48.PRINCÍPIOS DE ANÁL. DO COMPORTAM. MITOLÓGICO.

OSNY MATTANÓ JÚNIOR

 

 

 

 

 

 

 

 

PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MITOLÓGICO

 

 

 

 

 

 

 

26/07/2018

CAP.1

 

O reflexo inato

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando o médico bate o martelo no joelho de um paciente, o músculo de sua coxa contrai-se (você “dá um chute no ar”); quando a luz incide sobre sua pupila, ela se contrai; quando você ouve um barulho alto e repentino, seu coração dispara (taquicardia); quando você entra em uma sala muito quente, você começa a suar. Esses são apenas alguns exemplos de comportamentos reflexos inatos. Note que há algo em comum em todos eles: há sempre uma alteração no ambiente que produz uma alteração no organismo (no corpo do indivíduo).

 

Todas as espécies animais apresentam comportamentos reflexos inatos. Esses reflexos são uma “preparação mínima” que os organismos têm para começar a interagir com seu ambiente e para ter chances de sobreviver. Se você colocar seu dedo na boca de um recém-nascido, automaticamente ele irá “sugar” o seu dedo. Da mesma forma, quando o seio da mãe entra em contato com a boca do bebê, uma resposta semelhante é observada (sucção). Não é necessário que o recém-nascido aprenda a mamar. Imagine como seria difícil ensinar a um bebê esse comportamento (mamar). Se você espetar o pé de um bebê, ele contrairá sua perna, afastando seu pé do objeto que o está ferindo. Esses e inúmeros outros reflexos fazem parte do repertório comportamental (comportamentos de um organismo) de animais humanos e não-humanos desde o momento de seu nascimento (e até mesmo da vida intra-uterina); por isso, são chamados reflexos inatos.

Percebemos que, segundo Mattanó, mitologicamente os reflexos inatos dão grande concentração aos comportamentos inatos nos rituais de iniciação, de passagem, de casamento, de morte, e de luto e agora de contato extraterrestre e contato sobrenatural, mas pouco se vê deles ou mesmo nada em relação a telepatia pois não encontramos indícios de reflexos inatos no comportamento da telepatia, mas de comportamentos operantes e condicionados.

 

No dia-a-dia, utilizamos o termo reflexo em expressões como “aquele goleiro tem um reflexo rápido”, “o reflexo da luz cegou seu olho por alguns instantes” ou “você tem bons reflexos”. O termo reflexo também foi empregado por alguns psicólogos e fisiologistas para falar sobre comportamento. Neste capítulo, discutiremos os comportamentos chamados reflexos, especialmente dos reflexos inatos. Para tanto, é necessário que, antes de falarmos sobre os comportamentos reflexos, especifiquemos o que é, para nós (psicólogos), um reflexo.

 

Na linguagem cotidiana (por exemplo, “aquele goleiro tem um reflexo rápido”), utilizamos o termo reflexo como um sinônimo de resposta, ou seja, aquilo que o organismo fez. Em psicologia, quando falamos sobre comportamento reflexo, o termo reflexo não se refere àquilo que o indivíduo fez, mas, sim, a uma relação entre o que ele fez e o que aconteceu antes de ele fazer. Reflexo, portanto, é uma relação entre estímulo e resposta, é um tipo de interação entre um organismo e seu ambiente.

Segundo Mattanó, devemos explicar a expressão telepatia. Telepatia é o comportamento de se comunicar através do pensamento. Se comunicar através do pensamento envolve não somente a transmissão do pensamento, envolve também a codificação, o canal, e a decodificação e os tipos de ruídos que existem e interferem atrapalhando a comunicação e o seu significado e sentido, atrapalhando o seu conceito, contexto, funcionalidade, comportamento, topografia e simbologia. Se o codificador enfrenta adversidades ambientais e assim ruídos a comunicação não será boa e nem inteligível, não haverá Episódio Verbal Completo, mas sim Episódio Verbal Incompleto. Isto atrapalhará o feedback e a continuação da comunicação provocando alienação e sofrimento com comportamentos autoclíticos, ou seja, provocará um feedback negativo clássico. E o feedfoward fica como uma esperança nas mãos dos mais educados para enfrentarem este drama, pois haverá violência e sofrimento neste processo, pois o ser humano costuma ser insensível as contingências do seu próprio comportamento.

 

 

Reflexo, estímulo e resposta

 

Para compreendermos o que é reflexo, ou seja, uma relação entre estímulo e resposta, é necessário que antes saibamos claramente o que é um estímulo e o que é uma resposta. Os termos estímulo e resposta são amplamente usados por nós na linguagem cotidiana. O significados desses dois termos, ao se referir a comportamento, são, no entanto, diferentes do uso cotidiano. Quando falamos sobre comportamento reflexo, esses termos adquirem significados diferentes: estímulo é uma parte ou mudança em uma parte do ambiente; resposta é uma mudança no organismo.

 

 

Dito em termos técnicos, o reflexo é uma relação entre um estímulo e uma resposta na qual o estímulo elicia a resposta.

É comum em ciência termos símbolos para representar tipos diferentes de fenômenos, objetos e coisas. Em uma ciência do comportamento não seria diferente. Ao longo deste livro, você aprenderá diversos símbolos que representam os aspectos comportamentais e ambientais envolvidos nas interações organis-mo-ambiente. Para falar de comportamento reflexo, utilizaremos a letra S para representar estímulos e a letra R para representar respostas. A relação entre estímulo e resposta é representada por uma seta. Quando a análise comportamental envolve dois ou mais reflexos, é comum haver índices nos estímulos (S1, S2, S3, ...) e nas respostas (R1, R2, R3, ...). O reflexo patelar, por exemplo, poderia ser representado assim:

 

S1 € R1

 

ou seja, S1 é o estímulo (batida de um martelo no joelho) e R1 é a resposta (flexão da perna). A seta significa que o estímulo produz (elicia) a resposta. Dizemos,

  • O reflexo inato

 

 

nesse caso, que S1 elicia R1, ou que a batida de um martelo no joelho elicia a resposta de flexão da perna.

 

 

Intensidade do estímulo e magnitude da resposta

 

Antes de estudarmos um pouco mais as relações entre os estímulos e as repostas, é necessário conhecermos os conceitos de intensidade do estímulo e magnitude da resposta. Tanto intensidade como magnitude referem-se ao “quanto de estímulo” (intensidade) e ao “quanto de resposta”, ou à força do estímulo e à força da resposta, como falamos na linguagem cotidiana. Tomemos como exemplo o reflexo patelar. Nele, o estímulo é a martelada no joelho, e a distensão da perna é a resposta. Nesse caso, a força com que a martelada é dada a intensidade do estímulo, e o tamanho da distensão da perna é a magnitude da resposta. Quando entramos em uma sala muito quente, começamos a suar.

 

Leis (ou propriedades) do reflexo

 

Ao longo dos três últimos séculos, vários pesquisadores, entre eles alguns psicólogos, estudaram os reflexos inatos de humanos e não-humanos, buscando compreender melhor esses comportamentos e identificar suas características princi-pais e seus padrões de ocorrência. Estudaremos, a seguir, algumas das descobertas desses pesquisadores.

 

O objetivo de uma ciência é buscar relações uniformes (constantes) entre eventos , e foi exatamente isso que os cientistas que estudaram (e estudam) o comportamento reflexo fizeram: eles buscaram identificar relações constantes entre os estímulos e as respostas por eles eliciadas que ocorressem da mesma forma nos mais diversos reflexos e nas mais diversas espécies.

 

Um evento é qualquer mu-

Essas constâncias nas relações entre estímulos e respostas são chamadas

 

dança que ocorra no mundo.

 

leis (ou propriedades) do reflexo. Examinaremos, a seguir, tais leis.

 

 

 

 

 

 

Lei da intensidade-magnitude

 

A lei da intensidade-magnitude estabelece que a intensidade do estímulo é uma medida diretamente proporcional à magnitude da resposta, ou seja, em um reflexo, quanto maior a intensidade do estímulo, maior será a magnitude da resposta (ver Figura 1.4). Tomando novamente como exemplo o reflexo que compreende um barulho alto (estímulo) e um susto (resposta), teríamos o seguinte: quanto mais alto o barulho, maior o susto. Quando você abre a janela do seu quarto pela manhã, após acordar, a luz (estímulo) que incide sobre seus olhos elicia a contração de suas pupilas (resposta). Segundo a lei da intensidade-magnitude, quanto mais claro estiver o dia, mais suas pupilas irão se contrair.

 

            Mitologicamente quanto maior a intensidade do rito e do papel do mito mais intensa, ou  maior será a magnitude da resposta do indivíduo ou dos indivíduos no rito, quanto maior a intensidade da telepatia maior será a magnitude da resposta da população em relação a ela, mitologicamente está acontecendo isto, um rito de comunicação ou de informação, telepático, de grandes proporções, que pode ser extraterrestre.

 

           

Lei do limiar

 

Esta lei estabelece que, para todo reflexo, existe uma intensidade mínima do estímulo necessária para que a resposta seja eliciada. Um choque elétrico é um estímulo que elicia a resposta de contração muscular. Segundo a lei do limiar, existe uma intensidade mínima do choque (de 5 a 10 volts, apenas como exemplo – esses valores são fictícios, e o valor do limiar é individual) que é necessária para que a resposta de contração muscular ocorra. Essa faixa de valores, no exemplo, que varia de 5 a 10 volts, é chamada limiar. Portanto, valores abaixo do limiar não eliciam respostas, enquanto valores acima do limiar eliciam respostas. Há ainda outra característica importante sobre o limiar do reflexo. Percebeu-se que o limiar não é um valor definido. Nesse exemplo, o limiar compreende valores entre 5 e 10 volts; sendo assim, choques aplicados com intensidades variando entre 5 e 10 volts (limiar) às vezes eliciarão a resposta de contração muscular, às vezes não. O gráfico apresentado na Figura 1.5 mostra essa relação entre a intensidade do estímulo e a eliciação da resposta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sem suor

Sem suor

Suor  (resposta)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1.5

 

Lei do limiar. Existe uma intensidade mínima do estímulo necessária para eliciar uma resposta. Só a partir do terceiro quadro o suor é produzido.

 

 

            Mitologicamente a lei do limiar serve para iniciar ou para parar ou para desviar e fugir dos eventos dos ritos e dos mitos, do que os eliciam.

 

 

 

Lei da latência

 

Latência é o nome dado a um intervalo entre dois eventos. No caso dos reflexos, latência é o tempo decorrido entre apresentação do estímulo e a ocorrência da resposta. A lei da latência estabelece que, quanto maior a intensidade do estí-mulo, menor a latência entre a apresentação desse estímulo e a ocorrência da resposta. Barulhos altos e estridentes (estímulos) geralmente nos eliciam um susto (resposta). Segundo a lei da latência, quanto mais alto for

 

 

 

Lei da latência. Quanto mais fraco é o estímulo (menor intensidade), mais tempo se passará entre a apresentação do estímulo e a ocorrência da resposta, ou seja, maior será a latência da resposta.

 

 

 

 

o barulho, mais rapidamente haverá contrações musculares que caracterizam o susto.

Além da latência entre apresentação, estímulo e ocorrência da resposta, a intensidade do estímulo também possui uma relação diretamente proporcional à duração da resposta: quanto maior a intensidade do estímulo, maior a duração da resposta. Quando um vento frio passa por nossa pele (estímulo), nós nos arrepiamos (resposta). Você já deve ter tido alguns arrepios “mais demorados” que outros. O tempo pelo qual você “ficou arrepiado” é diretamente proporcional a intensidade do frio, ou seja, quanto mais frio, mais tempo dura o arrepio.

 

 

Mitologicamente a lei da latência vem nos ensinar que entre dois estímulos num rito há um período de latência. No pensamento normal a latência é bastante comum mas no pensamento telepático a latência é extremamente curta e isto causa muito sofrimento, pois é como se o indivíduo não parasse de pensar.

 

Efeitos de eliciações sucessivas da resposta:

 

habituação e potenciação

 

Outra característica importante dos reflexos são os efeitos que as eliciações sucessivas exercem sobre eles. Quando um determinado estímulo, que elicia uma determinada resposta, é apresentado ao organismo várias vezes seguidas, em curtos intervalos de tempo, observamos algumas mudanças nas relações entre o estímulo e a resposta.

 

Quando um mesmo estímulo é apresentado várias vezes em curtos intervalos de tempo, na mesma intensidade, podemos observar um decréscimo na magnitude da resposta. Chamamos esse efeito na resposta de habituação. É possível notar facilmente tal fenômeno se alguém tivesse que preparar uma refeição para um número grande de pessoas e, para isso, fosse necessário cortar várias cebolas. Ao cortar as primeiras cebolas, o olho lacrimejaria bastante.

 

Nota-se que mitologicamente nos ritos os efeitos de eliciações sucessivas da resposta também podem ser de diminuição da magnitude da resposta, contudo na telepatia este fenômeno é pouco observado pelo telepath, são muitas as eliciações sucessivas de resposta e a magnitude segue um padrão de violência, pois quando o telepath fica ¨grogue¨ as sucessivas respostas são extintas.

 

Habituação do reflexo. Quando somos expostos a um determinado estímulo por um tempo prolongado, a magnitude da resposta tende a diminuir. Na figura (a), a cada cebola cortada (uma após a outra), diminui a quantidade de lacrimejação. Quando estamos em um local barulhento, (figura b) após alguns minutos, temos a impressão de que o barulho diminuiu.

 

 

 

 

Após algumas cebolas estarem descascadas, seria perceptível que as lágrimas nos olhos teriam diminuído ou cessado.

 

Para alguns reflexos, o efeito de eliciações sucessivas é exatamente oposto da habituação. À medida que novas eliciações ocorrem, a magnitude da resposta aumenta.

 

 

Os reflexos e o estudo de emoções

 

Um aspecto extremamente relevante do comportamento humano são as emoções (medo, alegria, raiva, tristeza, excitação sexual, etc.). Você já deve ter dito ou

 

 

ouvido falar a seguinte frase: “Na hora não consegui controlar (minhas emoções)”. Já deve ter achado estranho e, até certo ponto, incompreensível por que algumas pessoas têm algumas emoções, como ter medo de pena de aves ou de baratas, ou ficar sexualmente excitadas em algumas situações no mínimo estranhas, como coprofilia e necrofilia . Muitas dessas emoções que sentimos são respostas reflexas a estímulos ambientais. Por esse motivo, é difícil controlar uma emoção; é tão difícil quanto não “querer chutar” quando o médico dá uma martelada em nosso joelho.

 

Os organismos, de acordo com suas espécies, nascem de alguma forma preparada para interagir com seu ambiente. Assim como nascemos preparados para contrair um múscu-

 

lo quando uma superfície pontiaguda é pressionada contra nosso braço, nascemos também preparados para ter algumas respostas emocionais quando determinados estímulos surgem em nosso ambiente. Inicialmente, é necessário saber que emoções não surgem do nada. As emoções surgem em função de determinadas situações, de determinados contextos. Não sentimos medo, alegria ou raiva sem motivo; sentimos essas emoções quando algo acontece. Mesmo que

 

a situação que causa uma emoção não seja aparente, isso não quer dizer que ela não exista, podendo ser até mesmo um pensamento, uma lembrança, uma música, uma palavra, etc.

Outro ponto importante a ser considerado é que boa parte (não tudo) daquilo que entendemos como emoções diz respeito à fisiologia do organismo. Quando sentimos medo, por exemplo, uma série de reações fisiológicas estão acontecendo em nosso corpo: as glândulas supra-renais secretam adrenalina, os vasos sangüíneos periféricos contraem-se, e o sangue concentra-se nos músculos (ficar branco de medo), entre outras reações fisiológicas. Da mesma forma, quando sentimos raiva, alegria, ansiedade ou tristeza, outras mudanças em nossa fisiologia podem ser detectadas utilizando-se aparelhos próprios. Esse aspecto fisiológico das emoções fica claro quando falamos sobre o uso de medicamentos

(ansiolíticos, antidepressivos, etc.). Os remédios que os psiquiatras preescrevem não afetam a mente humana, mas, sim, o organismo, a sua fisiologia. Mattanó adverte que os remédios podem alterar a mente humana, causar confusão mental em psicóticos, , em transtornos de pânico e em depressivos. Quando nos referimos às emoções (sobretudo às sensações), estamos falando, portanto, sobre respostas dos organismos que ocorrem em função de algum estímulo (-situação). Os organismos nascem preparados para ter algumas modificações em sua fisiologia em função de alguns estímulos. Por exemplo, se um barulho alto e estridente é produzido próximo a um bebê recém-nascido, poderemos observar em seu organismo as respostas fisiológicas que descrevemos anteriormente como constituintes do que chamamos medo.

 

Em algum momento da evolução das espécies (teoria de Charles Darwin), ter determinadas respostas emocionais em função da apresentação de alguns estímulos mostrou ter valor de sobrevivência. O mundo, na época em que o primeiro ser humano “apareceu”, provavelmente era mais parecido com o da Figura 1.10 do que com o mundo que conhecemos hoje.

 

 

O valor de sobrevivência das emoções para as espécies pode ser ilustrado na Figura 1.10. Provavelmente o animal que está sendo atacado pelo tigre (estímulo) está sentindo algo semelhante ao que chamamos de medo (resposta emocional): seu coração está batendo mais rapidamente, seus vasos sangüíneos periféricos contraí-ram-se, retirando o sangue da superfície de sua pele e concentrando-o nos músculos. Essas respostas fisiológicas em relação à situação mostrada (o ataque do tigre) tornam mais provável que o animal escape com vida do ataque: se o sangue saiu da superfície de sua pele, arranhões produzi-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1.10

 

Emoções para quê? Ilustração de como emoções (medo, por exemplo) têm valor de sobrevivência para as espécies.

 

rão menos sangramento, se o sangue concentra-se nos músculos, o animal será capaz de correr mais velozmente e de dar coices mais fortes. Utilizamos como exemplo o medo por acharmos mais ilustrativo, mas o mesmo raciocínio aplica-se a outras emoções, sejam ou não consideradas prazerosas para nós.

 

Não há dúvidas hoje de que boa parte daquilo que conhecemos como emoções envolve relações (comportamentos) reflexas, ou seja, relações entre estímulos do ambiente e respostas (comportamento) dos organismos.

 

 

                        Mitologicamente as emoções serviram para enriquecer o quadro comportamental dos nossos ancestrais, suas reações fisiológicas de medo e de amor, de raiva e de ciúmes, de inveja e de ódio, de alegria e de tristeza, até hoje colhemos estes frutos com o macaco telepático, o Homo Sapiens Telepath, que revive todas estas emoções aflitivamente como uma caça e um caçador primitivo, como um macaco pelado, um ancestral primitivo que sente medo do meio ambiente hostil e violento, que oferece pouco amor e pouca ou quase nenhuma oportunidade reprodutiva, pois seus genes e suas características são diferentes e assim são aversivas e causam medo e aversão impondo restrições a ele.

 

 

Bibliografia consultada e sugestões de leitura

 

Catania. A. C. (1999). Aprendizagem:  comportamento,  linguagem  e  cognição. Porto

 

Alegre: Artmed. Capítulo 4: Comportamento eliciado e comportamento reflexo.

 

Millenson, J. R. (1975). Princípios de análise do comportamento. Brasília: Coordenada.

 

Capítulo 2: Comportamento reflexo (eliciado)

 

Wood, E. G., Wood, S. E. e Boyd, D. (2005). Learning. [On-line]. Disponível: http://www.ablongman.com/samplechapter/0205361374.pdf. Recuperado em 12 de maio de 2005.

 

 

 

 

 

 

 

 

CAP. 2

 

O REFLEXO APRENDIDO: O CONDICIONAMENTO PAVLOVIANO

 

A descoberta do Reflexo Aprendido foi realizada pelo fisiologista russo chamado Ivan Petrovich Pavlov e, por este motivo, também é chamado de Condicionamento Pavloviano.

Sabe-se que o Reflexo Inato corresponde às respostas reflexas emitidas pelo organismo sem a necessidade de aprendizado. Sendo assim, como sugere o nome, o Reflexo Aprendido refere-se àquelas que, por mais que sejam reflexas (como salivação, calafrio,
medo etc.), necessitam de aprendizado para serem eliciadas por estímulos que anteriormente eram neutros. (Compreenda melhor o Reflexo Inato).

Pavlov realizou um experimento inicialmente para compreender a magnitude da resposta (quantidade) de salivar de um cão frente à qualidade e quantidade de comida apresentada. Acontece que Pavlov observou que a resposta de salivação também era eliciada por outros estímulos que ocorriam paralelamente à apresentação da comida.

Para compreender melhor e comprovar a possibilidade de condicionamento das respostas reflexas inatas, Pavlov elegeu uma sineta (som) como estímulo neutro (já que não eliciava resposta de salivação no cão), o pó de carne como estímulo incondicionado (que eliciava a resposta de salivação no cão, mesmo sem aprendizado, por isso o nome de incondicionado) e o cão como organismo emissor da resposta em questão.

O estímulo neutro (a sineta) foi apresentado para observar a emissão de respostas reflexas. Nada ocorreu, comprovando assim que se tratava realmente de um estímulo neutro. Posteriormente, a sineta foi apresentada juntamente ao pó de carne, ou seja, um emparelhamento de estímulos, ocorrendo assim a emissão da resposta de salivação. Após cerca de 60 emparelhamentos, apenas a apresentação da sineta eliciava a resposta de salivação.

O experimento tem grande relevância, já que exemplifica que estímulos anteriormente neutros, após emparelhamentos, podem passar a ser estímulos condicionados (eliciam respostas reflexas através de uma história de aprendizado).

Mitologicamente o condicionamento pavloviano tem a importância de fazer eliciar respostas que antes não eram eliciadas por estímulos neutros em rituais místicos, fazendo cenas ritualísticas onde emparelham-se sons e batidas de tambores a estímulos visuais, olfativos, gustativos, sexuais, etc., que aumentam a cena ritualística elevando o ingresso no ritual a um estado de êxtase e deslumbramento. Assim também ocorre com a telepatia que antes de surgir nada eliciava, mas após emparelhamento com estímulos eliciadores visuais, olfativos, gustativos, auditivos, térmicos, etc.,passaram e desencadear respostas condicionadas.

 

Observe na imagem abaixo o Condicionamento Pavloviano.

(PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO, PÁGINA 31)

A chave da questão é: o medo, por exemplo, é inato ou aprendido? E a resposta é: depende. Quando falamos que temos medo de um som alto que aparece repentinamente, trata-se de Reflexo Inato, mas se temos medo de um animal, trata-se de Reflexo Aprendido.

Isso ocorre porque ninguém nasce com medo de animais, situações, pessoas, características etc., mas sim aprendem ao longo da vida a terem medo dessas coisas.

Para mostrar a relevância do Condicionamento Pavloviano, o Psicólogo americano John Watson realizou um experimento com um bebê, o som repentino e um rato. Sendo o som repentino o estímulo incondicionado (elicia o medo sem aprendizado), o rato o estímulo neutro (não eliciava resposta alguma) e o bebê o organismo emissor da resposta reflexa.

Seguindo os passos de Pavlov, Watson pôde constatar que o bebê, através de emparelhamento de estímulos, foi condicionado a ter medo do rato.

Observe abaixo a imagem que exemplifica o experimento de Watson.

(PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO, PÁGINA 34)

A compreensão do Reflexo Aprendido é de extrema importância para as práticas da Análise Funcional do Comportamento, pois exemplificam como o organismo aprende a emitir respostas reflexas frente a estímulos que muitas vezes são inofensivos e como passam a acreditar que isso, por exemplo, sempre ocorreu.

 

 

Referência Bibliográfica: MOREIRA & MEDEIROS. Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Porto Alegre, RS: Artmed, 2007. 224p.

 

 

 

 

 

CAP. 3

APRENDIZAGEM PELAS CONSEQUÊNCIAS: O REFORÇO

 

O comportamento respondente, onde um estímulo elicia uma resposta, é fundamental para a compreensão de algumas características do comportamento humano e os processos que sinalizam os princípios da aprendizagem humana. Parte de uma construção em que emoções são ancoradas no condicionamento de resposta, mas que ao mesmo tempo, o comportamento respondente não é capaz de justificar toda completude para uma explicação comportamental, porque é apenas uma vicissitude das possibilidades interacionais do ser humano, consigo mesmo, com outros seres e com o ambiente que esteja inserido.

Mattanó explica que o comportamento respondente pode ser encontrado nos rituais e nos eventos místicos, nas experiências comportamentais mitológicas a partir da aprendizagem humana, onde as emoções vividas nas experiências místicas e nos rituais dependem do condicionamento da resposta, contudo ele é apenas uma parte da experiência mística e da mitologia que apreende na trajetória dos nossos ancestrais experiências emocionais que foram e são transmitidas até hoje como forma de superação das adversidades ambientais e manutenção da própria espécie, inclusive de seus ritos e de seu processo evolutivo de aprendizagem.

O comportamento operante (RC) – resposta ativa consequência –, descrito pela primeira vez por B. F. Skinner, é aquele que parte de uma base biológica para o plano externo, no qual a expressão é a base de transformação de um conteúdo sobre o habitat. Skinner se prendeu sobre a perspectiva onde a dimensão do comportamento provocava mutações ou modificações sobre o espaço (consequências). Enquanto no comportamento respondente descrito por Moreira e Medeiros, a perspectiva tinha como dimensão, transformações internas dentro de um indivíduo onde a operação era realizada sob o condicionamento de uma eliciação.

Mattanó aponta que o comportamento operante tem por função operar no ambiente, é a base de transformação de um conteúdo sobre o habitat. Mitologicamente percebemos que o homem começou a operar no seu ambiente e a transformá-lo com o trabalho e a criação e manipulação de instrumentos, com a transmissão de conhecimentos e as pinturas e desenhos nas cavernas e rochas como forma de ritualizar, educar e transmitir conhecimento, informação para seus descendentes, para operar no futuro, para operar no que ainda não existia e só existia como pensamentos e esperança, como sonhos e imaginário, como ideias, o futuro, as gerações futuras.

 

O aprendizado pelas consequências permite que o comportamento possa ser mapeado, no quais as construções que se projetam em termos de expressão sobre a natureza, tais como: falar, ler, escrever, raciocinar, abstrair, andar, correr, imitar, assobiar, ... permitem que um observador, ou o próprio indivíduo, possa criar um fluxo em que as características internas se integram para emergir significado que indique o modelo de personalidade, ou seja, a norma ou padrão, em que um indivíduo se propõe a evidenciar sua comunicação para com o mundo a sua volta.

Mattanó esclarece que o aprendizado pelas consequências fortaleceu o comportamento de acreditar num futuro, em ter esperança, em acreditar no amanhã e nas gerações futuras através das pinturas nas cavernas e nas rochas que falavam, eram lidas, escreviam, raciocinavam, abstraiam, andavam, corriam, imitavam, assobiavam, choravam, matavam, atacavam, morriam, comiam, ritualizavam, voltavam pra casa, etc.. Isso indicou um caminho, um modelo de personalidade, uma norma ou um padrão onde cada indivíduo em sua organização evidenciou com sua comunicação o mundo a sua volta para se inserir no mundo.

Assim, um pensamento operante para a expressão: “Bom dia!”; pode sinalizar uma solicitação de correspondência ambiental para outro indivíduo que a exigência funcional é a sinalização da outra perspectiva que poderia ser atribuída como modificação ambiental, uma emissão sonora de um outro emissor, que no papel de comunicação anteriormente utilizou do canal de comunicação para receber a mensagem cuja exigência era a sinalização de seu estado de humor, que traz como resposta “Mais ou menos, hoje estou gripado!”. Ou até mesmo riscar um fósforo, em que a consequência, pode ser a reprodução de uma chama em uma vela.

Mattanó explica que o comportamento operante como sinalizador de uma perspectiva, de um estado de humor, de um planejamento, de um pressuposto e de um subentendido, pode ser a reprodução mitológica dos ritos nos quais os nossos ancestrais tinham que sinalizar perspectivas ou estados de humor, regras, planos, pressupostos e subentendidos através da transformação do habitat em seus ritos.

Como um efeito em cadeia, uma consequência ativa no ambiente um estímulo que poderá gerar uma relação de comportamento respondente. Este por sua vez, desencadeia uma resposta sobre o ambiente, em que um ciclo de transformações ambientais passa a repercutir afetando as cadeias de valores dos indivíduos, e o calibre dos conceitos que vão integrando novas perspectivas em que a ação humana passa a gerenciar o seu desenvolvimento através de um processo de aprendizagem.

Mattanó aponta que a aprendizagem dos nossos ancestrais foi se hipercomplexificando e sendo transmitida através de sinais e símbolos, através de uma linguagem e de objetos, de instrumentos que marcavam a vida social da comunidade, indicando o círculo de valores e de rituais da comunidade, seus mitos e ritos, como ascender uma fogueira.

Conforme o aprendizado, o comportamento se molda, de forma restritiva ou expansiva. Restritiva no sentido de gerar um bloqueio quando a consequência catalogada sinalizar um estímulo em que a exigência respondente, irá inibir o sentido concordante com a correspondência, onde a resposta passa a se vincular com uma classe de atributos que bloqueiam o acesso a experiência ou experimentação negativa. Por outro lado, quando expansiva, um estímulo que exige comportamento respondente, irá sinalizar uma excitação, no sentido de indicar para a elição que a resposta deva ser reproduzida em sua perspectiva positiva e concordante, a fim de que o comportamento operante possa sinalizar a modificação do meio.

Mattanó aponta que os comportamentos foram sendo selecionados, uns foram restringidos outros foram expandidos, dependia do contexto e do reforço, da necessidade do comportamento para a comunidade se manter e se reproduzir bio-psico-socialmente.

As consequências, vistas como mutações ambientais, podem indicar alterações no comportamento que despertem aspectos sociais, morais ou éticos favoráveis ou contrários em termos de estrutura de ativação de pensamentos. Por exemplo: uma mulher que esteja na calçada, e um carro passa em alta velocidade onde o deslocamento da roda sobre um buraco cheio de água, gera um estímulo, que as leis da física estabelecem o avanço do conteúdo líquido sobre as vestes da senhora. Uma consequência que pode ter gerado uma elição que tem como resposta um ressentimento na forma de um insulto, ou um palavrão.

Mattanó esclarece que também entre os nossos ancestrais as consequências geraram comportamentos e novos contextos, que por sua vez geraram novos estímulos, novas respostas, novas consequências e novos contextos, etc.. Dentre estas consequências está a linguagem falada, escrita, territorial, corporal, de sinais e telepática.

No processo de aprendizagem e reflexão do aspecto de comparação entre dois ou mais momentos distintos, permite-se estabelecer um aspecto de controle, onde o comportamento operante é percebido como um elemento que pode ser canalizado a fim de que a consequência esperada seja desencadeada no ambiente, ou, estabelecer um sentido ecológico, onde a percepção da consequência, vista como um acontecimento ou fato gerador de angústia e aflição para um indivíduo, possa ser controlada para que os fatores, vistos como resposta, sejam ativados a fim de influenciar o comportamento operativo que irá desencadear sobre o ambiente a opção ou alternativa do modelo de comportamento, em que o processo de comunicação determina o processamento do mesmo conteúdo de informação, que indique a consequência mais positiva de ser administrável por um indivíduo a fim de colaborar para sua homeostase cerebral. Neste processo o comportamento é influenciado por estímulos de reforço da atividade que condiciona uma ação específica.

Mattanó mostra aqui que o comportamento operante indica uma homeostase cerebral, visto que como uma percepção antecipada ou esperada, gera angústia e aflição, e é influenciado por estímulos de reforço que condicionam uma atividade específica, neste caso ritos que constituem uma mitologia.

O condicionamento do comportamento por uma consequência amplia a probabilidade de ativação do comportamento inscrito na personalidade de um indivíduo, - e essa característica é chamada de Lei do Reforço. Uma contingência de reforço é uma relação de elevação de probabilidade da ocorrência do comportamento, visto como resposta do organismo frente a uma necessidade de expressão, onde as chances de que o evento volte a se repetir são ampliadas a cada novo fator interativo. Exemplo: toda vez que encontro pela primeira vez minha namorada pela manhã, eu lhe dou um beijoEla fica amorosa comigo o dia inteiro. Consequência (contato com os lábios); Emissão da resposta (o ato de praticar o beijo); Comportamento (afeto no casal); chances (modelo de pensamento em que a sinalização do beijo amplia a interação futura); Probabilidade (90% das vezes que eu a beijo, desperta um sentido de carinho em minha amada); Contingência de reforço (se o comportamento do beijo ocorrer, então a consequência gerada pelo afeto será a cópula no final do dia).

Mattano indica que o condicionamento do comportamento por uma consequência amplia a ativação do comportamento selecionado pela personalidade do indivíduo. Falamos do Lei do Reforço que aumenta a probabilidade da ocorrência do comportamento como resposta diante de um estímulo, aumentado as chance desse comportamento ser novamente repetido a cada novo fator interativo. Assim nos ritos vemos que a Lei do Reforço modelou o aumento da probabilidade da ocorrência de determinados comportamentos nos rituais, como dançar, ficar em êxtase, se deslumbrar, ficar em transe, não sentir dor, cantar e gritar, rezar, fazer premonições e leituras, etc..

Uma resposta pode estar orientada para refletir sobre um estímulo neutro, condicionado ou incondicionado cuja natureza deste estímulo não é suficiente para qualificá-lo como reforçador. Pode-se pensar num reforço como sendo a ativação de uma consequência que desperta uma apreensão, em que a qualidade sugerida ou despertada é mantida por uma carga de energia, numa inscrição de uma rede neural que dá sentido interno ao evento externo colhido, no qual o indivíduo que a consome desperta uma intensificação de uma ou mais estruturas de prazer, e à medida que o indivíduo ao utilizar a sua personalidade, se permite sentir incluso dentro do modelo de inscrição cognitiva, por um pouco mais de tempo a cada nova recorrência da excitação, até que a ampliação da descarga excitatória que induz a percepção de prazer, sinalize uma probabilidade, um reforço, no sentido de solidificar a atitude que é percebida como benefício para o indivíduo (conforme Freud) cujo efeito modal de seu surgimento não encontra barreiras neurais para emergir no consciente humano.

Mattanó explica que as estruturas de prazer levam o indivíduo a ampliação da descarga excitatória que também induz a percepção de prazer, sinalizando uma probabilidade, um reforço, uma atitude que se solidifica e emerge no consciente humano. Mitologicamente as estruturas de prazer aumentaram a descarga excitatória da percepção de prazer, que sinalizaram e reforçaram o prazer e o comportamento no ritual, como uma atitude que emerge no consciente dos seres humanos.

Os reforçadores naturais são percebidos por influências ambientais diretas sobre o comportamento, enquanto os reforçadores arbitrários são percebidos por influências indiretas sobre o comportamento. Exemplo: Uma mãe pede para seu filho que ele vá para o banheiro para se banhar a fim de não se atrasar para a escola (reforçador natural: atitude ou comportamento da mãe condiciona o agir do filho). A mesma mãe está doente acamada, o seu filho tendo que ir para a escola, relembra a fala de sua mãe no exato instante que necessita tomar banho para ir à escola e sem incomodá-la entra no banheiro para se banhar (reforçador arbitrário: lembrança vinculada à cena).

Mattanó alerta que os reforçadores naturais e os reforçadores arbitrários participam dos ritos como estímulo naturais ou arbitrários para a resposta do indivíduo no ritual e assim obtenham as consequências e o novo contexto para outro ritual.

A experiência do comportamento reforçado promove uma diminuição da frequência de outros comportamentos diferentes do comportamento reforçado e uma diminuição da variabilidade na topografia (forma) da resposta (comportamento) reforçado. (Moreira e Medeiros)

Mattanó alerta que nos ritos o comportamento reforçado provocou uma experiência que diminuiu a frequência de outros comportamentos diferentes do comportamento reforçado, diminuindo também a variabilidade na topografia da resposta do comportamento reforçado, ou seja, o comportamento reforçado se manteve predominante em relação aos outros comportamentos e sofreu poucas distorções em seus padrões comportamentais.

Quando um comportamento deixa de ser reforçado a tendência natural é a volta do nível de resposta do comportamento operante (extinção operante – retorno da frequência do comportamento ao nível operante), da mesma forma que um adepto de academia que ao exercitar diariamente por cinco anos, deixa de praticar exercícios físicos por um ano seguido, sua tendência natural será diminuir a sua massa muscular que lhe permitiu organizar com músculos afloradas, sua constituição corpórea.

Mattanó avisa que nos ritos o comportamento tem uma tendência natural de volta ao nível de resposta operante, ou seja, de uma volta ao que era antes da preparação e do treinamento, do condicionamento, havendo uma extinção operante, ou uma extinção das habilidades aprendidas, um esquecimento, ou um desaprender que é experimentado na experiência dos indivíduos quando evocada.

A resistência à extinção do reforço é observada pelo tempo necessário que um indivíduo que se condicionou a agir conforme um nível de estímulo, continua a corresponder sem o estímulo reforçado ser ativado. A história de aprendizagem de um indivíduo influencia diretamente sobre o nível de resistência à extinção do reforço no quais podem ser observados: o número de reforços anteriores; custo da resposta; e, esquemas de reforçamento. Na recuperação espontânea o comportamento é reforçado mesmo na ausência do estímulo reforçado.

Mattanó fala da resistência à extinção do reforço como tempo necessário para que um indivíduo que se condicionou a agir de determinada maneira continue a corresponder sem o estímulo reforçado ser ativado. A história de aprendizagem influencia sobre o nível de resistência à extinção do reforço. Assim para que um ritual tenha um membro que tenha uma história de resistência à extinção do reforço, dependerá do tempo do tempo que ele se condicionou e a maneira como corresponde sem o estímulo reforçado ser ativado, ou seja, sem os sons ou os olores e odores, sem as máscaras, nos rituais, quanto tempo levará para me adaptar a extinção desses estímulos, pois haverá uma resistência que me afligirá e me fará recuperar comportamentos.

Outros efeitos da extinção do reforço descritos por Moreira e Medeiros são: aumento na frequência da resposta no início do processo de extinção; aumento na variabilidade da topografia (forma) da resposta; e, eliciação de respostas emocionais (raiva, ansiedade, irritação, frustração,...).

No processo de modelagem para uma aquisição do comportamento, o estímulo ao aprendizado é conquistado através da aproximação da resposta com outro elemento de cunho emocional, no qual a duração da imediaticidade do reforço não deve ser curta ou longa o suficiente para não gerar a correspondência no nível de funcionamento exigido pelo cérebro humano a fim de construir a elição dentro do sistema nervoso central. Como Moreira e Medeiros exemplificam em seu livro Princípios básicos de Análise do Comportamento, uma mãe quando percebe o gesto gutural em seu filho, visto de um processo de repetição sonora do ambiente, das sílabas que integram um chamamento: “Ma” de “Mamãe” a carícia ou sinal de afeto de compreensão e elevação da estima pelo reconhecimento sonoro que a mãe demonstra em relação ao seu bebê desperta um elemento associativo nesta criança, na visualização de um prazer de agradar a genitora que faz perceber neste bebê uma “sacada” de reproduzir novas vezes o som identificado para que o comportamento da mãe seja novamente desencadeado. Até o efeito da fixação desencadear um entendimento por intermédio de um processamento do comportamento, que torna a reação padrão, instigando na criança uma necessidade de variabilidade de resposta que a permite ampliar a correspondência para a palavra “Mama” para que a mãe continue a exercer estimulação sobre o comportamento da criança.

Mattanó fala que como a criança o adulto e o jovem e até mesmo o idoso, no ritual ou no mito, nas mitologias, tem o mesmo comportamento, de perceber gestos e de fazer um processo de repetição sonora das sílabas que se integram num chamamento, elas também podem formar inversão, aglutinação ou troca, falamos da alfabetização, onde há a correspondência da palavra ¨Ma¨ ou ¨Mama¨ com a palavra ¨Mãe¨, para que a mãe ou o pai continue a exercer estimulação sobre o comportamento da criança e ela seja alfabetizada.

 

Osny Mattanó Júnior

(28/07/2018)

 

 

 

 

 

 

CAP. 4

APRENDIZAGEM PELAS CONSEQUÊNCIAS: O CONTROLE AVERSIVO

 

 

Através do comportamento operante visto no capítulo anterior, é possível observar as modificações ambientais pela perspectiva de consequências do comportamento. No reforço positivo a consequência é ampliada em termos de probabilidade vista como um processo de adição de um estímulo que aumenta a perseguição ao estímulo dentro de uma determinada perspectiva. Este tópico, no qual Moreira e Medeiros descrevem sua abordagem irá tratar dos casos em que a frequência é aumentada – reforço negativo –, e outro caso em que a frequência do estímulo é diminuída: punição positiva e punição negativa.

Mitologicamente entramos agora em casos onde a frequência de respostas é aumentada através do reforço negativo, e onde a frequência de respostas é diminuída através da punição positiva e da punição negativa. Falamos de quando os ritos se tornaram mais intensos e menos intensos, ou seja, com mais ou menos respostas para um estímulo como um som, um gosto, um cheiro, uma visão, um gesto, uma expressão, uma comunicação, etc..

 

No controle aversivo do comportamento um indivíduo age tentando se livrar de contatos prejudiciais. O reforço é chamado de positivo quando a experiência é controlada em que o comportamento o estímulo é aumentado no ambiente. O reforço negativo difere do conceito anterior porque o estímulo é retirado do ambiente como um processo meramente operativo. Punição negativa ou positiva a probabilidade de incidência novamente da ativação do comportamento diminui, na negativa ancorada pela retirada do comportamento; e na positiva a consequência é ancorada por princípios de sobreposição que acentua o comportamento (adição de um estímulo aversivo ao ambiente). O reforço negativo, a punição negativa ou positiva são controles aversivos porque exercem atitudes inibidoras do estímulo.

Mattanó começa explicando que o comportamento do indivíduo nos ritos também obedece ao reforço negativo, a punição negativa ou a punição positiva, que são controles aversivos, pois exercem atitudes inibidoras do estímulo, fenômenos que inibem estímulos nos ritos e tornam mitos com características inibidoras.

 

Um organismo vivo assume para si uma tendência de evitar aquilo que causa desprazer ou aversão, em sua ordem natural onde o indivíduo se integra com sua pulsão de vida, mas esta relação, estudada por Freud na segunda tópica percebe a existência de uma identificação também de indivíduos com a pulsão de morte, no qual Moreira e Medeiros, não mencionaram no seu livro, e que não é válida para o tipo de raciocínio que evita a aversão. As reações emocionais exercem forte influência no modelo de controle aversivo proposto por tais pensadores.

Nos ritos a tendência é se comportar para evitar aquilo que causa desprazer ou aversão, de forma ritualística, ou seja, sofrendo e se martirizando, pois o que querem evitar são os desprazeres e aversões do mundo normal ou natural, que se submete aos ritos.

 

Moreira e Medeiros esclarece que estímulos aversivos se vinculam com reforço negativo (aumento da frequência) e punição positiva (diminuição da frequência). Um reforçador negativo é um estímulo retirado do ambiente no qual o reforço negativo estabelece uma contingência por fazer firmar uma relação de aumento da frequência do comportamento. Um exemplo de reforçador negativo é uma pessoa que tenha sofrido um ferimento na perna e o resultado da luxação é uma dor crônica, que o objeto que causa contingência é uma pomada que cessa a dor intermitente devolvendo tranquilidade para a pessoa em questão, no qual o comportamento é influenciado pelo analgésico. Intuitivamente a frequência de utilização da pomada foi aumentada cognitivamente, porque quando o indivíduo buscar em sua lembrança a informação do tipo de comportamento que exerceu influência para sanar seu problema (dor crônica) a probabilidade do indivíduo utilizar do mesmo conhecimento para repetir o comportamento também é aumentada.

Mattanó esclarece que nos ritos os estímulos aversivos se vinculam com reforço negativo e punição positiva que causam aumento da frequência de respostas e diminuição da frequência de respostas, fenômenos que modelaram o comportamento e as características ou padrões e contingências dos ritos e dos mitos. Os estímulos aversivos tema mesma consequência sobre o contexto.

 

No comportamento aversivo é possível pensar em comportamento de fuga e comportamento de esquiva. No primeiro, o estímulo é retirado do ambiente; no segundo o comportamento é evitado e o contato é adiado a fim de que o comportamento possa sintetizar a melhor saída para um indivíduo. A diferença substancial de fuga e esquiva, é que na fuga o estímulo no ambiente já aconteceu e na esquiva o estímulo foi observado projetivamente antes de sua ocorrência ambiental.

Mattanó aponta que através da fuga o estímulo no ritual é retirado do ambiente, e através da esquiva o comportamento no ritual é evitado a fim de que o estímulo seja observado projetivamente antes da sua ocorrência ambiental. A fuga e a esquiva exercem o mesmo efeito ou consequência sobre o contexto, retirando-o ou evitando-o de sua realidade.

 

Os pensamentos punitivos não se extinguem como estrutura de comportamento quando as contingências punitivas são removidas. Uma pessoa que recebeu uma multa de trânsito pode voltar a gerar outras infrações, mesmo depois da pena taxativa monetária fixada em termos de dispêndio. Moreira e Medeiros afirmam que tanto a punição positiva como a punição negativa diminuem a probabilidade de o comportamento ocorrer.

Mattano esclarece que nos ritos os pensamentos e ritos que se sucedem seguidos de uma punição positiva ou de uma punição negativa diminuem a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer, contudo, a punição num ritual pode não ser a dor física, mas a dor emocional por não ter tido êxito em sua experiência de iniciação ou de passagem e ter sido ¨engolido pelo monstro¨, ou seja, não ter uma mensagem para sua comunidade. A punição exerce o mesmo efeito sobre o contexto, diminue a probabilidade de fazê-lo voltar a acontecer.

 

O estímulo de punição pode ser positivo (diminui a probabilidade de o comportamento ocorrer novamente pela adição de um estímulo aversivo-punitivo ao ambiente) ou negativo (diminui a probabilidade de um comportamento ocorrer novamente pela retirada de um estímulo reforçador do ambiente). No primeiro a contingência é um estímulo que reduz a probabilidade de ocorrência futura. No segundo a contingência é um estímulo que é retirado do ambiente.

Mattanó explica que o estímulo de punição reduz a probabilidade de ocorrência futura de determinada resposta. Mattanó explica que a resposta pode ser o contexto, ou seja, reduzir o aparecimento de determinado contexto

 

Quando uma contingência suspensiva punitiva fica instanciada e presente na natureza um processo de descondicionamento pode promover a pronta recuperação da resposta.

No comportamento extinto há a suspensão da consequência reforçadora diminuindo gradualmente a probabilidade de ocorrência da resposta, na punição negativa um comportamento passa a ter uma nova consequência suprimindo rapidamente uma resposta.

Mattanó explica que nos ritos o comportamento extinto, o do velho homem, diminui gradualmente, e o comportamento punido negativamente passa a ter uma nova consequência suprimindo rapidamente uma resposta, havendo, portanto uma transformação radical na personalidade do velho homem, gerando o novo homem.

As respostas emocionais desencadeadas pelo processo de elição podem influenciar comportamentos com efeitos colaterais do controle aversivo, de modo que uma criança quando pede para sua mãe um sorvete, e ela lhe nega sua intenção, e a criança em crise de choro demonstra todo o seu querer e desejo com intenção de adquirir a posse do objeto, e a mãe, em uma atitude em que a elição aflora arrependimento ou culpa pelo choro da criança, perverte a ordem original que instituía sua atitude disciplinar para fazer a vontade da criança, que observa como registro, uma experiência que deve ser repetida, que deve ser reforçada, - uma atitude reforçadora – para fazer com que esta criança abstraia no futuro esta informação, pela recordação como uma solução que deve novamente ser implementada e repetida a fim de obter pelo aumento do reforço do condicionamento do comportamento, novamente o objeto de desejo.

Mattanó alerta que as respostas emocionais nos rituais influenciam os comportamentos com efeitos colaterais de controle aversivo, assim os iniciados, por exemplo, podem ter comportamentos aversivos nos rituais para tentar controlar suas emoções afloradas como parte do ritual, tudo, é claro, parte do ritual.

O paradoxo da aprendizagem por reforço negativo estabelece que um comportamento quando estimulado com reforço negativo amplia as chances do estímulo “motivar” a falha em um comportamento eliciado, inibindo o comportamento reflexivo capaz de ampliar a perspectiva da elição que colabora para o comportamento que retira o estímulo aversivo. É o caso de realçar as falhas de uma pessoa, prejudicando sua fixação sobre o comportamento do erro, em vez de gerir um comportamento de retirar a pessoa da condição de erro.

Mattanó avisa que muitas vezes nos rituais os ritos levam os ingressos por força dos ritos a uma fixação sobre um comportamento errado, em vez de retirarem-nos da condição de erro, como fazem nos ritos de guerra e de suicídio, os rituais acabam realçando as falhas dessas pessoas.  

 

Um comportamento é suprimido por intermédio de uma punição tem efeitos além da medida restritiva impositiva, podendo moldar e afetar outros comportamentos ao qual o indivíduo vincule o elemento restritivo a sua ideação que restringe sua ação. O efeito de uma punição é o despertar de um comportamento que irá substituir a atitude padrão antes exercida por um indivíduo (resposta incompatível ou resposta controladora).

Mattanó explica que um comportamento suprimido por meio da punição tem efeitos de afetar outros comportamentos ao qual irá substituir a atitude padrão antes exercida naquele indivíduo, assim nos ritos a punição afeta outros comportamentos ao quais irão substituir esse comportamento aversivo.

 

No contracontrole é uma relação de controle onde a parte controlada exerce uma nova resposta que impede que a pessoa controlada mantenha o controle sobre o seu comportamento. Na punição o contracontrole faz papel de objeto-âncora, como por exemplo, a visualização de um guarda de trânsito alertando para uma pessoa da necessidade de não ultrapassar o limite de uma lei, para não ser punido. No caso do reforço negativo o contracontrole faz papel de superego (lembrança suprime o estímulo aversivo), como por exemplo o agir da consciência prevenindo quanto a necessidade de se levar uma multa, vista como uma punição.

Mattanó explica que o contracontrole nos rituais tem o papel de exercer uma nova resposta que impede a parte controlada da pessoa de manter o seu controle sobre o seu comportamento, é como uma consciência prevenindo quanto a necessidade de se comportar de determinada maneira, em vista de uma punição. Nos rituais vemos isto, os ingressos se comportam para evitar uma determinada punição se lançando sobre os obstáculos e os caminhos perigosos, dançando freneticamente, por exemplo.

 

A punição pode surgir devido uma necessidade de conter uma imediaticidade da consequência, numa tentativa de tentar suprimir um comportamento. Ou como uma tentativa de controlar a eficácia não dependente da privação. Ou por uma questão de facilidade no arranjo das contingências.

Mattanó explica que a punição nos ritos leva a necessidade de conter uma imediaticidade da consequência como um erro num comportamento ritualístico ou mágico.

Como um aprendizado de psicoeducação os processos de assimilação de conteúdo devem ser primar pela utilização do reforço positivo em vez de ser utilizado no lugar do reforço negativo. Assim como, por exemplo, extinguir um comportamento em vez de optar pelo comportamento de punição. Preterir pela utilização do reforçamento diferencial, ou seja, o comportamento que envolve reforço e extinção, como alternativa à extinção. Preterir pelo aumento da densidade de reforços para outras alternativas (reforço com mais frequência de outros comportamentos em vez da extinção ou punição ao comportamento principal).

Moreira e Medeiros reforçam que o controle aversivo deve ser evitado embora ele exista naturalmente no ambiente, mas que como medida racional deve-se sempre optar por um tipo de esforço positivo em que as intervenções sobre os indivíduos sejam exercidas por aspectos concordantes ou positivados.

Mattanó explica que o melhor ambiente para um ritual e um aprendiz é aquele que o faz por meio do reforço positivo no lugar do reforço negativo, pois é o reforço a melhor alternativa para quem modifica o comportamento, o controle aversivo deve ser evitado, pois não modifica plenamente o comportamento, ou seja, não modifica o comportamento.

 

 

Osny Mattanó Júnior

(29/07/2018)

 

 

 

 

 

 

CAP. 5

CONTROLE DE ESTÍMULOS: O PAPEL DO CONTEXTO

 

 

Este capítulo trata do agir de forma diferenciada em que um comportamento é moldado para sinalizar um padrão de conduta. Através de um controle antecedente do comportamento se constrói um controle de estímulos, onde a consequência gerada é um reflexo polido de uma atitude do indivíduo que se ajusta para corresponder a necessidade do ambiente e nivelar uma sensação de transmissão de prazer em se praticar determinado comportamento-resposta.

Um comportamento operante, no qual uma mudança ocorre sobre o ambiente e uma afetação, decorre desta mudança quando a variável CONTEXTO (estímulo discriminativo) é adicionada dentro de um modelo de compreensão cognitivo, o comportamento operante se torna discriminado onde as consequências reforçadoras são delimitadas dentro de uma área de projeção física. Os estímulos desencadeados antes do comportamento são chamados de estímulos discriminantes.

Mattanó explica que mitologicamente os padrões de conduta são moldados para indicar para sinalizar algo, desta forma podemos controlar, nos ritos, o estímulo antecedente do comportamento onde a consequência se ajusta a necessidade do ambiente, desta forma controlamos, nos ritos, como no casamento os estímulos antecedentes que levarão a consequências que se ajustam as necessidades do ambiente, ou do contexto. Esse comportamento é operante e decorre de uma mudança no contexto. Os estímulos desencadeados antes do comportamento no ritual, como preparativos para determinadas ações na cerimônia de casamento, são chamados de estímulos discriminantes.

Através da inclusão no modelo comportamental do termo contexto na análise do comportamento se torna uma contingência de três termos (SD – R → C). Cada estímulo evoca uma resposta específica, nesta relação os estímulos antecedentes irão determinar o tipo de resposta em que uma necessidade de interação ambiental deverá ser ativada a fim da geração da consequência idealizada, ao qual se reforçada e fizer parte de um núcleo de rotina de um comportamento padrão de um indivíduo, irá sintetizar uma consequência reforçadora ao qual ancora uma probabilidade que irá ditar o rito do comportamento ao qual o indivíduo terá mais chances de desencadear em termos de processos somáticos de comportamento.

Mattanó explica que nos rituais os estímulos antecedentes irão determinar o tipo de resposta em que uma necessidade de interação ambiental deverá ser ativada a fim da geração da consequência idealizada, ditando um rito ao qual o indivíduo terá mais chances de desencadear em termos de processos somáticos de comportamento. Assim se faz a cerimônia do casamento, seus ritos iniciais, de passagem e finais.

Uma Contingência tríplice ou contingência de três termos se aplica como unidade de análise do comportamento operante. Os estímulos discriminantes (contexto) estabelecem um padrão em que o gerenciamento cognitivo permite perceber os estímulos como uma construção reduzida do plano Real (vista por este estudante como um conceito de Lacan), em que o tridimensional percebido é reduzido, no ponto de captação de um indivíduo das impressões ambientais, em que as respostas se inscrevem ecologicamente dentro da limitação no espaço onde a mente se concentra para conceituar elementos identificáveis a partir de seu foco e atenção (é comportar-se sob determinado controle de estímulos), no qual é possível aproximar a consequência desejada, se o indivíduo deter controle sobre as leis que regem o microcircuito (contexto) em que a junção da perspectiva é lançada.

Mattanó explica que nos ritos o contexto que são os estímulos discriminantes estabelecem um padrão em que o gerenciamento cognitivo permite perceber os estímulos como uma construção reduzida do plano Real (segundo Lacan), o tridimensional é reduzido. Ou seja, o contexto diminui a construção dos significados e dos sentidos, e  mais ainda, dos conceitos, dos próprios contextos, das funcionalidades, dos comportamentos, das topografias, das relações sociais e do simbólico.

Os estímulos discriminativos são aqueles que ativam respostas reforçadoras a fim de alcançar a consequência desejada. Os estímulos delta são aqueles que não ativam respostas reforçadoras, em vez disto, gera a indisponibilidade do reforço ou sua extinção.

Nos rituais existem estímulos discriminativos que ativam respostas e existem estímulos delta que são estímulos que não ativam respostas reforçadoras, ou seja, ¨que passam em branco¨, que geram a indisponibilidade do reforço ou sua extinção.

Quando um estímulo possui uma alta probabilidade de ocorrer é possível gestar um controle sobre ele a fim de um treino discriminativo possa ser gerenciado para ativar a função resposta necessária para que a consequência ideal seja canalizada, onde um comportamento é reforçado na presença de uma descriminalização (contexto) por intermédio de um conhecimento que é evocado para que a resposta possa ser reproduzida ambientalmente, em que um reforçamento diferencial contrapõe estímulos discriminantes e estímulos Delta, onde os primeiros são realçados por elementos pulsionares internos no indivíduo, e os segundos colocados à margem no inconsciente (inibido), tecendo uma relação de apoiadores no processo de elevação dos elementos cognitivos discriminantes que irão influenciar o nível de expressão de um indivíduo.

Mattanó aponta que existem estímulos Delta que são colocados à margem no inconsciente (inibido), tecendo uma relação de apoiadores no processo de elevação dos elementos cognitivos discriminantes que irão influenciar o nível de expressão de um indivíduo, por exemplo, num ritual de casamento.

O estímulo discriminativo não elicia uma resposta, apenas permite que as chances de que a resposta estava contida dentro do evento seja provável e possível de ocorrer. Portanto, o saber que o estímulo discriminativo está incluso num cenário gera uma expectativa de atração, em que um indivíduo pode usar o seu conhecimento para ativar processos e afastar outros que seu desejo de síntese de correspondência com a urgência ambiental necessite que seja adormecido ou extinto, mesmo que temporariamente.

Mattanó mostra que nos rituais existem respostas que têm chances de serem ativadas, havendo uma expectativa de atração através do conhecimento, por exemplo, da psicanálise e da psicoterapia, que exibem essas respostas para o indivíduo, outrora inconsciente delas.

A generalização de estímulos operante indica sempre uma propensão que um indivíduo mantém para gerar mesmo efeito de correspondência diante de inicializações de comportamento de mesma ordem, onde o fato gerador do comportamento indica uma situação-conflito cuja impressão sinaliza ser um evento antes catalogado. Esta lei permite observar que outros tipos de respostas requisitadas são mais fáceis de serem ativadas em virtude que a generalização, serve para criar uma classe onde os instanciamentos psíquicos ficam armazenados em grau associativo de insurgência, no quais as discriminações servem para reter o conhecimento que irão sintetizar o conhecimento retido dentro da junção ou classe. Moreira e Medeiros cita como exemplo uma criança que tenha assimilado o conceito de bola de futebol, e ao se deparar com qualquer outro objeto similar, como por exemplo uma bola de vôlei irá associar ao primeiro conceito percebido que foi generalizado.

Mattanó mostra que por meio da generalização o indivíduo nos rituais aprende a nomear os objetos e eventos da cerimônia, generalizando-a e reconhecendo-a em outros eventos e ambientes onde esse conceito é percebido.

Quando um discriminante possui muitas variações é possível perceber um gradiente de generalização em que maior ou menor grau, um indivíduo percebe uma diferenciação entre os estímulos (Ex.: bola de futebol, bola de vôlei, bola de basquete, bola de futebol americano, bola de golfe, bola de tênis, bola de gude).

Mattanó mostra que também existe um gradiente de generalização onde o indivíduo percebe uma diferenciação de estímulos, do tipo, casamento na igreja, casamento no civil, casamento na igreja e no civil.

As classes de estímulos podem ser compreendidas em torno de junção de dois núcleos distintos de informações, para uma melhor compreensão didática: classes por similaridade física, e, classes funcionais.

Mattanó mostra que é possível nos ritos haver classes de estímulos, por exemplo, por similaridade física e classes funcionais, do tipo a noiva se parece com a mãe e elas são professoras além de serem cantoras e pianistas como os sobrinhos e os tios e tias.

Os estímulos que possuem classes de estímulos de generalização de junção funcional formam coletivos a partir de aproximação de elementos e unidades a serem associados por meio de ativação de mesma resposta. Por exemplo: uma banca de hortaliças.

Nos rituais temos estímulos de generalização de junção funcional, por exemplo, os bancos da igreja reservados para os convidados.

O controle de uma dimensão diferenciada do estímulo discriminativo permite observar distintas associações de respostas para um mesmo estímulo. Num processo de controle de esvanecimento, a dimensão do estímulo é gradualmente modificada a fim de gerar o efeito de fixação, como por exemplo, pontilhar uma escrita cursiva, em níveis progressivos de dificuldade, para que a criança aprenda a escrever uma palavra ou ideia.

Mattanó mostra que assim como a criança aprende a escrita cursiva o iniciante no ritual aprende novas habilidades com as palavras e as ideias, como por exemplo, na Pulsão Auditiva de Mattanó de 1995.

Skinner observou uma abstração, como sendo uma emissão de um comportamento sob controle de uma propriedade, ou várias, do estímulo, comuns, e que não fica sob o controle de outras propriedades, isto permite que se evoque uma construção para ativar um conceito, no qual Skinner trabalhou numa dimensão onde não se percebe conceito como objeto.

Mattanó mostra que como Skinner demonstrou o conceito e a abstração, os rituais demonstram o conceito e a abstração como conteúdo e resultado dos ritos, como mensagem para sua comunidade, como forma de sair da  barriga da baleia ou do monstro e voltar para sua comunidade.

Moreira e Medeiros percebem abstração como uma generalização dentro da mesma classe e uma discriminação entre classes diferentes. Assim subscrevem dois processos dentro de uma mesma formação de ideias, em que os atributos ganham uma particularidade, na construção de uma identidade que o inscreve em uma generalização e discriminação entre subclasses diferentes.

Mattanó mostra que a abstração produz conceitos diferentes como generalização e como discriminação. Na generalização você fica insensível as contingências e na discriminação você as discrimina ou as percebe e compreende.

Num conceito visto como um objeto, tirado das Neurociências cognitivas e teoria Freudiana, que não é a dimensão de Skinner, a sustentação do elemento seria uma ideação em que os estímulos retidos iriam elevar os de maior intensidade e magnitude, os atributos de menor intensidade e magnitude seriam a sustentação de uma rede neural que permite a um indivíduo evocar quando necessário as informações aparentes que estão disponíveis conscientemente. Os insumos situados topograficamente no inconsciente fazem o papel de discriminantes internos, que se inicializados dão acesso a ativação de respostas programáticas em que alguns caracteres ou atributos estão visíveis. É este segundo contexto percebido como objeto, porque o engrama atribui para si elementos pulsionares em que o sistema fisiológico está apto a corresponder com a resposta necessária para que o conceito emerja sobre a linha de expressão. Skinner se preocupou com os processos de encadeamento de respostas e com o reforço condicionado e incondicionado, no qual a dimensão está restrita ao conhecimento de transição de atributos fornecidos por intercâmbios de processos metacognitivos que fixa as trocas entre processos: discriminantes, respostas e consequências.

Mattanó nos mostra que o conhecimento está determinado por processos metacognitivos que fixa as trocas entre estes processos: contextos, discriminantes, respostas, consequências e novos contextos.

 

 

Osny Mattanó Júnior

(30/07/2018)

 

 

 

 

 

 

CAP. 6

ESQUEMAS DE REFORÇAMENTO

 

 

 

O que são esquemas de reforço?

 

No condicionamento operanteesquemas de reforço são um componente importante do processo de aprendizagem. Quando e quantas vezes nós reforçamos um comportamento pode ter um impacto dramático na força e velocidade da resposta.

Um esquema de reforço é basicamente uma regra afirmando que as instâncias de um comportamento serão reforçadas. Em alguns casos, um comportamento pode ser reforçado cada vez que ocorre. Às vezes, um comportamento pode ser não reforçado sempre.

Reforço positivo ou reforço negativo podem ser usados, dependendo da situação. Em ambos os casos, o objetivo é sempre reforçar o comportamento e aumentar a probabilidade de ocorrer de novo no futuro.

Em contextos do mundo real, comportamentos provavelmente não vão ser reforçados cada vez que eles ocorrem. Para situações onde você está propositalmente tentando treinar e reforçar uma ação, como na sala de aula, nos esportes, ou em treinamento animal, você pode optar por seguir um esquema de reforço específico.

Como você verá abaixo, alguns esquemas são mais adequados para determinados tipos de situações de treinamento. Em alguns casos, o treinamento pode começar com um esquema e mudar para outro uma vez que o comportamento desejado foi ensinado.

Mattanó especula que também podemos reforçar o contexto ou certos tipos de contextos que se tornam predominantes em relação a outros menos frequentes, podemos até extinguir e nos esquivar ou punir certos tipos de contextos através do controle aversivo, podemos controlar inconscientemente certos tipos de contextos como estímulos Delta que ¨passam em branco¨, como também os conceitos e a abstração,demonstrando que os esquemas de reforço abrangem as mais diferentes situações do comportamento humano, inclusive nos rituais e nos mitos.

Certos esquemas de reforço podem ser mais eficazes em situações específicas. Existem dois tipos de esquemas de reforço:

1. Reforço contínuo

Em reforço contínuo, o comportamento desejado é reforçado cada vez que ocorre. Este esquema é melhor usado durante as fases iniciais da aprendizagem, a fim de criar uma forte associação entre o comportamento e a resposta. Uma vez que a resposta tenha se ligado firmemente, o reforço é geralmente ligado a um esquema de reforço parcial.

2. Reforço parcial

Em reforço parcial, a resposta é reforçada uma única parte do tempo. Comportamentos aprendidos são adquiridos mais lentamente com reforço parcial, mas a resposta é mais resistente à extinção.

Há quatro esquemas de reforço parcial:

  1. Esquemas de razão fixasão aqueles em que uma resposta é reforçada somente após um determinado número de respostas. Este esquema produz uma taxa alta e constante de resposta com apenas uma breve pausa após a entrega do reforçador. Um exemplo de um esquema de razão fixa seria entregar uma pelota de alimento para um rato após ele pressionar uma barra cinco vezes.
  2. Esquemas de razão variávelocorrem quando uma resposta é reforçada após um número imprevisível de respostas. Este esquema cria uma taxa alta e constante de respostas. Jogos de azar e loterias são bons exemplos de uma recompensa baseada em um esquema de razão variável. Em um ambiente de laboratório, isso pode envolver a entrega de pelotas do alimento a um rato depois de pressionar uma barra, novamente depois de quatro prensas de barra, e uma terceira pelota após duas prensas de barras.
  3. Esquemas de intervalo fixosão aqueles em que a primeira resposta é recompensada somente após um determinado período de tempo decorrido. Este esquema provoca grandes quantidades de respostas perto do fim do intervalo, mas um índice de respostas mais lento imediatamente após a entrega do reforçador. Um exemplo disto em um ambiente de laboratório seria o reforço de um rato com uma pelota de comida para a primeira prensa da barra após um intervalo de 30 segundos ter decorrido.
  4. Esquemas de intervalo variávelocorrem quando uma resposta é recompensada depois de uma quantidade indeterminada de tempo. Este calendário produz um ritmo lento e constante de resposta. Um exemplo disso seria a entrega de uma pelota de alimentos para um rato após a primeira prensa na barra depois de um intervalo de um minuto, uma outra pelota para a primeira resposta após um intervalo de cinco minutos, e um terceiro fornecimento de alimentos para a primeira resposta após intervalo de três minutos.

Escolhendo um esquema de reforço:

Decidir quando reforçar um comportamento pode depender de um certo número de fatores. Nos casos em que você está especificamente tentando ensinar um novo comportamento, uma programação contínua é muitas vezes uma boa escolha. Uma vez que o comportamento foi aprendido, a mudança para uma programação parcial é muitas vezes preferível.

Realisticamente, reforçar um comportamento cada vez que ocorre pode ser difícil e requer uma grande dose de atenção e recursos. Esquemas de reforços parciais não só tendem a levar a comportamentos que são mais resistentes à extinção, mas também reduzem o risco de que o sujeito será saciado. Se o reforçador usado não é mais desejado ou gratificante, o sujeito pode parar de executar o comportamento desejado. Por exemplo, imagine que você está tentando ensinar um cão a sentar-se. Se você estiver usando comida como recompensa, o cão pode parar de executar a ação uma vez que ele está cheio. Em tais casos, algo como elogio ou atenção pode ser um reforçador mais eficaz.

Mattanó ensina que reforçar a telepatia deve ser encarado com um crime, pois cria um esquema de reforçamento contínuo e permanente, ao qual o sujeito se vê sob controle aversivo, sob ação de fuga, esquiva e extinção permanentemente na tentativa de solucionar seu problema operantemente, pois aprende que a telepatia é um comportamento criminoso, ilegal e que faz mal a saúde e a segurança dele e de todos no mundo; o controle aversivo que se divide em fuga, esquiva e extinção adquire padrão comportamental de reforçamento parcial, pois o sujeito seleciona algum desses comportamentos para cada evento comportamental e social, que tem como consequência sofrimento e um novo contexto adquirido com eventos e comportamentos aversivos, decorrentes da telepatia que, até onde sabemos, não se extingue depois de instalada; esse controle aversivo também causa como consequência sofrimento ao qual outros sujeitos entrarão em contato com um novo contexto, formando uma sociedade voltada para a violência e para a agressão, para a esquiva, para a fuga e para a extinção de eventos aversivos que são normalmente nomeados como responsabilidade do telepata ou telepath, mas de fato, é responsabilidade das consequências e do novo contexto que envolve a educação, o trabalho, a justiça, a saúde, a igreja e a cidadania ou a vida e o engajamento social de todos que muitas vezes pode se tornar insensível as contingências do meio ambiente, causando violência e perseguição do telepata ou telepath e não uma solução eficaz do problema, buscada na aceitação da sua própria natureza e na educação e busca de saúde-mental para poder viver e cuidar de sua família em paz e com bem-estar.

 

 

Referências

Ferster, C.B., & Skinner, B.F. (1957). Schedules of reinforcement. New York: Appleton-Century-Crofts

 

 

 

 

 

 

 

CAP. 7

A ANÁLISE FUNCIONAL: APLICAÇÃO DE CONCEITOS

 

Uma das tarefas de um psicólogo é a identificação do comportamento humano, para identificar as consequências que a perseguição ao comportamento gera de ocupação em um indivíduo. Desta forma é possível modificar o comportamento, aprender a moldar este comportamento dentro de um processo de escolhas que permitam moldar o contingenciamento do reforçamento do estímulo, para que a relação entre o ato e consequência pode refletir num comportamento que não seja gerador de dor psíquica e aproxime um indivíduo de fluir sobre princípios de prazer.

Mitologicamente o psicólogo é aquele quem identifica e nomeia o comportamento humano, através do processo de escolhas que permitem moldar o contingenciamento do reforçamento do estímulo, seu processo de escolha entre ato e consequência, gerador de dor psíquica ou de prazer. Assim na psicoterapia há um processo ritualístico de iniciação, de passagem, de morte e de luto onde o paciente aprende a identificar e a nomear seu comportamento.

Uma análise funcional nada mais é do que uma análise das contingências responsáveis por um comportamento ou por mudanças nesse comportamento (sejam eles problemáticos, como quebrar vidraças, ou aceitáveis, como estudar para o vestibular).

Mitologicamente a análise funcional é o rito realizado ou executado onde o iniciado está preparado para sua nova jornada interior.

Uma conduta antiga pode ser mudada, alterada ou ter subtraída o seu funcionamento. Medeiros e Moreira afirmam que essa é a essência da análise de contingências: identificar o comportamento e as consequências, alterar as consequências, ver se o comportamento muda.

Mitologicamente a mudança no comportamento através da análise funcional se dá através do novo repertório comportamental adquirido pelo iniciado ou pelo paciente que aprende a identificar o comportamento e as consequências, que aprende a alterar as consequências e a ver se o comportamento também sofre alterações, esse é o objetivo do rito da psicoterapia, dessa descoberta ou jornada interior.

Uma análise funcional através da essência do comportamento é possível identificar relações de funcionamento do comportamento individual e suas consequências. Seus paradigmas fundamentais são o comportamento respondente e operante, onde se busca identificar os determinantes que ativam o comportamento.

Mitologicamente abordamos o comportamento respondente e o comportamento operante como princípios fundamentais nesses ritos de psicoterapia, onde se busca compreender os determinantes que ativam o comportamento.

Para Skinner existem três níveis de causalidade: Filogênese, Ontogênese individual, e, Ontogênese Sociocultural.

Na Filogênese, a base da construção do comportamento são os princípios de evolução da espécie, no qual a filogênese ancora na genética para a explicação do comportamento desencadeado.

Na Ontogênese Individual a interação do meio com o indivíduo durante todas as suas fases e etapas de vida é determinante do tipo de comportamento desencadeado.

Na Ontogênese Sociocultural as variáveis grupais são determinantes do tipo de comportamento desencadeado, no qual a cultura tem um papel fundamental para estabelecer a função reforçadora ou aversiva de um indivíduo em sociedade.

Para Mattanó existem seis níveis de causalidade: Filogênse, Ontogênese, Cultura, Espiritualidade, Vida e Universo.

Na Filogênese abordamos as contingências da evolução da espécie.

Na Ontogênese abordamos as contingências da evolução do indivíduo.

Na Cultura abordamos as contingências da evolução da cultura.

Na Espiritualidade abordamos as contingências da evolução da espiritualidade.

Na Vida abordamos as contingências da evolução da vida.

E no Universo abordamos as contingências da evolução do universo como os extraterrestres.

Em todo caso deve-se observar as trocas entre os organismos e o ambiente. Na análise comportamental se nega trabalhar com as dimensões de identificação de traços de personalidade, emoções, vontade, desejo, impulso, tomada de decisão, ... que são componentes de comportamentos e não podem ser colocados como causas de outros comportamentos. Sob este princípio para explicar, predizer e controlar um comportamento, conforme Skinner, é necessário analisá-lo funcionalmente, no qual os determinantes se situam no ambiente externo e no plano interno.

Mattanó explica que nos ritos o importante são as trocas entre o organismo e o ambiente, ou seja, o iniciado e o ambiente místico onde o ritual é realizado.

A topografia do comportamento (seja sua forma, ou estrutura) não é estudada na análise de comportamento, o mais importante é a compreensão da funcionalidade do comportamento.

A compreensão do comportamento respondente é fundamental para compreender o funcionamento das emoções e dos sentimentos. Assim, se em uma pessoa, se um abraço elicia uma resposta de apreço, as relações funcionais do estímulo associam-se neste indivíduo como um comportamento que se identifica com conteúdos emocionais de empatia.

Mattanó explica que as emoções e os sentimentos são estudados no ritual a partir do comportamento respondente, onde as relações funcionais do estímulo associam-se neste indivíduo como um comportamento emocional.

No caso do comportamento operante, uma situação que se ativa, vista por exemplo, como o recebimento do resultado de um exame de gravidez por uma mulher, que serve de ocasião para gerar uma resposta de interesse cujo contato é uma ligação telefônica para anunciar o fato ao seu marido, que irá produzir como consequência o despertar da emoção como lágrimas de felicidade pelo feito.

Medeiro e Moreira definem controlar comportamento como apenas tornar sua ocorrência mais ou menos provável, onde a análise do comportamento busca simplesmente entender melhor como funcionam essas relações de controle funcionais.

Mitologicamente o controle do comportamento pode ser comparado ao sucesso do iniciado no ritual, a sua formação.

Alguns casos, as contingências atuais não explicam o padrão de comportamento em uma análise, como no caso de respostas incompatíveis (aquelas negativamente reforçadas por terem sido evitadas pela via de punição), no qual o registro anterior interfere sobre o registro atual do comportamento em termos da funcionalidade da contingência do comportamento.  Por exemplo, sofrer uma desilusão com uma pessoa que trabalhe em uma livraria, e adotar um comportamento impeditivo de acesso a livros e também do vínculo de qualquer pessoa que trabalhe em uma livraria, como uma punição que se reforça sobre o trauma sofrido.

Uma consequência do comportamento pode aumentar por um acréscimo de estímulo do ambiente (reforço positivo). Ou o estímulo retirado do ambiente em que a consequência é um reforço (reforço negativo). No caso do comportamento em que um estímulo é retirado, mesmo quando o estímulo estava presente, o reforço negativo desencadeia um comportamento de fuga. No caso do comportamento em que um estímulo é retirado, sendo o estímulo ausente do ambiente, o reforço negativo desencadeia um comportamento de esquiva. Se a consequência do comportamento diminuiu pode ser que o comportamento tenha produzido a paralisia de uma consequência reforçadora através de um processo de extinção operante. Ou, se a consequência do comportamento diminuiu pode ser que o comportamento tenha produzido uma medida restritiva em que um estímulo tenha sido acrescentado do ambiente como uma punição positiva, e se o estímulo for retirado do ambiente, representar uma punição negativa.

Mitologicamente observamos a interação de vários fenômenos comportamentais que constituem os ritos como o reforço positivo e negativo, a esquiva, a fuga e a extinção, por exemplo, que são objetos da análise funcional.

 

 

Osny Mattanó Júnior

(01/08/2018)

 

 

 

 

CAP. 8

 

O BEHAVIORISMO RADICAL

 

 

Behaviorismo Radical, postulado por B. F. Skinner e adotado por vários outros psicólogos, como Ferster, Sidman, Schoenfeld, Catania, Hineline, Jack Michael, etc., surgiu na área da Psicologia como uma proposta filosófica e como um projeto de pesquisa em oposição ao behaviorismo metodológico de orientação positivista. O Behaviorismo Radical é o campo filosófico da análise do comportamento.

As questões trabalhadas no Behaviorismo Radical avaliam a repercussão e a validade das pesquisas científicas experimentais no estudo do comportamento. Skinner teve como referência as idéias dos filósofos da ciência, incluindo Percy BridgemanErnst Mach e Jules Henri Poincaré. Esses criaram novos modelos de pensamento explanatório que não dependiam de nenhuma subestrutura metafísica. No decorrer de sua obra, Skinner teorizou que a lógica do modelo de seleção natural de Darwin também poderia ser aplicada ao comportamento dos indivíduos como um novo modelo causal diferente do mecanicismo.

Para Skinner, o behaviorismo radical seria um caso especial da filosofia da ciência: "não é a ciência do comportamento humano, é a filosofia dessa ciência" [A análise do comportamento]. Ele busca compreender questões humanas, como "comportamento", "liberdade" e "cultura", dentro do modelo de seleção por consequências, e rejeitando o uso de variáveis não-físicas (sem dimensão no tempo-espaço).

Um filósofo behaviorista radical defende que as diferentes explicações sobre o comportamento humano deveriam ser resolvidas na base de evidências refutáveis, e não de abstratas especulações. O behaviorismo radical foi concebido em experimentos realizados sob o rigor da produção de conhecimento científico. Desenvolvido dentro de um laboratório, sob condições controladas, é um método passível de reaplicação.

Entendido como pensamento filosófico, o Behaviorismo radical não deve ser confundido com a análise do comportamento. Isso porque a análise do comportamento é, além de um campo filosófico (Behaviorismo Radical), um campo de Pesquisa Básica (Análise Experimental do Comportamento) e um campo de aplicação de conhecimentos e técnicas (Análise Aplicada do Comportamento). A análise do comportamento é uma ciência do comportamento, e tratando de aplicação de uma ciência do comportamento, sua prática não se dá em ambiente sob condições controladas, e sim, no ambiente comum a todos os homens e mulheres: o planeta que habitamos.

O termo behaviorismo vem do inglês behavior (comportamento) e ilustra bem o objeto de estudo da vertente radical: o comportamento, entendido como a relação entre o indivíduo e seu ambiente físico, químico ou social. O "radical" do behaviorismo se deve ao fato de que as técnicas ali descritas não apelam para estados mentais como causa iniciadora do comportamento, mas os vê como estágio inicial do próprio comportamento. Com isso, adquire o status técnico de resposta emitida, e não de causa autônoma ou mental do comportamento, diferenciando-se, fundamentalmente, das outras correntes de pensamento dentro da psicologia. O behaviorismo radical também é conhecido como skinneriano, pois foi B. F. Skinner quem desenvolveu sua teoria, com base em seus estudos de laboratório.

Por ser uma ciência natural, a análise do comportamento procura entender a relação entre indivíduo/ambiente em termos de comportamentos, que podem ter sua probabilidade de emissão diminuída ou aumentada, conforme a história de condicionamento do indivíduo e a apresentação ou retirada de estímulos ambientais.

Para Mattanó a filosofia Mitológica que nasceu do Behaviorismo Mitológico e dos Princípios da Análise do Comportamento Mitológico tem por objetivo especular sobre o comportamento mitológico e o indivíduo ou o grupo em seu contexto, evidentemente nos rituais e na formação dos mitos, como poderiam responder teoricamente e filosoficamente aos estímulos contidos nos rituais, estímulos ambientais que servem para desencadear respostas respondentes e operantes, inclusive estímulos Delta que ¨passam em branco¨, que suscitam e desencadeiam uma resposta de controle inconsciente do indivíduo sobre o ambiente.

 

Osny Mattanó Júnior

(02/08/2018)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAP. 9

CONCEITOS DO BEHAVIORISMO RADICAL

 

 

Conceitos Fundamentais

 

 

Comportamento

Um primeiro aspecto fundamental do Behaviorismo radical é a compreensão do conceito "comportamento humano".

O termo "comportamento" descreve uma relação, um intercâmbio entre o organismo e o ambiente. Mais precisamente, descreve uma relação entre atividades do organismo, que são chamadas de respostas, e eventos ambientais, que são chamados genericamente de estímulos. Define-se "comportamento" como a relação entre estímulo e resposta.

Essa relação só poderá ser bem compreendida se acrescentarmos o fato que não se deve limitar metodologicamente o significado de estímulos e respostas que estabelecem a relação (comportamento). Além disso, para o behaviorismo radical emoção e sentimentos são comportamentos e que podem ser parcialmente observáveis através da análise dos comportamentos verbal e não-verbal do sujeito. Pensamentoconhecimento e memória também são comportamentos, porém são comportamentos tácitos, ou seja, não observáveis diretamente mas que podem ser analisados quando expressados e também estão sujeitos aos esquemas de condicionamento assim como os comportamentos observáveis.

 

Ambiente

O termo "ambiente", no Behaviorismo radical, deve ser entendido como "a situação" na qual o responder acontece, bem como à situação posterior ao responder, ou seja, a resposta altera o ambiente. Para o behaviorismo ambiente inclui não só o local com o qual o sujeito interage como também todos os objetos e seres vivos incluídos nessa interação e o próprio organismo, nesse caso denominado como ambiente interno.

 

Respostas

A princípio, um organismo vivente está sempre respondendo, mesmo que tais respostas não sejam acessíveis publicamente. Ou seja, pode-se falar de respostas manifestas, observáveis por mais sujeitos, e respostas encobertas, que podem ser observadas apenas pelo organismo que as emitiu.

 

Estímulos

Os eventos do ambiente podem ser, no Behaviorismo radical, estímulos físicos e estímulos sociais. Os primeiros são descritos pelas ciências naturais, os últimos se caracterizam pelo fato de serem produzidos por outro organismo. Se forem produzidos por seres humanos, são produtos culturais. Do mesmo modo, pode-se falar de eventos ambientais "públicos" e "privados". Os primeiros são acessíveis de forma independente por mais observadores, os últimos, apenas pelo organismo por eles afetado.

 

Modelagem

Modelagem: modificação de alguma propriedade do responder através do reforçamento diferencial, em uma série de passos, de um desempenho inicial até um desempenho final.

 

Mattanó acrescenta o Episódio Verbal Completo e o Episódio Verbal Incompleto. No primeiro há compreensão dos significados, sentidos, conceitos, contextos, funcionalidades, comportamentos, topografias, relações sociais e simbologias que se devem ao Comportamento Verbal. E no segundo não há a completa ou nenhuma compreensão dos significados, sentidos, contextos, funcionalidades, comportamentos, topografias, relações sociais e simbologias que se devem ao Comportamento Verbal.

O Comportamento Verbal precisa de um codificador (emissor), de um canal (meio para a comunicação) e de um decodificador (receptor), podendo haver no meio deste processo comunicacional o ruído, um fenômeno que atrapalha a comunicação e a sua compreensão, causando o Episódio Verbal Incompleto.

A Telepatia é encarada como ruído, pois atrapalha a comunicação, constrangendo o emissor e o receptor verbal, notamos que pode não haver um emissor telepático, mas sim uma doença telepática, pois não há controle sobre a telepatia, e nem há estágios definidos, muito menos saber e conhecimento claro e objetivo sobre o assunto, ela age como um processo psíquico descontrolado e cerebral desordenado ou desorganizado crescente que aumenta como aumenta um câncer que não tem  solução, portanto, especulo que testemunhamos uma doença telepática incontrolável e não um comportamento voluntário ou deliberado. Para que você seja um emissor telepático ou de qualquer outro comportamento você deve programar seu comportamento e suas contingências, você deve desejar e escolher conscientemente o que emitirá para o decodificador, mas não é isto que acontece, não há como programar contingências na telepatia, ela rouba seu tempo e suas contingências distorcendo seu comportamento e sua intenção a todo momento como que numa paranoia, num delírio de perseguição, pois você fica vulnerável e exposto a humilhações, medo, vergonhas e violências, pode até ser roubado e torturado, sofrer lavagem cerebral, estupro virtual e terror, certamente se fosse a vítima que reclama da telepatia quem programa essas contingências de violência e de terror ela estaria com sintomas e transtornos mentais característicos, portanto podemos especular que nos parece que não é esse indivíduo que causa todos esses problemas e nem sua família, outro fato estranho é que são perseguidos desde 1981.

 

Osny Mattanó Júnior

(02/08/2018)

 

 

 

 

 

 

CAP. 10

O BEHAVIORISMO DE SKINNER E OS SONHOS

 

Sonhos são comportamento e, neste caso, seria mais interessante, então, falarmos em Sonhar. Ou seja, o comportamento de sonhar. Podemos dividir didaticamente o Sonhar em três categorias de comportamentos:

  1. Comportamento Perceptual: responder discriminadamente ao que se é sonhado, sentir, ver, ouvir, etc.;
  2. Comportamento Encoberto: são eventos cuja acessibilidade é possível apenas para o sujeito que se comporta ou é parcialmente acessível à comunidade por meio do comportamento verbal;
  3. Comportamento Verbal: o meio pelo qual a comunidade tem maior acesso ao que foi sonhado, neste caso, não trabalhamos diretamente com o que foi sonhado, mas o que foi discriminado e posteriormente relatado.

Mattanó acrescenta o Comportamento Telepático: são eventos pelo qual a comunidade tem acesso por meio da telepatia ao que foi sonhado, bem como são os eventos pelo qual o sonhador responde a telepatia se comportando telepaticamente, com eventos de lavagem cerebral, de estupro virtual, de violência e de curandeirismo, etc., diretamente com o que foi e é sonhado, mas também com o que foi discriminado e posteriormente relato.

No entanto, temos alguns problemas teóricos:

  1. Quando sonhamos, não percebemos uma coisa em si. Não é um objeto real ou idealizado que vemos, ouvimos ou sentimos. Trata-se de sentir na ausência da coisa sentidae, sendo mais específico, “observamos” o nosso próprio comportamento. Por exemplo, se eu solicitar para você fechar os olhos e imaginar uma bola azul na sua frente, você poderá “ver” a bola por meio da minha estimulação verbal que controlará a probabilidade do seu comportamento de imaginar. Da mesma maneira, há variáveis ambientais e relacionais que proporciona a maior ou menor probabilidade de sentir algo na sua ausência, como veremos a frente;
  2. Não é porque algo é encoberto que será inacessível e incompreensível a outras pessoas. Muitas das variáveis que percebemos foram treinadas e nomeadas pela comunidade verbal. Ou seja, quando você sonha com algo e você responde discriminadamente ao que foi sonhado, você só o faz pelo treino prévio, por que você teve uma comunidade que promoveu autoconhecimento;
  3. O que é relatado não é o próprio sonho. Não há correlação exata entre o percebido e o falado. Se existisse, estaríamos caindo no uso realista da linguagem e não estaríamos trabalhando de maneira pragmática. O que relatamos fica sob controle do que é sentido na ausência da coisa sentidae de outras variáveis ambientais, como, por exemplo, a pessoa a quem relatamos (audiência). Talvez este controle não seja tão claro porque não temos o costume de avaliar de que maneira a presença de uma pessoa torna mais provável certas verbalizações e não outras, mas basta lembrar quando você quer paquerar alguém e esta pessoa entra no ambiente. Sutilmente seu repertório fica sob controle desta variável e ocorrem modificações. Faça o exercício de auto-observação e você poderá verificar este controle comportamental pelo ambiente social;

Mattanó explica que através da telepatia sentimos na ausência da coisa sentida, ou seja, observamos o nosso próprio comportamento e o nosso próprio comportamento telepático que supostamente são um só, pois não há controle sobre a telepatia. Todo o autoconhecimento que é promovido por meio da telepatia provém das atividades treinadas e nomeadas pela comunidade verbal, esse autoconhecimento é partilhado com sua comunidade telepática. Não temos o costume de avaliar de que maneira a presença de uma pessoa torna mais provável certas verbalizações e não outras, mas basta lembrar quando você quer paquerar alguém e esta pessoa entra no ambiente. Sutilmente seu repertório fica sob controle desta variável e ocorrem modificações. A presença de alguém no ambiente torna mais provável certas verbalizações e não outras, assim também o é com a telepatia que faz o telepath ou indivíduo sentir na ausência da coisa sentida, coisa esta, outra pessoa, que controla suas verbalizações por meio do condicionamento.

Segundo Carlson (2002), em nível filogenético, o sonhar tem função de consolidar a memória, reposição de certas substâncias bioquímicas e ajudou na sobrevivência da espécie. Lembremos que reforçamos que sonhar é comportamento e, se foi selecionado, é porque desempenha uma função de sobrevivência.

Em nível ontogenético, o sonhar pode ser considerado tanto um comportamento consciente como inconsciente. Em análise do comportamento, comportamento consciente é equivalente a autoconhecimento, que equivale à discriminação das variáveis que controlam o comportamento, e os comportamentos inconscientes são aqueles que ocorrem sem que respondamos discriminadamente às variáveis relacionadas com o responder (ou seja, não sabemos o que controla nossos comportamentos). Assim, a noção de (comportamento) inconsciente e (comportamento) consciente foge ao senso comum de que é saber as consequências de nossos atos e escolher como agir, ser consciente é saber reconhecer as variáveis que controlam nosso comportamento. Neste caso, muitas das variáveis que controlam o comportamento de sonhar são inconscientes, por diversos motivos, como o simples fato de estarmos dormindo.

No entanto, temos o nível cultural. Por meio dele aprendemos a relatar o que sentimos e imaginamos. Relatos de sonhos ocorrem porque desempenham alguma função social. Basta procuramos na internet por “significado dos sonhos” e encontraremos sites e livros que tentam interpretar os sonhos por uma via mística. Retomando ao nível cultural de seleção: nossa  suposição/ proposta/ argumento/ sobre a manutenção dos relatos de sonhar são simples:

  1. Para o sujeito que sonhou, a audiência social funciona como reforçadora (atenção e contato social, por exemplo);
  2. Para o sujeito que ouve o relato, pode significar valorização, afinal a pessoa está confessando algo “intimo”, do seu “interior”, o que denota intimidade (reforçamento por meio de valorização afetiva, por exemplo);
  3. Em alguns contextos sociais, o sonhar é relacionado com status quode vidência, capacidade de falar com deuses, inspiração artística, etc. assim o sonhador ganha reconhecimento social. Tal valorização destes comportamentos podem ser verificados em vários livros de história e antropologia, basta pesquisar por exemplo os povos hebreus, gregos, viking, algumas religiões contemporâneas, etc.;
  4. Da mesma maneira, o comportamento do ouvir (do ouvinte) é reforçado pelo contexto místico que possa envolver o relato como uma “revelação do destino”, por exemplo, além de que contextos que denotam “novidades” e proporcionam o comportar-se de modo curioso são reforçadoras naturais (vide Millenson, 1975).

 

Mas temos também o nível espiritual, que denota um sentido espiritual aos sonhos, onde o sonho muitas vezes serve de sinal ou de canal para milagres, fenômenos que a ciência não explica.

Temos o nível da vida, que denota a própria vida e a necessidade de qualquer organismo de manter sua vida e a vida no seu mundo e universo, o sonho serve neste caso como canal para experiências e formação ou programação de contingências que ajudarão o ser humano a manter a sua vida.

E temos o nível do universo, que denota o próprio universo e o cosmos como uma necessidade de qualquer indivíduo que sonha, sonhar com as estrelas é normal, sonhar com a imensidão do universo é normal, são eventos que programam contingências que ajudam o ser humano a se adaptar ao seu meio ambiente, seja ele qual for.

Desta maneira, quando relatamos um sonho, ficamos sob controle de:

  1. Nossas condições corporais (o que identificamos no momento do relatar);
  2. Audiência do ouvinte (no caso do contexto clínico, do terapeuta); e
  3. Nossa própria audiência (às vezes editamos informações para evitar punições sociais ou exageramos quanto alguns conteúdos com a finalidade de aumentar a atenção do ouvinte).
  4. Audiência telepática do contexto clínico, ambiental e social do relator do seu sonho.

Os eventos que ocorrem em vigília influenciam o que sonhamos no sono. Por exemplo, uma pessoa sob privação de contato sexual poderá sonhar com contextos que estejam relacionados com ato sexual. Em caso de controle ético muito rígido de uma comunidade quanto ao sentir-se excitado sexualmente, a pessoa poderá sonhar com obras de arte nuas ou com outras equivalências de estímulos relacionadas, como contato com uma peça de roupa macia (o “conteúdo” sonhado vai depender da história de reforçamento do sujeito).

Em caso de lavagem cerebral e de estupro virtual a pessoa pode sonhar com o estupro mediante cenas despersonalizantes, o conteúdo do sonho vai depender da história de reforçamento do sonhador.

Em alguns casos, os sonhos estão relacionados com experiências aversivas em vigília. Mesmo que, em tese, esquivemo-nos e fujamos de contextos aversivos, como temos que consolidar a memória se faz necessário sonhar com tais eventos aversivos. Sendo assim, sonhamos com um estímulo equivalente (funcionalmente falando) menos aversivo, mas que remeta ao contexto experienciado em vigília. Ou seja, nos comportamos de maneira simbólica, emitimos um comportamento simbólico enquanto dormimos.

Também em casos de lavagem cerebral e de estupro virtual a pessoa pode sonhar com experiências aversivas em vigília se esquivando e fugindo de determinadas experiências. E nos comportamentos simbólicos, emitimos um comportamento simbólico durante os sonhos.

Ao ler o texto de Delliti (2001) intitulado “Relato de sonhos: como utilizá-los nas práticas da terapia comportamental”, temos contato com um modelo de interpretação e intervenção comportamental a partir de relatos de sonhos. Lembremos que a interpretação funcional de relatos de sonhos deve ser utilizada como recurso clínico e não deve ser utilizada como principal fonte de dados sobre a história de vida do cliente/usuário.

Assim, para alguns clientes/usuários os seus relatos tem importância idiossincrática ou cultural (incluindo expectativas sobre como funcionará a terapia) e pode servir como um contexto que facilite o relato de diversos relatos do dia a dia e íntimos, incluindo eventos aversivos. Assim, é preciso considerar todos os tipos de relatos do cliente/usuário na medida que eles possam ajudar a coletar dados, promover análises funcionais e auxiliar no processo de mudança comportamental. O uso da interpretação de sonhos não deve ser utilizado como principal instrumento, mas como um recurso singular na medida que o relato do sonhar é recorrente e reforçador para comportamentos clinicamente relevantes.

       Mattanó explica que inova no modelo de interpretação e intervenção dos sonhos a partir do relato dos sonhos. Para Mattanó devemos pesquisar esta técnica:

       Compreender os significados, os sentidos, os conceitos, os contextos, as funcionalidades, as topografias, as relações sociais, as simbologias, a intensidade, a magnitude, a frequência e a latência de determinadas repostas ou de determinados eventos oníricos, o Episódio Onírico Completo e o Episódio Onírico Incompleto.

       Comprovada a eficácia desta técnica devemos reproduzi-la!

 

Osny Mattanó Júnior

(03/08/2018)

 

 

REFERÊNCIAS

CARLSON, N.R. (2002) Fisiologia do comportamento. 7º ed. Barueri: Manole.

DELLITI, M. Relato de Sonhos: como utilizá-los nas práticas da terapia Comportamental. In. WIELESKA, R. C. (Org.)  Sobre Comportamento e Cognição. Santo André: ESETec, 2001.

MILLENSON, J. R. (1975). Princípios de análise do comportamento. Brasília: Coordenada.

LEITRAS SUGERIDOS

ARAUJO, R. B.; OLIVEIRA, M. S.; PICCOLOTO, L. B.; MAGRINELLI, M. & SZUPSZYNSKI, K. A Abordagem Cognitivo-Comportamental dos sonhos de Alcoolistas. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do sul, 26 (1), pp. 70-77, 2004.

BORLOTI, E. B. E o Inconsciente?: algumas citações de B. F. Skinner. In. Kerbauy, R. R. (Org.) Sobre Comportamento e Cognição: psicologia comportamental e cognitiva. Santo André: ESETec, 2000.

BORLOTI, E. B. Abstração, Metáfora, Sonho e Inconsciente: uma interpretação skinneriana. In. BORLOTI, E. B.; ENUMO, S. R. F. & RIBEIRO, M. L. P. (Org.) Análise do Comportamento: teoria e práticas. Santo André: ESETec, 2005.

GUILHARDI, H. J. Modelo Comportamental de análise dos sonhos. In. I ENCONTRO INTERNACIONAL DE TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL, 1993.

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