, seja por uma repressão tão excessiva que seu funcionamento é em parte substituído por formações compensatórias histéricas - tudo isso parece mostrar que existe uma dose de verdade na teoria sexual infantil de que as mulheres possuem, como os homens, um pênis.
Observa-se com facilidade que as meninas compartilham plenamente a opinião que seus irmãos têm do pênis. Elas desenvolvem um vivo interesse por essa parte do corpo masculino, interesse que é logo seguido pela inveja. As meninas julgam-se prejudicadas e tentam urinar na postura que é possível para os meninos porque possuem um pênis grande; e quando uma delas declara que ‘preferiria ser um menino’, já sabemos qual a deficiência que desejaria sanar.
Se as crianças seguissem as pistas fornecidas pela excitação do pênis, chegariam bem mais perto da solução do seu problema. Que o bebê se forma dentro do corpo da mãe não é obviamente uma explicação suficiente. Como ele chega lá dentro? O que provoca o seu desenvolvimento? Parece lógico que o pai tenha alguma coisa a ver com isso, pois diz que o bebê também é dele. O pênis também desempenha certamente algum papel nesses misteriosos acontecimentos, como comprova a excitação desse órgão que acompanha tais atividades mentais da criança. A essa excitação associam-se impulsões que a criança não consegue explicar, compulsões obscuras a um ato violento, a esmagar ou romper qualquer coisa, a abrir um buraco em algum lugar. Mas quando parecesse assim bem encaminhada para descobrir a existência da vagina e inferir que a penetração do pênis paterno na mãe foi o ato que gerou o bebê no corpo desta - nesse momento crítico, a criança perplexa e impotente é obrigada a interromper sua investigação. O obstáculo que impede que ela descubra a existência de uma cavidade que acolhe o pênis é a sua própria teoria de que a mãe possui um pênis, como um homem. Não é difícil concluir que o malogro de seus esforços intelectuais o faz rejeitá-los e esquecê-los. Essas hesitações e dúvidas tornam-se, entretanto, o protótipo de todo o seu trabalho intelectual posterior aplicado à solução de problemas, tendo esse primeiro fracasso um efeito cerceante sobre todo o futuro da criança.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que a ‘fábula da cegonha’, portanto, não é uma das teorias sexuais da criança. Sua descrença nela é, ao contrário, fortalecida pela observação dos animais, que tão pouco dissimulam sua vida sexual e aos quais ela se sente tão intimamente ligada. Com o conhecimento de que os bebês crescem no interior do corpo da mãe, conhecimento a que chegou por si só, a criança estaria no caminho certo para solucionar o primeiro problema a que aplica suas energias mentais. No entanto, seu progresso é inibido pela ignorância que não pode ser confirmada (ver a partir de [1]) e pelas falsas teorias que lhe são impostas por sua própria sexualidade.
Essas teorias sexuais falsas, que agora examinei, possuem uma característica muito curiosa: embora cometam equívocos grotescos, cada uma delas contém um fragmento da verdade, no que se assemelham às tentativas dos adultos, que consideramos geniais, para decifrar os problemas do universo, que são tão complexos para a compreensão humana.
A primeira dessas teorias deriva do desconhecimento das diferenças entre os sexos a que me referi no início deste artigo (ver a partir de [1]) como uma característica infantil. Consiste em atribuir a todos, inclusive às mulheres, a posse de um pênis, tal como o menino sabe a partir de seu próprio corpo. O alto valor que o menino lhe concede reflete-se naturalmente em sua incapacidade de imaginar uma pessoa semelhante a ele que seja desprovida desse constituinte essencial.
Os genitais femininos, vistos mais tarde, são encarados como um órgão mutilado e trazem à lembrança aquela ameaça, despertando assim horror, em vez de prazer, no homossexual.
Observa-se com facilidade que as meninas compartilham plenamente a opinião que seus irmãos têm do pênis. Elas desenvolvem um vivo interesse por essa parte do corpo masculino, interesse que é logo seguido pela inveja. As meninas julgam-se prejudicadas e tentam urinar na postura que é possível para os meninos porque possuem um pênis grande; e quando uma delas declara que ‘preferiria ser um menino’, já sabemos qual a deficiência que desejaria sanar.
O obstáculo que impede que ela descubra a existência de uma cavidade que acolhe o pênis é a sua própria teoria de que a mãe possui um pênis, como um homem.
Mattanó aponta que a ‘fábula da cegonha’, portanto, não é uma das teorias sexuais da criança. Sua descrença nela é, ao contrário, fortalecida pela observação dos animais, que tão pouco dissimulam sua vida sexual e aos quais ela se sente tão intimamente ligada. Com o conhecimento de que os bebês crescem no interior do corpo da mãe, conhecimento a que chegou por si só, a criança estaria no caminho certo para solucionar o primeiro problema a que aplica suas energias mentais. No entanto, seu progresso é inibido pela ignorância que não pode ser confirmada (ver a partir de [1]) e pelas falsas teorias que lhe são impostas por sua própria sexualidade.
Mattanó aponta que as teorias sexuais da criança podem vir da mitologia da nossa humanidade, da nossa relação com a Mãe Terra que com o seu ventre que é o planeta gera a vida, a consciência, o homem e a mulher, a sabedoria e a relação do indivíduo com o Céu e o Universo criando novos padrões mitológicos que atendem a estas novas necessidades como os deuses e mitos que falam e fazem a ligação do Céu com a Terra e seus símbolos, assim a fábula da cegonha representa a união do instinto sexual que vem do Céu, a cegonha, em lindo voo ou em linda embriogênese, e o seu fruto, a criança, que representa um deus, um enviado dos Céus – a mitologia fala do universal. O conteúdo mitológico pode permanecer entre as linhas do inconsciente e da sabedoria, mas para o mundo real da família com seus significados e sentidos, fiquemos com a interpretação de que a cegonha é aquela quem traz a criança para a família, substituindo sua mãe e seu pai e toda a gestação e trabalho de parto.
Essas teorias sexuais falsas, que agora examinei, possuem uma característica muito curiosa: embora cometam equívocos grotescos, cada uma delas contém um fragmento da verdade, no que se assemelham às tentativas dos adultos, que consideramos geniais, para decifrar os problemas do universo, que são tão complexos para a compreensão humana.
A primeira dessas teorias deriva do desconhecimento das diferenças entre os sexos a que me referi no início deste artigo (ver a partir de [1]) como uma característica infantil. Consiste em atribuir a todos, inclusive às mulheres, a posse de um pênis, tal como o menino sabe a partir de seu próprio corpo. O alto valor que o menino lhe concede reflete-se naturalmente em sua incapacidade de imaginar uma pessoa semelhante a ele que seja desprovida desse constituinte essencial. O pênis é retratado em muitas mitologias como forma de representar arte, poder, fertilidade, força, beleza, masculinidade, para alimentar rituais de caça, agricultura, poder, morte e luto, fuga, loucura, política, família, esperança e trabalho. As linhas do inconsciente e da sabedoria revelam que o pênis fora retratado como forma de controle através de uma literalidade, razões e controle e algum contexto mediado por ritos e mitos que definiram as diferenças entre os sexos.
Os genitais femininos, vistos mais tarde, são encarados como um órgão mutilado e trazem à lembrança aquela ameaça, despertando assim horror, em vez de prazer, no homossexual.
Observa-se com facilidade que as meninas compartilham plenamente a opinião que seus irmãos têm do pênis. Elas desenvolvem um vivo interesse por essa parte do corpo masculino, interesse que é logo seguido pela inveja. As meninas julgam-se prejudicadas e tentam urinar na postura que é possível para os meninos porque possuem um pênis grande; e quando uma delas declara que ‘preferiria ser um menino’, já sabemos qual a deficiência que desejaria sanar.
O obstáculo que impede que ela descubra a existência de uma cavidade que acolhe o pênis é a sua própria teoria de que a mãe possui um pênis, como um homem.
As meninas têm sua própria identidade e consciência modelada pelas suas diferenças sexuais entre os meninos, que podem lava-las e interpretar por meio do inconsciente que elas podem viver um horror, em vez de prazer, construído no homossexualismo, por ter um órgão mutilado, gerando inveja do pênis e interesse por essa parte do corpo masculino, e até desejo de ser menino, e a dificuldade de entender que sua mãe não possui um pênis, que ela não é como um homem, pois ela pensa justamente isso, que ela é como um homem e que tem um pênis. As meninas acreditam que a sua mãe tem um pênis pois ela é controladora, dá mandos, por meio de contingências, literais, razões e controle, por meio de exemplos com contextos, dá a sua educação e começa a sua alfabetização, oferece a sua higiene e alimentação, é a sua nutridora e cuidadora, nesta fase da vida ela compreende que ela é perfeita como uma deusa e que possui tudo, até mesmo um pênis.
MATTANÓ
(24/02/2022)
A ignorância da vagina também permite às crianças acreditar na segunda de suas teorias sexuais. Se o bebê se desenvolve no corpo da mãe, sendo então retirado, isto só pode acontecer através de um único caminho: a passagem anal. O bebê precisa ser expelido como excremento, numa evacuação. Quando, na infância posterior, a mesma questão é assunto de reflexão solitária ou de discussão entre duas crianças, as explicações encontradas são de que o bebê sai pelo umbigo, que se abre, ou através de um corte na barriga - que foi o que aconteceu com o lobo na história do Chapeuzinho Vermelho. Essas teorias são expressas em voz alta e depois lembradas conscientemente, pois nada contêm de censurável. Essas mesmas crianças já esqueceram completamente que em anos anteriores acreditaram em outra teoria do nascimento, agora obliterada pela repressão, ocorrida nesse intervalo, dos componentes sexuais anais. Naquela época a criança podia falar em evacuação sem envergonhar-se, não estando ainda tão distanciada de suas inclinações coprófilas constitucionais. A idéia de vir ao mundo como uma massa de fezes não era degradante, não tendo sido ainda condenada por sentimentos de repugnância. A teoria cloacal, que afinal é válida para tantos animais, era a teoria mais natural, a única que poderia parecer provável à criança.
Sendo assim, entretanto, era apenas lógico que a criança negasse às mulheres o doloroso
privilégio de dar à luz bebês. Se estes nascem pelo ânus, um homem pode parir tão bem quanto uma mulher. Portanto, é possível que o menino imagine que também ele tenha filhos, sem que por isto tenhamos de lhe atribuir inclinações femininas. Com isso ele apenas revela o erotismo anal nele ainda atuante.
Se a teoria cloacal do nascimento é preservada na consciência nos anos posteriores da infância, como às vezes sucede, a ela se associa uma solução, agora não mais primária, da questão da origem dos bebês. Essa solução é semelhante à dos contos de fadas: a ingestão de uma determinada comida ocasiona a concepção de uma criança. Essa teoria infantil do nascimento
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica a sua segunda teoria sexual que surge nas crianças. A de que as crianças são
conteúdo fecal, ou seja, nascem do ânus, das fezes, são produzidas por algum tipo de alimento e depois excretadas ou defecadas.
Mattanó aponta a segunda teoria sexual que surge nas crianças. A de que as crianças são
conteúdo fecal, ou seja, nascem do ânus, das fezes, são produzidas por algum tipo de alimento e depois são excretadas ou defecadas. Mattanó acredita que essa segunda teoria sexual que surge nas crianças deriva dos significados e sentidos que o alimento, a defecação e o seu controle, incluindo a higiene e as crianças produzem na psique e no comportamento das mesmas e em suas relações com seus pais, mães, familiares, irmãos e brinquedos, e dos ritos e mitos que aí se circunscrevem. Os ritos e mitos fazem a ligação do ancestral e do primitivo, dos antigos até os contemporâneos, ocidentais, orientais e modernos e as suas relações de significado e sentido com o alimento e a defecação, o seu controle e higiene ou métodos de higiene ao longo da evolução que incluíam o abandono do local entre os primatas, pois as fezes traziam doenças e predadores, até a criação de banheiros e privadas entre os Homo Sapiens para assegurar a sua intimidade e privacidade diante da vergonha, do medo e da humilhação e até do prazer que defecar poderia causar, essa ligação era feita com o parto das mulheres e foi estendido para os homens através do ânus e das fezes, gerando falas como ¨criança é uma bosta¨, ¨criança é uma porcaria¨, ¨não suporto crianças¨, ¨criança fede como merda¨.
MATTANÓ
(25/02/2022)
A terceira das teorias sexuais típicas surge nas crianças quando, por qualquer circunstância doméstica, elas testemunham acidentalmente uma relação sexual entre os pais. Sua percepção dos acontecimentos é fatalmente muito incompleta. Quaisquer que tenham sido os detalhes que atraíram sua atenção - as posições das duas pessoas, os ruídos ou qualquer circunstância acessória -, a criança chega sempre à mesma conclusão, adotando o que se poderia chamar de uma concepção sádica do coito. Ela o encara como um ato imposto violentamente pelo participante mais forte ao mais fraco. No caso do menino, principalmente, compara-o aos brinquedos violentos da infância, que lhe são tão familiares, e dos quais não está ausente uma certa dose de excitação sexual. Não consegui certificar-me se a criança vê, neste comportamento que testemunhou entre seus pais, o elo que lhe faltava para solucionar o problema dos bebês. É bem provável que não percebam essa conexão pelas simples razão de que interpretam o ato de amor como sendo um ato de violência. No entanto, essa concepção dá a impressão de um retorno ao obscuro impulso para um comportamento cruel que se associou às excitações do pênis da criança no momento em que ela principiou a refletir sobre a origem dos bebês (ver em [1]). Não podemos também excluir a possibilidade de que esse impulso sádico prematuro, que quase levou à descoberta do coito, emergiu sob a influência de lembranças extremamente obscuras das relações sexuais dos pais, cujo material, não utilizado na época, foi obtido pela criança em seus primeiros anos, quando ainda compartilhava do quarto dos pais.
A teoria sádica do coito, que tomada isoladamente é enganosa, quando poderia fornecer provas corroborativas, é também a expressão de um dos componentes inatos do instinto sexual, componentes que podem ser mais ou menos vigorosos segundo a criança. Por esse motivo, a teoria é até certo ponto correta, pois adivinhou parcialmente a natureza do ato sexual e da ‘batalha do sexo’ que o precede. Algumas vezes a criança pode confirmar essa teoria por meio de observações acidentais, que em parte compreende corretamente, mas em parte incorretamente, e até mesmo no sentido inverso. Em muitos casamentos a esposa de fato resiste ao abraço do marido, que não lhe causa prazer, mas sim o risco de uma nova gravidez. E assim a criança que julgam adormecida (ou que se finge adormecida) pode ficar com a impressão de que sua mãe se
defendia de um ato de violência. Outras vezes o casamento oferece à observadora criança o espetáculo de brigas contínuas, expressas em palavras duras e gestos inamistosos. Assim, ela não se surpreende se o conflito continua à noite, sendo por fim encerrado pelo método que ela própria utiliza em sua relação com os irmãos e irmãs ou companheiros de brinquedos.
Em acréscimo, se a criança descobre manchas de sangue na cama da mãe ou em suas roupas íntimas, considera-se como uma confirmação de suas concepções. Para ela são provas de que o pai tornou a agredir a mãe à noite (ao passo que interpretaríamos essas manchas como indício de uma interrupção temporária das relações sexuais). Grande parte do ‘horror ao sangue’ dos neuróticos só é explicável através dessa conexão. Uma vez mais, porém, o engano infantil contém um fragmento da verdade, pois, em certas circunstâncias que nos são familiares, os vestígios de sangue são na verdade interpretados como um sinal de iniciação sexual.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica a terceira teoria sexual das crianças que é construída a partir do testemunho do coito ou ato sexual entre pai e mãe, mesmo que não integralmente ou não diretamente, ouvindo apenas sons e leves imagens que sugerem um ato de violência para a criança segundo Freud.
Mattanó aponta a terceira teoria sexual das crianças que é construída a partir do testemunho do coito ou ato sexual entre pai e mãe, mesmo que não integralmente ou não diretamente, ouvindo apenas sons e leves imagens que sugerem um ato de violência para a criança segundo Freud. Mas para Mattanó a criança antes da adquirir e provar a sua capacidade de julgar moralmente através da moral autônoma, que surge por volta da puberdade, entre os 9 e 14 anos de idade, não possui capacidade de discriminar a violência, pois não tem como representa-la e oferecer a ela um significado e um sentido verdadeiros, mas apenas ingênuos, anômalos e heteronômicos que colocam a criança em desvantagem diante desses eventos constrangedores da vida conjugal, e o próprio casal em estado de sofrimento psíquico e comportamental devido ao desconforto gerado pela curiosidade ou necessidade da criança.
MATTANÓ
(25/02/2022)
Uma outra questão indiretamente relacionada com o problema insolúvel da origem dos bebês atrai também a atenção da criança: a questão da natureza e do conteúdo do estado de casamento. Ela responderá de formas diversas a essa questão, conforme os instintos nela ainda revestidos de prazer tenham coincidido com suas percepções fortuitas dos pais. Contudo, todas essas respostas têm em comum o fato de que a criança vê no casamento uma promessa de prazer e acredita que esse prazer esteja relacionado com uma ausência de pudor. O conceito que encontrei com maior freqüência foi que os casados urinam um em frente do outro. Uma variação que parece incluir simbolicamente um maior conhecimento é que o homem urina no urinol da mulher. Para outras crianças o casamento significa que as duas pessoas mostram seus traseiros um ao outro (sem sentir vergonha). Uma menina de quatorze anos, já menstruada, de quem a educação conseguira afastar o conhecimento sexual, deduziu da leitura de alguns livros que o casamento consistia na ‘mistura de sangue’; como sua própria irmã ainda não iniciara seus períodos, a jovem tentou uma agressão sexual a uma visitante que confessara estar menstruada no momento, para forçá-la a participar dessa ‘mistura de sangue’.
As teorias infantis a respeito do casamento, retidas com freqüência pela memória consciente, têm grande significação na sintomatologia de doenças neuróticas posteriores. A princípio elas são expressas pelos jogos infantis nos quais a criança faz com uma outra aquilo que a seu ver constitui o casamento; mais tarde, o desejo de ser casado pode expressar-se de uma forma infantil e aparecer numa fobia, à primeira vista inexplicável, ou em algum sintoma correlato.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica outra teoria infantil a respeito do casamento, a criança vê no casamento uma promessa de prazer e acredita que esse prazer esteja relacionado com uma ausência de pudor. O conceito que encontrei com maior freqüência foi que os casados urinam um em frente do outro.
As teorias infantis a respeito do casamento, retidas com freqüência pela memória consciente, têm grande significação na sintomatologia de doenças neuróticas posteriores. A princípio elas são expressas pelos jogos infantis nos quais a criança faz com uma outra aquilo que a seu ver constitui o casamento; mais tarde, o desejo de ser casado pode expressar-se de uma forma infantil e aparecer numa fobia, à primeira vista inexplicável, ou em algum sintoma correlato.
Mattanó aponta outra teoria infantil a respeito do casamento, a criança vê no casamento uma promessa de prazer e acredita que esse prazer esteja relacionado com uma ausência de pudor. O conceito que encontrei com maior freqüência foi que os casados urinam um em frente do outro.
As teorias infantis a respeito do casamento, retidas com freqüência pela memória consciente, têm grande significação na sintomatologia de doenças neuróticas posteriores. A princípio elas são expressas pelos jogos infantis nos quais a criança faz com uma outra aquilo que a seu ver constitui o casamento; mais tarde, o desejo de ser casado pode expressar-se de uma forma infantil e aparecer numa fobia, à primeira vista inexplicável, ou em algum sintoma correlato, isto em função dos seus significados e sentidos, conceitos, e contexto, comportamentos, funcionalidades, sinais e símbolos, linguagem, topografia, gestalts e insights, relações sociais, desejos e desejos de dormir, vida onírica e vida anímica, conteúdo manifesto e conteúdo latente, chistes, piadas e humor, charges, caricaturas, pressupostos e subentendidos, atos ilocucionários e atos perlocucionários, lapsos de linguagem, atos falhos, esquecimentos, fantasias, delírios, arquétipos, filogênese, ontogênese, cultura, espiritualidade, vida e universo, imunidade, ciclos circadianos, homeostase, fertilidade, genética, evolução e involução, consciência e inconsciente, análises, história de vida, conclusões e interpretações.
MATTANÓ
(25/02/2022)
Estas parecem ser as mais importantes das teorias sexuais típicas concebidas espontaneamente pela criança nos primeiros anos da infância, sob a única influência dos componentes do instinto sexual. Sei que não consegui tornar seu material completo, nem estabelecer uma relação contínua entre ele e o resto da vida infantil. No entanto, devo acrescentar algumas observações suplementares cuja ausência seria notada por pessoas bem informadas. Existe assim, por exemplo, a importante teoria de que a criança é gerada num beijo - teoria que obviamente revela a predominância da zona erógena da boca. Que eu saiba, essa teoria é exclusivamente feminina e algumas vezes mostra-se patogênica em meninas cujas pesquisas
sexuais foram sujeitadas a inibições fortíssimas na infância. Uma das minhas pacientes, por meio de uma observação fortuita, chegou à teoria da ‘couvade’, que como se sabe é um costume generalizado entre alguns povos, e cuja finalidade era provavelmente desfazer as dúvidas quanto à paternidade, que nunca podem ser totalmente afastadas. Um tio dessa paciente, meio excêntrico, costumava permanecer em casa por vários dias após os partos de sua mulher, recebendo os visitantes de roupão, fato que a levou à conclusão de que tanto o pai como a mãe participavam do nascimento da criança e precisavam repousar.
Mais ou menos aos dez ou onze anos as crianças começam a ouvir falar de assuntos sexuais. Uma criança que cresceu numa atmosfera social menos inibida, ou que teve melhores oportunidades de observação, conta às outras aquilo que sabe, pois isso a faz sentir-se amadurecida e superior. Os conhecimentos que as crianças adquirem dessa forma são na maior parte corretos, isto é, elas descobrem a existência da vagina e sua finalidade; no mais, porém, as revelações que trocam entre si são freqüentemente mescladas com idéias falsas e resíduos de teorias sexuais infantis anteriores. Essas revelações que nunca são completas ou suficientes para resolver o problema básico. Agora é o desconhecimento do sêmen, como era anteriormente o desconhecimento da vagina, o obstáculo para a compreensão de todo o processo. A criança não pode adivinhar que o órgão sexual masculino excreta outra substância que não a urina. Ocasionalmente uma jovem ‘inocente’ ainda fica indignada na noite de núpcias pelo fato de o marido ‘urinar dentro dela’. A essa informação adquirida nos anos pré-puberdade seguem-se novas tentativas de investigação sexual por parte da criança, mas as teorias que ela agora concebe não têm mais aquele caráter típico e original das teorias primitivas dos primórdios da infância, quando os componentes sexuais infantis podiam ser expressos sem inibições e sem alterações. Os esforços intelectuais posteriores das crianças para decifrar os enigmas do sexo não me parecem dignos de atenção, nem possuir alguma significação patogênica. Sua variedade depende sem dúvida principalmente da natureza do esclarecimento que a criança recebe, mas sua significação reside antes no fato de despertarem os traços, que se tornaram inconscientes, do primeiro período infantil de interesse sexual. Assim é freqüente que a essas investigações se associe uma atividade sexual masturbatória e um certo grau de afastamento emocional dos pais. Daí o juízo condenatório de alguns professores de que o esclarecimento nessa idade ‘corrompe’ as crianças.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que os esforços intelectuais posteriores das crianças para decifrar os enigmas do sexo não me parecem dignos de atenção, nem possuir alguma significação patogênica. Sua variedade depende sem dúvida principalmente da natureza do esclarecimento que a criança recebe, mas sua significação reside antes no fato de despertarem os traços, que se tornaram inconscientes, do primeiro período infantil de interesse sexual. Assim é freqüente que a essas investigações se associe uma atividade sexual masturbatória e um certo grau de afastamento emocional dos pais. Daí o juízo condenatório de alguns professores de que o esclarecimento nessa idade ‘corrompe’ as crianças.
Mattanó aponta que os esforços intelectuais posteriores das crianças para decifrar os enigmas do sexo não me parecem dignos de atenção, nem possuir alguma significação patogênica. Sua variedade depende sem dúvida principalmente da natureza do esclarecimento que a criança recebe, mas sua significação reside antes no fato de despertarem os traços, que se tornaram inconscientes, do primeiro período infantil de interesse sexual. Assim é freqüente que a essas investigações se associe uma atividade sexual masturbatória e um certo grau de afastamento emocional dos pais. Daí o juízo condenatório de alguns professores de que o esclarecimento nessa idade ‘corrompe’ as crianças. Pois a criança nesta fase, entre 4 e 6 anos de idade, ainda está no Período Pré-operacional da formação cognitiva que lhe faculta apenas pré-operações cognitivas através da linguagem onde a criança começa a ter contato com significados e sentidos, da formação de conceitos como quantidade, permanência, forma, tamanho e da psicomotricidade com noções de lado, direção, tamanho, forma, linha, posição, corpo, dimensão, linguagem, aprendizagem e motricidade.
MATTANÓ
(25/02/2022)
Vou oferecer-lhes agora alguns exemplos que mostram quais os elementos que integram essas especulações tardias das crianças sobre a vida sexual. Uma menina soubera por seus colegas que o marido dá à esposa um ovo que ela choca no interior do corpo. Um menino, ao ouvir a mesma história, identificou esse ovo com o testículo, que [em alemão] é vulgarmente conhecido pela mesma palavra [Ei]; e empregou todos os esforços mentais para descobrir como o conteúdo do escroto poderia ser constantemente renovado. A informação recebida raramente é suficiente para prevenir o aparecimento de dúvidas importantes sobre os efeitos sexuais. Assim, uma menina pode imaginar que o coito só ocorreu uma única vez, durando entretanto muito tempo, vinte e
quatro horas, e que todos os bebês do casal provêm dessa única ocasião. Poder-se-ia supor que essa criança obteve seus conhecimentos dos processos reprodutivos de certos insetos, mas essa hipótese não se confirmou; a teoria emergira como uma criação espontânea. Outras meninas ignoram a duração da gestação, a vida no útero, e supõem que o bebê aparece imediatamente após a primeira noite das relações sexuais. Marcel Prévost utilizou esse equívoco juvenil numa divertida história que aparece em uma das suas ‘Lettres de femmes‘.As pesquisas sexuais posteriores de crianças, ou de adolescentes que permaneceram no estádio infantil, oferecem um tema quase inexaurível, que apresenta um certo interesse geral, mas que no momento está um tanto fora do meu interesse. Devo ainda assinalar que nesse setor as crianças produzem muitas idéias errôneas a fim de refutar conhecimento mais antigo e mais preciso que se tornou inconsciente e reprimido.
O modo pelo qual as crianças reagem à informação recebida também é significativo. Em algumas a repressão sexual está tão adiantada que elas não dão ouvidos a nada; essas crianças conseguem permanecer ignorantes mesmo na vida adulta - aparentemente ignorantes, pelo menos
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que a informação recebida pelas crianças raramente é suficiente para prevenir o aparecimento de dúvidas importantes sobre os efeitos sexuais. As pesquisas sexuais posteriores de crianças, ou de adolescentes que permaneceram no estádio infantil, oferecem um tema quase inexaurível, que apresenta um certo interesse geral, mas que no momento está um tanto fora do meu interesse.
O modo pelo qual as crianças reagem à informação recebida também é significativo. Em algumas a repressão sexual está tão adiantada que elas não dão ouvidos a nada; essas crianças conseguem permanecer ignorantes mesmo na vida adulta - aparentemente ignorantes, pelo menos - até que, na psicanálise de neuróticos, o conhecimento originado na primeira infância vem à luz. Sei também de dois meninos entre dez e treze anos que, ao receberem informações sexuais, rejeitaram-nas com as seguintes palavras: ’Seu pai e outras pessoas podem fazer isso, mas tenho certeza de que meu pai nunca o faria.’ Mas por mais diversas que sejam as reações posteriores das crianças à satisfação de sua curiosidade sexual, podemos supor que nos primeiros anos da infância sua atitude era absolutamente uniforme, e ter a certeza de que nesse período todas elas tentaram ansiosamente descobrir o que os pais faziam um com o outro para terem bebês.
Mattanó aponta que a informação recebida pelas crianças raramente é suficiente para prevenir o aparecimento de dúvidas importantes sobre os efeitos sexuais. As pesquisas sexuais posteriores de crianças, ou de adolescentes que permaneceram no estádio infantil, oferecem um tema quase inexaurível, que apresenta um certo interesse geral, mas que no momento está um tanto fora do meu interesse.
O modo pelo qual as crianças reagem à informação recebida também é significativo. Em algumas a repressão sexual está tão adiantada que elas não dão ouvidos a nada; essas crianças conseguem permanecer ignorantes mesmo na vida adulta - aparentemente ignorantes, pelo menos - até que, na psicanálise de neuróticos, o conhecimento originado na primeira infância vem à luz. Sei também de dois meninos entre dez e treze anos que, ao receberem informações sexuais, rejeitaram-nas com as seguintes palavras: ’Seu pai e outras pessoas podem fazer isso, mas tenho certeza de que meu pai nunca o faria.’ Mas por mais diversas que sejam as reações posteriores das crianças à satisfação de sua curiosidade sexual, podemos supor que nos primeiros anos da infância sua atitude era absolutamente uniforme, e ter a certeza de que nesse período todas elas tentaram ansiosamente descobrir o que os pais faziam um com o outro para terem bebês. Isto em função do recalcado e dos significados e sentidos que a criança adquire com o recalcado levando-as a repressão dos seus instintos que na primeira infância não era puramente sexuais, pois não continham malícia, mas eram apenas ingênuos e imitativos, decorrentes da atenção, da discriminação e do controle que essas crianças tem em suas infâncias como repertórios básicos comportamentais que induzem pensar uma libido sexual entre as crianças, mas que na realidade não existe, pois são ingênuas e incapazes de compreender a sexualidade e a moral adultas, inclusive os processos básicos de formar hipóteses e deduções que a ajudam a formar grupos e pares na adolescência, na puberdade e assim por diante, com o desenvolvimento da malícia, que se transforma em amor após os 50 anos de idade e em crise final após os 60 anos de idade.
MATTANÓ
(25/02/2022)
Mattanó aponta que o corpo pode curar através da percepção e do sensorial quando controlamos o que observamos e o que desejamos, incluindo nossos comportamentos que desencadeiam processos inconscientes aversivos que podem ser condicionados, por exemplo, estar no trânsito e engolir a saliva e ver um acidente virtual colocando um risco sua viagem, você pode controlar essa miragem com os olhos piscando (através de outro condicionamento) ou através da concentração e do olhar fixo, ou da respiração, paralisando-a ou substituindo o campo visual por outro campo visual, isto transforma o seu inconsciente e o seu comportamento evitando estimulação aversiva, até mesmo quando há telepatia e lavagem cerebral ou tortura, extorsão, vingança e estupro virtual.
MATTANÓ
(25/02/2022)
Mattanó aponta que temos também a perversão da libido (com o sexo em busca de prazer fora dos órgãos genitais), da comunhão (com a fraternidade fora da irmandade e da convivência em busca de egoísmo, de roubo, de morte e de violência) e da segurança (com a segurança fora de controle agindo contra a sua comunidade ou cidade, nação ou mundo por motivos egoístas e econômicos, de poder e de agências de controle, privando a liberdade e o direito a vida e a reprodução).
MATTANÓ
(25/02/2022)
Mattanó aponta a cura do autismo e de todas as síndromes como a de Down, de Klinefelter, de Turner, etc., para isto basta somente respeitar as suas necessidades e diferenças, pois não existe tratamento para mudar um padrão de indivíduo humano que se manifesta nessas síndromes, podemos pois ajuda-los a otimizarem seus comportamentos e descobertas pessoais, sociais, educacionais e íntimas, familiares e ocupacionais e a sua cidadania, ou direitos, deveres, obrigações e privilégios.
MATTANÓ
(25/02/2022)
Mattanó aponta que podemos entender o comportamento de praticar guerras como um aumentamento da segurança por uma das partes e a perversão da segurança por outra das partes envolvidas, desencadeando comportamentos no soldados que derivam de um campo de força psicológico e comportamental onde existem vetores que determinam como, onde e quando se comportar, mediante o contexto e o meio ambiente que seleciona os vetores e a energia vital que se alimenta da teoria e da técnica para ataque e defesa em função da sobrevivência, das conquistas e da vitória sobre o inimigo, seguindo o comando de superiores que lutam no campo da teoria e a técnica e também no da diplomacia para que se reestabeleça a paz e a ordem.
O campo de força psicológico e comportamental constitui-se de eventos psíquicos e inconscientes, conscientes, comportamentais, funcionais, simbólicos (existem símbolos que são aversivos e intoleráveis como a suástica) (e existem símbolos que podem ser defendidos como os Sagrados e religiosos), temos outros eventos como os oníricos, linguísticos, sociais, topográficos, gestálticos e de conhecimento, de imunidade, de homeostase, ciclos circadianos, genéticos, de fertilidade, históricos, motores, evolutivos e involutivos, sonoros e acústicos, cognitivos e analíticos, interpretativos, de estilo de vida, que por sua vez fortalece os vetores que ajudam o soldado a combater, seja sua guerra em campo de batalha, ou em campo psicológico, ou em campo comportamental, sobrenatural, paranormal, acústico e sonoro, delirante e alucinante, enriquecendo o repertório comportamental do soldado para a sua batalha e guerra que não será somente de balas e canhões, mas também de fatores psicológicos e comportamentais e até paranormais, e inconscientes de ação rápida como os símbolos que podem ser aceitáveis ou não aceitáveis para a mente consciente do soldado e seu comportamento, decisões e ações.
Para Mattanó o soldado deve se interessar pelo inconsciente somente para ação rápida, ou seja, para decisões rápidas, através de símbolos que identifiquem inimigos e aliados, vítimas e prisioneiros, pois uma boa análise e interpretação do inconsciente leva tempo, necessita de ambiente adequado e demora bastante para uma situação de emergência como uma batalha ou uma guerra.
MATTANÓ
(26/02/2022)
ALGUMAS OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE ATAQUES HISTÉRICOS (1909 [1908])
NOTA DO EDITOR INGLÊS
ALLGEMEINES ÜBER DEN HYSTERISCHEN ANFALL
(1908 Data provável da redação.)
1909 Z. Psychother. med. Psychol., 1 (1) [Janeiro], 10-14.
1909 S.K.S.N., 2, 146-150. (1912, 2ª ed.; 1921, 3ª ed.)
1924 G.S., 5, 255-260.
1941 G.W., 7, 235-240.
(b) TRADUÇÃO INGLESA:
‘General Remarks on Hysterical Attacks’
1924 C.P., 2 100-104. (Trad. de D. Bryan.)
A presente tradução, com um título ligeiramente alterado, é uma versão modificada da publicada em 1924.
Freud escreveu este artigo a pedido de Albert Moll para o primeiro número de um novo periódico fundado pelo mesmo. Alguns meses antes, a 8 de abril de 1908, Freud discorrera sobre o mesmo assunto numa reunião da Sociedade Psicanalítica de Viena. A última vez em que o discutira fora na Seção IV da ‘Comunicação Preliminar’ (1893a) de Breuer e Freud aos Estudos sobre a Histeria. O presente artigo é uma dessas obras extremamente condensadas, quase esquemáticas, em que podemos perceber as sementes de posteriores desenvolvimentos. (Ver especialmente a Seção B). Só vinte anos mais tarde, porém, Freud retornou ao tema dos ataques histéricos, ao examinar os ataques ‘epilépticos’ de Dostoievski (1928b).
ALGUMAS OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE ATAQUES HISTÉRICOS
Ao empreendermos a psicanálise de uma paciente histérica cuja enfermidade manifesta-se através de ataques, logo nos convencemos de que tais ataques não passam de fantasias traduzidas para a esfera motora, projetadas sobre a motilidade e representadas por meio de mímica. É verdade que as fantasias são inconscientes, mas, com exceção desse detalhe, são da mesma natureza das fantasias que podem ser observadas diretamente nos devaneios ou que podemos inferir da interpretação dos sonhos noturnos. Muitas vezes um sonho pode substituir um ataque, e ainda mais freqüentemente explicar o mesmo, já que a mesma fantasia se expressa de formas diversas no sonho e no ataque. Poderíamos supor que, pela observação de um ataque, viéssemos a descobrir a fantasia nele representada, mais isso é raro. Via de regra, devido à influência da censura, a representação mímica da fantasia sofre distorções idênticas às distorções alucinatórias do sonho, de forma que ambas se tornam incompreensíveis tanto para a consciência do indivíduo como para a compreensão do observador. O ataque histérico, portanto, deve ser submetido à mesma revisão interpretativa que empregamos para os sonhos noturnos, pois tanto as forças que dão origem à distorção, como a finalidade dessa distorção e a técnica nela empregada são as mesmas que deduzimos da interpretação dos sonhos.
que é representada, a qual também tem seu correspondente em certos sonhos que começam com o final da ação e terminam com seu início. Vamos supor, por exemplo, que uma mulher histérica tem uma fantasia de sedução na qual se encontra sentada lendo num parque, com a saia ligeiramente erguida, de modo a mostrar o pé. Um cavalheiro aproxima-se e dirige-lhe a palavra; os dois vão para um lugar qualquer e se entregam a carícias amorosas. A atuação da fantasia no ataque inicia-se com convulsões que correspondem ao coito. Em seguida a mulher se levanta, dirige-se a um outro aposento, senta-se lendo um livro e dali a pouco responde a uma observação imaginária dirigida a ela.
As duas últimas formas de distorção acima descritas nos dão alguma idéia da intensidade das resistências que o material reprimido precisa levar em conta mesmo quando irrompe através de um ataque histérico.
O desencadeamento de ataques histéricos segue leis de fácil compreensão. Como o complexo reprimido consiste numa catexia libidinal e num conteúdo ideativo (a fantasia), o ataque pode ser determinado (1) associativamente, quando o conteúdo do complexo (se suficientemente catexizado) é atingido por um acontecimento da vida consciente a ele ligado; (2) organicamente, quando por razões somáticas internas resultantes de influências psíquicas externas a catexia libidinal eleva-se acima de um determinado nível; (3) a serviço do objetivo primário, como uma expressão da ‘fuga para a doença’, quando a realidade torna-se penosa ou temível, isto é, como um consolo; (4) a serviço de objetivos secundários aos quais a doença se alia para que através do ataque o paciente atinja uma meta útil para ele. Neste último caso o ataque é endereçado a determinados indivíduos, podendo ser adiado até que estes estejam presentes e dando a impressão de ser conscientemente simulado.
A investigação da história infantil de pacientes histéricos mostra que o ataque histérico destina-se a substituir uma satisfação auto-érotica praticada no passado e à qual o indivíduo renunciou. Num grande número de casos essa satisfação (masturbação por contato ou por pressão das coxas, movimentos da língua, etc.) repete-se durante o ataque, enquanto a consciência do indivíduo está defletida. Ademais, o desencadeamento de um ataque que é devido a um aumento da libido e que está a serviço do objeto primário - na qualidade de consolo - repete exatamente as condições em que numa época anterior o paciente procurava intencionalmente essa satisfação auto-erótica. A anamnese do paciente revela os seguintes estádios: (a) satisfação auto-erótica, sem conteúdo ideativo; b) a mesma satisfação, em conexão com uma fantasia que leva ao ato de satisfação (c) renúncia ao ato, com a permanência da fantasia; (d) repressão da fantasia, que então se manifesta através do ataque histérico, ou em uma forma inalterada ou numa forma modificada e adaptada às novas impressões do meio. Além disso, (e) a fantasia pode até restabelecer o ato de satisfação ao qual se abdicara aparentemente. Eis aqui um ciclo típico de
atividade sexual infantil: repressão, malogro da repressão e retorno do reprimido.
A incontinência urinária certamente não é incompatível com o diagnóstico de ataque histérico, já que não faz senão repetir uma forma infantil de polução violenta. Em casos inequívocos de histeria também pode acontecer de o indivíduo morder a língua, ato tão compatível com a histeria quanto com os jogos amorosos, e que ocorre com maior freqüência quando o médico alerta o paciente para as dificuldades de estabelecer um diagnóstico diferencial. Em ataques histéricos (mais freqüentes entre homens) pode ocorrer um autoferimento que repete um acidente da vida infantil - como, por exemplo, as conseqüências de um folguedo violento.
A perda de consciência num ataque histérico, a ‘absence‘, deriva-se do fugaz mas inegável lapso de consciência que se observa no clímax de toda satisfação sexual intensa, inclusive as auto-eróticas. Esse curso de desenvolvimento pode ser delineado com mais certeza onde as absences histéricas surgem a partir do desencadeamento de poluções em jovens do sexo feminino. Os chamados ‘estados hipnóides’ - absences durante os devaneios -, tão comuns entre indivíduos histéricos, revelam a mesma origem. O mecanismo dessas absences é comparativamente simples. Toda a atenção do indivíduo fica concentrada inicialmente no curso do processo de satisfação; quando esta ocorre, toda essa catexia de atenção é subitamente removida, daí resultando um momentâneo vazio na consciência. Esse vazio, que se poderia qualificar de fisiológico, amplia-se a serviço da repressão para tragar tudo aquilo que a instância repressora rejeita.
Encarando o conjunto, os ataques histéricos, assim como a histeria em geral, revivem uma parcela da atividade sexual das mulheres que existiu durante sua infância e que naquele período revelava um caráter essencialmente masculino. Podemos observar com freqüência que aquelas jovens que mostravam natureza e tendências masculinas nos anos anteriores à puberdade, são justamente as que se tornam histéricas daí em diante. Em grande número de casos a neurose histérica representa apenas uma intensificação excessiva daquele influxo típico de repressão que, apagando a sexualidade masculina, permite o aparecimento da mulher.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que o desencadeamento de ataques histéricos segue leis de fácil compreensão. Como o complexo reprimido consiste numa catexia libidinal e num conteúdo ideativo (a fantasia), o ataque pode ser determinado (1) associativamente, quando o conteúdo do complexo (se suficientemente catexizado) é atingido por um acontecimento da vida consciente a ele ligado; (2) organicamente, quando por razões somáticas internas resultantes de influências psíquicas externas a catexia libidinal eleva-se acima de um determinado nível; (3) a serviço do objetivo primário, como uma expressão da ‘fuga para a doença’, quando a realidade torna-se penosa ou temível, isto é, como um consolo; (4) a serviço de objetivos secundários aos quais a doença se alia para que através do ataque o paciente atinja uma meta útil para ele. Neste último caso o ataque é endereçado a determinados indivíduos, podendo ser adiado até que estes estejam presentes e dando a impressão de ser conscientemente simulado.
A incontinência urinária certamente não é incompatível com o diagnóstico de ataque histérico, já que não faz senão repetir uma forma infantil de polução violenta. Em casos inequívocos de histeria também pode acontecer de o indivíduo morder a língua, ato tão compatível com a histeria quanto com os jogos amorosos, e que ocorre com maior freqüência quando o médico alerta o paciente para as dificuldades de estabelecer um diagnóstico diferencial. Em ataques histéricos (mais freqüentes entre homens) pode ocorrer um autoferimento que repete um acidente da vida infantil - como, por exemplo, as conseqüências de um folguedo violento.
A perda de consciência num ataque histérico, a ‘absence‘, deriva-se do fugaz mas inegável lapso de consciência que se observa no clímax de toda satisfação sexual intensa, inclusive as auto-eróticas. Esse curso de desenvolvimento pode ser delineado com mais certeza onde as absences histéricas surgem a partir do desencadeamento de poluções em jovens do sexo feminino. Os chamados ‘estados hipnóides’ - absences durante os devaneios -, tão comuns entre indivíduos histéricos, revelam a mesma origem. O mecanismo dessas absences é comparativamente simples. Toda a atenção do indivíduo fica concentrada inicialmente no curso do processo de satisfação; quando esta ocorre, toda essa catexia de atenção é subitamente removida, daí resultando um momentâneo vazio na consciência. Esse vazio, que se poderia qualificar de fisiológico, amplia-se a serviço da repressão para tragar tudo aquilo que a instância repressora rejeita.
É o mecanismo reflexo do coito que mostra o caminho para a descarga motora da libido
reprimida em um ataque histérico - mecanismo este pronto a operar em todos, inclusive nas mulheres, e que vemos em operação manifesta quando o indivíduo se entrega sem restrições à atividade sexual. Já na Antiguidade o coito era descrito como uma ‘pequena epilepsia’. Alterando isso um pouco, podemos dizer que um ataque histérico convulsivo é equivalente de um coito. A analogia com um ataque epiléptico é de pouca valia, pois a gênese deste é ainda mais obscura do que a dos ataques histéricos.
Encarando o conjunto, os ataques histéricos, assim como a histeria em geral, revivem uma parcela da atividade sexual das mulheres que existiu durante sua infância e que naquele período revelava um caráter essencialmente masculino. Podemos observar com freqüência que aquelas jovens que mostravam natureza e tendências masculinas nos anos anteriores à puberdade, são justamente as que se tornam histéricas daí em diante. Em grande número de casos a neurose histérica representa apenas uma intensificação excessiva daquele influxo típico de repressão que, apagando a sexualidade masculina, permite o aparecimento da mulher.
Mattanó aponta que o desencadeamento de ataques histéricos segue leis de fácil compreensão. Como o complexo reprimido consiste numa catexia libidinal e num conteúdo ideativo (a fantasia), o ataque pode ser determinado (1) associativamente, quando o conteúdo do complexo (se suficientemente catexizado) é atingido por um acontecimento da vida consciente a ele ligado; (2) organicamente, quando por razões somáticas internas resultantes de influências psíquicas externas a catexia libidinal eleva-se acima de um determinado nível; (3) a serviço do objetivo primário, como uma expressão da ‘fuga para a doença’, quando a realidade torna-se penosa ou temível, isto é, como um consolo; (4) a serviço de objetivos secundários aos quais a doença se alia para que através do ataque o paciente atinja uma meta útil para ele. Neste último caso o ataque é endereçado a determinados indivíduos, podendo ser adiado até que estes estejam presentes e dando a impressão de ser conscientemente simulado. Em todos estes casos sempre em função dos significados e sentidos que os estímulos possuem para desencadearem respostas e consequências, ou seja, uma funcionalidade no seu comportamento, mantendo-o.
A incontinência urinária certamente não é incompatível com o diagnóstico de ataque histérico, já que não faz senão repetir uma forma infantil de polução violenta. Em casos inequívocos de histeria também pode acontecer de o indivíduo morder a língua, ato tão compatível com a histeria quanto com os jogos amorosos, e que ocorre com maior freqüência quando o médico alerta o paciente para as dificuldades de estabelecer um diagnóstico diferencial. Em ataques histéricos (mais freqüentes entre homens) pode ocorrer um autoferimento que repete um acidente da vida infantil - como, por exemplo, as conseqüências de um folguedo violento.
A perda de consciência num ataque histérico, a ‘absence‘, deriva-se do fugaz mas inegável lapso de consciência que se observa no clímax de toda satisfação sexual intensa, inclusive as auto-eróticas. Esse curso de desenvolvimento pode ser delineado com mais certeza onde as absences histéricas surgem a partir do desencadeamento de poluções em jovens do sexo feminino. Os chamados ‘estados hipnóides’ - absences durante os devaneios -, tão comuns entre indivíduos histéricos, revelam a mesma origem. O mecanismo dessas absences é comparativamente simples. Toda a atenção do indivíduo fica concentrada inicialmente no curso do processo de satisfação; quando esta ocorre, toda essa catexia de atenção é subitamente removida, daí resultando um momentâneo vazio na consciência. Esse vazio, que se poderia qualificar de fisiológico, amplia-se a serviço da repressão para tragar tudo aquilo que a instância repressora rejeita.
É o mecanismo reflexo do coito que mostra o caminho para a descarga motora da libido reprimida em um ataque histérico - mecanismo este pronto a operar em todos, inclusive nas mulheres, e que vemos em operação manifesta quando o indivíduo se entrega sem restrições à atividade sexual. Já na Antiguidade o coito era descrito como uma ‘pequena epilepsia’. Alterando isso um pouco, podemos dizer que um ataque histérico convulsivo é equivalente de um coito. A analogia com um ataque epiléptico é de pouca valia, pois a gênese deste é ainda mais obscura do que a dos ataques histéricos.
Encarando o conjunto, os ataques histéricos, assim como a histeria em geral, revivem uma parcela da atividade sexual das mulheres que existiu durante sua infância e que naquele período revelava um caráter essencialmente masculino. Podemos observar com freqüência que aquelas jovens que mostravam natureza e tendências masculinas nos anos anteriores à puberdade, são justamente as que se tornam histéricas daí em diante. Em grande número de casos a neurose histérica representa apenas uma intensificação excessiva daquele influxo típico de repressão que, apagando a sexualidade masculina, permite o aparecimento da mulher.
MATTANÓ
(27/02/2022)
ROMANCES FAMILIARES (1909 [1908])
NOTA DO EDITOR INGLÊS
DER FAMILIENROMAN DER NEUROTIKER
(1908 Data provável de redação.)
1909 Em O. Rank, Der Mythus von der Geburt des Helden, 64-8, Leipzig e Viena: Deuticke.
(1922, 2ª ed., 82-6.)
1931 Neurosenlehre und Technik, 300-4.
1934 G.S., 12, 367-71.
1934 Psychoan. Päd., 8, 281-5.
1941 G.W., 7, 227-31.
1913 Em Rank, Myth of the Birth of the Hero, J. Nerv. Ment. Dis. 40, 668-71, 718-19. (Trad. de S. E.)
‘Family Romances’
1914 A mesma, em formato de livro, 63-8. Nova Iorque: Nervous and Mental Diseases Publishing Co.
‘Family Romances’
1950 C.P., 5, 74-8. (Trad. de James Strachey.)
A presente tradução é uma reimpressão, ligeiramente modificada, da publicada em 1950.
Quando este artigo foi publicado pela primeira vez, no livro de Rank, não tinha qualquer título, nem formava uma seção separada. Foi simplesmente inserido no correr do texto de Rank com algumas palavras de agradecimento. Só veio a receber um título em alemão em sua primeira reimpressão. Como o prefácio ao livro de Rank está datado ‘Natal, 1908’, é provável que a contribuição de Freud tenha sido escrita nesse ano. Há muito Freud descobrira esses ‘romances familiares’, como os designara, embora inicialmente os atribuísse especialmente aos paranóicos. Ver suas cartas a Fliess de 24 de janeiro e 25 de maio de 1897 e de 20 de junho de 1898 (Freud, 1950a, Carta 57, Rascunho M, e Carta 91, onde o termo é usado pela primeira vez).
ROMANCES FAMILIARES
Ao crescer, o indivíduo liberta-se da autoridade dos pais, o que constitui um dos mais necessários, ainda que mais dolorosos, resultados do curso do seu desenvolvimento. Tal liberação
Os pais constituem para a criança pequena a autoridade única e a fonte de todos os conhecimentos. O desejo mais intenso e mais importante da criança nesses primeiros anos é igualar-se aos pais (isto é, ao progenitor do mesmo sexo), e ser grande como seu pai e sua mãe. Contudo, ao desenvolver-se intelectualmente, a criança acaba por descobrir gradualmente a categoria a que seus pais pertencem. Vem a conhecer outros pais e os compara com os seus, adquirindo assim o direito de pôr em dúvida as qualidades extraordinárias e incomparáveis que lhes atribuíra. Os pequenos fatos da vida da criança que a tornam descontente, fornece-lhe um pretexto para começar a criticar os pais; para manter essa atitude crítica, utiliza seu novo conhecimento de que existem outros pais que em certos aspectos são preferíveis aos seus. A psicologia das neuroses nos ensina que, entre outros fatores, contribuem para esse resultado os impulsos mais intensos da rivalidade sexual. O sentimento de estar sendo negligenciado constitui obviamente o cerne de tais pretextos, pois existe sem dúvida um grande número de ocasiões em que a criança é negligenciada, ou pelo menos sente que é negligenciada, ou que não está recebendo todo o amor dos pais, e principalmente em que lamenta ter de compartilhar esse amor com seus irmãos e irmãs. Sua sensação de que sua afeição não está sendo retribuída encontra abrigo na idéia, mais tarde lembrada conscientemente a partir da infância inicial, de que é uma criança adotada, ou de que o pai ou a mãe não passam de um padrasto ou de uma madrasta.
Alguns indivíduos que não desenvolveram neuroses se lembram com muita freqüência de ocasiões em que - em geral em conseqüência de alguma leitura - interpretaram e responderam dessa forma ao comportamento hostil dos pais. Mas já aqui evidencia-se a influência do sexo, pois o menino tem maiores tendências a sentir impulsos hostis contra o pai do que contra a mãe, tendo um desejo bem mais intenso de libertar-se dele do que dela. A esse respeito a imaginação das meninas tende a revelar-se muito mais fraca. Esses impulsos mentais da infância conscientemente lembrados constituem o fator que nos permite entender a natureza dos mitos.
O estádio seguinte no desenvolvimento do afastamento do neurótico de seus pais, que assim teve início, pode ser descrito como o ‘romance familiar do neurótico’, sendo raramente lembrado conscientemente, mas podendo quase sempre ser revelado pela psicanálise, já que uma atividade imaginativa estranhamente acentuada é uma das características essenciais dos neuróticos e também de todas as pessoas relativamente bem dotadas. Essa atividade emerge inicialmente no brincar das crianças e depois, mais ou menos a partir do período anterior à puberdade, passa a ocupar-se das relações familiares. Um exemplo característico dessa atividade imaginativa está nos devaneios que se prolongam até muito depois da puberdade. Se examinarmos com cuidado esses devaneios, descobriremos que constituem uma realização de desejos e uma retificação da vida real. Têm dois objetivos principais: um erótico e um ambicioso - embora um objeto erótico esteja comumente oculto sob o último. No período já mencionado a imaginação da criança entrega-se à tarefa de libertar-se dos pais que desceram em sua estima, e de substituí-los por outros, em geral de uma posição social mais elevada. Nessa conexão ela lançará mão de quaisquer coincidências oportunas de sua experiência real, tal como quando trava conhecimento com o senhor da Casa Grande ou com o dono de alguma grande propriedade, se mora no campo, ou com algum membro da aristocracia, se mora na cidade. Esses acontecimentos fortuitos despertam a inveja da criança, que encontra expressão numa fantasia em que seus pais são substituídos por outros de melhor linhagem. A técnica utilizada no desenvolvimento dessas fantasias (que, naturalmente, são conscientes nesse período) depende da inventividade e do material à disposição da criança. Há também a questão de as fantasias serem desenvolvidas com maior ou menor esforço para se obter verossimilhança. Esse estádio é alcançado numa época em que a criança ainda ignora os determinantes sexuais da procriação.
Quando finalmente a criança vem a conhecer a diferença entre os papéis desempenhados pelos pais e pelas mães em suas relações sexuais, e compreende que ‘pater semper incertus est‘, enquanto a mãe é ‘certissima’ o romance familiar sofre uma curiosa restrição: contenta-se em exaltar o pai da criança, deixando de lançar dúvidas sobre sua origem materna, que é encarada como fato indiscutível. Esse segundo estádio (sexual) do romance familiar sofre o influxo de um outro motivo que está ausente do primeiro estádio (assexual). A criança que já conhece os processos sexuais tende a se imaginar em relações e situações eróticas, cuja força motivadora é o desejo de colocar a mãe (objeto da mais intensa curiosidade sexual) em situações de secreta
infidelidade e em secretos casos amorosos. Dessa forma, as fantasias da criança, que inicialmente eram assexuais, elevam-se ao nível do seu conhecimento posterior.
Além disso, o motivo da vingança e da retaliação, que estava em primeiro plano no estádio inicial, também está presente no posterior. Via de regra, são precisamente essas crianças neuróticas, que foram punidas pelos pais por travessuras sexuais, que agora se vingam dos mesmos através de tais fantasias.
A criança mais nova tende especialmente a utilizar essas histórias imaginativas para despojar os irmãos mais velhos de suas prerrogativas - de uma maneira que lembra as intrigas históricas; e com freqüência não hesita em atribuir à mãe tantos casos de amor fictícios quantos são os seus competidores. Pode então surgir uma interessante variação desses romances familiares, e um que o herói e autor tem uma legitimidade reconhecida enquanto seus irmãos e irmãs são declarados bastardos. Se estiverem operando também outros interesses, estes podem determinar o curso do romance familiar, já que sua multiplicidade e amplitude de formas permite-lhe satisfazer toda uma série de requisitos. Assim, por exemplo, o jovem construtor de fantasias pode eliminar o grau proibitório de parentesco que o une a uma irmã por quem se sente sexualmente atraído.
Se alguém está inclinado a fugir horrorizado ante essa depravação do coração infantil ou se sente até mesmo tentado a refutar a possibilidade de tais coisas, deveria observar que nenhuma dessas obras de ficção, aparentemente plenas de hostilidade, possui na realidade uma intenção tão má, e que ainda conservam, sob um leve disfarce, a primitiva afeição da criança por seus pais. A infidelidade e a ingratidão são apenas aparentes. Se examinarmos em detalhe o mais comum desses romances imaginativos, a substituição dos pais, ou só do pai, por pessoas de melhor situação, veremos que a criança atribui a esses novos e aristocráticos pais qualidades que se originam das recordações reais dos pais mais humildes e verdadeiros. Dessa forma a criança não está se descartando do pai, mas enaltecendo-o. Na verdade, todo esse esforço para substituir o pai verdadeiro por um que lhe é superior nada mais é do que a expressão da saudade que a criança tem dos dias felizes do passado, quando o pai lhe parecia o mais nobre e o mais forte dos homens, e a mãe a mais linda e amável das mulheres. Ela dá as costas ao pai, tal como o conhece no presente, para voltar-se para aquele pai em quem confiava nos primeiros anos de sua infância, e sua fantasia é a expressão de um lamento pelos dias felizes que se foram. Assim volta a manifestar-se nessas fantasias a supervalorização que caracteriza os primeiros anos da criança. O estudo dos sonhos nos fornece uma contribuição interessante ao assunto. Da interpretação dos mesmos concluímos que mesmo em anos posteriores, se o Imperador e a Imperatriz aparecem em sonhos, tais nobres personagens representam o pai e a mãe do sonhador. Assim, a supervalorização dos pais pela criança sobrevive também nos sonhos de adultos normais.
O RELEITOR (MATTANÓ):
Freud explica que a criança mais nova tende especialmente a utilizar essas histórias imaginativas para despojar os irmãos mais velhos de suas prerrogativas - de uma maneira que lembra as intrigas históricas; e com freqüência não hesita em atribuir à mãe tantos casos de amor fictícios quantos são os seus competidores. Pode então surgir uma interessante variação desses romances familiares, e um que o herói e autor tem uma legitimidade reconhecida enquanto seus irmãos e irmãs são declarados bastardos. Se estiverem operando também outros interesses, estes podem determinar o curso do romance familiar, já que sua multiplicidade e amplitude de formas permite-lhe satisfazer toda uma série de requisitos. Assim, por exemplo, o jovem construtor de fantasias pode eliminar o grau proibitório de parentesco que o une a uma irmã por quem se sente sexualmente atraído.
Se alguém está inclinado a fugir horrorizado ante essa depravação do coração infantil ou se sente até mesmo tentado a refutar a possibilidade de tais coisas, deveria observar que nenhuma dessas obras de ficção, aparentemente plenas de hostilidade, possui na realidade uma intenção tão má, e que ainda conservam, sob um leve disfarce, a primitiva afeição da criança por seus pais. A infidelidade e a ingratidão são apenas aparentes. Se examinarmos em detalhe o mais comum desses romances imaginativos, a substituição dos pais, ou só do pai, por pessoas de melhor situação, veremos que a criança atribui a esses novos e aristocráticos pais qualidades que se originam das recordações reais dos pais mais humildes e verdadeiros. Dessa forma a criança não está se descartando do pai, mas enaltecendo-o. Na verdade, todo esse esforço para substituir o pai verdadeiro por um que lhe é superior nada mais é do que a expressão da saudade que a criança tem dos dias felizes do passado, quando o pai lhe parecia o mais nobre e o mais forte dos homens, e a mãe a mais linda e amável das mulheres. Ela dá as costas ao pai, tal como o conhece no presente, para voltar-se para aquele pai em quem confiava nos primeiros anos de sua infância, e sua fantasia é a expressão de um lamento pelos dias felizes que se foram. Assim volta a manifestar-se nessas fantasias a supervalorização que caracteriza os primeiros anos da criança. O estudo dos sonhos nos fornece uma contribuição interessante ao assunto. Da interpretação dos mesmos concluímos que mesmo em anos posteriores, se o Imperador e a Imperatriz aparecem em sonhos, tais nobres personagens representam o pai e a mãe do sonhador. Assim, a supervalorização dos pais pela criança sobrevive também nos sonhos de adultos normais.
Mattanó aponta que a criança mais nova tende especialmente a utilizar essas histórias imaginativas para despojar os irmãos mais velhos de suas prerrogativas - de uma maneira que lembra as intrigas históricas; e com freqüência não hesita em atribuir à mãe tantos casos de amor fictícios quantos são os seus competidores. Pode então surgir uma interessante variação desses romances familiares, e um que o herói e autor tem uma legitimidade reconhecida enquanto seus irmãos e irmãs são declarados bastardos. Se estiverem operando também outros interesses, estes podem determinar o curso do romance familiar, já que sua multiplicidade e amplitude de formas permite-lhe satisfazer toda uma série de requisitos. Assim, por exemplo, o jovem construtor de fantasias pode eliminar o grau proibitório de parentesco que o une a uma irmã por quem se sente sexualmente atraído. O romance familiar surge como canal para o inconsciente em sua variação de interesses e motivações, através de seus significados e sentidos, ou metáforas e metonímias.
Se alguém está inclinado a fugir horrorizado ante essa depravação do coração infantil ou se sente até mesmo tentado a refutar a possibilidade de tais coisas, deveria observar que nenhuma dessas obras de ficção, aparentemente plenas de hostilidade, possui na realidade uma intenção tão má, e que ainda conservam, sob um leve disfarce, a primitiva afeição da criança por seus pais. A infidelidade e a ingratidão são apenas aparentes. Se examinarmos em detalhe o mais comum desses romances imaginativos, a substituição dos pais, ou só do pai, por pessoas de melhor situação, veremos que a criança atribui a esses novos e aristocráticos pais qualidades que se originam das recordações reais dos pais mais humildes e verdadeiros. Dessa forma a criança não está se descartando do pai, mas enaltecendo-o. Na verdade, todo esse esforço para substituir o pai verdadeiro por um que lhe é superior nada mais é do que a expressão da saudade que a criança tem dos dias felizes do passado, quando o pai lhe parecia o mais nobre e o mais forte dos homens, e a mãe a mais linda e amável das mulheres. Ela dá as costas ao pai, tal como o conhece no presente, para voltar-se para aquele pai em quem confiava nos primeiros anos de sua infância, e sua fantasia é a expressão de um lamento pelos dias felizes que se foram. Assim volta a manifestar-se nessas fantasias a supervalorização que caracteriza os primeiros anos da criança. O estudo dos sonhos nos fornece uma contribuição interessante ao assunto. Da interpretação dos mesmos concluímos que mesmo em anos posteriores, se o Imperador e a Imperatriz aparecem em sonhos, tais nobres personagens representam o pai e a mãe do sonhador. Assim, a supervalorização dos pais pela criança sobrevive também nos sonhos de adultos normais.
Tanto os romances familiares ou de ficção ou mesmo os sonhos são canais para a expressão dos nossos significados e sentidos inconscientes, da sua variação de interesses e de motivação que reproduzem sempre os mesmos motivos e objetos de amor e de ódio numa constante contribuição para a formação da personalidade do indivíduo.
MATTANÓ
(27/02/2022)
BREVES ESCRITOS (1903-1909)
RESPOSTA A UM QUESTIONÁRIO SOBRE LEITURA (1906)
Pedem-me que faça uma relação de ‘dez bons livros’ sem a tal acrescentarem maiores explicações. Cabe-me assim não somente a escolha dos livros, mas também a interpretação do pedido. Como estou acostumado a dar atenção a pequenos sinais, devo basear-me na forma como esse enigmático pedido foi expresso. Não me solicitaram ‘os dez mais esplêndidos livros (da literatura mundial)’, quando eu seria obrigado a responder, como tantos outros: Homero, as
tragédias de Sófocles, o Fausto de Goethe, o Hamlet e o Macbeth de Shakespeare, etc. Nem me pediram ‘os dez livros mais significativos’, entre os quais teriam de ser incluídas as realizações científicas de Copérnico, do velho médico Johann Weier sobre a crença nas bruxas, a Descendência do Homem de Darwin, e outros. Nem falaram em ‘livros favoritos’, entre os quais eu não teria esquecido O Paraíso Perdido de Milton e o Lázaro de Heine. Parece-me pairar uma ênfase especial sobre o adjetivo ‘bons’, em sua frase, e com isso pretenderem os senhores designar aqueles livros que se assemelham a ‘bons’ amigos, aos quais devemos uma parcela do nosso conhecimento da vida e de nossa visão do mundo - livros que nos deram prazer e que recomendamos de bom grado a outros, mas que não nos despertam uma particular e tímida reverência, nem uma sensação de pequenez diante de sua grandiosidade.
Indicarei, portanto, dez ‘bons’ livros que me vieram à mente sem muita reflexão.
Multatuli, Cartas e Obras. [Cf. pág. 138 n.]
Kipling, Jungle Book.
Anatole France, Sur la pierre blanche.
Zola, Fécondité.
Merezhkovsky, Leonardo da Vinci.
Macaulay, Essays.
Gomperz, Griechische Denker.
Mark Twain, Sketches.
Não sei o que pretendem fazer com essa lista. Até mesmo a mim ela parece estranha, e não posso enviá-la sem algumas observações. Não me deterei nas razões desses livros e não de outros igualmente ‘bons’. Só desejo examinar a relação entre o autor e sua obra. Esse elo não é sempre tão firme como, por exemplo, no caso do Jungle Book de Kipling. Na maior parte das vezes, eu poderia ter escolhido outro livro do mesmo autor - como, no caso de Zola, o Docteur Pascal -, e assim por diante. Com freqüência o mesmo homem que nos ofereceu um bom livro produziu outras boas obras. No caso de Multatuli hesitei entre escolher as ‘Cartas de Amor’, em detrimento das cartas particulares, e rejeitar as primeiras a favor das segundas, e assim escrevi: ‘Cartas e Obras’. Excluí dessa lista obras realmente criativas de valor puramente poético, porque não parece ser este exatamente o objetivo de sua solicitação: bons livros. Quanto a Hutten de C. F. Meyer, coloco sua condição de ‘bom’ bem acima de suas qualidades formais; nele procuramos ‘edificação’acima de prazer estético.
Com esse pedido de ‘dez bons livros’ os senhores levantaram uma questão que poderia ser estendida indefinidamente. E aqui concluo, para não me tornar em demasia informativo.
Sinceramente seu,
FREUD.
PROSPECTO PARA SCHRIFTEN ZUR ANGEWANDTEN SEELENKUNDE (1907)
Os Schriften zur Angewandten Seelenkunde, cujo primeiro número acaba de ser publicado, dirigem-se àquele amplo círculo de pessoas instruídas que, sem serem realmente filósofos ou médicos, estimam as ciências da mente humana por sua importância na compreensão e no aprimoramento de nossas vidas. Os artigos não serão publicados numa ordem predeterminada, mas sempre apresentarão em cada caso um único estudo sobre a aplicação de conhecimentos psicológicos a temas artísticos e literários, à história das civilizações e religiões, e a outros setores análogos. Esses trabalhos terão algumas vezes o caráter de investigações exatas, outras vezes o de esforços especulativos, ora tentando abranger questões mais amplas, ora tentando aprofundar-se num problema mais restrito. Contudo, serão sempre realizações originais que evitarão se assemelhar a simples resenhas ou compilações.
O Organizador sente-se no dever de responder pela originalidade e valor dos artigos a serem lançados nesta série. Quanto ao mais, não é sua intenção interferir na independência de seus colaboradores, ou responsabilizar-se pelas palavras dos mesmos. O fato de que os primeiros números da série aliam-se em particular às teorias por ele defendidas no campo da ciência não irá necessariamente caracterizar todo o empreendimento. Ao contrário, esta série está aberta aos representantes de opiniões divergentes, e espera poder ser um veículo para a expressão da multiplicidade de pontos de vista e princípios da ciência contemporânea.
O EDITOR
O ORGANIZADOR
PREFÁCIO A NERVOUS ANXIETY-STATES AND THEIR TREATMENT, DE WILHELM STEKEL (1908)
Minhas investigações sobre a etiologia e o mecanismo psíquico das doenças neuróticas, que me ocupam desde 1893, de início passaram quase desapercebidas dos meus colegas especialistas. Por fim, entretanto, essas investigações mereceram a aprovação de vários pesquisadores médicos, chamando também a atenção para os métodos psicanalíticos de exame e tratamento aos quais devo minhas descobertas. O Dr. Wilhelm Stekel, um dos primeiros colegas com quem pude partilhar meus conhecimentos de psicanálise, e que se familiarizou com essa técnica através de muitos anos de prática, incumbiu-se de estudar um tópico dessas neuroses do ponto de vista clínico, baseado em minhas concepções, e de oferecer aos leitores médicos as experiências que obteve pelo método psicanalítico. Embora de bom grado eu responda por este trabalho no sentido que acima indiquei, é apenas justo que declare explicitamente que foi muito pequena a minha influência sobre este volume a respeito dos estados nervosos de ansiedade. As observações e todas as minuciosas opiniões e interpretações são inteiramente do próprio autor. Minha participação limitou-se a propor ao autor o uso do termo ‘histeria de angústia’.
Acrescentarei que o trabalho do Dr. Stekel fundamentou-se sobre uma rica experiência e deverá estimular outros médicos a confirmarem por seus próprios esforços nossas opiniões sobre a etiologia desses estados. Seu trabalho nos revela imagens inesperadas das realidades da vida, tão freqüentemente ocultas sob os sintomas neuróticos, e poderá convencer nossos colegas de que as atitudes que decidirem adotar diante das indicações e explicações oferecidas nestas páginas não será uma questão indiferente do ponto de vista tanto do seu discernimento como da sua eficiência terapêutica.
VIENA, março de 1908.
PREFÁCIO A PSYCHO-ANALYSIS: ESSAYS IN THE FIELD OF PSYCHO-ANALYSIS, DE SANDOR FERENCZI (1910 [1909])
A investigação psicanalítica das neuroses (as várias formas de doenças nervosas com causação mental) empenhou-se em estabelecer sua conexão com a vida instintual e as restrições a ela impostas pelas exigências da civilização, com as atividades do indivíduo normal em fantasias e sonhos, e com as criações da mente popular no campo das religiões, dos mitos e dos contos de fadas. O tratamento psicanalítico de pacientes neuróticos, baseado nesse método de investigação, exige muito mais do médico e do paciente que os métodos comumente usados até aqui, que operam por meio de medicamentos, dieta, hidropatia e sugestão; contudo, traz aos pacientes um alívio muito maior e um fortalecimento permanente diante dos problemas da vida, de modo que não há motivo para surpresa ante os contínuos progressos desse método terapêutico, apesar da violenta oposição.
Conheço bem de perto o autor destes ensaios, que está, como poucos, familiarizado com as dificuldades das questões psicanalíticas, sendo o primeiro húngaro a empreender a tarefa de despertar nos médicos e homens esclarecidos de seu país o interesse pela psicanálise por meio de material escrito em sua língua materna. Cordialmente desejamos que essa sua tentativa seja bem sucedida e possa angariar para esse novo campo de trabalho novos adeptos entre seus compatriotas.
COLABORAÇÕES PARA NEUE FREIE PRESSE
I
RESENHA DE Im Kampfe Gegen Hirnbacillen, DE GEORG BIEDENKAPP
Oculto sob um título pouco promissor, esse livro de um homem corajoso traz ao leitor muitas considerações dignas de estudo. O subtítulo é mais revelador quanto ao conteúdo: ‘Uma Filosofia de Pequenas Palavras’. Nele o autor combate o uso daquelas ‘pequenas palavras e expressões que incluem ou excluem em demasia’, que, quando usadas freqüentemente, revelam uma tendência para ‘julgamentos exclusivos e superlativos’. É evidente - e nosso autor contestaria até mesmo essa expressão - que sua luta não é contra essas palavras inofensivas, mas contra a tendência do indivíduo a inebriar-se com as mesmas e a esquecer, devido à representação exagerada assim expressa, as necessárias limitações de nossas declarações e a inevitável relatividade de nossos julgamentos. É realmente muito útil que as pessoas sejam advertidas de que grande parte do que era considerado ‘evidente’ ou ‘disparatado’ por gerações anteriores, é hoje por nós julgado, inversamente, ‘disparatado’ e ‘evidente’; é útil também que observem através de uma série de exemplos bem escolhidos que até escritores importantes são vítimas de um estreitamento de horizonte mental em conseqüência de um uso incorreto de superlativos. A exortação a uma moderação de juízos e expressões é apenas um ponto de partida do autor para um estudo ulterior de outros ‘erros de pensamento’ dos seres humanos: sobre delírio central, fé, sobre moralidade atéia, e outros. Em todas essas observações evidencia-se o honesto esforço do autor para acatar as implicações da visão do mundo decorrente das descobertas da ciência moderna, em particular da teoria da evolução. No texto encontraremos muitas verdades psicológicas, e outras que, embora já ditas, nunca serão suficientemente repetidas. O autor impõe-se a ingrata tarefa de ‘aprimorar e converter os indivíduos’ através de uma influência moderadora, sem tentar influenciá-los pelo riso ou pelo humor, ou arrebatá-los pela paixão. Desejemos-lhe, portanto, muito sucesso.
II
RESENHA DE The Mystery of Sleep, DE JOHN BIGELOW
Em vez de reservar à ciência a solução do mistério do sono, o piedoso autor recorre a argumentos bíblicos e causas teológicas. Segundo ele, por exemplo, seria indigno da providência divina permitir que os seres humanos passassem um terço de suas vidas espiritualmente inativos. O sono seria, portanto, um estado em que a influência divina penetra mais efetiva e livremente na vida mental humana. Apesar de todas as nossas objeções ao modo de pensar do autor, não deixaremos de assinalar o elemento de verdade que existe nessa afirmação. Os estudos científicos do estado da vida mental durante o sono obrigam-nos a rejeitar como inadequada a nossa antiga teoria de que o sono reduz a um mínimo a atividade mental. Não há interrupção dos importantes processos de atividade mental inconsciente e mesmo intelectual - como demonstra a elucidação dos sonhos feita por esse crítico -, mesmo durante o sono profundo. Essa atividade mental inconsciente mereceria ser chamada de ‘demoníaca’, mas dificilmente de ‘divina’.
III
NECROLÓGIO DO PROFESSOR S. HAMMERSCHLAG